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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Paixão canina

Estou preocupado com o Jamelão. Hoje estava chovendo e o idiota do cão ficou chorando ali no portão, durante minutos, quiçá horas, embaixo da chuva. Estará esta besta canina apaixonada? Caso seja isso, seu amor não deve ser pela Pretinha, pois ela estava espertamente escondida na sua casinha se protegendo da chuva. Cansado de ouvir o idiota chorando, peguei o guarda-chuva, abri a porta, e fui ter um papo com ele.
- Que ta se passando?
Ele pulava feito um canguru, querendo passar para a parte da frente do pátio. Fui até o portão que dá para a rua e não vi nenhuma puta duma cadela na rua que pudesse deixá-lo tão transtornado.
- Que foi maluco?
- Gruuuuummmmcaiimmmmm – ele respondeu.
- Porra, sai da chuva!
- Auuuugruuuummmcaimmmmhummmmff...
- Já pra casa!
Ele foi vagarosamente para “os fundos” com o rabo entre as pernas, volta e meia parando e olhando para trás com ar de cão arrependido. “Que há com esse cusco?”, perguntei de mim para mim tentando entender um pouco da psicologia canina. Tive vontade de sentar com o Jamelão, ali, na chuva mesmo, e contar uma triste história que ouvi, certa vez, em um almoço do jornal em que trabalhava. Amigos, eis uma história triste de um homem que foi desprezado por uma mulher em pleno ato de união de almas e corpos.
Contou o homem que certa vez estava num baile, pra fora da cidade, e o clima começou a esquentar entre ele e uma loira. Todo empolgado, ele convenceu a moça a ir para um matinho atrás do ginásio onde ocorria o baile. Ele, todo empolgado, ainda ofegante, tirou a calcinha da fêmea lentamente, com toda a delicadeza de um amante que não quer perder a sua amada na hora H, beijando o seu pescocinho carinhosamente. Ela parecia um tanto indiferente, com um ar de “tanto faz”. Ele ainda perguntou: “você quer?”. E ela cuspiu para o lado e disse “claro”. Então, ele começou a cavalgar nela. Enquanto ofegava, fazendo o movimento de vai-e-vem, ele resolveu espiar a cara da parceira para ter idéia se ela estava gostando. Conta o homem que ela estava palitando os dentes com um toco de grama. Porém, como ele estava quase chegando “lá” resolveu continuar, mas não resistiu quando ela tirou o pedaço de grama da boca e perguntou:
- Você sabe de algum apartamento para alugar na Cohab?

Quanta insensibilidade! Ele simplesmente parou o ato, vestiu as calças e voltou para o baile. Como as mulheres podem ser tão insensíveis!
Fiquei louco para contar essa triste história para o Jamelão, mas ao ver ele voltando vagarosamente para o portão para chorar mais um pouco por uma cadela qualquer, acabei deixando ele curtir essa dor de prazer que se chama paixão. Seja feliz, Jamelão! Seja feliz...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A beleza da madrugada

Gosto demais da madrugada. Aliás, é com estranho prazer que já andei durante a madrugada, sozinho, por lugares que muitos têm medo de andar. Você caminha por ruas desertas, cruza com um ou outro perdido da madrugada, passa por esquinas vazias e, ao mesmo tempo em que está atento a tudo que acontece ao seu redor (pois não dará a chance de alguém te pegar desprevenido) você reflete profundamente sobre a vida. Você fica olhando aquelas ruas e avenidas completamente vazias e as compara com a loucura que é durante o dia. Já fiz isso (de caminhar pela madrugada) pelas ruas de vários cidades, como Santo Ângelo e Ijuí (cidades em que nasci e cresci), Porto Alegre, Bento Gonçalves, Curitiba, Rio de Janeiro, etc.
Em Porto Alegre, nesse ano mesmo, após me despedir do povo que estava indo embora do Intercom de Caxias do Sul, caminhei do centro até o bairro Santo Antônio por volta das três da madrugada. Enquanto caminhava, o ar que batia em meu rosto tinha um gosto especial: era uma mistura de saudades antecipada, aperto no peito, com certo prazer de liberdade, de vontade de gritar aos quatro ventos qualquer palavra relacionada com amor e fé, enfim, era uma reflexão que misturava nostalgia com esperança. Enquanto saía da Lima e Silva, entrava na Venâncio e seguia meu rumo pela João Pessoa, cruzava com um ou outro remanescente da madrugada. Às vezes avistava um vulto vindo longe, mas quando o via se aproximar enxergava em seus olhos um ar de pavor, provavelmente tendo a mesma desconfiança que qualquer pessoa que anda as três da madrugada pelas ruas de Porto Alegre tem. Outras vezes eram maloqueiros, moradores de rua, que baixavam os olhos ao passar por mim, talvez desconfiando que eu fosse algum policial ou algo do gênero. Vá saber...

Entretanto, a caminhada pela madrugada mais inesquecível que fiz foi a do Rio de Janeiro, durante o Intercom 2005. A desse ano envolveu mais sentimentos, mais inspirações, algo espiritualmente mais profundo, mas a do Rio foi mais, digamos, inacreditável. Estava hospedado na casa de um amigo meu no bairro Bonsucesso, Zona Norte, mas, na volta de uma das festas que rolou, fiquei com o pessoal que estava hospedado num hotel. Acabei colocando uma coberta no chão, no quarto em que estava um povo da minha faculdade, mas, sem conseguir dormir, acabei saindo para a rua lá por três e meia da manhã. Como já fazia alguns dias que circulava por aquela região (Avenida Rio Branco) acabei não me preocupando com a possibilidade de me perder. E assim, passei a andar pelas ruas do Rio em uma madrugada de setembro de 2005, erguendo as pernas para não pisar na pilha de moradores de rua que dormiam tranquilamente pelas calçadas cariocas. Durante minha caminhada, perguntei para garis onde poderia encontrar um bar aberto àquela hora, e cheguei a ouvir a resposta “ih, mermão, eu se fosse você ia para casa dormir antes que seja assaltado”. Nem dei bola e segui procurando um bar. Não encontrei nada e segui andando, um tanto indignado pelo fato de não ter UM boteco aberto às quase quatro da madrugada no centro do Rio. “Cadê a capital nacional da Boemia?”, murmurava, enquanto alguns perdidos da noite cruzavam por mim. Entretanto, esses andarilhos viam em meu rosto a figura de um ser igual a eles: bêbado, perdido, sem rumo, curtindo o vento da madrugada, olhando as ruas desertas e pensado que aquela tranqüilidade seria quebrada assim que o dia amanhecesse. Quando você vê as ruas centrais do Rio semi-desertas na madrugada, não imagina que uma bagunça enlouquecedora toma conta daquele espaço durante o dia. Vez ou outra eu cruzava com um casal brigando, um grupo de amigos voltando de alguma boate, uma prostituta parada no ponto de ônibus, olhando para todos os lados, desconfiada, um travesti correndo atrás de um cliente que tentou lhe passar a perna, e por aí vai. Também vi sujeitos suspeitos andando apressadamente, como se fugissem de alguém. Mas ninguém me olhava nos olhos. Todos tinham medo. Todos achavam que eu poderia ser o perigo que todos previnem: “cuidado”.

Após muito caminhar sem rumo, cheguei até as proximidades da Candelária. Parei e fiquei observando as demarcações dos corpos dos garotos que foram mortos durante uma chacina feita por policiais em 1993. Olhei no relógio, já passava das quatro. Fiquei pensando, olhando o desenho dos oito corpos no chão: “Nossa, possivelmente a essa hora, nesse mesmo lugar, os policiais estavam atirando nos garotos naquela madrugada...”. Suspirei, desejei que todos estivessem bem, onde quer que estejam, virei as costas e fui embora, ainda um tanto entorpecido pela loucura de pensamentos e a sobra do álcool que havia bebido horas atrás. Derrotado pelos donos de bares que fecham seus estabelecimentos na madrugada e pelo medo de todo mundo, acabei voltando para o hotel. Antes de dormi, ainda suspirei “essa foi uma boa madrugada”. Uma madrugada inesquecível.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dudu, o psicólogo e a morena

Dudu (que não é o autor desse texto) trabalhava em uma lan house. Todos os dias ele observava uma morena espetacular que estacionava o seu carro na frente do prédio que ficava do outro lado da rua. Dudu, sem muito o quê fazer entre o atendimento a um cliente e outro, ficava esperando aquele momento sagrado do dia: o carro da morena estacionando, ela descendo do carro, geralmente com uma mini-saia curtíssima exibindo as pernas torneadas, salto alto que deixavam as suas carnes ainda mais atraentes, blusa mostrando boa parte das costas e da barriguinha e a pele dourada e bronzeada. Ah, como Dudu queria ter aquela morena, conhecer a maciez de suas carnes rijas, se lambuzar no líquido mágico que estava escondido no meio daquelas pernas sensacionais...! Ah! Às vezes, quando ela descia do carro algum cliente mala estava querendo atenção. Ele não pestanejava e dizia “espera só um segundinho” e, então, ele simplesmente babava vendo aquela morena espetacular desfilar, vez ou outra usando provocativos óculos escuros.
Dudu estava simplesmente obcecado pela morena. Acordava ansioso para ver a morena, tomava café imaginando a morena sentada à sua frente, tomava banho resgatando em sua memória o desenho perfeito daquele corpo escultural, caminhava na rua meditando com a imagem da morena, trabalhava pensando na morena, tinha orgasmos masturbatórios com a morena, até que, uma vez por dia, uma vez no início da tarde e outra no final, a morena fazia sua aparição diante dos olhos de Dudu, que ficavam hipnotizados pela sensualidade e necessidade de prazer que aquela obra prima despertava. Porém, aos poucos, Dudu ficou diferente. Não se concentrava mais no que estava fazendo, não tinha mais inspiração para nada. Só para ver a morena. Em sua mente uma voz repetia incessantemente a palavra “morena, morena, morena, morena...”. Os pais de Dudu logo perceberam a diferença nas atitudes do filho e decretaram: Dudu está deprimido. Convenceram-no a ir ao psicólogo.
- O que te traz aqui, meu jovem? – perguntou o psicólogo na primeira consulta.
- Uma morena...
E assim, Dudu descreveu os pormenores da morena.
- Mas e você a conhece?
- Não.
O psicólogo sugeriu que ele fizesse umas dez consultas até ficar bom. Trabalharia a auto-estima do rapaz, faria com que ele pensasse em outras coisas, convenceria de que havia uma desproporção entre o seu imaginário e a realidade, etc, etc, etc. Assim, o tempo passou, as consultas transcorriam conforme o programado, mas o paciente não apresentava melhora. Muito instigante.
O psicólogo acabou elaborando o mais minucioso plano para curar Dudu de sua tara pela morena. Em último caso, teria que recomendá-lo a um psiquiatra, mas considerava isso uma derrota pessoal e profissional. Orgulhava-se de resolver 96% dos casos em seu consultório. A estatística foi feita a partir de sua lista de consultas, que estavam listadas em três cadernos. Segundo ele, era um recorde, no mínimo, nacional. Olhando para Dudu, pensava: não estudei anos de psicologia para não conseguir convencer esse maluco a tirar da cabeça uma morena estonteante, afinal, o que mais há no mundo são mulheres desse tipo. Em uma das consultas, o psicólogo ficou observando Dudu: jovem, um tanto inexperiente, bem vestido, gel no cabelo, discreto, bom porte atlético, enfim, não havia nada que impedisse Dudu de arrumar belas namoradas, vários casos e muitas e variadas trepadas... Já tratara casos de homens de boa aparência, mas excessivamente tímidos, que tinham dificuldades em conseguir uma mulher. Mas em conversas breves com Dudu via que aquele não era o caso. Não senhor. Era algo único, jamais estudado pela psicologia! E ele, um psicólogo experiente, o mais conceituado da cidade, se consagraria resolvendo aquele caso! Mas o diabo era que a besta do Dudu em toda a consulta só falava na maldita morena. Em uma das consultas o psicólogo pediu para que Dudu desenhasse qualquer coisa em uma folha em branco. Quando pegou o papel rabiscado por Dudu, lá estava: um homem e uma mulher fornicando.
- O que é isso, Dudu?
- Eu traçando a morena....
O psicólogo suspirou em tom de profunda decepção. Até que um dia, uma cliente ligou para marcar uma consulta. A secretária já tinha saído e ele mesmo atendeu. Seu nome era Marta. Ao falar com ela não deu bola: tratava-se de uma voz comum. Porém, quando o psicólogo viu Marta entrar em seu consultório, no dia seguinte, não se conteve e murmurou: Jesus-Maria-José.
- Desculpe, como disse? – retrucou aquela morena fantástica.
- Dãn mói, entra aí, zartanistaconga.....
- Não estou entendo... Eu sou a Marta, marquei uma consulta com o senhor.
- Ronesfaltemate?
- Como?
- Ãhnnnnnnn. Zocêveioaquimeuconsultóriomeumeumeu.
E o psicólogo não conseguia pronunciar uma palavra contundente, muito menos formular uma frase.
- Eu sou o psicólogo – disse enfim.
- Eu presumi que fosse...
Ela ficou parada na porta, sorrindo para ele. A secretária observava a cena balançando negativamente a cabeça.
- Eu sou o psicólogo – repetiu.
Marta não disse nada, apenas olhou para a secretária como se pedisse ajuda. Até que ele pegou-a pela mão e levou para dentro do consultório repetindo:
- Eu sou o psicólogo. Eu sou o psicólogo. Eu sou o psicólogo....
Depois de meia hora, Marta saiu do consultório se achando a criatura mais normal do mundo, por ver que o psicólogo mais conceituado da cidade era maluco. O psicólogo acabou cancelando todas as consultas do dia. Chegou em casa, olhou para a mulher e disse:
- Eu sou o psicólogo.
- Eu sei.
- Eu sou o psicólogo.
- Você já disse isso. Agora vai no mercado que está acabando a comida.
- Eu sou o psicólogo.

O psicólogo tomou um banho gelado, repetindo: “eu sou o psicólogo, eu sou o psicólogo...”. A mulher se preocupou um pouco, mas pensou que o marido estava tendo um breve delírio por trabalhar demais. Acontece com todo mundo algum dia, fazer o quê? A noite chegou e dormiram mais cedo que o normal.
Ao acordar, a morena ainda aparecia sublinarmente na mente do psicólogo. O primeiro paciente do dia era quem mesmo? Ah, o Dudu. O caso do obcecado pela morena. Dudu entrou no consultório e, para variar, começou a falar sem parar da morena. Enfim, quando terminou, perguntou:
- E aí? Acha que eu tenho cura?
- Eu sou o psicólogo. Eu sou o psicólogo. Eu sou o psicólogo...
Hoje, Dudu e o psicólogo dividem o mesmo quarto em um manicômio no interior de São Paulo. Dudu pensa que o psicólogo é a morena e o psicólogo jura para todo mundo que é um psicólogo.

Fim.

sábado, 23 de outubro de 2010

Putaria 10x0 Futebol

No último post, em que publiquei o meu texto escrito para a coluna do JM sobre esporte, não foi registrado NENHUM comentário do vagabundo leitorinho durante aproximadamente 48 horas. Entretanto, quando escrevo aqui, nesse humilde espaço, textos sobre questões relacionadas a sexo, ou putaria mesmo, lá estão os devassos leitorinhos, comentando e dando palpites. No último post não adiantou nem colocar uma charge semi-bagaceira que ninguém se animou a dar palpites. Por que isso? Eu é que não sei. O promiscuo leitorinho que responda...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Surpresa!

A graça da vida é a sua imprevisibilidade. Por exemplo, nos anos 90 eu nunca imaginei que um dia fosse ver o Lula se tornar presidente do Brasil, o Inter ser duas vezes campeão da América e disputar dois mundiais em um intervalo de cinco anos, o Grêmio voltar a disputar a Série B, eu me formar e fazer mestrado (arrá! essa nenhum de meus professores de segundo grau imaginava!). Também nunca pensava que fosse possível a disputa das finais do Campeonato Brasileiro ser extinta (ô, saudades!), que meu cachorro Jimbo um dia fosse morrer, que eu me tornasse um leitor compulsivo de todos os tipos de livros, que Paulista e Santo André viessem a ser campeões da Copa do Brasil... Além disso, nunca imaginava, naquela época, que um dia o Sílvio Santos tiraria o Chapolim da grade de programação do SBT, que eu assistiria ao show dos Rolling Stones em Copacabana, que torroristas atacariam os Estados Unidos como em 11 de setembro, que eu iria ter uma coluna de esportes no Jornal das Missões, etc. Enfim, são diversas as coisas que nunca imaginamos que podem acontecer e que, por bem ou por mau, acontecem. Entretanto, existe um evento que concentra toda a capacidade de imprevisibilidade da vida em 90 minutos: um Gre-Nal.
Quem, no longínquo 1909, imaginava que o Grêmio empilharia 10 gols no seu maior rival? Quem sonhava que o até então mediano Fabiano fosse destroçar o Grêmio no famoso Gre-Nal dos 5 a 2 em 1997? Quem, além dos colorados, imaginava que o Inter fosse virar o Gre-Nal do século para 2 a 1 no segundo tempo nas semifinais do Brasileirão de 1988? E quem sonhava que no Gre-Nal do centenário Farroupilha, em 1935, o Grêmio marcaria o primeiro gol da vitória por 2 a 0 (o Inter precisava do empate) aos 38 minutos do segundo tempo, na última partida do imortal Lara com a camisa tricolor? Enfim, em cada Gre-Nal temos uma surpresa. Nenhum Gre-Nal é previsível. Foi assim no Gre-Nal disputado no Olímpico no ano passado, quando o Inter fez 1 a 0 com Nilmar e, quando tudo se encaminhava para uma vitória maiúscula dos colorados, Souza empatou de falta na primeira etapa e Maxi Lopez virou no segundo tempo. Bem como, um gol surpreendente de D’Alessandro aos 2 minutos, no Gre-Nal do Beira-Rio pelo Brasileirão do ano passado, também decretou a vitória colorada. Tudo imprevisível. Comentários, esquemas táticos, apostas de torcedores fanáticos, teorias hiper-elaboradas em conversas no Canecão, entre um copo de cerveja e outro, cornetas trocadas antes da hora entre gremistas e colorados, enfim, tudo vai por água abaixo quando a bola rola. Não há lógica. Não há previsibilidade.
Nessas horas, acho que a teoria da minha mãe está certa: ganha quem tem mais sorte. Segundo ela, enquanto alguns chutam e a bola passa raspando ou bate na trave, outros batem de qualquer jeito e a bola entra. Em dia de Gre-Nal, essa lógica prevalece. Jogar melhor, não adianta. O que resolve, para o torcedor, é bola na rede!
Um bom final de semana e um excelente Gre-Nal a todos. E que vença o mais sortudo.

* Texto a ser publicado no Jornal das Missões desse sábado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um aniversário perfeito

Lá pelas três horas da madrugada, após tomar umas... ( 5? 6? 10?) garrafas de cerveja, enfim, após um dia inteiro sem receber NENHUMA ligação, eu resolvo deslacrar a décima e alguma coisa garrafa, abrir a porta, caminhar até “os fundos”, soltar a Pretinha e o Jamelão e comemorar com eles o meu vigésimo alguma coisa aniversário de vida! Porra, e lá pelas tantas, olhando para os olhos carentes do Jamelão, eu começo a chorar lembrando do Jimbo! Ah, Jimbo, só tu me entendia... Por onde tu andarás?? Estarás correndo e brincando pelas nuvens do céu ou andarás atrás de cadelinhas virgens no purgatório?? Jimbo, Jimbo, 15 anos de parceria, quantas saudades! Mas agora estou diante do Jamelão, que chegou a conhecer o Jimbo nos seus últimos dias de vida, e ele parece querer transmitir alguma energia... Em seu olhar vejo a mensagem: “porra, carajo, que merda é essa? Levanta, vagabundo, e vai pra guerra!”. E sorrio e faço um sinal afirmativo com a cabeça. Não é que o canino tem razão? Tenho que levantar e ir para a guerra!!!!

E assim, a Pretinha vem e me lambe. Penso em lambê-la de volta, mas sinto um leve nojo. Digo: “é isso aí, Pretinha! Você é foda!”. Ela parece me entender e sorri. Estou feliz, comemorando meu aniversário com o astuto Jamelão e a faceira Pretinha! “Vocês são bons!”, ameaço gritar, mas apenas resmungo para eles. Eles me entendem. Abanam o rabo e ficam ao redor, se lambendo, decerto esperando por alguma comida. “Seus merdas interesseiros”, digo. Eles continuam me olhando, lambendo os beiços. Porra! Volto para dentro de casa, vou até a cozinha, abro a geladeira e pego duas fatias de mortadela. Dirijo-me novamente até “os fundos” e dou uma fatia para cada. Ah, como eles me são gratos, esses nobres e vagabundos cães! Ao contrário dos humanos, eles são sinceros: abanam o rabo e se lambem para pedir comida e, quando você atende aos seus pedidos, eles fazem a maior festa e comemoram o seu aniversário junto com VOCÊ! Eles não querem mais nada em troca, apenas duas fatias de mortadela! Poderia haver um carinho mais sincero que esse??? Enquanto todos só pensam na deusa-cadela do dinheiro, o Jamelão e a Pretinha só querem duas fatias de mortadela!!!! Ah, como eu sinto prazer em lhes dar duas fatias de mortadela! Comam, pobres cães! Comam e sejam felizes! Eles começam a pular em mim e a murmurar algo como “cainmmmhuehuammmeimm”, e eu lhes respondo “é, vocês tem razão, toda a razão, vocês são dois cães muito sábios, mais sábios que esses seres que andam usando apenas duas patas”, e eles resmungam “huuuummmmmiiiimmmmeeeimmmmm”. Quando o sol começa a nascer, estou terminando a vigésima e alguma coisa garrafa e começo a cantarolar com eles: “aiiiii, aiiii, ai-aiii, ta chegando a horaaaaaa. O dia já vem raiandooo meu bemmmmm! E eu tenho que ir emboraaaaaa!!! Aiiiii aiii aiiii-aiaiaiaiaia! Ta chegando a horaaaaa!”... Até que alguém abre a janela e diz “que porra é essa?” e eu respondo: “estou comemorando o meu aniversário com meus amigos”, e, assim, beijo a testa do Jamelão e da Pretinha e caio duro na grama.

THE END

Obs: essa é uma história de ficção.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma noite de insônia

A madrugada chega enquanto as espinhas, os fios de cabelo, os pentelhos, os pelos do sovaco e as unhas crescem. Até quanto essa porra toda pode crescer se eu nunca mais cortar os cabelos, as unhas e aparar os pentelhos? Tudo cresce, bem como a insanidade de um louco que passa as horas pensando sobre o quê escrever em um blog que (quase) ninguém lê. A gordura também cresce. A grama cresce. O som que vem de longe na madrugada cresce. As crianças crescem. As chances de o Grêmio chegar na Libertadores cresce. Tudo cresce e tudo é cortado. Ou senão, encolhe. Os velhos encolhem. Um pênis volta a encolher depois de uma boa ejaculada. A insanidade também passa. O dinheiro que nunca vem, também vai. A sanidade volta. Tudo volta. E tudo passa. "Mas tudo passa... tudo passaaaaaa! E nada fica, nada ficaaaaa!" Já diria a letra de uma dessas músicas ótimas de se cantar quando se está bêbado, sentado com os amigos, na frente do prédio onde se mora em uma noite quente de verão. Aliás, o verão e o calor também passam. Pelo menos aqui no Sul. As preocupações também passam. O tesão e o desejo passam. E algumas coisas morrem. Todos morrem. Eu um dia vou morrer, bem como todos aqueles que estão vivos não estarão mais dentro de 150 anos. Talvez 1% viva até os 100. A bebida também acaba. Mas eu não estou bêbado, estou com sono. O que dá no mesmo. Estar bêbado e com sono: você não vai lembrar direito o que fez ou escreveu nos dois casos. No meu, até vou, porque talvez, se eu estiver com saco, eu leia tudo isso amanhã. Ou depois de amanhã, ou um dia qualquer. Talvez minha filha leia isso tudo no futuro e diga: "papai, quanta merda tu escrevia!", e eu murmure: "pois é, filhinha, não faça como o papai. Estude e não dê ouvido aos outros, porque todos são loucos, menos você e eu. E se alguém te chamar de louca, chama o papai que eu arrebendo a cara dele". E assim, eu arrebento mais uma fuça e o mundo passa a contar com um larápio a menos. Enfim, minha inspiração também acabou e o sono chegou. Fui!

O triste fim de Sidy

Sidy era um cara quieto, boa praça. Não conversava com ninguém, gostava de ficar quieto em seu canto. Não sabia quanto tempo estava ali, nem tinha consciência do que ele representava para o mundo. Tinha menos idéia ainda do que tudo aquilo ao seu redor queria dizer, se é que queria dizer alguma coisa. Via caras iguais a ele ali, naquele lugar apertado e pegajoso. Não puxava conversa com ninguém e não respondia a nenhuma pergunta.
- Olá!
Nada.
- Tudo bem?
- Nada.
- Você é surdo? Mudo?
Nada. Sidy sequer olhava para o interlocutor. Ficava ali, mirando o além. Tudo estava tranqüilo e perfeito na vida de Sidy. Ele tentava lembrar um passado que ele não sabia se existia, e tentava pensar num futuro que ele não sabia se chegaria. Mas não se preocupava efetivamente com isso, apenas pensava, pensava e pensava. E num desses dias de pensamento, enquanto tentava contar quantos mais estavam ali naquele lugar úmido e apertado, quando chegava ao número 1.576, todos começaram a correr velozmente em direção a uma luz... Com os olhos arregalados, ele chegou até a luz e gritou:
- IIIUUUUUPIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
PLASH. E assim, Sidy morreu feliz, enquanto Arturo, ainda ofegante, tremia embaixo do chuveiro.

sábado, 16 de outubro de 2010

Medo de avião; vagabundagem e sexo

De bobeira, comecei a ler Avião – Viaje sem medo, de Elvira Gross. O livro é da minha mãe. E, após ler 30 páginas, ainda não perdi o medo de avião. Entretanto, a descrição que autora faz dos pensamentos de quem tem medo (como eu) é perfeita. Por exemplo: eu fico olhando a cara dos comissários, para ver se eles estão apavorados ou não, e, no meu julgamento, eles sempre estão com cara de apavorados, o que quer dizer que o avião está prestes a cair! Em outro trecho, a autora afirma que na maioria dos casos a pessoa sente medo após viajar várias vezes de avião. Realmente, a primeira vez em que viajei, não senti medo nenhum. Achava tudo normal. Porém, na medida em que viajei mais vezes, passei a adquirir esse pânico de avião. Ainda faltam 100 páginas para terminar de ler o livro, então, ainda tenho esperanças.
Mas comecei abordando essa obra justamente para falar dos livros de auto-ajuda. Confesso que gosto deles. Já li vários. Para mim, a maioria não funcionou, mas fazem eu ver que tem mais gente louca como eu. Tenho aqui, por exemplo, Pai Rico, Pai Pobre e Guia do Investimento, os dois do mesmo autor, e, até agora não fiquei rico. Também tenho Casais inteligente enriquecem juntos. Curti muito, mas também não enriqueci. Porém, sabendo o que esses livros tratam, tenho consciência do que estou fazendo errado.

Agora descobri um autor de auto-ajuda um tanto inusitado: Albert Cossery. Na real, não é um autor declarado de auto-ajuda, mas, como vocês verão, não deixa de ser uma espécie de auto-ajuda. Conforme o Wikipedia: “Albert Cossery (Cairo, 1913 - 2008) foi um escritor egípcio em língua francesa. Considerado um mestre do escárnio. Albert foi também um profeta do prazer e da preguiça. Desde 1951 habitava o mesmo quarto do hotel La Louisiane situado no coração de Saint-Germain-des-Prés em Paris. Foi amigo de escritores como Boris Vian, Jean Genet, Henry Miller e Albert Camus, sendo admirado por todos eles”. Ou seja, ele ensina a arte de ser preguiçoso. Como ser feliz, sem sentir culpa, sendo preguiçoso. Muito bom. Assim que tiver alguns trocados no bolso vou comprar um de seus livros traduzidos para o português, como Mendigos e Altivos. Veja só a sinopse dessa obra: “A miséria como questão de honra. A mendicância como estilo de vida. Na periferia do Cairo, vive uma multidão totalmente à margem do que se considera a vida civilizada. Entre eles Gohar, um ex-professor universitário que abdica de sua confortável posição para adotar a vida de mendigo e acaba arrebanhando um pequeno séqüito de seguidores. Ou Yéghen, poeta e traficante de haxixe cujo cotidiano inclui diversas entradas e saídas da cadeia. Ou ainda El Kordi, pequeno funcionário público com pretensões de transformar o mundo. Em comum entre eles, a recusa radical ao modo de vida burguês e uma forma peculiar de ostentar o mais impressionante tipo de orgulho em meio ao mais profundo abandono”. Genial, genial.

Por fim, chego ao jornalista Maurício Sita, autor de “Como levar um homem à loucura na cama”, que esteve nessa semana no Programa do Jô. Além de jornalista, Maurício estudou psicanálise, meditação, direito e filosofia, o que lhe dá bons créditos para suas considerações. Na entrevista, que está disponível no site do programa, Maurício explicou que o livro foi escrito a partir de entrevistas feitas com homens e é adaptável apenas aos casais heterossexuais. Não cheguei a ler o seu livro, mas concordei com muitas coisas que ele falou. Primeiro, comentando o sexo oral, que ele mesmo chama no livro de boquete, ele teve uma breve discussão com o Jô, argumentando que tanto o homem quanto a mulher podem sentir prazer enquanto... chupam. O Jô ridicularizou o seu argumento, enquanto ele explicava que, quando o casal está completamente ligado, excitado, se querendo, enfim, quando há uma sintonia perfeita entre o casal, os dois vão sentir prazer fazendo o sexo, seja lá como for, desde que os dois gostem, e, quando eles estão muito ligados, o boquete é bom para os dois. Simples? Não parece, pois a maioria dos casais não se satisfazem sexualmente, conforme o autor. Outro ponto abordado por ele, referente ao boquete, é que a mulher deve chupar olhando para o homem. Confesso que nunca tinha prestado atenção se é melhor com ela olhando ou não olhando, mas, ao ouvir tal afirmação, realmente, acho melhor quando olha. Essa afirmação vai ao encontro de outra teoria, que li não lembro onde, de que o homem sente um prazer mais relacionado ao visual, ou seja, tem que ver o que está comendo, enquanto a mulher tem um prazer mais relacionado ao contato físico, ao abraço apertado, ao beijo na nuca (beijo do macaco do Serginho Malandro), a “pegada”, etc.
Enfim, como o vagabundo leitorinho não gosta de textos longos, concluo esse post salientando que os livros de auto-ajuda geralmente são escritos por pessoa que estudaram (economistas, psicólogos, consultores financeiros, etc) e que tem o aval de estudos sólidos para escrever tais obras. Aliás, lembrando Eisenstein, em Revolução da cultura impressa (1998), desde o surgimento da imprensa o homem imprime manuais do tipo “faça-você-mesmo” e outros tipos de auto-ajuda relativos a questões ligadas à época de Gutemberg. Ainda pretendo fazer psicologia para estudar os livros de auto-ajuda... Um dia eu chego lá!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Saudades do fanatismo futebolístico...

Antes dessas eleições, eu achava que o fanatismo futebolístico era o pior de todos os fanatismos. Refiro-me ao Brasil, óbvio. Porque o fanatismo religioso que leva a ataques suicidas certamente é o pior fanatismo do mundo. Enfim, achava que os argumentos dos torcedores, independente de clube, eram os mais irracionais, cegos e distorcidos de todos. O meu time é melhor, o seu é o pior. Meu time é bom, o seu é ruim. Meu time e minha torcida são do bem, teu time e tua torcida são do mal. A camisa do meu time é bonita, a do teu time é feia. Mas nessas eleições alguns políticos e alguns eleitores estão superando os mais insuportáveis dos fanáticos torcedores futebolísticos. Meu candidato é do bem, tua candidata é do mal. Minha candidata cuida dos pobres, teu candidato cuida dos ricos. Ah, façam-me o favor! Não tem quem agüente isso. Você liga a televisão, tem uma musiquinha tosca dizendo que o Serra é do bem e a Dilma é malvada e come criancinhas. Serra do bem, com aquela cara de vampiro? Convenhamos. Ligo o rádio, está a Dilma falando que o Serra e o Fernando Henrique quebraram o país. Vamos combinar, o país não foi quebrado por um único governo...
Agora, o pior, são os eleitores fanáticos que caem nessas ladainhas. Você vai num almoço e ouve um punhado de repetições de lugares-comuns, sem nenhum embasamento sólido, com um discurso papagaístico de tais campanhas superficiais e apelativas. Vendo a campanha eleitoral desse segundo turno, sinto mais orgulho ainda em torcer fanaticamente pelo meu time. Pelo menos me divirto. E converso com meus rivais, admitindo o mérito do time deles, e por fim ainda tomamos uma cerveja juntos e fica tudo bem. Agora, com os fanáticos políticos, não podem existir opiniões divergentes das deles. Eles não aceitam. Você tem duas opções: concordar ou concordar. Ou ainda, uma válvula de escape, mandar tomar naquele lugar, virar as costas, ligar a TV e ver o jogo do seu time pelo Brasileirão...
PACIÊNCIA – Está certo, nobre leitor, essa coluna é sobre esporte, não sobre política. Então, aqui vai meu breve comentário semanal sobre a dupla: olhando na tabela os jogos até a última rodada, observo que o Grêmio vai ter que vencer no grito mesmo, pois terá jogos difíceis e importantes em casa. O tricolor recebe: Cruzeiro, Internacional, Ceará, Atlético-PR e Botafogo. Fora o Ceará, os outros quatro estão na sua frente na tabela. Ou seja: jogos de seis pontos. Já o Inter, não creio que vá disputar o título porque terá que viajar para disputar o Mundial. Porém, acredito que fica entre os quatro primeiros, pois tem adversário como Atlético-GO, Avaí e Grêmio Prudente pela frente. Sem contar que é possível trazer três pontos do Rio contra o Flamengo hoje.
Enfim, bons jogos para todos nesse final de semana, e parabéns ao meu pai, Nabuco, que está de aniversário hoje! Viva o futebol e abaixo as campanhas sarnentas e pegajosas!

*Texto que será publicado no Jornal das Missões desse sábado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quem são eles, quem eles pensam que são...(?)

Na obra O Retrato, do lendário O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo, o personagem médico, político e jornalista Rodrigo Cambará tem uma tremenda frustração quando completa os estudos de medicina em Porto Alegre e retorna para a sua terra natal, a fictícia Santa Fé. Dr. Rodrigo, como é chamado, encontra imperando na cidade um coronelismo típico do final do século XIX e início do século XX (e não tão incomum nesse pré-histórico século XXI). Sem ter meios para lutar contra os líderes políticos de Santa Fé, Dr. Rodrigo encontra o jornalismo como um meio para questionar o que está estabelecido e funda o jornal A Farpa. Entretanto, após ofender e ser ofendido pelo jornal rival, ele perde as eleições municipais e acaba frustrando-se tanto com a vida dentro do jornalismo (onde ele não tem o controle da interpretação do leitor) quanto com a política (onde ele não tem o controle da intenção do eleitor). Mesmo lutando por uma “boa causa” e contra a opressão dos poderosos, Rodrigo Cambará morre no final de O arquipélago com uma sensação de impotência.
Possivelmente Erico Verissimo criou tal personagem a partir de sua própria experiência. Como ele trabalhou no jornalismo entre 1930 e 1939 (sendo, inclusive, o presidente fundador da Associação Riograndense de Imprensa) é bem provável que as desilusões dele com a profissão e com a política fez com que, primeiro, ele largasse o jornalismo para viver da literatura assim que começou a obter sucesso com os romances e, segundo, fez com que se declarasse um apolítico, um não-político partidariamente falando. Confesso que me identifico muito com esse realismo do Erico Verissimo. Principalmente quando observo determinados acontecimentos em Santo Ângelo.
Curiosamente, sempre que alguém tenta instalar alguma alternativa em termos de bar ou entretenimento, fenômenos estranhos acontecem com tais empreendimentos. Por exemplo: dia desses, vi a Brigada Militar fazendo uma operação em frente a um bar novo da cidade, atacando os motoristas que chegavam e saiam do local. Até aí, tudo bem. Parabéns para a Brigada Militar, pois acho louvável tal operação. Entretanto, fica a pergunta: por que não é feito o mesmo nos locais tradicionais da cidade, onde todo mundo sabe que o povo chega, bebe e dirige? Por que apenas no bar novo? Todos sabem os horários que o povo chega e sai das casas noturnas que funcionam com diferentes nomes no passar das décadas, e por que diabo a Brigada Militar não fica de prontidão nesses lugares onde o pessoal sai tomando long neck no bico na frente do volante? A lei existe? Existe. Está certa? Está certa. Mas tem que valer igualmente para todos.
Outra pergunta: por que em determinados lugares, como, postos de gasolina, é possível ver gente bebendo na calçada, enquanto que na frente de um bar (que serve justamente para o povo beber) não é? Por que a lei e a fiscalização servem para alguns, e não servem para outros? Por quê? Por quê? Por quê? E se é impossível fiscalizar porque é muita gente que faz o que não é legal (justamente por ser legal de fazer), cabe a gente perguntar: e a lei está certa? É certo meia dúzia de pessoas tomarem decisões importantes pelo todo? A maioria está certa? Ou estará certo aquele único sujeito que está quieto em seu canto? Ou, como perguntaria o Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii: Quem são eles? Quem eles pensam que são??? Vá saber...

*Texto que será publicado algum dia na Tribuna Regional, se não for censurado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Melhor trabalho do mundo

É curioso trabalhar em casa. Você está lá, mergulhado numa idéia, escrevendo, lendo, catando uma apostila aqui, outro livro acolá, uma revista de 1900 e antigamente em outro canto, lê, pensa, escreve, e vai indo, até que resolve ir ao banheiro e cruza com sua mãe na cozinha e ela lhe diz: “Guri, vai arrumar teu quarto”. “Pô, mãe, agora não!”, “agora sim!”. E você segue para o banheiro, mija, e volta para o computador para seguir o seu trabalho de onde parou. Sim, caro leitorinho, você que está me apontando o dedo e colocando no meu nariz decretando “você é um desempregado!”, eu lhe informo: estou trabalhando. Estou fazendo a minha interminável dissertação de mestrado. Você pode alegar “mas você não está recebendo para isso”. Aí que você se engana, maldoso leitorinho. Eu tenho compromissos, sim, pois tenho uma bolsa que cobre o valor da mensalidade. Arrá! Ou seja, estou recebendo, sim.
Outra situação curiosa é quando estou concentrado em alguma obra do Bourdieu, ou Balzac, ou catando um dos 23 personagens-jornalistas que identifiquei em 4.841 páginas de dez romances de Erico Verissimo (sem contar os que não tinham personagens-jornalistas e os livros de contos, viagens, etc, que elevam esse número para aproximadamente 9 mil páginas, e você, vagabundo leitoinho, ainda me chama de vagabundo?), enfim, estou a catar um desses personagens-jornalistas, quando o pai chega em casa e pergunta “mas tu não soltou o Jamelão?”. São peculiaridades agradáveis que ocorrem quando se trabalhar em casa. Aliás, agradabilíssimas, pois prefiro mil vezes ouvir minha mãe me pedir para arrumar o meu quarto, que está pior que uma zona, ou o meu pai me pedindo para soltar o Jamelão, ou ainda, meu irmão pedindo carona para a natação, ou qualquer coisa do gênero, do que agüentar chefe pedindo para escrever matéria sem pé nem cabeça, que ninguém vai ler, e que eu sei que é só para agradar fulano ou beltrano. Portanto, estou feliz assim, irônico e crápula leitorinho.
Além disso, mesmo escrevendo o dia inteiro sobre jornalismo, teoria do jornalismo, personagens-jornalistas, tipologia de jornalistas, etc, etc, etc, ainda tenho mais ânimo e mais prazer em escrever para esse humilde blog, do que quando trabalho 10 horas em uma redação fazendo matéria sem pé nem cabeça de abertura de inscrições para um curso da puta que o pariu. Mas, como sou jornalista, em breve voltarei a essa triste rotina. A vida é dura, já diria o personagem de Selton Mello de O cheiro do ralo. É, a vida às vezes realmente é muito dura. Mas em outras situações, como quando você fala com a sua filha que ainda está na barriga, ou quando você vê o Grêmio marcar um gol, ou quando você vai até a Paraíba através de sonhos, a vida é, sem dúvidas nenhuma, muito bela. Só quero saber, o que pode dar certo... Tantantantan!

domingo, 10 de outubro de 2010

Uma música, uma poesia

Já disse que texto bom é aquele que ao ler, eu penso: "nossa, queria ter escrito isso". E hoje eu ouvi uma música que simplesmente descreveu exatamente tudo aquilo que estava na minha memória, na minha lembrança, na minha saudade... Trata-se de uma música que eu já conhecia, mas que a cada vez que ouço parece ser a primeira vez... É a tal música que mostra que ainda é possível fazer poesia com ritmo caliente. Enfim, chega de enrolação, e vamos ao Formato Íntimo, de Skank:

Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica

Hasta!

sábado, 9 de outubro de 2010

A vingança de Jonas, de Lula e desse que vos escreve

Jonas é o novo ídolo gremista. Mesmo perdendo três gols feitos para cada marcado, ele é a glorificação do derrotado que nunca desiste e que, por não desistir, conquista a vitória. Vê-lo chorando em uma entrevista coletiva, após marcar três gols e disparar na artilharia do Brasileirão, relembrando o tempo em que foi chamado pela imprensa internacional de pior atacante do mundo, é tão cativante quanto ver um metalúrgico de classe operária ser o primeiro brasileiro a se tornar presidente da República sem ser oriundo da classe elitista em mais de 500 anos de história do Brasil. Jonas, ao se consagrar com a camisa 7 tricolor, que foi imortalizada por Renato Portaluppi, está representando todos aqueles garotos que um dia sonharam em ser jogador de futebol mas que, ou por falta de oportunidade, ou por falta de qualidade, ou por puro azar dessa vida, tiveram que abandonar tal sonho. Jonas representa o garoto que é zoado pelos colegas, mas que quando entra em campo para defender o time C da turma vai para o pau e marca os três gols da vitória contra os favoritos. Jonas é o Dudu da Fazenda da Record, que é execrado pelos companheiros, mas não baixa a cabeça (pô, astuto leitor, não me condene por tais gostos televisivos, mas eu também sou humano e também tenho meus clichês).
Enfim, Jonas é o jogador que foi considerado piada por todos (eu disse TODOS) mas que, só ele acreditou em si mesmo e, com o apoio de poucos, se reergueu e caiu nas graças da torcida. Jonas é para o Grêmio o que Lula é para o Brasil. Sim, caro leitor, independente de qualquer partidarismo ou briga eleitoral, Lula, por si só, é um fenômeno, como o Jonas. Assim como Lula já foi taxado de burucutu analfabeto, superando tal preconceito ao ponto de ser escolhido pela revista americana Time o político mais influente do mundo em 2010, Jonas foi chamado de perna de pau mas deu a volta por cima e agora simplesmente é O ARTILHEIRO do Brasileirão, com muitos críticos do centro do país cobrando do técnico da seleção Brasileira uma convocação do atacante tricolor.
Diziam que o Lula não entendia nada de sindicato, pois era apenas um agitador, e agora ele é amigo do tal John Sweeny e entra na Casa Branca com credencial de negociador nos Estados Unidos. Também diziam que o Jonas não sabia driblar, e agora ele passa por um, dois, três e toca para o companheiro marcar com o gol aberto. Diziam que o Lula não entende de geografia, pois ele não saberia sequer interpretar um mapa, e agora ele é ator da mudança geopolítica das Américas e do mundo. Também diziam que o Jonas não entende nada de Geografia, pois não sabia se posicionar em campo, e agora ele recebe a bola, mata no peito e chuta por cobertura, sem chances para o goleiro. Diziam ainda que o Lula não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, no entanto, ao deixar a presidência em primeiro de janeiro, ele passará a ser estudado por alunos de todos os níveis e será lembrado como o presidente que teve um dos maiores índices de aprovação, dentro e fora do Brasil. Também falavam que o Jonas tinha que deixar o Grêmio para jogar em um clube de segunda linha, entretanto, ele já cravou o seu nome na história do tricolor e enquanto estiver vivo será lembrado e ovacionado sempre que retornar ao Olímpico.
Assim como Jonas e Lula, eu e muitos leitores estamos correndo incansavelmente atrás de nossos objetivos, ouvindo críticas, palavras de desestimulo, piadas, chacotas e ironias. Porém, enquanto alguns riem e ironizam, aqueles que estão por baixo, sendo chutados de todos os lados, lutam como Dom Quixote atrás de seus sonhos. E volto a repetir: por acreditarem no impossível, acabarão conquistando-o. Assim como o Grêmio e os gremistas, que por acreditarem ser possível chegar na Libertadores de 2011, acabarão chegando. Assim como os colorados, que por acreditarem ser fácil vencer da Inter de Milão, acabarão vencendo, se não levarem o Mundial na brincadeira. E também assim como esse, que vos escreve, que por acreditar em alguns sonhos malucos, um dia ainda vai conquistá-los. Ou não. Vá saber?
Um bom final de semana a todos.

Texto publicado no Jornal das Missões de hoje.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

E continuamos por aí...

Sou mais mau do que pensava. Ou, mais traste do que pensava, como diria o tratante do Arionzinho (está viva essa abominável criatura?). Enfim, descobri isso ao fazer um teste no facebook para saber que presidente do Brasil eu seria. Outra vez fiz um teste parecido em outro site para saber quem eu seria na Grande Família. Achei que ia dar Augustinho, mas não, deu Tuco na cabeça. Dessa vez, fiz o teste para saber que presidente eu seria, sem ter noção do que poderia dar. Pensei em vários: Lula, Sarney, Getúlio, Fernando Henrique, enfim, só não lembrei do ilustre presidente que aparece lá no teste. Enfim, não vou me dar ao trabalho de explicar a você, nobre e astuto leitorinho, vou colocar na íntegra o resultado do meu teste.

Qual presidente brasileiro você é?
Resultado: Fernando Collor de Melo
Você é o queridinho da night. Curte malhar, artes marciais, mulheres, pó, traficantes colombianos, máfia, micaretas, se adorar, comer tudo do bom e do melhor. Gosta do dinheiro dos outros também. O pessoal fala mal de você mas eles são só invejosos, você sempre dá a volta por cima e continua por aí. Afinal, é isso que importa, não?

Tu vês... Porra, e não pude nem me defender dessa... Traficantes colombianos... eu heim? Mas, o importante é que continuamos sempre por aí...

domingo, 3 de outubro de 2010

Bons tempos

Nunca fui muito adepto da expressão “bons tempos”, mas hoje, quando fui votar, não me contive e murmurei “bons tempos...” acompanhado de um suspiro que veio do fundo da alma. No entanto, minha nostalgia não tinha nada a ver com política. Suspirei porque lembrei do tempo em que era magro. E lembrei do tempo em que era magro, porque minha seção foi exatamente na mesma sala onde eu estudei na 8ª série. O ano era 1995 e eu tinha 14 anos. E era magro. Caso existisse celular com filmadora e o caralho a quatro acho que minha turma inteira seria formada por celebridades, e os professores também seriam famosos pelas crises causadas pelo nosso comportamento, digamos, inconveniente (!?).
Ali, em uma seção eleitoral, decidindo o futuro do Brasil, lembrei-me de uma vez em que estava sentado mais ou menos no mesmo lugar onde estava localizada a urna, e uma guria da outra turma apareceu para pedir não sei o quê, ou para falar com alguém. A professora simplesmente não via a guria ali, parada, feito uma mula, diante da porta aberta. Não resisti e gritei: “não tem pão com banha!”. Já outra vez, sentado ali pelo fundo, tinha levado umas bolinhas daquele joguinho “pega nozes”, e distribuí pra gurizada. Um colega e eu começamos a quicar as bolinhas na mesa, e o barulho irritava uma colega nossa, que considerávamos uma das mais gostosinhas da turma. Mas, não sei por que, provavelmente pelo instinto de homem, na época eu achava que incomodar as gurias agradava. Sei lá, era a única forma de atrair a atenção delas. E, depois de ela falar umas três vezes “ai, guris, parem com essas bolinhas”, e a gente chorar de dar risada, ela não se conteve e contou para a professora. Aliás, ela não contou, ela anunciou para a turma toda, berrando: “profe, olha esses guris, ficam quicando umas bolinhas chatas!”. E, a professora (a Roselaine, de Matemática, uma das melhores professoras que já tive, por sinal), acabou soltando essa:
- Guris, parem, senão vou pegar as bolinhas de vocês!
Quando ela se deu por conta do que tinha dito, era tarde...
Também foi ali, naquela sala, exercendo a minha OBRIGAÇÃO de cidadania, que lembrei do dia em que o Grêmio jogava contra o El Nacional, no Equador, pela primeira fase da Libertadores 95. Eu tinha aula de tarde (de Matemática, com a Roselaine, pra variar) e o jogo era justamente de tarde! Não tive dúvidas: levei um radinho. Jogo duro, 1 a 1 até os últimos minutos. Porém, quando menos esperava, pênalti pro Grêmio! Anunciei pra turma do fundão: pênalti! Pênalti! Apreensão no fundo da sala. Todo mundo volta e meia se virava: “e aí?”. “Os equatorianos ainda estão reclamando...”. Dali a pouco outro: “ta, e aí?”. “Ainda não”, eu respondia. Estava tão nervoso que, no meio da explicação da professora, quando o Arce correu pra bola e marcou, não me contive e berrei “gooool!”. A professora, sem saber ao certo o quê fazer, acabou colocando a mão na cintura, dizendo: “não acredito...”.
Também foi ali, naquela sala, que a gente tinha aula com uma professora de inglês que era A PROFESSORA, naquele sentido mesmo que você, malicioso leitorinho, está pensando. Eu, no alto dos hormônios dos 14 anos, sem ter muito no que pensar da vida, resolvi apostar um lanche com um colega meu alegando que ele não era capaz de perguntar pra professora quanto que ela cobrava a hora. Pois veja você, que mente suja a nossa. Porém, quando a acabou a aula, ele, com toda a cara de pau do mundo, se aproximou dela e perguntou: “professora, quanto a senhora cobra a hora?”. A essas alturas eu já caia por cima de uma classe, rolando de tanto rir. A professora enrugou a testa e perguntou: “aula particular?”, e ele “não”. Então, ele também saiu da sala chorando de rir... Carajo... Não sei por que a gurizada nessa fase tem um prazer quase que sexual em se colocar em risco com os professores...
No entanto, tais comportamentos repercutiam em casa. Não lembro ao certo se foi nesse ano, ou no seguinte, que meus pais resolveram ir pra praia bem na época da minha recuperação (sim, eu pegava recuperação todos os anos). Lembrei disso ao catar as fotos para esse post e encontrei uma em que estão meu irmão e minha irmã tirando onda, escorados no carro. Ao ver essa foto, fiquei me perguntando “e eu?”. Aí, lembrei: estava de castigo. Exato: meus pais foram viajar para Santa Catarina e me deixaram de castigo. Aliás, nem se trata de castigo, pois eu tinha que ir nas aulas de recuperação... Só não lembro se ficou alguém aqui comigo. Provavelmente alguma empregada. Mas não pense em maldades, vulgar leitorinho, pois meus pais nunca contrataram empregadas gostosas. Sempre velhas ou barangas. Por isso, não me identifico nada com aquela música do Tequila Baby “o quarto da empregada não tem janela e não tem nada...”. Mas hoje, fico pensando: carajo, que loucura, eles foram viajar e me deixaram sozinho, tipo o esqueceram de mim, sacam? Porra, e eu era um baita boca aberta, porque se fosse hoje (e eu e eu ainda tivesse 14 ou 15 anos) eu faria mó festa! Apesar que, tirei os atrasos dessa ocasião nas viagens que meus pais fizeram nos anos seguintes...
Enfim, nesse dia de eleição acabei sentindo saudades do tempo em que era magro, quando pesava mais ou menos uns 50 quilos, chorava de rir em sala de aula, e voava pelos campos de pelada missioneiros, driblando um, dois, três, quatro, cinco, o goleiro, e ainda tocando de calcanhar para o fundo do gol... É, têm tempos que não voltam... Ê, saudades!

sábado, 2 de outubro de 2010

Sobra de Guerra, Shakespeare e A Fazenda

Ainda estou eufórico pela volta do meu amado computador. Senti tanto a sua falta nesses três dias e meio, que não quero deixá-lo. Agora são quatro horas da madrugada e, após ficar trabalhando em questões que envolvem a seleção para o doutorado desde a meia-noite, estou completamente sem sono. Inclusive, nesses dias fiquei me questionando: carajo, como a gente vivia antes da internet? Fiquei completamente perdido nesses dias em que o computador esteve na oficina.
Para vocês terem uma idéia, o computador estragou justamente quando eu terminei de ler a “Cultura da Convergência” . A partir de então, meu projeto era passar a escrever dia e noite a dissertação, mas, eis que numa bela tarde de terça-feira o computador trancou, minha mãe foi reiniciar e.... cabum! Foi tudo para o espaço. Sem ter computador para escrever a dissertação, defecar para o blog, jogar conversa fiada com gente de várias partes do mundo (sim, tenho primos na Itália, Estados Unidos, Bósnia, etc), plantar e colher na minha mini-fazenda, tive que achar outras ocupações. Inicialmente li dois livros. Um em cada tarde. Na primeira, li Sobra de Guerra, de José Onofre. É um livro curto, da LPM, de 1982, se não me engano. José Onofre foi um jornalista porra-louca que trabalhou com o Eduardo Bueno (Peninha) em alguns jornais e, de fato, nesse livro você entende porque ele era considerado um porra-louca. Tem partes simplesmente geniais desse livro que descrevem o que realmente acontece nos bastidores de uma típica redação de jornal. Vejam esse trecho:

“- Negrão, tua vida nesta merda de redação não vai ser muito longa. Eu pedi o leite quente, negrão, quente, ficou claro? Quente.
O negro explicou que o bar estava fechando e Goetz atalhou.
- Picas. Manda aquecer de novo. Quem é que manda nesta merda de redação?
O repórter baixinho entrou quando o negrão saía. Largou a bolsa na cadeira vaga em frente à mesa e Goetz olhou para a bolsa e para o baixinho.
- Estou com fome.
- Só quero um particular. É rápido.
Goetz tirou um charuto do bolso e tornou a colocá-lo no mesmo lugar.
- Essa bosta desse leite.. Onde foi o negrão?
Os contínuos espalhados pelas mesas, fizeram um coro. O negrão já vinha.
- Particular? Que particular? Aqui não tem particular. Nem a minha fome é particular.
- Por que não saiu o troço sobre o crime do martelo?
- Porque era um cocô de gato, uma invenção tua e daquele vagabundo do Chagas. Por que agora ele fez isso, agora ele fez aquilo. O que que há? Vais começar também, como esses magrinhos, a fazer literatura na policia, defender o lado alegre do marginal?
- O troço é quente.
- O troço está mais frio que aquele leite que o cagalhão do negrão me trouxe. Pura fantasia”.

Sensacional.

Já na segunda tarde, dediquei-me a ler Romeu e Julieta, que certa vez havia comprado em um sebo em Porto Alegre por um real. Também é curto (96 páginas) e também tem umas tiradas muito cômicas, como a fala do príncipe na última cena:
“Dá-me essa carta. Quero vê-la. Onde está o pajem do conde que foi chamar a guarda? Olá, meu vadio, que veio o teu amo fazer aqui?”
Vê-se que a delicadeza do príncipe de Shakespeare é um tanto parecida com a do editor do livro do Zé Onofre.
Por fim, na falta do que fazer, também passei a assistir A Fazenda, da Record. Inclusive, comecei a escrever pensando em contar como fui parar em frente à TV assistindo ao Serginho Malandro, Viola, Geisy Arruda, Mulher Melancia, Monique Evans, etc, mas, para o texto não ficar mais extenso e não chatear o preguiçoso leitorinho, vou parando por aqui. Até a próxima madrugada!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gabarito

Após quase quatro intermináveis dias sem computador e sem internet (estou fazendo terapia, pois perdi tudo o que tinha) finalmente voltei. Porém, como tenho muitos atrasos a tirar (colher na Mini-Fazenda, debater as participações do Serginho Malandro, Geisy Arruda, Mulher Melância, e dos demais integrantes de A Fazenda nas comunidades, ver e-mail, etc, etc) vou postar apenas o gabarito da minha prova postada anteriormente. Eis as respostas:
1- D 6- D
2- D 7- E
3- E 8- A
4- B 9- B
5- C 10-C

Ye-iéé bilu tetéia!!