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sábado, 6 de agosto de 2016

Poucos eleitos - Viajando num olhar - O que é melhor? Lágrimas com paixão ou tranquilidade sem amor?

Pedro Juan Gutierrez, ao lado dos americanos Bukowski e Hunter Thompson e do brasileiro Erico Verissimo, ao que me consta a essa hora da madrugada – com alguns litrões e latões de Bohemia na cabeça – são os melhores escritores de todos os tempos. Ok, é minha simples opinião. Tem muitos outros fodões da literatura universal, nacional e regional que também poderiam ser citados. Mas, o Pedro Juan se supera. A sensação que tenho é que, quando estou pensando algo, abro um de seus livros para ler e... PAH! Ele acerta na mosca. Coloca em palavras perfeitas exatamente aquilo que está se passando naquele momento. O cara é foda. E, graças ao bom senhor, está vivo, o que me faz crer que está produzindo mais textos fodásticos para inspirar pobres sonhadores literários como eu...
Eu sempre li pra caralho (depois dos 15). Adoro Shakespeare, Cervantes, Borges, Machado de Assis, Erico Verissimo e uma porrada de caras que fazem o melhor humor da humanidade praticamente sem usar um palavrão. Esses caras são gênios inigualáveis. Mas também gosto das putarias de Bukowski e Gutierrez e curto a drogadição (como diria minha mãe) do Hunter Thompson. Em comum, eles escrevem com sinceridade, mesmo quando fazem textos da mais fantástica ficção: Dom Quixote de Cervantes é o melhor exemplo disso – uma puta narrativa de pura honestidade autoral.
Mas, sem mais delongas, indo direto ao ponto, o fato é que para quem não gosta de ler ou de curtir a arte como ela é, os clichês e o imaginário imposto pelos outros é o que prevalece. E, lendo O insaciável homem-aranha, de Pedro Juan Gutierrez, me deparo com o texto “Uns poucos eleitos”, que é simplesmente magnífico, pois o autor cai de paraquedas em uma confusão conjugal, e a sujeita acaba se decepcionando com o escritor, pois ela achava que todo o artista e escritor fosse um ser extremamente educado, tipo um príncipe de um conto de fadas de Walt Disney. Bom, chega de tentar explicar o que pode ser percebido no texto:
“De novo começaram os soluços:
- Ah, não me fale assim. Eu cometi bigamia. E com um homem que fala como um... que age como um...
- Como um o quê? Fale!
- Como um carroceiro. Nunca pensei... Ah...
- Nunca pensou o quê?
- Lucio nos disse que você era um artista, escritor, um homem culto. Me disse que... ah... você é muito vulgar. Não consigo acreditar.
Soltei todo o ar que tinha dentro de mim. Juntei forças e disse para ela:
- Relaxe e vamos para a cama de novo. Apague tudo o que foi feito. Começamos do zero”.
E é isso. Está tudo dito aí e no restante do texto. Eu já fui panfleteiro na Otávio Rocha, em Porto Alegre, quando morava com meu tio Dãe em um bar na cidade baixa (foto)
. Já disputei o metro quadrado com o pessoal do “compro oro!” e do “CD! DVD! CD! DVD!”. Inclusive, com o pessoal da pedra. Portanto, sei que o fato de escrever e ler pacaraí não quer dizer grande coisa para quem espera luxo, status e dinheiro da literatura e da arte...
Enfim, ao ler esse texto do Pedro Juan, senti-me na obrigação de comentar a porra toda. Pois, bem como ele, talvez eu seja um dos “poucos eleitos”, expressão que dá título ao capítulo do livro, bem como, a esse texto sem muita significância. E que alguns poucos eleitos entenderão...


O que é melhor? Lágrimas com paixão ou tranquilidade sem amor?

Muita coisa aconteceu de ontem para hoje. Mesmo sem te ver, eu gosto de você um pouco mais. Não sei explicar exatamente, mas simplesmente passei a gostar mais de você. Estranho, não é? (copiei de você, essa pergunta, esse estilo, tipo, HEY, ESTOU FALANDO COM VOCÊ, DO OUTRO LADO DO COMPUTADOR!). Sempre nos cobram justificativas, coerência, embasamento, sempre nos cobram quem foi que disse tal coisa que legitime tal ideia, pois eu respondo: ninguém. São sentimentos, e sentimentos não têm explicações. Não tem metodologia. Foda-se a metodologia. No campo dos sentimentos, ela não existe. Sei que não sou o único a te admirar, assim, de coração. Sei que você tem motivos de sobra para não confiar em mim. Mas o que posso eu, um simples mortal de carne, osso e coração, dizer a respeito? Nem o advogado do diabo me salvaria. Pois tenho apenas uma coisa a dizer: você me conquistou.
E, pode acreditar, quando sonho com algo, vou até o fim.

Mostro o melhor e o pior de mim mesmo. Sou o anjo e o capeta. Sou quem acaricia e quem dá um puxãozinho de leve no cabelo, que faz você dizer um “ai” acompanhado de uma mordiscada no lábio inferior da boca. Sou quem faz você se sentir nos céus, nas nuvens e no inferno ao mesmo tempo. Pois sei que você, ao provar o doce veneno, vai se sentir apaixonada e culpada. Vai querer ficar e fugir. Tudo isso isocronicamente. E, então, você vai me olhar nos olhos, e vou olhar nos seus, e você vai baixa-los. E eu vou recuar, como o leão que desiste da empreitada com sucesso quase certo ao perceber que o grupo de búfalos resolveu defender a presa que estava praticamente abatida. E, novamente, ciclicamente, vou guardar a minha admiração por você somente para o meu pensamento, para a minha alma e o meu coração. Melhor assim, não é? Ficamos todos livres. Todos quites. Poupamo-nos. Não há dor. Não há sofrimento. Não há lágrimas. Mas também não há paixão. Não há sorrisos insanos. Não há dança no chuveiro. Não há poesia. Não há amor.



Viajando num olhar

Ela gosta de viajar. E eu literalmente viajo. De volta para Nova York. Miami. Chicago. Rio de Janeiro, Copacabana, Leblon. Vegas, Guarapari, Fortaleza. Key West, Baja California. Também viajo para lugares que só conheci através de sonhos. Berlim. Kinkaku. Patagonia. Paris. Machu Picchu. Jampa. Ellen Jabur. Salinas Grandes. Viajo para o meu passado, meu presente e meu futuro. Passo pelos sets dos filmes mais cômicos, dramáticos e românticos de Hollywood. Retorno para as noites mais calientes, revejo os corpos mais sedutores, beijo as bocas mais ardentes. Choro o mais lastimável dos choros e gargalho mais do que o maior louco do mais lotado dos hospícios. Tomo decisões que não tenho coragem de tomar. Amo mais do que Dom Quixote adorava a sua Dulcineia Del Toboso, mais do que o Charlie Brow a garotinha ruiva. Subo com o King Kong o Empire State, com ela em meus braços, e lá de cima, ela aos prantos, clamando por socorro, tento lhe mostrar a beleza de se ver Manhattan de cima. Ensaio argumentar, mas ela não me entende. E quando vou beijá-la, com meus lábios gigantes, os helicópteros chegam. E eu parto para a próxima viagem, flanando pelos bares e pubs dessa vida: Cidade Baixa, Lapa, East Village, Las Vegas Strip, Blue Chicago, Copacabana, Pacific Beach, Moinhos de Vento.
Passeio pela literatura que toca, que mexe, que emociona. Cumprimento Vinícius de Morais, Pedro Juan Gutierrez, Hunter Thompson, Fitzgerald, Flaubert, Verissimo, Caio Fernando Abreu, Garcia Marques. Danço valsa na frente do chafariz de Washington Square. Sozinho. Pensando nela, pois pensar em pensar nela me traz a mais feliz das felicidades. Sapateio como sempre sonhei, mas nunca consegui. Canto músicas de Bob Dylan, Rolling Stones, Guns, Nirvana, Engenheiros, Nenhum de Nós, Ira!, Skank (Formato Mínimo!). Danço sozinho no banheiro ouvindo Shet up and dance with me (why not?), Are you mine? (why not?), Flowers in your hair (WHY NOT??). Solto a voz no banho, para desespero dos vizinhos, Monte Castelo, Pra ser sincero, Cheia de manias (Digue digue digue iê!). Escrevo monografias, dissertações, teses e best sellers. Meto gols como fazia quando tinha 15 anos: driblando todo mundo, dando chapeuzinho no goleiro, do meio de campo... Pego pênalti em final de campeonato. Faço gol de voleio, igual ao que fiz no campinho do Sepé contra meus ex-colegas do terceiro ano, para delírio da galera. Sou ousado, tomo tapa na cara.

Fico tímido, penso mil coisas, mas não digo um “ai”, um “oi”. Sinto-me, ao mesmo tempo, um Don Juan e um Pateta. Um gentleman e um ogro. Uma exclamação e uma interrogação. Faço todas essas viagens em uma fração de segundos em que fixo meus olhos nos seus. Disfarço, mas fico esperando a próxima vez em que vou ver os seus olhos novamente para fazer, mais uma vez, essa e outras viagens. E torço para que isso se repita de novo, e de novo e de novo e de novo e de novo... até que você faça as mesmas viagens que eu, ao enxergar os meus olhos...
Postado por Eduardo às 18:38 | 0 Comentários
terça-feira, 29 de novembro de 2016


Poucos eleitos

Pedro Juan Gutierrez, ao lado dos americanos Bukowski e Hunter Thompson e do brasileiro Erico Verissimo, ao que me consta a essa hora da madrugada – com alguns litrões e latões de Bohemia na cabeça – são os melhores escritores de todos os tempos. Ok, é minha simples opinião. Tem muitos outros fodões da literatura universal, nacional e regional que também poderiam ser citados. Mas, o Pedro Juan se supera. A sensação que tenho é que, quando estou pensando algo, abro um de seus livros para ler e... PAH! Ele acerta na mosca. Coloca em palavras perfeitas exatamente aquilo que está se passando naquele momento. O cara é foda. E, graças ao bom senhor, está vivo, o que me faz crer que está produzindo mais textos fodásticos para inspirar pobres sonhadores literários como eu...
Eu sempre li pra caralho (depois dos 15). Adoro Shakespeare, Cervantes, Borges, Machado de Assis, Erico Verissimo e uma porrada de caras que fazem o melhor humor da humanidade praticamente sem usar um palavrão. Esses caras são gênios inigualáveis. Mas também gosto das putarias de Bukowski e Gutierrez e curto a drogadição (como diria minha mãe) do Hunter Thompson. Em comum, eles escrevem com sinceridade, mesmo quando fazem textos da mais fantástica ficção: Dom Quixote de Cervantes é o melhor exemplo disso – uma puta narrativa de pura honestidade autoral.
Mas, sem mais delongas, indo direto ao ponto, o fato é que para quem não gosta de ler ou de curtir a arte como ela é, os clichês e o imaginário imposto pelos outros é o que prevalece. E, lendo O insaciável homem-aranha, de Pedro Juan Gutierrez, me deparo com o texto “Uns poucos eleitos”, que é simplesmente magnífico, pois o autor cai de paraquedas em uma confusão conjugal, e a sujeita acaba se decepcionando com o escritor, pois ela achava que todo o artista e escritor fosse um ser extremamente educado, tipo um príncipe de um conto de fadas de Walt Disney. Bom, chega de tentar explicar o que pode ser percebido no texto:
“De novo começaram os soluços:
- Ah, não me fale assim. Eu cometi bigamia. E com um homem que fala como um... que age como um...
- Como um o quê? Fale!
- Como um carroceiro. Nunca pensei... Ah...
- Nunca pensou o quê?
- Lucio nos disse que você era um artista, escritor, um homem culto. Me disse que... ah... você é muito vulgar. Não consigo acreditar.
Soltei todo o ar que tinha dentro de mim. Juntei forças e disse para ela:
- Relaxe e vamos para a cama de novo. Apague tudo o que foi feito. Começamos do zero”.
E é isso. Está tudo dito aí e no restante do texto. Eu já fui panfleteiro na Otávio Rocha, em Porto Alegre, quando morava com meu tio Dãe em um bar na cidade baixa (foto)
. Já disputei o metro quadrado com o pessoal do “compro oro!” e do “CD! DVD! CD! DVD!”. Inclusive, com o pessoal da pedra. Portanto, sei que o fato de escrever e ler pacaraí não quer dizer grande coisa para quem espera luxo, status e dinheiro da literatura e da arte...
Enfim, ao ler esse texto do Pedro Juan, senti-me na obrigação de comentar a porra toda. Pois, bem como ele, talvez eu seja um dos “poucos eleitos”, expressão que dá título ao capítulo do livro, bem como, a esse texto sem muita significância. E que alguns poucos eleitos entenderão...

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Festa no velório

Em setembro do ano passado, sem saber ao certo o que seria da minha vida um ano adiante, acabei comprando alguns ingressos para os jogos Olímpicos do Rio, incluindo o da abertura. Independente de qualquer coisa, eu teria onde ficar, elemento importante, pois a hospedagem seria, sem dúvidas, o maior de todos os gastos. O tempo passou e agosto de 2016 foi se aproximando. No entanto, as mazelas políticas, somadas à crise econômica, fizeram-me brochar em relação à parafernália esportiva. Inclusive porque não me conformo em praticamente não ter reajuste salarial enquanto os preços de praticamente tudo (serviços e produtos, principalmente) dobram (e alguns triplicam) de valor de um ano para o outro. Cerveja a 13 reais no Maracanã, nem fodendo.
Além disso, viver em um país que tem um golpista como Temer de presidente e ver o povo fazer uma pseudo-fracassada-revolução apenas nas redes sociais é broxante demais. Tudo isso, somado com a frustração de ver como resultado dos protestos de junho de 2013 o Michel Temer se tornar presidente e, de quebra, nomes como Aécio e Alckmin ganharem força para as próximas eleições, é de trincar os bagos. Então, eu pergunto: que clima havia para alguém como eu ir lá celebrar os Jogos Olímpicos? Creio que os estrangeiros nunca vão entender esse ponto de vista, pois apenas alguns poucos brasileiros sabem o que isso representa, assim como apenas alguns dos sul-africanos sabem o que representou a Copa de 2010. A cerimônia de abertura foi linda, quiçá, a mais bela da história dos jogos Olímpicos (até o próximo, pelo menos). As temáticas abordadas foram todas adequadas e a escolha do Vanderlei Cordeiro de Lima para ascender a tocha foi perfeita.
Mas, quando eu via as imagens aéreas mostrando o Maracanã imponente e as luzes da cidade sendo abraçadas pelo Cristo Redentor, o meu senso de jornalista me mandava imaginar um close na câmera invadindo as ruelas das favelas cariocas, o tráfico que não parou pela abertura dos Jogos, as salas de apartamentos de luxo aonde ocorrem as mais esdrúxulas negociatas, o homem espancando a mulher e os filhos num barraco do subúrbio, um grupo de policiais estuprando uma moradora de uma comunidade qualquer, que não tem a quem recorrer no dia seguinte... E, assim, simplesmente brochei. Eis a principal justificativa por eu ter posto para revenda todos os meus ingressos.
Vendo a bela festa na TV, que sob o ponto de vista do esporte e dos jogos é justa de ser realizada no Brasil (fato que nossos políticos, com a complacência de praticamente todos os veículos de comunicação, conseguem manchar) eu fiquei me comparando a um sujeito que perdeu um parente ou amigo próximo nos últimos dias e que aceita o convite para ir a uma grande festa, cheia de gente bonita e mulheres sedutoras. Está tudo ali, lindo, belo, exposto, disponível, no entanto, não há clima. E é essa a relação que eu faço entre o Brasil e os jogos Olímpicos de 2016: o Brasil é o camarada morto, eu sou o amigo do Brasil, e estou vendo pela tela da TV uma grande festa que ocorre paralelamente ao seu velório, em sua casa. Podem apresentar os mais variados argumentos contrários à minha visão mas, particularmente, não consegui entrar no clima. Sorry, mas eu me empolgaria mais indo para os jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 (como um estrangeiro alheio aos problemas dos japoneses) do que indo para os jogos Olímpicos do Rio, que acontecem durante o velório do nosso ente querido chamado Brasil.