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segunda-feira, 30 de março de 2009

Disfarces

Cara, ia escrever sobre como o Kaká deixou o meu apartamento disfarçado para não atrair a atenção das massas e da imprensa para se deslocar até o campo da PUC, aqui pertinho, mas, procurando no google imagens para ilustrar o disfarce do Kaká encontrei várias fotos impagáveis, que resolvi publicá-las, e deixar o texto sobre o Kaká para outra hora.
Em resumo, graças a esses malucos milionários, que estavam jogando contra o time júnior do Grêmio no campinho aqui da esquina, um helicóptero maldito passou o dia inteiro fazendo um barulho chato aqui do lado e, além disso, descobri que na verdade ele estava me seguindo. Fui na aula, ele me seguiu. Voltei pra casa, ele me seguiu. Aí, fui ver se conseguia alcançar o lanche (pão com mortadela) que dá a base nutritiva do Kaká (graças a minha dica, ele come isso diariamente) mas os guardinhas da PUC não acreditaram que ele era meu amigo, e não me deixaram entrar. Então, fui no mercadinho, e o maldito helicóptero continuava me seguindo. Inicialmente, assim como você, nobre leitorinho tupiniquim, eu também achei que o helicóptero estava ali por causa do treino da Seleção, mas, acontece que quando eu cheguei em casa estava dando no noticiário que o treino já havia acabado. Mas o pior ainda estava por vir. Eu resolvi ir até a PUC novamente, para pegar a ficha para fazer minha carteirinha do transporte escolar, e o maldito helicóptero seguia me aguardando! Graças a minha agilidade consegui despistá-los, e após pegar a ficha, retornei para a minha base.
Mas chega de papo, e vamos às imagens:





E aproveito para lançar uma enquete: Qual desses quatro é o melhor disfarce??

sexta-feira, 27 de março de 2009

Visita inesperada

Tem certas pessoas que não têm desconfiometrô. Pegam, te ligam, avisam que estão chegando assim, de uma hora para a outra. Quem acompanha meu blog desde o início, lembra daquela história que contei de como o Kaká se tornou o melhor do mundo. Está lá, nos meus arquivos, logo nos primeiros posts. Estava eu, numa bela tarde de verão de 2002, jogando bola infantilmente nas areias de Balneário Camboriú, quando de repente, um jovem interrompeu a nossa partida abruptamente para pedir alguns conselhos. Tratava-se do próprio Kaká, na época no São Paulo. Dei todos os conselhos possíveis, que estão relatos no referido post, no entanto, mesmo eu pedindo para que me deixasse no anonimato, o desgranido aproveitou o jogo da Seleção, aqui em Porto Alegre na próxima quarta-feira, no Beira-Rio, e abandonou a delegação que viajou até Quito para o jogo contra o Equador no final de semana, com o real objetivo de pegar mais algumas dicas com o degas aqui.
Estava eu há pouco, escrevendo o texto anterior, quando tocou o meu celular. Tinha um número muito incomum, algo como 02304858392485903458594458. Logo desconfiei que se tratava de uma ligação internacional. Atendi o telefone, e aquela voz ofegante, de tiete, não me deixou dúvidas: tratava-se do Kaká. Disse que está vindo, que se machucou e não sei mais o quê, e que precisa de um pouso, em um lugar tranqüilo, onde a imprensa não poderá encontrá-lo facilmente. Ainda me disse: “li aquele teu texto do Janela Indiscreta e logo calculei que poderia ficar aí no teu AP, já que você mora numa rua tranqüila”. O Kaká, como já disse, acabou se tornando como um filho pra mim. Como vou dizer não a um filho? Acabei dizendo que ele poderia vir, já que o Fábio, que divide o AP comigo e com minha irmã (e que não é o Fábio-Irmão), está na cidade da sua noiva (da dele, não da sua, nobre leitorinho tupiniquim). Só que agora terei que colocar um colchão no chão da sala, para ele dormir lá. Não vou deixá-lo dormir com a minha irmã, é obvio. Minha irmã não é para o bico de um tipinho que nem ele. Tudo bem, eu falo tipinho porque vejo ele como a um filho, sei de suas infantilidades, imaturidades, por mais que ele tenha conseguido seguir todos os meus conselhos, tendo passado essa imagem de bom garoto para as massas. Inclusive... Esperem aí, o interfone está tocando. É o cabeça. Vou lá abrir antes que a criança se resfrie e não possa jogar contra o Peru. Boa noite a todos!

Divagações sobre as divagações

Esse computador é muito engraçado, e ao mesmo tempo irritante. Eu abri duas janelas do Internet Explorer, com o objetivo de escrever sobre uma porção de coisas, mas isso foi a meia-noite, e somente agora, a meia-noite e 17, é que abriu o Explorar e o Word. Com isso dá para se ter uma noção do quanto é lento o meu computador. Logo que entrou no Word, uns cinco minutos atrás, eu fiquei olhando o cursor piscando lentamente no monitor. Ele aparecia, parava, e voltava. O processo todo levava uns 15 segundos. Então, tentei começar a escrever. A cada palavra digitada, eu parava, olhava para a minha cueca samba-canção azul marinho quadriculada, pensava cinco segundos na vida, e voltava novamente a minha cabeça para o monitor, e quando eu pensava “vâmo, merda”, aparecia a frase que eu tinha digitado.
Mas, depois de entrar no Orkut, clicar no link e entrar no blog, tudo passou a funcionar normalmente no meu super-computador. E é só agora que, aos poucos, estão voltando à minha mente as ideias que invadiam o meu cérebro antes de acontecer tudo isso que eu acabei de contar. Vamos a elas:
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As pessoas se queixam cada vez mais que a família está desagregada, que as pessoas são cada vez mais solitárias, que os relacionamentos são cada vez mais instáveis, que ninguém mais dá conversa para ninguém, que todo mundo desconfia de todo mundo, no entanto, o que mais vejo são pessoas juntas, reuniões, jantares, festas, aniversários, casamentos, velórios, formaturas e todo o tipo de comunhão sendo feita. As pessoas querem estar juntas. O que mudou, no meu ponto de vista, é a forma como elas passaram a estar juntas. Ao mesmo tempo em que você diz que as pessoas preferem ficar sozinhas, elas estão amontoadas nos bares todos os dias. Ao mesmo tempo em que você diz que as pessoas não casam mais, você recebe o convite ou a notícia de que o Fulano vai casar com a Ciclana. Ao mesmo tempo em que você diz que a família está desagrada, você marca uma viagem para a sua cidade, e as pessoas brigam e ficam com ciúmes se você ficar menos tempo na casa de um do que na casa de outro, e na verdade você vai lá, visita todo mundo, e todo mundo fica insatisfeito, reclamando que você ficou mais na casa do Ciclano do que na da Fulana. Ao mesmo tempo em que você diz que as pessoas não se comunicam mais, milhares de pessoas estão conversando em todos os tipos de chats possíveis. Ou seja, as pessoas seguem buscando a mesma coisa que sempre buscaram: amor, paixão, diversão, sexo, sonhos, emoções, aventuras, dinheiro, risadas, conversas e tudo o mais o que faz a vida de todos os dias, mas o que mudou foi a forma como as pessoas passaram a buscar tudo isso.
Vou dar um exemplo bem simples: na idade das pedras o sujeito estava afim da moça. Ele pegava a sua clava, batia com ela na cabeça da próxima, a arrastava até as cavernas, e lá a possuía (não encontrei termo melhor no momento), e depois disso, ele saía assoviando alguma música do tempo das cavernas (tipo aquela, dos Flinstones). Depois, como diz o David Coimbra, a mulher viu que o homem só queria sair para caçar (não só comida) e inventou a civilização, tentando fazer com que ele tenha responsabilidades, e sempre volte ao aconchego do lar. Como, segundo a minha irmã, as mulheres sempre se enchem de ver todos os dias a mesma cara (ela diz que às vezes tem vontade de me matar, mesmo sem eu ter feito nada) o homem, muito ingênuo, começa a não entender essas coisas, e então, ele resolve voltar ao tempo das cavernas, e começa a querer sair por aí, ver o que se passa no mundo. E isso foi evoluindo, de uma forma ou de outra, de uma maneira cíclica mesmo, como diria o sociólogo francês, Michel Maffesoli. E por fim, hoje em dia, as pessoas seguem buscando aquilo que o homem das cavernas queria lá no início da conversa, só que de forma diferente. Nesse tempo todo surgiu o romantismo, foi criada a idéia de família nuclear, onde a mulher é representada por Maria, ou seja, a mãe da família deve ser a santa. Se não for, é execrada pela sociedade. É condenada. É apedrejada.
Mas enfim, eu fiz essa volta toda para dizer que é justamente isso, a civilização, a sociedade, as comunidades, seguem andando em círculos. As tecnologias, as invenções, desde a roda, passando pela carroça e pela escrita, até chegar no rádio, na televisão e na internet, mudam as sociedades, e, conforme a minha irmã (há uma discussão entre nós entre essa idéia) essas invenções são feitas sempre por necessidade. Já eu não digo que é feito necessariamente por necessidade. Hoje em dia as invenções podem ser feitas para suprir um pequeno prazer de um determinado grupo. Mas o prazer não é uma necessidade? – questionaria prontamente a carrasca Cartolina. Então, eis aí uma importante questão jogada pela minha irmã na cara da humanidade.
Outro ponto sempre reclamado pelas pessoas, que, analisando os tempos passados, não consigo entender: as criaturas sempre reclamam da falta de tempo. Mas como não tem tempo? Nunca houve na história da humanidade tantos aparatos para que o ser humano tivesse cada vez mais tempo para ele mesmo. Há a máquina de lavar roupa, lavar louça, aspirador de pó, aparelho de barbear e tudo o mais. Daqui uns dias inventam até um aparelho para limpar a bunda. Isso quando você já não tem uma empregada, para fazer tudo, menos limpar a bunda e fazer a barba, óbvio. Isso sem falarmos no deslocamento. Você paga contas de banco, faz transferência e outras movimentações financeiras pela internet, ou pelo telefone. Você manda e-mail, e instantaneamente a outra pessoa recebe a mensagem. Você não só marca, como também realiza reuniões e até entrevistas para emprego pelo MSN! Você fica sabendo na hora que o Fulano se separou da Ciclana (eles vivem terminando e voltando) pelo Orkut deles! Aparece lá, nas últimas atualizações de seus amigos! Ao invés de você ir até um bar para jogar conversa fora, cada um abre uma latinha de cerveja no seu computador e você fica ali, papeando com seu primo que mora na Itália, ou com seu amigo que foi embora para o Rio de Janeiro há 15 anos durante horas! Você manda o trabalho para o professor por e-mail! Você faz um curso inteiro com teleconferência! E as pessoas reclamam que não tem tempo, quando na verdade tempo é o que elas mais deveriam ter!
Mas aí entra outra questão: o negócio não são as invenções, ou a economia de tempo. O negócio está em você dizer que não tem tempo. É bonito. As pessoas gostam de dizer: “estou atucanado, não deu tempo nem para ir no banheiro hoje”. Pois eu sinto prazer quando posso responder: “que pena, mas eu dormi até o meio-dia e só agora vou começar a pensar na vida”. No entanto, admito que raramente estou em condições de dizer isso. Já outros enchem os pulmões para falar com prazer: “faz oito anos que eu não tiro férias”. Literalmente copiando o que foi dito pelo professor Juremir em certa aula de Sociologia da Comunicação, eu também tenho prazer quando posso dizer: “coitado de ti, mas eu quando posso tiro até dois meses de férias por ano”. Ou seja, por mais que as pessoas não tenham o que fazer, elas procuram sarna para se coçar. Elas querem se sentir úteis. Mas elas não se sentem úteis estudando, lendo um livro, ou simplesmente lendo o meu blog. Não, isso é perca de tempo. Tempo útil quer dizer fazer alguma coisa de útil, que na concepção delas é fazer um trabalho braçal. Trabalho braçal eu gosto de fazer é na academia, ou jogando bola, ou fazendo isso mesmo que você está pensando.
Olha, meu primo Gérson já falou várias vezes que eu ainda vou escrever livros de auto-ajuda, e já admiti que cogito essa possibilidade, no entanto, seguindo essa linha, vou citar um filme que possivelmente tenha sido ferrenhamente criticado pelos experts de plantão, mas que, a grosso modo, representa bem o que estou tentando dizer. O nome do filme é “Em busca (ou à procura?) da felicidade”, com Will Smith. Não vou procurar o nome certo do filme no Google, pelo simples fato de que esse computador trancaria se eu tentasse fazer isso, e certamente só terminaria esse texto amanhã de manhã. Mas voltando à vaca fria, por mais que tenha os seus defeitos na visão dos críticos (aliás, os críticos só servem para criticar mesmo) esse longa mostra bem como um ser, que estava na visão do trabalho utilitarista manual e braçal-capitalista do ter-para-poder-comprar-desesperadamente, pode deixar essa condição, ralando pra caralho mesmo e estudando muito, para se tornar um dos homens mais bem sucedidos dos Estados Unidos. Aliás, exemplos nesse sentido não faltam. O próprio Erico Verissimo chegou a trabalhar lavando vitrines em Porto Alegre antes de se tornar o maior escritor da história do Rio Grande do Sul. Então, a meu ver, tudo está na questão da visão de mundo. Ou você vê o mundo duma forma compreensiva, que, como defende o Maffesoli, busca a compreensão, não a explicação, e muito menos o dever-ser, e passa a fazer a sua vida fazendo parte do mundo, tendo consciência disso, pensando por si mesmo; ou você vai simplesmente integrar uma utopia massificada e vai andar junto com a corrente, junto com a massa, em direção a lugar algum, que é para onde a humanidade tem ido. Aliás, ela não sabe com certeza de onde veio, mas aí, já é outra discussão... Por isso eu recomendo: compreenda, não explique e não julgue. E seja o melhor que você puder ser.
(agradecimento especial ao meu primo Gérson, e, só para responder o comentário dele do último post, eu não vou gastar todo o dicionário de xingamentos que ele fez pelo simples motivo de que eu o esqueci em Santo Ângelo, e mesmo que lembre de trazer ele na minha próxima ida à capital missioneira – aigaletê porquera! – eu vou usá-lo moderadamente).
Agora sim, para finalizar: se for beber, não dirija. Fique em casa escrevendo um monte de divagações na esperança de que alguém um dia lerá! Gracias.
IMPORTANTE!
A imagem da Oficina de Loucurinhas foi retirada do seguinte blog, que eu achei por acaso, e que é muito bom por sinal, recomendo à todos:
http://basicovital.blogspot.com/
Confiram! É muito bom mesmo!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Xingar o Arion (zinho) ou falar mal da Martha Medeiros? - eis a questão

Sabem qual a semelhança entre xingar o Arion (zinho) e falar mal da Martha Medeiros? Quem acertar ganha um leitão, que não é o Arião! É que nas duas situações você ganha ibope! Sério. Desde que estou com o blog, quatro leitores já me adicionaram no MSN graças ao perfil que está ali no lado ------->,
sendo que três disseram que acharam o meu blog procurando nos sites de pesquisa algo relacionado a Martha Medeiros! Quer dizer, eles leram aquele texto que escrevi em algum lugar do passado contando que a Martha havia me chamado de paranóico por e-mail, lembram? Se não lembram, podem procurar nos meus arquivos, que ele está lá, em alguma parte. Já o quarto leitor, diz que achou o blog de forma semelhante, mas ao invés de estar procurando algo sobre a Martha, ele pesquisava sobre o Bukowski, e então, achou o texto que, se não me engano, é o primeiro que postei aqui, que se chamava “O dia em que Bukowski tomou cerveja com Jesus Cristo”, ou algo semelhante.
Diante destes fatos, estava eu aqui, olhando pela minha janela indiscreta, comendo um pão com margarina e batata palha que comprei com os 24 pila que devem durar até a segunda semana de abril (agora são 1R$19,50, porque esse meu banquete custou R$4,50), mas enfim, estava eu aqui, fazendo a maior sujeira no computador para o desespero da minha irmã Cartolina, me questionando o que vale mais a pena: xingar o Arion (zinho) ou falar mal da Martha Medeiros? Já disse que gosto do texto dos dois trastes, inclusive leio os seus blogs e tudo o mais, mas devo admitir que destratá-los rende algum ibope bloguial (para os chatos de plantão não ficarem mandando o verdadeiro significado da sigla Ibope).
Enfim, refletindo sobre a questão comecei a pensar que escrevendo sobre a Martha Medeiros, as pessoas que pesquisarem sobre ela nos sites de pesquisa podem achar o meu blog, o que é muito bom! Esses sites de pesquisa são uma dádiva, praticamente. Já, por outro lado, xingar o Arion diverte todos os milhares de leitorinhos tupiniquins desse blog, que clamam por mais e mais e mais e mais xingamentos! E, por mais que eu xingue, eles nunca ficam saciados, os ingratos. Eu estava começando a ficar com pena do Arion. Já andava pensando, cabisbaixo: “o que estou fazendo com o meu amigo? Pobre Arionzinho, tão traste, tão nigromante, tão vadio, tão inútil, que não pode fazer nada para se defender... acho que vou parar de xingá-lo”. Ia eu, caminhando tristemente pela Bento Gonçalves na minha ida diária ao mercadinho na busca por pão francês (não falarei aquela outra palavra só para não dar o gostinho do deboche aos paulistas e cariocas), quando ouvi alguém gritar: “Arion vagabundo!”. Eu fiquei atordoado, olhando para trás, para os lados, para a cara das pessoas que caminhavam apressadamente rumo às suas casas, para o tio do churrasquinho, para a guria do CD-DVD, para o cachorro de rua que se coçava tranquilamente perto do meio-fio, para as caras que estavam dentro das dezenas dos carros que andavam a mil pela Bento como se ali fosse Interlagos, enfim, procurando quem tinha proferido aquela frase, que mais parecia um grito de guerra. Mas foi então que ressurgiu, lá no fundo do meu cérebro, lá nas profundezas da minha massa cinzenta, tão afetada pelos estudos da sociologia compreensiva que terei que apresentar amanhã, foi aí, meus amigos, que foi ressuscitado aquele prazer imenso de xingar o Arion (zinho) e agora, lembrando disso, obtenho a resposta para a minha importante questão: é muito, mas muito melhor xingar o Arion (zinho) do que falar mal da Martha Medeiros. E, divagando sobre tudo isso, chego a outra conclusão: tem certas coisas que o ibope blogático não compra. Mas, quando o traste do Arion (zinho) ficar famoso e as jovens cabeças pensantes começarem a procurar aos milhões pelo mundo inteiro pelo seu nome no google, ou seja lá em que site de pesquisa for, aí, meus amigos, os links do meu blog aparecerão aos montes e, nesse momento, o meu blog será o site mais acessado do mundo! Pena que quando isso acontecer, o traste e eu possivelmente não estaremos mais nessa esfera planetária. Se é que já não estamos....

terça-feira, 24 de março de 2009

Janela indiscreta

Manjam aquele filme, Janela Indiscreta, do Alfred Hitchcock? Então, estou me sentindo como o Jeffries, o fotógrafo que quebra a perna e fica confinado no seu apartamento observando os vizinhos pela janela. Aqui no meu AP, o computador fica na frente da janela. Voltaemeia olho para os lados para ver se flagro alguma coisa interessante, algum casal apaixonado se agarrando, alguma calcinha sendo jogada pela janela, alguma adolescente rebelde se atirando, gritando para os pais "mas eu amo eleeeeeeee! vou me mataaaaaarr se vocês não me deixarem ficar com eleeeee!", ou, pelo menos, algum cachorro destruindo um lençol (numa sacada tem uma casinha de cachorro, bem grandinha, inclusive), mas nada disso acontece aqui, na pacata Rua dos Cubanos. Tem três prédios que daqui eu enxergo as suas janelas, e nada acontece. Eu olho, todas as sacadas vazias, a maior parte das janelas fechadas, coisa triste. Tem outros, mais longe, mas para observar teria que comprar um binóculo, o que na minha situação financeira é impensável.
Portanto, me considero um Jeffries frustrado. Ele presenciou um homicídio! Porra, quer algo mais emocionante? Até o carinha do Homem que Copiava, que também comprou um binóculo para espiar a sua amada, via coisas mais interessantes do que eu. Ah, e aquele filme foi filmado aqui, em Porto Alegre. Tem coisas que só acontecem no cinema mesmo...
Esperem, uma senhora gorda saiu em uma das sacadas. Está observando o chão. Agachou-se. Pegou um pano e entrou para o apartamento. Muito suspeita essa senhora... muito suspeita. Vou ficar no bico dela... Essas senhoras gordas com cara de inocente não me enganam... Ah, não me enganam!

sábado, 21 de março de 2009

O dia em que fui mãe por alguns minutos

Em meio a uma semana cheia de leituras e teorias, eis que alguns pequenos acontecimentos surgem para nos divertir e nos trazer de volta ao mundo real. Bom, o que será exibido a seguir já aconteceu várias vezes comigo, e aposto que com você também. Eis que estava eu conectado ao MSN, quando de repente a caixa com o nome do Eliseu Mânica Júnior, meu amigo santo-angelense que também está morando aqui em Porto Alegre, começou a piscar na parte inferior da tela. Cliquei para ver o que o sujeito queria, e deparei com o seguinte chamado:
- Mãããããããããeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!
Tomei um susto. Que eu saiba eu não posso engravidar, e mesmo que pudesse, não tenho idade para ter um filho da idade do Eliseu. Mesmo que eu tivesse essa história de óvulo e tudo mais, ele não poderia ser fecundado (e eu nem deixaria, óbvio) quando eu tinha, sei lá, uns quatro anos. Mas enfim, estava eu ali sentado na frente do computador, sendo chamado de mãe.
- Mãããããããããeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!! – insistia ele. Até que resolveu mudar o discurso e disse:
- Pergunta pro pai, urgente, em qual conta ele depositou o dinheiro. E que horas?
Fiquei só olhando, com cara de Garfield, para a tela do computador. Porra, pra que ele queria saber o horário que o pai dele depositou o dinheiro? Até hoje não descobri... Até que resolvi falar com o meu filho hipotético:
- E eu lá vou saber, meu?
Dessa vez, quando achei que seria chamado novamente de “mãe”, ele me trouxe de volta ao mundo real.
- Eduardo? Ihh, pvt errado.
A essas horas eu já esfregava as mãos com cara de mau em frente ao monitor, copiando e colando o diálogo em um arquivo do word.
- Tu não vai fazer....? – perguntou-me, pressentindo o pior.
- HÁHÁHÁHÁHÁ- respondi, dando uma risada de malvado.
- Não vai fazer... um texto... sobre isso, vai?
- É claro que vou – respondi.
- Mentira. Danos morais, registrado no MSN.
- Pode processa, não tenho nada mesmo. Pelo menos vou preso dando risada.
E aqui está o texto, reproduzido na íntegra (com as correções das abreviações internéticas, obviamente). Mas e aí, Eliseu, recebeu o dinheiro? Se tu me processa, eu te contrato pra ser o meu advogado, ok?
PS: Só para te dar mais trabalho como meu advogado, vou colocar uma foto tua no blog. HÁHÁHÁHÁHÁ! Risada do além!

PS, parte 2: Mas, como seu teu amigo e assisti a goleada do Milan no último domingo, vou colocar uma foto tua lá em Melão, como diria o meu vizinho Thales Juan, quando ele estava no ápice dos seus 4 ou 5 anos de idade.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A verdade, o homem, o amor

A cada congresso de Comunicação (e tenho certeza de que o mesmo ocorre nas outras áreas) sempre é mencionado e solicitado que todos os integrantes de grupos e núcleos de pesquisa divulguem e socializem os seus trabalhos e os dos colegas. Claro que, como esse blog não é destinado para a publicação de textos acadêmicos (apesar de também não ficar fechado para discussões referentes a qualquer tipo de teoria, seja lá que área for) não vou e nem pretendo publicar nenhum tipo de trabalho científico nesse espaço. No entanto, no último encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (Sbpjor) na Universidade Metodista de São Paulo (aquele mesmo, do hotel-motel, de outro post)formamos um grupo bem lega, ou tri-legal, como falávamos aqui no Sul na nossa infância, sobre jornalismo e literatura. Enfim, para variar, eu enchi o saco de todos para que lessem o meu blog, e a cada e-mail trocado no fim eu mando o link como o endereço da humilde coluna.
Entre os integrantes desse grupo, está Alice Baroni, mestre em Comunicação pela PUC do Rio de Janeiro e que brevemente será (ou já é?) doutoranda por uma universidade da Austrália. Enfim, publico aqui um texto dela, que tem a ver com as reflexões que fiz aqui no post anterior, do que é o amor e tudo o mais. Porém, ela apresenta uma visão bem mais racional do que a minha emocional. Segue o texto, na íntegra:

Ao nascer o homem rompe com o fluir de pura vida, o ignorar de si, para ser lançado em um mundo hostil. Viver, em um primeiro momento, acontece como ruptura e separação de uma unidade primordial no ventre materno, quando necessidade e satisfação se harmonizam, perfeitamente. Nascer e morrer acontecem como experienciações profundas da solidão. Nesse intervalo que transcorre entre o nascer e o morrer se desenvolve o viver do homem. Lançado no espaço/ tempo que acontece entre o nada e o tudo, a vida e a morte, intervalo de seu acontecer no real, o homem emerge como questão. Mas não é o homem que tem as questões ou as coloca, as questões é que o tem. Mas o que isso quer dizer? Significa dizer que as grandes questões perpassam a história do homem sobre a Terra, se re-apresentando, insistindo, em todos os tempos e épocas. As questões são maiores que o homem, o que quer dizer que não há como o homem compreendê-las, encerrá-las. As questões abrem-se para novas perguntas sobre a vigência do homem no real.
O Real, o Homem, a Verdade, o Tempo, o Amor, são questões. São questões porque não sabemos o que é isto o real, a verdade, o homem, o tempo, o amor. O homem por não-saber o que ele é, quem ele é, se pergunta, se procura. Inventa, se inventa e é inventado. Assim, é na palavra, pela palavra, que o ser se realiza. “Contra el silencio y el bullicio invento la Palabra, libertad que se inventa y me inventa cada día” (PAZ, 2004: 16). Platão, Aristóteles, pensaram as grandes questões. Mas o platonismo e o aristotelismo, não as pensaram. Constituíram-se, sim, a partir da produção de conceitos, aristotélicos e platônicos.
Há o belo pensamento de Manuel Antônio de Castro (2008) que diz: “a Modernidade se equivoca quando acha e afirma e procede como se o homem fosse livre porque tem vontade. Não. Só tem vontade porque é livre”. Mas a liberdade de que fala Castro não diz nada a respeito dessa vontade enquanto manifestação de poder, “ser livre é ser o que é próprio como destino destinado” (Id, 2008). Que pode nos conduzir a equívocos caso reflitamos sobre o “destino destinado” pelo viés metafísico, ocidental. Não. Me parece que devemos iniciar a travessia do des-saber, mas o que significa isso? Significa que é preciso abandonar os nossos conceitos sobre o mundo, o destino, o real, que recebem as mais variadas respostas, dependendo de seu suporte, para podermos nos abrir para o grande mistério das questões que se perguntam: o que é isto o Destino? O que é isto o Pensar? O que é isto o Amor?
"le pedimos al amor – que, siendo deseo, es hambre de comunión, hambre de caer y morir tanto como de renacer – que nos dé un pedazo de vida verdadera, de muerte verdadera. No le pedimos la felicidad, ni el reposo, sino un instante, sólo un instante, de vida plena, en la que se fundan los contrarios vida y muerte, tiempo y eternidad, pacten" (PAZ, 2004: 213).
No humano se dá o pacto, que parece se realizar como plenitude de sentir, pela irradiação do amar. O amor parece acontecer como experienciação de comunhão de contrários, vida e morte, tempo e eternidade, como um momento de vida plena, verdadeira, de realização do ser, pois, o eu busca o tu que ainda não é, des/ velamento, que é o entre, amor. “El hombre es nostalgia y búsqueda de comunión. Por eso cada vez que se siente a sí mismo se siente como carencia de otro, como soledad” (PAZ, 2004: 211). Segundo Castro (2008), “não há dúvida de que a questão do amor gira em torno de três perguntas essenciais: O que é isto- o real? O que é isto – o homem? O que é isto – o amor? Na dobra de todas elas está a morte”.

Alice Baroni

terça-feira, 17 de março de 2009

Saudades!


Claro que no meio dessa história toda de mestrado, visitas ao movimentadíssimo bar do tio, observações do cotidiano, teorias em sala de aula, idas e vindas entre PUC e Unisinos, projetos e sonhos profissioanis mirabolantes, ilusões, utopias, esperanças e tudo o mais, no meio dessa selva de pedra, também existe a saudades gigante, que quando você se desconecta do resto, toma conta do seu ser, e te deixa um vazio gigante no peito, que faz com que você se questione se tudo o que você está fazendo é o melhor mesmo. Até que você decide dormir e tenta não pensar mais nessa questão, mas esquecer o amor que já tomou conta de você é absolutamente impossível. E foi numa dessas noites de saudades, que escrevi o texto que se segue, que obviamente, só pode ser para uma pessoa, a única pessoa que eu já amei de verdade nessa minha perra vida. Quem vê de fora pode achar clichê, brega, mas para mim, é o que há! Uma breve reflexão sobre o amor:

O amor é a vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo
A saudade que se sente quando estamos longe fisicamente
Mas espiritualmente estamos sempre juntos
É a alegria que se sente ao estar colado um ao outro
É a ansiedade quando falta poucos dias para encontrar
Aquele sorriso lindo que te leva até as nuvens
E sentir aquele beijo que faz você querer que o mundo pare
E que nunca mais volte a rodar
Só para você ficar ali, no céu do amor
Que é o momento mais fascinante de uma vida

Amor é a paciência que nos obriga a esperar
Quando a única coisa que queremos é estarmos juntos
E se tornarmos um só corpo, uma só alma, um só sentimento
É o sonho construído durante todos os momentos vividos
De pura alegria, de puro companheirismo, de pura confiança
E também de pura vontade, de puro desejo e de puro tesão
É a ânsia de sentir o seu corpo colado no meu
A sua boca colada na minha
Enquanto o seu cheiro invade o meu ser
E me transporta para um mundo que só tem
Felicidade, alegria e inspiração
E nessa vida breve, que um dia se esvairá
O amor único do Universo é e sempre será
O que eu sinto por você!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Sangue no bar do tio

Cara, comecei a escrever esse texto, e quando me dei por conta, já estava escrevendo em linguagem quase que acadêmica, e cheguei a ficar preocupado comigo mesmo, já que estamos apenas na primeira semana de aula - ou segunda, depende o ponto de vista. Então, apaguei tudo e comecei a escrever tudo de novo.
Ir ao bar do meu tio está cada vez mais emocionante, apesar do Pula-Pula ter sido literalmente expulso e proibido de voltar ao local. Quando questionei o meu tio sobre isso, ele disse que o Pula-Pula de vez em quando vai lá, da uma espiada na porta, mas ele o toca como se o sujeito fosse um cão arrependido. “Cara, eu adotei o Pula-Pula, desde que abri o bar. Ele vinha aqui, bebia do meu copo, bebia do teu copo, fazia o que queria e eu não falava nada. Mas nos últimos meses ele abusou, não deu mais. Não quero mais saber do Pula-Pula”. Ouvir isso do meu tio, me cortou o coração. Não por mim, mas pelo pobre do Pula-Pula. Apesar que, de fato, ele devia espantar, sei lá, uns 10% da freguesia do tio.
Mas não é pela expulsão do Pula-Pula que o bar do tio segue emocionante. Outro dia fui lá, fazer uma visita e tal, e logo na chegada havia um grupinho parado ao lado da porta de entrada. Sentei-me na cadeira e cumprimentei todos os meus amigos dos tempos em que morei lá: o Matheus, que vai até o bar só para ver a novela das 8; um cara que a cada vez ta com uma coroa diferente; outro que passa ouvindo música no fone de ouvido e tem uma voz de dublador de filme de comédia americano; e um quarto, que sempre está tomando uma dose de cachaça e que filosofa pra cacete. Passaram-se uns 15 minutos, quando encostou uma viatura da BM (ou PM para o resto do Brasil) a milhão. Desceram quatro brigadianos (ou policiais militares) com revólver na mão, gritando: “mão na cabeça e encosta na parede”. Uns carinhas que estavam entrando no bar acharam que era com eles e ergueram as mãos, mas aí viram que o negócio era com aqueles que eu mencionei antes que estavam ao lado da porta. Depois que os policiais fizeram a galera toda circular, meu tio comentou: “se formaram agora e querem mostrar serviço”. Já o que cada vez está com uma coroa diferente, mas que nesse dia estava sozinho, completou: “é que esses maloqueiros aí não são da banda. Eles conhecem quem é da banda, daí vieram tocar os caras”.
Eu continuei lá, quando depois de umas e outras o pessoal me contou o que havia acontecido na madrugada anterior. Um esfaqueamento.
- Foi bem aí, onde tu ta sentado - disse o filósofo, apontando para mim.
- A-aqui? – balbuciei.
- Isso rapaz, aí mesmo, nesse mesmo banco, nesse mesmo local.
Caramboles. A história foi mais ou menos a seguinte. Um cara estava jogando sinuca com um grupo, sendo que nesse grupo estava a irmã desse cara, que vamos chamar de Godofredo, em homenagem ao cachorro (ou é gato?) do Arionzinho Vagabundo. Isso nos fundos, na parte onde fica a mesa de sinuca. Já no balcão do bar, estava um outro cara, que vamos chamar de Astrogildo, e que estava acompanhado da Josefina. Então, o Astrogildo foi avisar à irmã do Godofredo que um táxi teria seguido eles até ali. O Godofredo, muito ciumento, viu os dois conversando, e foi lá tirar satisfação:
- Quê ta dando em cima da minha irmã, porra?
- Eu não to dando em cima da tua irmã, só vim avisar que um táxi seguiu vocês até aqui!
- Seguiu o caralho, não respeita a família mais, porra!? – bradava o Godofredo.
- Quem quer saber de família às cinco da manhã? – interrompeu meu tio.
Eles discutiram um pouco, até que o Godofredo voltou para o seu jogo de sinuca. No entanto, de tempo em tempo, ele ia até o balcão, e dava uma xingada no Astrogildo, mais ou menos como eu faço com o Arion. Mas o Astrogildo não é o Arionzinho. Não senhor. Numa dessas, ele esperou o Godofredo virar de costas, foi até lá, e deu um soco na cara do nigromante Godofredo. Detalhe: ele estava com uma faca na mão. Uma cachoeira de sangue começou a sair da cara do Godofredo, que tentou caminhar, mas depois de cambalear, caiu em cima do carinha que sempre está com uma coroa diferente no bar do tio, e que, como já disse, desta vez estava só na caça. Já o Astrogildo, muito nervoso, queria matar o pobre do Godofredo, porém, meu tio não deixou que algo tão terrível se sucedesse. Como o Astrogildo além de nervoso, estava muito bêbado, meu tio teve que usar toda a sua capacidade de persuasão (que estou estudando em uma disciplina na segunda-feira) para convencê-lo a deixar o bar. “Vamos lá fora, que tu mata o cafajeste lá”. O cara concordou, e saiu do bar. Porém, a chegada de uma viatura (essas viaturas estão gostando de ir no bar) estragou tudo, e o Astrogildo acabou fugindo, enquanto o Godofredo foi levado ao hospital, no entanto, passa bem.
E assim acabou mais uma, das tantas noites inimagináveis do bar do tio. Em outra delas, há aproximadamente 50 anos, um tal de Lupicínio Rodrigues rabiscava em um pedaço de papel a letra de uma música antes de ir para um jogo do Grêmio, fazendo alusão a greve dos funcionários que faziam o transporte urbano em Porto Alegre: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier...”. Só não sei se isso também aconteceu no mesmo banco em que eu estava sentado... Vai saber?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ideias, ideias, ideias...


Tenho lido e ouvido tanta coisa nos últimos três dias, que não sei direito nem sobre o que escrever, muito menos sobre o que pensar. Apesar disso, parece que essa avalanche de informações, conteúdos, teorias, palavras, ideias e tudo mais, acenderam os meus neurônicos e reativaram uma vontade adormecida de sair por aí vendo e escrevendo sobre tudo.
Nesses dias, fui nas aulas de mestrado da Unisinos. Uma melhor que a outra, por sinal. Amanhã, começam as da PUC. Estou matriculado nas duas, aguardando o resultado da solicitação de bolsa, que sai na semana que vem. Enquanto isso, tenho oito matérias para fazer e uma penca de xérox para tirar ($$) & ler. Entretanto, o que mais tem me matado, são as viagens de trem zurb (é assim que se escreve? Nunca tinha escrito trem zurb antes disso, que eu lembre). Nos três dias, cronometrei o tempo gasto com o deslocamento. Da porta do apartamento, no Partenon, do lado da PUC, considerando a caminhada até a parada, a espera pelo ônibus, a chegada na estação Rodoviária, a passagem do trem, a chegada na estação Unisinos, a partida do Circular, a descida do busão, a caminhada até a sala de aula, são, aproximadamente duas horas de ida, e depois, no processo contrário, mais duas de volta. Está certo que aproveito esse tempo para ler, contudo, só posso usar esse trajeto para ler coisas leves, tipo romances, ficções, crônicas, contos, jornais, revistas etecétera. Fui tentar ler um texto teórico no trem zurb hoje, nada feito. Não tem como se concentrar, anotar, sublinhar e tudo o mais. Quer dizer, você até consegue fazer isso, mas não da maneira como gostaria, portanto, deixei para ler em casa, e li uma revista durante a viagem.
Contudo, esse deslocamento todo trouxe outras luzes. Meus neurônios começaram a captar todas aquelas imagens, sons, conversas cruzadas, paralelas, neguinho entrando e dizendo “vou cantar duas músicas, e depois, quem quiser dar qualquer quantidade, eu disse: QUALQUER QUANTIDADE, sinta-se a vontade”, e em seguida ele começa a cantar: “palavras de amor, jogadas ao vento...”, enfim, gente pedindo dinheiro, pessoas aos trapos doando dinheiro, pessoas de terno lendo os seus jornais, estudantes de 10 anos sentando em rodinha e fazendo fofoca, casais se beijando, neguinho olhando pra bunda da morena, loira olhando para os músculos do negão, uma loucura, carinha vendendo colar do Grêmio e do Inter, senhor de sandália ouvindo MP3, novamente enfim, tudo isso despertou-me uma vontade de fazer muitas coisas, sacam? No início achei que estava ficando louco, mas foi então que percebi que na verdade louco já somos todos, e que cabe a mim, jornalista, não no papel de jornalista, mas sim de projeto de escritor (ou seria o contrário?) tentar relatar essa loucura! E a partir disso comecei a ter ideias, ideias, ideias, todas sem acento, conforme a ortografia nova, ou a nova ortografia.
Porém, todavia, contudo, não vou contar qual são essas ideias. Até queria, mas vou guardá-la em segredo já que o que pretendo fazer nos próximos meses poderia se tornar uma promessa não cumprida. No entanto, as ideias estão aqui, na minha cachola, na minha massa cinzenta, que fica a cada dia mais cinza. Bom, amanhã tenho mais uma aula, e espero continuar nesse ritmo, já que isso parece droga, quanto mais eu ganho, mais eu vejo que não sei nada, e mais eu quero.
Bom, acabei de reler a porra toda que escrevi acima, e não sei como acabar isso tudo, então termino ãnsim (como diria o barbeiro do Fábio): Fim.

terça-feira, 10 de março de 2009

Conversa de bar

Para compensar o tempo em que fiquei sem postar nada aqui, vai mais uma:

- Tio, não vai dar nenhum desconto na cerveja?
- Eu não, senão vocês vão me levar a falência.
- Pô, tio, mas quatro pila por uma cerveja é caro demais!
- Vão beber em outro bar aqui perto pra vê quanto vocês vão pagar... parentes, parentes, negócios a parte...
- Pô tio, então anota para o pai aí, e manda a conta pra ele.
- Eu nunca briguei com teu pai até hoje, e não vai ser agora que vou brigar.
- Então pelo menos da um conselho para a gente. Minha amiga aqui desconfia que anda levando chifre do namorado. O que você aconselha?
- No meu primeiro relacionamento sério comecei a desconfiar, e terminei antes que fosse tarde. Não quis pagar para ver....
Um senhor, conhecido da turma, encara o sobrinho do dono do bar e pergunta:
- Mas e aí? Não deu certo aquele emprego?
- Não, não. Não fechou.
- Hmmm. Você chegou nos caras errados.
- É, mas eu não queria mesmo. Trabalhar muito pra ganhar pouco...
- Você não gosta muito de trabalhar, né?
O sobrinho toma um gole de cerveja, respira fundo, olha para o vazio e responde serenamente:
- Digamos que é uma possibilidade.
- Então, o que você quer da vida?
Nisso, outro cliente, aparentando ter aproximadamente uns 70 anos, que tomava um whisky na mesa ao lado, interrompe a conversa:
- Escuta aqui, camarada. Se eu, com a minha idade, não sei o que quero da minha vida, como esse guri aí vai saber o que ele quer da dele.
- Ele está certo.
- É, completamente certo.
- É isso aí.
- É.
- Éééééééééééééééé.
- Então é isso?
Baixa a cortina.

Eu e as bagagens

Noite de sexta-feira. Após sair de Santo Ângelo às 23h e chegar em Porto Alegre às 5h da madrugada com minha irmã, estou sem internet e escrevendo no Word isso que vocês estão lendo, ouvindo Festa no Apê do Latino no MP3, já que nesse computador super-moderno que temos em nosso AP (agora é nosso) só tem duas músicas. Mas não vai rolar festa nem bunda lelê no meu AP. Muito pelo contrário. Estou me sentindo ilhado nesse AP. Sem internet, sem cartão de orelhão e celular para fazer ligações, sem receber ligações, nem toques (telefônicos), nem mensagens no orkut, muito menos no MSN, e o que é mais grave: com muito pouco dinheiro. É, a vida é dura nos momentos de solidão e pobreza. Curiosamente. a pobreza te leva à solidão, e a solidão te leva à pobreza. Não estou muito certo disso, mas como diria o Seu Madruga, acho que é mais ou menos essa a ideia. Enfim, estou no quarto escrevendo, enquanto minha irmã está fungando lá na cozinha, e agora está tocando Eu Sei, do Legião. Entretanto, eu não sei se ela está fungando de choro ou gripe. Às vezes ela chora, às vezes fica gripada. É a vida, é a vida.
Enfim (gosto de usar o “enfim”, assim como os paulistas gostam de falar o “então”), chegamos hoje de madrugada com cinco malas, três minhas e duas da minha irmã. As minhas, uma sacolona, daquelas de sacoleiro mesmo, outra que era do tempo de solteiro do meu pai (tipo aquelas do Seu Madruga, que a Chiquinha pega no episódio em que ela ganha a viagem para Acapulco, sacam?), e uma terceira mais moderninha, de alça e rodinha, cheia de livros e apostilas. Pegamos um carregador, que cobrou R$12 pelo serviço, e achamos um taxista que conseguiu enfiar todas as malas mais nós dentro do carro (ok, você deve estar comentando maldosamente que eu e minha irmã já somos duas malas, mas vou perdoar você por isso, leitor tupiniquim). Espantosamente, o tal taxista foi o primeiro taxista com cara de honesto e que não se fez de bobo aqui em Porto Alegre para nos levar ao destino final. Fez o caminho corretamente, não fez perguntas idiotas e não ficou parado nas sinaleiras às 5h da madrugada. Além disso, não cobrou nada a mais além do justo. Exceto R$5 pelo excesso de bagagem, mas eu já sabia desse esquema. E no nosso caso, era excesso de bagagem mesmo. Quando o pai nos levou para a Rodoviária em Santo Ângelo, teve que fazer duas viagens, uma para levar eu e as bagagens, e outra para levar minha irmã (e minha mãe, que foi dar tchauzinho na rodo).
Mas como ia dizendo, chegamos às 5h da madrugada, e acordei ao meio-dia com a Jaque, colega da Carol que também está ingressando no mestrado, tocando no interfone. Fomos todos para a Puclândia. Elas para comprar o material escolar, e eu para entregar a minha solicitação de bolsa. Nisso, descobri que somos todos da conspiração 91 (eu, a minha irmã e a Jaque). Mas não vou explicar aqui o que é a conspiração 91. Sei que você, nobre leitorinho, é muito curioso, então vou te judiar um pouco. Às vezes é bom ser cruel. No entanto, quem for 91 vai entender. Os demais estão excluídos. Se você não for 91, pode começar a se preocupar.
Chegamos cedo da Puclândia, e de tardezinha fomos no Carrefour. Eu só para comprar uma Coca de 2,25 litros e meia dúzia de pãezinhos. Minha irmã para pegar outros apetrechos. Por isso ela reclama que em Porto Alegre se gasta mais. Quer comer presunto e queijo, dá nisso. Eu vou só no pãozinho com margarina e Coca ou suco de saquinho.
O nosso dia emocionante terminou em frente da TV, assistindo o Mr. Been. Muito engraçado. Depois disso, até agora a pouco, eu estava deitado, ouvindo música, pensando na vida. Refletindo sobre tudo o que já aconteceu e em tudo o que está por vir. As pessoas que conheci e conheço e as que estão por surgir. Nos ex-colegas de trabalho, colégio e faculdade, e nos próximos colegas e professores que terei pela frente nos próximos anos. É divertido isso. Fiquei me sentindo como o Thales Juan, vizinho nosso de 8 anos que foi entrevistado nesse blog outro dia. Semana passada, ele chegou do segundo dia de aula pulando de felicidade, dizendo que adora aula e gritando “oba, ainda bem que tenho temas de casa, eu adoro temas!”. Pois vejam vocês, eu estou numa ansiedade para que comecem as aulas logo, que me fez lembrar os tempos de colégio. No entanto, a primeira aula será só na terça-feira. Até lá tenho que aguardar, sem internet, mas cheio de bagagens.
PS: a internet só voltou hoje (terça-feira)

terça-feira, 3 de março de 2009

E se eu bebo?


Tem gente que não suporta quem é feliz. Que literalmente se irrita em ver alguém alegre, satisfeito, empolgado e tal. Os chefes e alguns professores são especialistas nisso. Certa vez, o David Coimbra escreveu uma crônica genial sobre esse assunto. Sugeriu que você sempre esteja de carranca no trabalho, como se estivesse preocupado com algo importante. Eu, particularmente, conheço algumas pessoas assim, e que não são meus chefes nem professores.
São pessoas que ficam trabalhando o tempo inteiro, então, elas se irritam se você aproveitou, por exemplo, o feriado ou o final de semana. Elas não falam, mas está estampado na carranca delas. Você faz um comentário sobre como estava bom e divertido o jantar na pizzaria nova da cidade, e ela puxa conversa com outra pessoa, te deixando a falar sozinho, como um louco. É simplesmente proibido ser feliz. Tem que trabalhar para ganhar mais dinheiro, para colocar todos aqueles brinquedos caros dentro de uma caixinha, sem aproveitá-los, enquanto trabalha mais, para acumular mais, e vai enchendo a caixinha cada vez mais, sem aproveitar nada, e sem deixar que ninguém brinque com os seus brinquedos, afinal, eles são SEUS!
Que cosa. Eu tento entender essas pessoas, mas não consigo, de jeito nenhum. E o pior: elas ainda admiram aquelas outras pessoas que acumularam muitos brinquedos levando vidas mais miseráveis do que muita gente que vai no baile funk na favela no sábado de noite leva. Quem se diverte é vagabundo (ou Arionzinho). Quem trabalha feito um louco, sem aproveitar nada, mantendo a pose perante a sociedade, por mais falcatruas que faça as escondidas, é digno de admiração. Confesso que não entendo essa lógica, e acho que nunca vou conseguir entender.
Eu sempre trabalhei relativamente bastante (mas não demais, porque faz mal) e sempre estudei num ritmo legal, ao ponto de chegar aonde sempre sonhei, que é ao mestrado na minha área, pesquisando aquilo que eu gosto, e me mantendo ativo como jornalista. Mas nem por isso abri mão de aproveitar a vida, de me divertir e tudo mais. Aliás, acho que o segredo está em ter prazer no que se faz, ora pois! Assim, você sente prazer enquanto trabalha, enquanto estuda, e sente mais ainda ao sair para se divertir, conversar com os amigos, namorar, passear, viajar etecétera & tal. A vida se torna bela! Quanto clichê, devem estar murmurando os meus milhares de leitores tupiniquins.
Mas vou dar um exemplo, sem citar nomes, para evitar novas censuras, ainda mais tratando-se de um advogado. Tem um amigo meu, que conheço desde os tempos de colégio. O cara sempre foi o mais festeiro da turma, e sempre curtiu os belos prazeres da vida, como por exemplo, sair, fazer festa, viajar, beber, namorar, ver jogos do Grêmio e tudo o mais. No entanto, o cara sempre foi bem no colégio. Sem muito esforço, entrou em uma das universidades federais mais concorridas do país, e, agora, parece que com menos esforço ainda, ele passou em um concurso público federal para a sua área e vai receber um caminhão de dinheiro, que vão lhe garantir mais condições para aproveitar ainda mais a vida. Eis um caso de um cara bem sucedido. Não por só fazer festa, nem por só trabalhar. Mas sim, por saber dosar os dois. O cara pode curtir a vida sendo um ótimo profissional, e, como diria o Jardel, vice-versa. E digo mais: acredito que você pode fazer tudo isso, e ainda manter um relacionamento sério, constituindo uma família, formada por várias pessoas semelhantes a VOCÊ, até que seus sucessores dominem o mundo! Ta bom, ta bom, me empolguei demais, mas é por aí...
Voltando a realidade, você deve estar irritado pelas obviedades que acabo de dizer, mas acreditem, tem muita gente que só aceita estar em um dos lados, se é que existe lado em algo indefinido como um círculo, que é como são as nossas vidas...
Ah, e só para encerrar: curti o carnaval pra carajo! E se eu bebo? É problema meu...

domingo, 1 de março de 2009

Eu não morri (de novo)!


Eu não morri (ainda). Faz quase 10 dias que não escrevo aqui, portanto, as desculpas para essa ausência obviamente são as mais esfarrapadas possíveis, e vão desde a falta de tempo até a falta de inspiração, passando por ressaca de carnaval, crise de identidade, briga com os cachorros, que não me obedecem, e a teimosia enlouquecedora do Celso Roth, que deixa qualquer um pensando sobre como as pessoas podem ver e ao mesmo tempo não enxergar certas coisas.
Ah, além disso tudo, na quinta-feira viajo para Porto Alegre para ficar pelo menos os próximos dois anos lá, então, admito, acabei esquecendo um pouco do blog, já que minha cabeça está em outra estratosfera no momento. Até cheguei a pensar em alguns assuntos importantes para abordar aqui, como por exemplo, a minha segunda ida a um rodízio de pizza em 27 anos, ou como fazer dar certo a linha do impedimento, ou ainda a cobertura que fiz do amistoso da SER Santo Ângelo contra uma seleção amadora de Entre-Ijuís. Todos esses temas, se fossem transformados em livros, certamente os transformariam nos mais célebres best-sellers nacionais, e, futuramente, internacionais, é lógico.
Também cheguei a pensar em escrever sobre o filme que acabei de assistir (novamente me inspirei para escrever após ver um bom filme): “A vida dos outros”, produção alemã vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro. No entanto, na caixinha do DVD não diz o ano em que ele venceu o Oscar, então peço ajuda aos leitores tupiniquins especialistas em cinema. Já sobre o filme, faço apenas um comentário: é imperdível. Como a maioria dos vencedores do Oscar de melhor filme estrangeiro, demora um pouco para engrenar, mas depois fica dramático, emocionante, envolvente e cada cena se torna impagável. E o final é do caraí, no entanto, não vou contar aqui para evitar novos xingamentos relacionados aos meus comentários cinematográficos.
Bom, para encerrar, me deu na telha de contar que joguei futebol de sabão no carnaval, e lembrei agora que também pretendia escrever sobre alguns assuntos relacionados a maior festa da bundaria nacional, mas vai ficar para outra hora até porque é tarde e amanhã às 8h30 da madrugada tenho que fazer exame de sangue. Como diria o Gaguinho (ou era o Patolino?): até a próxima pessoal!