
Como prometi, vou explicar brevemente o motivo do livro de Gay Talese se chamar “A mulher do próximo”. Como destaquei em outro post, até a página 100, Talese fica falando mais da questão da censura literária contra a pornografia, nas décadas de 1940 e 1950, e a história do fundador da Playboy. Depois, como diriam os Mamonas, é que começa a baixaria. Mas é uma baixaria sem palavrões. É na categoria.
A partir de então, ele passa a contar histórias de comunidades de amor livre, onde ninguém é de ninguém, nos Estados Unidos da década de 1960. Vou resumir uma das histórias mais interessantes, mas com as minhas palavras e minha linguagem não tão delicada quanto a de Talese.
Um cara, chamado Mularo, era casado com uma mulher, chamada Judith. Antes de chegar a esse ponto, Talese já contou toda a história da vida deles, inclusive, o primeiro casamento de cada um. Mas enfim, Mularo e Judith são casados e têm filhos. Mularo é o típico pai de família, conservador sob certo aspecto, e que pega mulheres por fora. Até que ele começa a ter um caso com Barbara. Nesse momento do livro, Barbara é solteira. Entretanto, numa dessas, ela conhece John Williamson, e casa-se com ele. Para facilitar a vida do leitorinho brasuca vou chamá-lo apenas de John (João já é demais!). Enfim, a partir disso, Barbara deixa de ver Mularo. Ele até insiste, telefona, etc e tal, mas nada. Até que um dia, Barbara liga para Mularo e os dois vão para um motel. O tempo passa, e eles seguem se vendo, e Barbara vai explicando para Mularo que está em um casamento aberto: ou seja, ela pode sair e dar para quem quiser, e John idem. Aliás, a filosofia foi proposta pelo próprio John. Mularo não acredita muito no papo, mas enfim, segue comendo Barbara. Nessas alturas do livro, Talese já contou o passado de todos os envolvidos e seus relacionamentos anteriores, de seus descendentes, etc.
A história vai indo, até que um dia John liga para Mularo, que se caga de medo. Marcam um almoço. No trajeto, ele acha que John vai querer matá-lo por estar comendo sua mulher. Entretanto, John não só aceita a situação e acha bom, como convida Mularo para visitar o “grupo de encontros” que ocorria em sua casa. Mularo pensa então: “por que não?” e acaba indo, achando-se o cara mais esperto do mundo. A coisa toda vai indo, Mularo acha o encontro o máximo, porque ele pode comer as mulheres que participam dos encontros, e que geralmente estão nuas pela casa. Nesse momento, ele acha que a sua vida está perfeita: está comendo um monte de gente, Judith nem desconfia da zona toda e assim a coisa vai indo. Porém (sempre tem o porém) numa bela tarde, John liga para Mularo, mas é Judith quem atende. John convida Judith e Mularo para jantarem em sua casa, e Judith topa, achando que é um jantar em família. Mularo fica desesperado, mas não sabe como cancelar o jantar, porém, tem a idéia de prevenir a esposa sobre os encontros, dizendo que “ouviu falar no escritório que as pessoas ficam nuas na casa de John”. Judith acha o papo ridículo, e eles vão ao jantar.

Ao chegarem à casa de John, uma surpresa: estão todos vestidos e agindo normalmente, conversando sobre trivialidades da vida, etc. No meio do jantar, Judith diz algo como “e o Mularo que disse que no escritório falaram que vocês ficavam pelados! Rará! Vejam vocês....”. E todos na mesa se olham com cara de Garfield e respondem: “mas nós ficamos pelados...”. A partir daí, tudo é contado para Judith, que é descrita como uma mulher, até então, conservadora. O caso de Mularo com Barbara e as outras aventuras sexuais são revelados em todos os detalhes. Judith entra no embalo e conta que já traiu Mularo com um negão. John propõe para que o casal participe do grupo de amor livre, que vai contra a idéia de posse causada pelo matrimônio e defende a idéia de liberdade para a felicidade. Mularo se desespera com a situação, mas Judith, sem ter o que perder na história, aceita. Para testar a sinceridade de Judith, John manda uma mulher gostosa ir com Mularo para o quarto, e lá, eles transam. Quando a gostosa começa a gemer, Mularo ouve o choro de Judith na sala ao lado e brocha. Depois ele se recupera, e termina o serviço.
Tudo está meio maluco, até que num outro encontro Mularo recebe contragolpe. Ao sair do quarto em que estava com uma mina, vê John transando com Judith no meio da sala. A cena é traumatizante, e Mularo pensa em matar John, mas, com o desenrolar da história, desiste da idéia. Depois, resumindo, Judith se apaixona por John, para desespero de Mularo, que só quer Judith e mais ninguém.
Enfim, vou parar por aqui, senão vou contar todo o livro. Porém, vale lembrar, que essa e as outras histórias são reais, inclusive com os nomes verdadeiros de todos os envolvidos. Pronto, preguiçoso leitorinho. É isso. Hasta!