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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A prova

Após refletir sobre a prova do grupo RBS (texto abaixo), fiquei imaginando se, caso eu fosse presidente, diretor, editor, enfim, qualquer coisa que o valha de uma grande empresa de comunicações, o que eu faria para torturar candidatos inocentes que desejassem trabalhar como jornalistas no meu conglomerado. O esboço de seleção para uma empresa duduziana é mais ou menos esse.

Primeira etapa: achar a solução para o cubo mágico.
Pontuação:
Um ponto para cada lado desvendado;
10 pontos para quem conseguir desvendar os seis lados.
Nenhum lado desvendado: eliminado.

Segunda etapa: prova objetiva composta por 10 questões:
1) Qual o apelido carinhoso colocado em Eduardo Ritter por sua mãe:
a) Dudu.
b) Edu.
c) Du.
d) Zizinho.
e) Mano.

2) Qual das respostas abaixo contém nomes de cachorros que FORAM de Eduardo Ritter:
a) Jamelão, Banzé, Fumaça, Luby e Bobi.
b) Jimbo, Jamelão, Pipoca, Luby e Banzé.
c) Pipoca, Jimbo, Pretinha, Jamelão e Benji.
d) Pipoca, Jimbo, Fumaça, Jamelão e Pretinha.
e) Lessie, Beji, Banzé, Jimbo e Pipoca.

3) Em qual dessas cidades Eduardo Ritter nasceu:
a) Porto Alegre.
b) Ijuí.
c) Cruz Alta.
d) Tóquio.
e) Santo Ângelo.

4) Quantos litros de cerveja Eduardo Ritter já bebeu até hoje:
a) Nenhum, ele não bebe.
b) 5 mil litros.
c) 100 mil litros.
d) 500 mil litros.
e) um milhão de litros.

5) Qual foi a primeira namorada de Eduardo Ritter:
a) Aline.
b) Márcia.
c) Cristiane.
d) Mônica.
e) Edelvásia.

6) Com quantos anos Eduardo Ritter perdeu a virgindade:
a) 4 anos.
b) 11 anos.
c) 16 anos.
d) 18 anos.
e) Ele ainda é virgem.

7) Qual o nome da irmã e do irmão de Eduardo Ritter:
a) Carolina e Pafúncio.
b) Cartolina e Fábio Ricardo.
c) Calorina e Fabiano.
d) Cafúncia e Pafúncio.
e) Fábio e Carolina.

8) Para que time Eduardo Ritter torce:
a) Grêmio.
b) Ser Santo Ângelo.
c) São Luiz de Ijuí.
d) Treze de Campina Grande.
e) Campinense.

9) Marque a alternativa que coloca a ordem correta dos acontecimentos de uma típica noite de folia dos tempos áureos de Eduardo Ritter:
I – Abre a décima oitava latinha de cerveja.
II – Come um cachorro quente sem ovo e sem maionese.
III – Derruba uma mesa e acha que ninguém viu.
IV – Dança forró pisando nos pés da vivente.
V - Pergunta pra mina: e aí, qual vai sê?

A seqüência correta é:
a) I, III, IV, II, V.
b) II, IV, V, I, III.
c) IV, V, I, III, II.
d) IV, III, I, II, V.
e) II, IV, I, V, III.

10) Qual das alternativas Eduardo Ritter não corresponde ao que ele possa estar pensando nomomento:
a) Puta merda, que vontade de tomar uma cerveja.
b) Puta merda, que vontade de estar dormindo.
c) Puta merda, que vontade de levantar cedo.
d) Puta merda, que vontade de estar praticando.
e) Puta merda, que bando de otários fazendo essa prova!

A terceira etapa do processo de seleção seria bem simples: entrevista, onde apenas os dez primeiros colorados passariam à quarta etapa, que seria composta por uma prova prática: descrever a personalidade de Eduardo Ritter.
Os oito classificados participariam de um Reality Show, no canil do Jamelão, onde o grande público decidiria quem é o vencedor. E, assim, eu contrataria um jornalista para trabalhar em meu mega-empreendimento!

Nunca serei um rebeéssetevético

Estava defecando ali no vaso, quando tocou o telefone. Dei uma limpada rápida na busanfa, me enrolei numa toalha, e saí correndo. Meio ofegante, atendi a tempo:
- Alô.
- Alô. Eduardo? - disse uma voz que passaria tranquilamente por tele-sexo.
- Eu mesmo!
- Seu Eduardo, aqui é a (não lembro o nome) do grupo RBS, estamos ligando para lhe informar o resultado do processo de seleção que você fez para o ClicRBS.
- Pois não.
- Então, seu Eduardo, infelizmente dessa vez seu resultado não foi positivo e você não participará das próximas etapas da seleção, mas continuaremos com o seu currículo aqui em nosso banco de dados, e se abrir alguma vaga que se encaixe com o seu perfil você pode fazer a prova novamente.
- Aham.
- Obrigado pela sua atenção e uma boa tarde.
- Ta bom. Um beijo no seu coração.
Tu tu tu tu tu tu....

Na verdade, já sabia que não tinha sido aprovado. Tanto é que, no dia da seleção, após chegar em casa totalmente revoltado com a tal prova, mandei o seguinte e-mail para o Ricardo Stefanelli, editor do jornal Zero Hora. Como admiro o seu trabalho e ele sempre responde aos meus e-mails indignados, acabou sobrando para ele ler minha revolta. Segue o texto do e-mail:

Olá Stafanelli, tudo bem? Estou te escrevendo porque estou muito indignado. Acabei de chegar em casa (estava fazendo uma prova de seleção para um dos veículos do Grupo RBS) e quase tive espasmos nervosos ao ler as questões. Não sei quem é que elabora a tal prova, mas, como você é editor, talvez possa me ajudar a entender a suposta lógica da seleção. Resumindo, eram 25 questões de conhecimentos gerais, 10 de português e 10 de inglês. Sobre jornalismo, produção jornalística, técnicas de jornalismo, jornalismo digital (era para uma vaga na internet..), texto jornalístico, linguagem jornalística, newsmaking, nada. Absolutamente nada. Porém, caiu questões como: dos cinco países abaixo, qual é fictício? Aí tinha algo como Esmália, Tulubu, e o caralho a quatro. Agora, por que diabos eu tenho que saber se a Esmália é fictícia ou não para trabalhar na RBS, e por que isso determina que sou melhor jornalista que o meu concorrente????? Outra: quais dos jogadores a seguir ganharam três vezes o troféu de melhor jogador do mundo? Essa foi fácil: Ronaldo e Zidane. Mas isso até um guri de 10 anos pode saber, enquanto um jornalista vencedor do Pulitzer pode não saber (aliás, perguntar quem foi Joseph Pulitzer seria uma boa questão, já que hoje em dia a maioria dos jornalistas não sabe quase nada de história do jornalismo...). Meu irmão mais velho, por exemplo, não entende patavinas de futebol, mas é melhor jornalista que muitos integrantes das sucursais da RBS no interior (para a sorte dele, está bem empregado em uma assessoria). O fato é que ele erraria essas questões e não seria O ESCOLHIDO da seleção. Quem fez o gol mil em gre-nais? Porra! Tenho que ter diploma de jornalista pra saber que foi o Fernandão? Se é assim, tem que acabar com o diploma mesmo...

Semana passada fui no Encontros com o professor, onde o Ruy Carlos Ostermann entrevistou o Eduardo Bueno. Na ocasião, perguntei para o Peninha o que ele achava dos jornais contemporâneos e, resumidamente, a resposta foi: acho um desastre. Ele ainda citou que, quando ele trabalhava aí na Zero Hora, às vezes alguém falava “nossa, o fulano investiga muito bem, mas infelizmente não escreve tão bem...”, e completou: “então que vá ser investigador de polícia! Está na profissão errada!”. Concordo plenamente. Nesse sentido, o que mais me irritou nessa prova foi que a única coisa que precisei escrever foi o meu nome, minha cidade e a data (será que eu acertei?). Agora, não sei o que foi pior, se foi a prova de conhecimentos gerais ou o estilão vestibular das provas de português e inglês. Já conheci muita gente de letras, inclusive já apresentei trabalhos e corrigi artigos dessa área e, posso garantir, a maioria deles são excelentes revisores, mas escrevem muito mal. O texto deles é muito chato, sem ousadia e criatividade...

Enfim, acho que já escrevi demais, mas precisava desabafar isso, pois, independente de ser eu o selecionado ou não (não tenho muita esperança) fiquei muito indignado com essa prova, pois, como estou fazendo mestrado, pretendo dar aula no futuro, e não quero ter que ensinar para os meus alunos que a Esmália é um país fictício e Tulubu não (ou seria o contrário?)... Ah, e mais uma: sei que a RBS prima pela questão do “gauchismo”, porém, acho de uma tamanha imbecibilidade cobrar tantas questões relacionadas ao estado, pois isso inviabiliza a participação de jornalistas de outras federações na seleção, e, pode crer, conheço excelentes jornalistas que se dariam muito bem aqui no Sul ou em qualquer lugar e que não sabem qual estrada é conhecida como “a estrada da produção”. Enfim, agora sim, encerro esse e-mail para discutir mais o assunto com o meu cachorro Jamelão ali no pátio.
Abraço,
Eduardo Ritter



No outro dia, veio a resposta:
É uma pena que tu não tenhas compreendido o processo de seleção e suas etapas. De qualquer forma, muito obrigado pelo desabafo. Tenho certeza de que serás um grande professor.

um abraço
Ricardo Stefanelli


Só fiquei com a desconfiança que o "tenho certeza que serás um grande professor" foi ironia... Porém, sigo sem entender o tal processo. Inclusive, fiquei me perguntando quais seriam as próximas etapas? Sorteio? Pedra, papel, tesoura? Par ou ímpar? O RH pensa em um número e os candidatos tem que acertar qual número ele pensou?
Enfim, acho que nunca serei um global rebeéssetevético. Entretanto, descobri que a RBS também não gosta do Avaí, como podemos ver na imagem. Força Avaí!

sábado, 25 de setembro de 2010

Desequilíbrio

A presença de alguns elementos na minha vida, somadas a ausência de outros, estão afetando a minha sanidade mental. Ou seja, o desequilíbrio dos fatores resulta no desequilíbrio do produto. Ou seria o contrário? Enfim, não sei. Comecemos pelo princípio. Há um bom tempo estou lendo apenas textos e livros acadêmicos, o que me causa uma crise de abstinência de romances e contos. No momento, estou lendo dois livros simultaneamente: Não contem com o fim do livro, que se trata de uma série de conversas entre o italiano Umberto Eco e o francês Jean-Claude Carriere, intermediadas e transcritas por um jornalista; e Cultura da Convergência, de Henry Jenkins. O primeiro, foi indicado pela banca de qualificação para usar na minha dissertação de mestrado. Já o segundo, vai cair na prova de seleção do doutorado. Tratam-se de dois excelentes livros, porém, sinto falta da ficção, da criatividade, da inventividade, das surpresas de livros como os de D.H. Lawrence, Nelson Rodrigues, Erico Verissimo, ou ainda, do estilo simples, cômico e vulgar-irônico do velho Buk, ou da visão apocalíptica de mundo dos Jacks Kerouac e London, ou do ultra-realismo poético da linguagem de Truman Capote. Enfim, sinto falta da velha e boa literatura ficcional, semi-ficcional ou realista. Porém, além de atualmente estar lendo dois livros acadêmicos, antes de iniciá-los, li outros, como Os meios de comunicação como extensões do homem, de Marshall MacLuhan e O que é contemporâneo? – e outros ensaios, de Giorgio Agamben (todos caem na prova de seleção do doutorado).
Mas, pulemos da literatura para o futebol. Não vou me estender nesse campo, pois, nos últimos quatro anos venho assistindo ao Internacional vencer tudo e mais um pouco e o Grêmio perdendo tudo e outro pouco. Outro campo importante da minha vida: a cerveja. Acho que deve fazer mais de uma semana que não bebo. Na última vez que bebi, a privada aqui de casa ficou entupida por uma semana. Lembro que, ao acordar, fui no banheiro, puxei a descarga e o troço subiu até a borda. Ainda de ressaca, fui até a sala e, cheio de razão, reclamei com meus companheiros de casa (pais e irmão): “O quê vocês fizeram no vaso?”. Enfim, dias depois, o pai inventou de desentupir o troço e achou um copo de plástico, que estava trancando a passagem de nossos produtos orgânicos não aproveitados. Segundo ele, eu trouxe o copo do bar após assistir a um jogo do Grêmio outro dia... Para isso, tenho uma hipótese: a baixa do Grêmio talvez tenha influência no alto índice de álcool que consumo... No entanto, como disse, também está havendo um desequilíbrio nesse setor, pois, faz mais ou menos uma semana que não bebo.
Porém, o mundo não é só futebol, bebida e livros. Temos também a deusa-cadela do dinheiro, que, há muito está completamente sumida da minha vida. Como serei papai, há uma cobrança de todo o mundo para que eu arranje dinheiro de algum lugar: pais, sogros, namorada, amigos, parentes, enfim, é como se fosse eu contra o mundo. Nesse sentido, não há prazos nem apoio-moral: só eu acredito que as coisas darão certo. Para os outros, minha vida acabou. A dissertação de mestrado e o projeto de doutorado são apenas loucuras da minha mente que não resultaram em absolutamente nada, a não ser num maço de folhas que ficarão acumulando poeira na biblioteca central da PUCRS. Acho que apenas eu, além de alguns colegas e professores, acredito que o que estou fazendo vai servir para alguma coisa em algum momento e em algum lugar.
Por fim, até tempos atrás eu tinha meu nobre coração e meu escasso juízo, que não sei por onde andam. Outro dia recebi uma carta anônima informando que eles foram vistos dançando juntos durante um show na beira de uma praia qualquer do nordeste. Alguém aí tem mais alguma pista?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O vestido da noiva

E esse, vai sair no Jornal das Missões desse sábado:

“Estou pensando no vestido da noiva”. Ele não tirava essa frase da cabeça. Sabia que sua namorada andava cada dia mais distante, mas, quando a ouviu falar “estou pensando no vestido da noiva”, olhando para o além, enquanto iam embora do casamento de seu irmão, ele definitivamente não engoliu. Havia alguma coisa bem errada nessa história. Ninguém ficava daquele jeito pensando em um vestido de noiva! E a partir de então, ele passou simplesmente a observá-la. Várias vezes ele lhe fazia perguntas, do tipo: “e aí, vamos fazer o quê hoje à noite?”, ou “você quer churrasco ou um arroz com feijão no almoço?”, ou ainda: “quer vinho seco ou suave?” (mesmo sabendo que ela detestava vinho), e a resposta não vinha. Até que ele insistia: “mas e aí: vai querer suave ou seco?”, e ela simplesmente respondia: “tanto faz... estou pensando no vestido da noiva...”.
Não era possível! Ali tinha! Só podia... Tentou identificar suspeitos. Na verdade, havia vários. Todos ao seu redor eram suspeitos: ex-namorados que volta e meia apareciam pelas redondezas, amigos (alguns se diziam gays, mas vai saber...), colegas de trabalho, até o seu irmão, nessa hora, passou a ser suspeito. Maldito... Lembrou-se da vez em que se apaixonou pela Martinha, do primeiro ano. Ela era da outra turma, e o irmão, estava no terceiro ano. Praticamente indo para a faculdade. Ele era apaixonado pela Martinha, que era apaixonada pelo irmão, que... não negou fogo! Cinqüenta mil vezes maldito! O irmão sabia o quanto ele desejava Martinha. Porém, a vida é dura... Mas será que seu irmão seria capaz de, mesmo sendo noivo, se emaranhar nas carnes rijas da própria cunhada?? Bem possível, bem possível.... Talvez aí houvesse uma ligação semiótica entre o irmão ex-noivo, agora marido, e o vestido de noiva, que ela insistia em falar...
Por fim, ele decidiu fazer o teste final. O tira-teima. A contra-prova. Primeiro, enquanto sua mulher assistia à novela, ele levantou-se, e colocou no Canal do Boi. Ela não abriu a boca. Ficou ali, vendo aquelas vacas desfilarem na tela enquanto um narrador berrava: “320 dou-lhe uma... 320... dou-lhe duas... 320.. quem da mais? Quem da mais?”. Isso lhe dava a certeza de que ela estava apaixonada por outrem. Ela nunca, em sã consciência, deixaria qualquer pessoa mudar de canal na hora da novela. Porém, para saber se seu irmão era mesmo o culpado, ele teria que fazer o mesmo teste. Convidou-o para assistir a um jogo decisivo do Grêmio. Os dois estavam sentados, lado a lado, sem tirar os olhos da TV, até que... pênalti para o Grêmio. Era a hora da verdade. Ele levantou-se da poltrona, e calmamente dirigiu-se até a TV e colocou no Canal do Boi. Voltou a sentar-se ao lado do irmão, que nem piscava... Culpado! Culpado! Assim, ele desvendou o seu mistério, abandonou a namorada, e nunca mais assistiu ao Canal do Boi.
Acho que o mesmo está acontecendo com o lateral-esquerdo do Grêmio, Fábio Santos. Não é possível um jogador entrar em campo tão desligado em todas as partidas. E, creio eu, ele não está pensando no vestido da noiva...

Operação para bobo ver

Ainda aguardo alguns textos sobre o Intercom, mas, enquanto o povo não manda, posto esse, que será publicado em A Tribuna Regional dessa sexta-feira:

Não sou um telespectador assíduo do Fantástico, da Rede Globo, mas, no último domingo, enquanto esperava os gols do Brasileirão, assisti a uma matéria sobre uma festa que rolava na cidade satélite de Ceilândia, no Distrito Federal. Conforme a matéria, adolescentes, jovens e adultos faziam orgias regadas a sexo, drogas e bebidas próximo a um posto de gasolina, com a participação de traficantes. Evidentemente, essa não é a única festa desse tipo no Brasil, e, a Polícia Civil de Brasília fez questão de expor a sua operação para mostrar aos tupiniquins o quanto ela é eficiente (provavelmente o chefe da operação será condecorado e promovido pela idolatria feita pelo repórter).
Mas, não vou entrar no mérito da espetacularização em torno da banalização da animalidade humana. O fato é que, enquanto a matéria era exibida, todos os politicamente corretos ficaram indignados e resmungavam “isso é um absurdo, tem que prender esses vagabundos”. É mais ou menos o que o sociólogo francês Pierre Bourdieu classifica de fast thinking: tendo que apresentar suas reportagens de forma dinâmica, ameaçada pela possibilidade de perder telespectadores, a TV apresenta lugares-comuns que já são pré-aceitos pelo receptor, que, dificilmente consegue pensar além do clichê. E, assim, o repórter que fez a matéria sobre as festas num posto de gasolina vai dormir se achando um iluminado da humanidade: condenou pessoas imorais, glorificou a polícia (o que lhe da a ilusão de ter algum poder) e teve sua matéria lugar-comum aceita e idolatrada pelo público que, igualmente, não percebe que o problema vai muito além de uma operação que leva centenas de pessoas para a delegacia. No entanto, para o público, a história contada pelo jornalista tem todos os ingredientes que ele anseia por ver: os heróis (policiais), os bandidos (jovens vândalos) e o narrador, aparentemente neutro (jornalista). É mais ou menos como ver a Seleção Brasileira jogando contra a Argentina com a interpretação do Galvão Bueno...
Nesse contexto, o discurso da matéria é monofônico, ou seja, apenas os policiais têm voz, e só são editadas as falas dos jovens que os colocam em situações embaraçosas diante do público. Isso justifica os berros e empurrões dos policiais, que gritam “mãos na parede! Todo mundo!”, como se fosse um vaqueiro berrando “eia boi! eia boi!”. E, o público, bestificado, vibra com a “justiça” que está sendo transmitida aos seus olhos mumificados.
No meio do enredo, aparece uma garota de 17 anos que está grávida de cinco meses. Sem nenhuma contextualização sobre o caso, tanto a menina, quanto os familiares dela, são julgados e condenados, em primeira instância, pelo repórter, e em segunda e por conseqüência, pelo público. No entanto, o que não é abordado na matéria é que, tanto a garota, quanto a sua família e os policias, bem como o público que aplaude essa matéria, não têm aparato cognitivo para perceber que, enquanto não se investir em educação na sociedade brasileira, esse círculo vicioso não terá fim, e matérias desse tipo continuarão sendo feitas todos os domingos consagrando repórteres medíocres e policiais acéfalos.
No domingo passado foi em Brasília, no próximo será no Rio de Janeiro, no outro em São Paulo, e daí vai para Porto Alegre, e assim se estende por todo o interior do Brasil. Enquanto continuarmos formando crianças e jovens que não gostam de ler e de refletir sobre a vida e sobre o mundo no qual estão inseridos, essas crianças e jovens continuarão crescendo para se tornarem o que os seus pais já são: ou telespectadores passivos, sem capacidade de interpretação crítica, ou, eles mesmos serão os protagonistas dessas matérias descontextualizadas, pousando de traficante, bêbado, ladrão, e outras categorias estereotipadas que o grande público tanto adora, mas que, cegado pelo preconceito, não percebem que eles também estão incluídos em alguma outra categoria (o larápio, o mentiroso, o infiel, o imoral, o falsário, etc).
Porém, infelizmente, como o brasileiro segue tendo preguiça de ler (os índices de leituras de cada país reflete a sua capacidade de politização) eu não creio que esse cenário vá mudar tão cedo, o que quer dizer que terei que agüentar a cara deslavada do Zeca Camargo com a marionete Patrícia Poeta anunciando matérias que perpetuam o lugar-comum por um bom tempo. Com tanta bestialidade na televisão, eu chego ao ponto de entender o que leva aqueles jovens a procurarem uma marijuana para aliviar as tensões.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Makin-of Intercom 2010 - Parte 7

Seguindo a série Makin-Of Intercom 2010, chegou a vez de Cassandra Brunetto (na primeira foto, a de azul), de Porto Alegre, contar como foi a vida durante a semana do evento em Caxias! Segue o texto, tchê:

Participar do INTERCOM é muito mais do que participar de um dos maiores congressos de Comunicação Social da América: é a oportunidade ideal para ampliar a rede de contatos, aprender, ensinar e, acima de tudo, fazer e rever velhos amigos. Participo do INTERCOM desde 2008, quando fui ao INTERCOM Sul apresentar um trabalho na EXPOCOM. Os concorrentes - que eram ótimos - foram batidos por mim (não sei como, mesmo!). Daí para a frente, fiquei viciada no "negócio". Fui vencedora da EXPOCOM Nacional, que aconteceu em Natal e fiz grandes amigos (alguns deles já eram do INTERCOM Sul). Mantenho contato com todos até hoje, seja pessoalmente, seja por MSN e redes sociais. Em 2009, apresentei o artigo da minha monografia na INTERCOM Junior. É uma experiência única, recomendo a todos. Este ano, não apresentei nada: fui como Imprensa, pois escrevo sobre cinema para um portal de entretenimento.

Mas e o evento em Caxias do Sul, como foi?! M-Á-G-I-C-O! A organização, simplesmente perfeita! A recepção e o carinho, nem se fala! Palestras e festas, tudo excelente! Isso sem falar da maravilhosa comida e vinho da Serra. Isso + amigos reunidos = tudo que eu preciso! De todas as edições que participei, essa foi a melhor de todas, sem dúvida. O que fica disso tudo é o carinho, a amizade, o conhecimento adquirido, e a saudade. Saudade dos amigos de longe, afinal, Pernambuco, Acre e Amazonas não são logo ali pra quem mora no Rio Grande do Sul. A saudade aperta ainda mais quando penso que estou me preparando para um intercâmbio e, ao que tudo indica, ainda estarei viajando durante o INTERCOM 2011.

Sim, a ausência. Não consigo me conformar com ela. A vontade de estar sempre presente, de participar de todas as edições do evento é enorme, mas tudo tem um preço, não?! Ao que parece, o preço do meu desenvolvimento e crescimento será perder o próximo INTERCOM. Ok, estou me acostumando à essa ideia. No momento, o que fica são as boas recordações que Caxias deixou. Para sempre na memória, para sempre no coração. Amigos que, mesmo longe, estão sempre perto de mim. Até me arrisco a dizer que, muitas vezes, estão mais próximos do que alguns amigos de infância, de colégio, de faculdade, de balada... Enfim, né?! A vida é assim... E tudo o que posso dizer é que devo muito ao INTERCOM! Sem ele, não teria conhecido tantas pessoas maravilhosas ou tido tantas experiências acadêmicas gratificantes. Se você nunca foi a um INTERCOM (ou se perdeu a edição desse ano), bem... É uma pena, não sabe o que é bom!

2010 marcou... Porque "só enquanto eu respirar vou me lembrar de você"... Segundo Lar Facts: vocês são tudo o que há de bom nessa vida! E, se outras vidas vierem pela frente, quero vocês todos sempre comigo! Ri, Luka, Travadinha, Gê, Rom, Samuel, Junia, Robson, Kaka, Karlinha, Aninha, Edízio, Fábio Lucas... Quero vocês sempre comigo! Amo muito, muito mesmo!

Ah, Diego (porrrrtaaaaa, "fala Porto Alegre sem enrolar a língua") e Rafa: ADOREI tudo! Saudade ENORME, que não cabe nesse meu 1m55!

Eduardo, foi bom te conhecer! O mesmo pro Arthur e pro Eurico!

Nos vemos em breve, assim espero!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Making-of Intercom 2010 - Parte 6

Depois de Ijuí, Porto Alegre, Manaus, Juiz de Fora e Bauru, chegou a vez de João Pessoa estar representada aqui no blog com o Makin-of Intercom 2010, reconstituindo a memória dos bastidores do maior evento de comunicação do Brasil! E quem conta a sua versão agora é Thâmara Roque, acadêmica em Rádio e TV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Abro um parêntese aqui para dizer que, pô, vendo essa foto da galera toda do chat do Intercom 2010 reunida bateu uma puta saudades. Se mais alguém que está nessa foto quiser enviar o seu relato, sinta-se a vontade! E que venha Recife! Chega de papo, e segue o texto:

A caminho de Caxias - Intercom



Muitas dificuldades pra conseguir atravessar quase todo o Brasil, mas consegui! E tenho muita história para contar... Mas infelizmente não posso fazer um texto gigante. Tudo começou na viagem, nunca havia andando de avião, e foi uma maravilha. Fiquei sem ouvir direito por quase uma hora, descobri que mascar chiclete é um mito e que no avião não morri de fome como muitos haviam dito. Um detalhe, trocaram meu acento em todos os vôos, mas sempre fazia aquela carinha do gatinho do Shrek para ver se colava... Mas teve uma conexão que estava lá, bem sentada na janela com minha amiga (Nádya), e pensamos “Poxa! Esse lugar pode ser de um homem, uma mulher, um casal com bebê, será que vamos conseguir dessa vez?!”, quando olhamos para o lado uma mulher pesando aproximadamente uns 170 kg sorri pra gente e diz: “Acho que você está no meu lugar!”, como imaginamos, poderia ser qualquer pessoa, menos essa... Que ocupou dois acentos, fazendo com que minha amiga fosse lá para o final do avião. Como que a mulher compra dois acentos? Inacreditável, por essa não esperava.
Chegando em POA fiquei ansiosa com os ouvidos bem abertos para captar algum “BAh!”. Sentei do lado de uma mulher que falou 30 minutos no celular, mas não saiu nenhum BAh, que decepção! Rumo a Caxias, minha amiga conseguiu uma casa de uma família gaucha pra gente ficar... isso mesmo eu fui adotada! Quando chego à casa da minha família por uma semana a primeira palavra que escuto é? BAAAAAh! Ah, que felicidade! Sem noção de como eu fiquei feliz... Depois desse primeiro BAh muitos outros vieram, que eu já estava agoniada, com saudades do “Oxe”.
Primeiro contato com a UCS, que universidade heim?! Como era dia de credenciamento, não tinha nenhuma atividade do Intercom, então fomos nos aventurar pela universidade, conhecemos todos os lados da UCS, enfim, seria bom que as universidades federais também fossem ao menos parecidas... (não conheço todas as universidades federais, mas se comparando com a minha...). Quando encontrávamos alguém para pedir informação sempre perguntavam “De onde vocês são?”. Reposta: João Pessoa, Paraíba, e eles: “Nooooooooossa!!!”. Perdi a conta de quantas vezes ouvi esse espanto! Foi bem engraçado! Confesso que mal participei do Intercom, deveria ter aproveitado mais, afinal, corri para me inscrever nas oficinas/palestras que realmente me interessavam. Mas “as festas” do Intercom não me deixavam acordar cedo. Mesmo sem estar presente em todas as atividades, estava lá no show de abertura do Borghettinho que foi a coisa mais linda, adorei, principalmente quando todo mundo começa a cantar acompanhando a música, ah que lindo! Fora que a cultura dos gaúchos é surpreendente, é algo bonito de se ver, eu fiquei com orgulho do orgulho deles. É sem palavras...
Ah, comi demais nessa viagem, a minha mãe adotiva fazia cada coisa deliciosa, comi de tudo: polenta frita, churrasco (salgado!) e outras coisas lá que ela fez! Nham! Que saudades! Paguei a conta mais cara da minha vida em Caxias numa pizzaria que valeu a pena, infelizmente não tinha mais espaço na minha barriga, comi “X” de garfo e faca, também daquele tamanho tinha que ser, e o chimarrão é ruim demais (já tinha experimentado antes). Só fiquei triste de não ter comido o famoso fondue... A minha família adotiva é super gremista, então me senti em casa literalmente, fui gremista, voltei para casa mais gremista ainda, para a felicidade de muitos. Ah! Claro não podia deixar a oportunidade passar, não é sempre que você sai de João Pessoa para o Rio Grande do Sul, e ir e não conhecer Gramado?! Lógico que fomos, mas foi super the flash, mas foi um dos momentos mais sensacionais de tudo! Aquele lugar não existe! Lindo demais!
Revi minha amiga que estava morando em João Pessoa, mas teve que voltar para POA para cuidar da mãe, pensei que nunca mais iria vê-la, foi demais!
Foram dias inesquecíveis, talvez os melhores dias do ano de 2010, adorei conhecer todos, pessoal do chat, rever amigos e fazer novas amizades, muitas saudades mesmo... Voltei para casa com recordações e deixei recordações também... E que venha o próximo Intercom! ♥

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Making-of Intercom 2010 - Parte 5

Quem escreveu o texto a seguir foi nada mais nada menos do que Cleiton Ribeiro Martins, mais conhecido como seu Creitú (http://creitu.blogspot.com/). Ele (na foto, E) é acadêmico em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juíz de Fora/MG (UFJF). Segue o texto:

Mais que um congresso

Durante os dias que passei em Caxias do Sul aprendi muito sobre o quanto a vida pode ser surpreendente e o quanto a diferença abre um horizonte imenso quando é encarada como merece. Em uma mesa que participei, assisti a um trabalho que mostrava o quanto as pessoas podem ou não mostrar seus lados agressivos em jogos virtuais. Pense bem, através de um aplicativo, o usuário mostrou a vontade de fazer coisas que talvez só Freud fosse entender. Provavelmente fez amigos, trocando ideias, receitas e pediu conselhos sobre coisas que aconteceram na vida dele. Uma namorada quem sabe...
No sul também pude conhecer um homem que colheu pêssegos a sua vida inteira e até os 22 anos, não sabia o que era uma praia. Imagine! Para mim é uma palavra tão usual que excluo a possibilidade de qualquer um que não saiba o que significa. Ele sequer imaginava em seus 22 anos de existência que havia tanta água no mundo. A primeira vez que escutou a palavra foi quando um amigo o chamou para passar férias em Torres (uma cidade litorânea do RS). Tímido, preferiu se calar e descobrir sozinho o que era. Chegando lá, se deparou com aquela imensidão toda e viu que o mundo era muito maior que a pequena cidadezinha de Campestre de onde vinha. Havia muito mais do que descendentes de italianos cultivando pêssego. Quando perguntei o que ele achou, ele tirou uma fotografia do bolso e com brilho nos olhos disse: “É a melhor coisa do mundo!”.
Até mesmo nas triviais conversas dentro de um ônibus pude aprender muitas coisas. Política, por exemplo. Descobri que há razões para acreditar que o lado liberal econômico, costumeiros aos tucanos, pode sim beneficiar a parcela mais pobre da população. Sinceramente, para mim não tinha cabimento uma afirmação dessas ser verdadeira em solo tupi guarani. Talvez faça sentido para os americanos e seu sonho contínuo de que o dinheiro é o fim e a competição é o meio, mas para brasileiros, que gostam de negociar e fazer jus ao “jeitinho” que resolve tudo, era inimaginável para mim. Porém dito por uma senhora de 60 e poucos anos que mal sabia falar, mas conseguia embasar muito bem seus argumentos, percebi que existe certa lógica e que é realmente válido (indo contra toda a crise atual do liberalismo).
Tive a oportunidade de conhecer um pouco do Mississipi e percebi que blues é envolvente, sexy e fascinante. Vi que São Paulo é um estado interessante e um lugar onde quero passar muitos dias e quem sabe morar lá. E o mais cativante de tudo, foi encontrar um produtor de áudio que deixa qualquer Indiana Jones no chinelo com suas aventuras. Já ter dublado um filme americano, se perder em Machu Picchu e ter que voltar para casa com peruanos desconhecidos em um caminhão pau de arara são somente algumas das muitas histórias que escutei nesse dia. Por um segundo até pensei que fosse mentira tantas afirmações de criatividade spilberguiana. Então percebi que não valia a pena saber se era verdade ou não. É muito mais divertido acreditar em uma viagem absurda e emocionante do que escutar frase sobre uma rotina chata e cansativa. E não há nada mais justo do que dar a alguém o direito de por um momento ter realizado os feitos que sempre quis.
Mais do que um congresso, a ida pro Rio Grande do Sul trouxe experiências impagáveis e um crescimento exponencial no respeito pelos outros e na diminuição do preconceito. Que venha Recife, com mais diferenças, vivências e histórias. Quem sabe até mais um texto...

domingo, 19 de setembro de 2010

Makin-Of Intercom 2010 - Parte 4

Hoje o texto sobre o infindável e saudoso Intercom 2010 é do meu colega de PUCRS e amigo doutorando em Comunicação Social, Vilso Santi. Sem mais delongas, segue o texto:

Um novo texto “batido”: Intercom 2010 em três atos

Algo mais “batido” para nomear um texto... impossível!!! Não é mesmo Ritter?!

Mas, caros amigos, creio que no universo comunicacional brasileiro, além do próprio José Marques de Melo (que convenhamos, está na “capa da gaita”), poucas coisas são tão “batidas” como o próprio Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom). Em Caxias do Sul ele chegou a sua 33ª edição; completou 33 anos “bombando”. Então, se o Congresso já é tão “batido”, acredito que não há problema em intitular um texto que fala sobre esse de-“batido” Congresso com algo também já muito “batido” no Brasil.

Porém, prometo, tentarei aqui fugir do caminho mais “batido” e apresentar a vocês algumas curiosidades, quase particulares, vivenciadas sempre por um pequeno grupo de privilegiados, que por suas peculiaridades creio que mereçam ser compartilhadas.

1º Ato: Numa “batida” a italiana

Subi a serra de carona com a Jamile – colega doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS – junto conosco, no carro, foram dois italianos Milly Buonanno e Giovanni Bechelloni. Eles, que nos dias subsequentes seriam conferencistas do Ciclo de Debates Interdisciplinares da Comunicação, queriam muito conhecer a “Nova Itália”. Isso mesmo: já tinham ouvido falar da imensa colônia italiana da Serra Gaúcha e queriam conhecê-la, ao menos em parte. Eu, Jamile, Milly e Giovanni saímos de Porto Alegre abaixo de chuva e fomos direto à Bento Gonçalves; almoçamos numa galeteria e... continuava chovendo; conhecemos uma vinícola e... continuava chovendo; resolvemos fazer a tal Rota das Pedras e... continuava chovendo. Tudo muito lindo é verdade! Só que alguém se esqueceu de avisar, e de colocar nos mapas, que em parte da Rota das Pedras não há pedras; que em dias de chuva na Rota das Pedras, o que há sim é muuuittoooo barro. Alguém ousa imaginar o que aconteceu?! Isso mesmo. O carro, a menos de 1 km de uma via pavimentada, atolou! Parou numa subida. Parecia que não tinha jeito de sair dali. Jamile, nervosa, não sabia o que fazer. Eu disse: deixa comigo! Enquanto Jamile descia do carro e eu assumia a condição de piloto, não sei por que cargas d’água, os italianos, depois de murmurarem algo tipo “porco dio”, também desceram do veículo. Com o carro vazio me senti plenamente à vontade para manobrar como num rali para sair do atoleiro. Nesse momento, Jamile e os italianos subiam a pé o desfiladeiro. Já vencido o obstáculo parei para observa-los. Tinham barro até o meio da canela! Sem exageros! Não aguentei, tive de rir da “tragédia”. Quando eles alcançaram o veículo falei para a Jamile: agora sim, diz para eles que acabamos de repetir parte da saga dos colonos italianos quando chegaram ao Brasil , que eles puderem sentir na pele, especialmente nos pés, àquilo que os imigrantes sentiram ao chegar aqui. Depois do comentário devidamente traduzido e de umas boas gargalhadas, seguimos viajem até Caxias.

2º Ato: Numa “batida” a Pernambucana

Era domingo, 05/09, à tarde. Depois de participar da Mesa Redonda Comunicação: em torno das teorias com Nilda Jacks, Fausto Neto, Milena Weber, Vera França e Laan de Barros, fui para o GP Teoria do Jornalismo – o meu GP no Intercom de 2010. Cheguei atrasado, o primeiro trabalho de Aldo Schimitz, da UFSC, já tinha sido apresentado e estava começando sua apresentação Adriana Santana, da UFPE. Tudo ia relativamente bem. As coisas transcorriam dentro de certa normalidade, com pitadas de chatice, até que Adriana, depois de caminhar bastante durante sua apresentação, resolve escorar-se na mesa do computador utilizado na projeção. Primeiro, ela simplesmente encosta-se; depois ela apoia uma de suas pernas na mesa e senta parcialmente no cômodo. Até aí ok! Só que depois Adriana resolve se sentar literalmente “sobre” a mesa. Tudo isso creio que ela tenha feito involuntariamente, sem pensar. Tudo isso Adriana fez sem parar de falar um segundo. Parecia até que nem respirava. Falava muuuuiiiitooo rápido. Até que de repente, não mais que de repente, um estrondo interrompe a fala de Adriana. Brrroooooommmm. Quando olho na direção do barulho Adriana está estatelada no chão, o computador amontoado num canto e a mesa partida em dois pedaços. Muito engraçado! Porém, o que foi mais engraçado ainda, é que em milésimos de segundos Adriana se levanta e continua sua apresentação. Como se nada tivesse acontecido. No mesmo ritmo de antes e sem perder o tom. Eu que recém tinha entrado na sala para acompanhar as discussões, acometido por uma crise de risos, tive de abandonar o ambiente para não atrapalhar ainda mais o andamento da mesa. Felizmente não encontrei mais Adriana no Intercom, se não, acho que não teria conseguido parar de rir até o final do Congresso. Em tempo: Adriana não era/é gorda!!!

3º Ato: Numa “batida” midiatizada

Não sei como foi para vocês, mas Muniz Sodré apareceu na minha vida já no Mestrado, quando tive a honra de ler, sem entender quase nada, o livro Antropológica do Espelho. Logo em seguida vi uma entrevista de Muniz na TVE, pensei, agora sim vou entendê-lo. Ledo engano! Li mais um monte de coisas do Muniz e de coisas escritas sobre/ a partir dos ensinamentos do Muniz. Vi mais duas ou três conferências suas, ao vivo, e continuei com aquela sensação: não foi dessa vez que o entendi! Só fui entender o Sodré no Intercom de Caxias do Sul, dia 05/09, por volta do 12h30. Para aqueles que já não lembram Muniz participou no Congresso do Painel 03 – Comunicação, juventude e ritmos urbanos: em torno da música e da periferia, junto com Regina Andrade e Micael Herschmann. Foi o primeiro a falar. Discorreu sobre a periferia, a sujeição e a produção educacional do ser. Simples não é?! Falou pouco mais de 20 minutos. Mas, como sempre, fez uma fala densa; porque não dizer pesada; quase “não entendível”. Depois das palmas saí do anfiteatro. Dei um tempo no saguão e então fui ao banheiro. Posicionei-me no mictório e nada. As palavras do Muniz não queriam me abandonar; torturavam-me; continuavam a martelar meu cérebro e, naquela hora, também minha bexiga. Quando finalmente consigo abandoná-las para concentrar-me no ato que me levara aquele ressinto, olho para o meu lado esquerdo e... adivinhem senhores quem encontro na mesma posição?! Simmm, o próprio! Muniz Sodré fugiu da mesa depois de sua fala, atravessou o auditório e veio se postar ao meu lado no mictório de um dos banheiros da UCS. Olhei de novo para conferir. Será que não estou imaginando coisas como sempre faço depois que leio seus textos e/ou ouço suas falas?! Não. O dito cujo “senhor das palavras difíceis e perturbadoras” estava li, ao meu lado, gozando da mesma minha condição de mortal. “Foi muito boa sua fala professor”, disse eu. “É mesmo, você gostou?” Perguntou ele. “Gostei mesmo, só não sei se entendi direito”. Já ao lado da pia do banheiro ele responde: “Não te preocupa. Entender direito não existe, muito menos entender torto. O próprio não entender já é uma forma de entendimento!” Embasbacado, cumprimentei-o me despedindo. Muniz voltou a ocupar seu lugar na mesa do painel e eu o meu assento no anfiteatro. Depois desse fatídico encontro agora sei: entende-lo eu sempre o entendi. O problema é que, juro para vocês, não consigo lembrar se o professor lavou as mãos antes de me cumprimentar e de proferir a sua última sentença no banheiro. Eis a questão?!

Como promessa é dívida, espero mesmo que tenha conseguido fugir do caminho mais “batido”, para falar de outras “batidas” e de coisas nem tão “batidas” que também aconteceram no de-“batido” XXXIII Intercom. E que venha Recife!!!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Makin-of Intercom - Parte 3

A bola da vez vem de Manaus-AM, do acadêmico de Jornalismo da Faculdade Boas Novas, Guto Vasconcellos. Segue o texto do Guto (na foto, 1° da D para a E), grande parceria presente no Intercom 2010!

Parafraseando o cantor Roberto Carlos : "São tantas as emoções..."

Segundo semestre já em plenas atividades , os alunos do oitavo Período da FBN, preparando suas monografias , correndo contra o tempo , os Alunos dos demais períodos se empenhando nos trabalhos e produtos para V Semana de Estudos da Comunicação, que terá o II Expocom FBN 2010, outros chegando do Intercom Nacional em Caxias do Sul , né?

O meu Salve para meus colegas e amigos Alice Pacó , Raquel Mendonça , Alessandro Bandeira, professor mestre e coordenador, agora autor de livro Jimi Aislan, o nosso coordenador de honra , o rubro-negro Allan "Justus" Rodrigues , a minha orientadora, agora mais nova amiga , professora , publicitária e contadora de histórias Liliana Rodrigues.


Não posso esquecer dos tios Ariath e Inês Estrázulas , pais do nosso coordenador Jimi , que foram 200 por cento , conosco durante nossa estadia por terras Gaúchas , tchê !

Brigado por tudo, falando no gauchês , foi bem bom estar com vocês !

Bah , se eu for citar o nome de todo mundo... que conheci...que fiz amizade... que troquei contato.... vai virar uma lista de aprovados no Vestibular!

A todo povo da UCS ,das Monitoras Verdinhas que conheci, a galera da Rádio Universitária , que me fizeram de personagem dum reallity show durante o Intercom, o meu MUTO THANK YOU ! Estou esperando vocês aqui viu?

Manaus será a Capital da Comunicação da America Latina em 2013.

Falando de Intercom , me remete um conjunto de sentimentos : Saudade , Alegria , Tristeza , Superação , Simpatia ,Dedicação , Prazer em Servir, Gostinho de Quero Mais...

Um post não seria suficiente pra contar os dias e tudo que vivemos em Caxias do sul , bah Tchê !

Depois de tudo que vimos e vivemos em Caxias , nos resta correr , se preparar porque em 2013 o InterCom Nacional será em Manaus.

É momento de sentarmos, os líderes, coordenadores, alunos, de todas as faculdades de Comunicação Social instaladas em Manaus , e começar a se unir , pensar e se organizar , já pensando em 2013, vamos nos mobilizar e desde já criarmos o Comitê Pro Intercom 2013.

Está mais do que na hora de quebrarmos essas BARREIRAS que se instalam entre as faculdades Públicas e Privadas, e até mesmo as habilitações do curso de Comunicação Social, somos um Curso que precisa de união ,de força , temos potencial , temos capacidade SIM de fazermos as coisas acontecerem, tudo depende de cada um de nós , darmos nossa parcela de contribuição.

Bom , o desafio foi lançado, todos que estiveram em Caxias , no encerramento do Intercom 2010 já sabem que em 2013 , Manaus será a sede do Maior Congresso de Comunicação da America Latina.

Vamos lá , minha Nação Baré, que a nossa hora tá chegando...

Obrigado meu Deus , por fazer parte dessa família chamada "Comunicação Social"!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Making-of Intercom - parte 2

Direto da Universidade Estadual Paulista, Santiago, O Velho, mestrando em Comunicação, também escreveu o seu makin-of do Intercom 2010. A seguir, o relato, em tom poético, desse paulista de Bauru:



Dos pequenos mundos descobertos
Caminhava pelo Intercom um cara com olhar inquieto, roupas de quem não sabe se vestir no frio, um óculos que não ficava bem no rosto e um leve sorriso na face. Andou por tudo, subiu, desceu, olhou de um lado, olhou pro outro, olhou pra você também, aposto, e sempre centrava-se novamente no caminho. Deve ter dito a você bom dia, algum dia, ou boa tarde, numa outra tarde. Escondido, levava um segredo: sua máquina fotográfica; não se acanhe, pois ele fotografou mais pelas costas. Talvez você seja uma dessas quatro pessoas da imagem acima, talvez não. Talvez você seja um dos pequenos mundos descobertos por ele, por esse cara de caminhar centrado que não sabe se vestir no frio. Nosso cara escreveu um texto, em algum lugar, que fala de alguns desses mundos que conheceremos agora. Abaixo, apenas cinco Deixaremos os demais para serem ditos conforme tenham que ser. Grande abraço aos colegas do Intercom 2010.


"Franco, lembre do presidente: Itamar Franco"
Mesmo após tal ressalva, o nome que o cara não esquecia era Franco Montoro, ex-governador de SP e filho de tipógrafo. Talvez essa ligação com a prensa fosse mesmo a mais forte na ocasião, durante o Intercom 2010, o maior congresso de comunicação do Brasil. O fura fila Seu Franco assegurou que anotasse o seu contato seguramente, e essa ressalva ajudou a peregrinação hotel-Universidade nos dias de congresso. Seu Franco, o primeiro taxista que nosso rapaz teve a companhia durante um café com leite. Sem ele, não teria visto nenhum cassetinho no dia 01.

"Estamos esperando o tempo passar"
Essa frase, que bem poderia estar em algum trecho do clássico filme Ponto de Mutação, foi escutada por nosso cara, aquele de olhar inquieto, durante a noite em que esperava o Seu Franco ("Lembre do presidente, Itamar Franco"...). Vindos da Paraíba, 3.550km depois, cerca de 3 dias e meio de viagem e com apenas R$500 de patrocínio da universidade, um grupo de 6 pessoas esperava, pacientemente, o amanhecer para então subir em mais um ônibus até a cidade de Farroupilhas, vizinha de Caxias do Sul, local do Intercom. Não conseguiram hotel, nem alojamento na própria Caxias, e foram obrigados a viajar todos os dias da cidade vizinha té o congresso.


"Oi, vocês vieram pro Intercom? Vamos dividir o taxi?"
Foi numa dessas corridas que 3 outros jovens do norte (de algum lugar do norte/nordeste) relataram também suas peripécias: fizeram 3 escalas a mais. O voo que seria apenas uma escala no Rio de Janeiro, na realidade, era uma baldeação: chegaria pelo Galeão e, do Santos Dumont (um dos pousos e decolagens mais lindos que se viu) iria pra São Paulo. Descoberta a baldeação, correria para o outro aeroporto de bus. Decolaram. Foi um Rio-Sampa rapidinho, mas... mais 3h de espera em SP pra embarcar para Caxias. Depois do atraso graças a baldeação feita de bus (Galeão-Dumont) e um novo atraso já em SP para o sul, o voo sobe novamente. E o que os esperava mais pro sul? Atraso, claro. Sem teto, pousaram em Porto Alegre e foram , mais uma vez de bus, agora pra Caxias (2hs apenas).

"Pega pra Forqueta, ali, duas quadras pra cima, na esquina"
Nosso cara ficou 2h, pleno domingo, esperando o tal Forqueta. Não veio, parou qualquer um: "Mas aqui não passa Forqueta, só lá na frente. Sobe, esse passa lá". Depois, "lá na frente", mais 1h. O destino era o Museu da uva e do vinho. Chegado lá, dona Gema o recebeu. Conversa vai, degustação de vinho vem, fotografias, flashs, tudo lindo, antigo, um museu, enfim. Degustação grátis vende: nosso rapaz levou quase mais do que pudia carregar. Um caixa, cheia. Mais na mochila. O que valeu a visita, além do bom vinho Forqueta, foi o Roque, primo de Gema. Em meio aos visitantes do museu ele pediu, em italiano, à Gema para apresentar a fábrica de vinho, fechada para visitação naquele dia. Assim o fez pois lá fora nosso cara havia puxado assunto, começado com aquele típico "bom dia", muito gentil. Agraciado, nosso cara de óculos escuro pode conhecer todo o processo, contado etapa por etapa por um funcionário com 15 anos de casa!

"Acordei em três quebras, mas dizem que foram sete"
Na realidade, foram cinco paradas/quebras que tornaram uma viagem de 15 horas numa de 28h30. Destaque para a hora "0", ou quando se deu 24h dentro do bus: palmas, assobios, uma festa que só vendo. Depois mais algumas paradas para banheiro, comer ou porque tava perdido mesmo. Essa aconteceu com nosso cara de óculos estranho que não sabe se vestir no frio. Um violão dentro do bus era tocado às vezes. A comida, levada em dobro, foi a salvação. Muito tereré facilitou o caminho digamos "torto" de Bauru-SP até Caxias do Sul-RS. Um pessoal que ia de avião no dia seguinte quase os ultrapassa pela cabeça, literalmente. Nas quebras, tanto quanto nas paradas, mexer com a perna foi um alívio. E embora a turma de Relações Públicas não tenha se comunicado muito com a turma de jornal (e vice-versa, claro), garanto que todos iam para um congresso de COMUNICAÇÃO. Pois é... é a velha história do santo de casa não faz milagre, em casa de ferreiro o espeto é de pau, etc. Mas pro nosso cara, cujo óculos não ficava bem no rosto, comunicar não é problema.

Aquele abraço!

Gostaram? Tem mais no blog do Velho Santiago: http://velhosantiago.blogspot.com

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Making-of Intercom 2010 - Parte 1

Bom, como já postei anteriormente, participei no início de setembro do Congresso Nacional da Intercom 2010, realizado na UCS, em Caxias do Sul. Seguindo o espírito do grupo que participei (História do Jornalismo) vou tentar reconstituir aqui, de uma maneira um tanto quanto informal, uma espécie de making-of literário do evento, convidando os congressistas a escreverem sobre suas experiências pessoais no congresso (palestras, apresentação de trabalhos, festas, passeios, trocas de experiência, etc...). O convite já foi feito para várias pessoas, e a primeira a responder foi Aline Benso, Relações Públicas graduada na Unijuí (RS) e futura mestranda em Comunicação Social. Segue o texto dela (sem cortes):

No princípio, foi .....ANDA ALINE BENSO.

Eduardo Ritter (2010) comenta em sua brilhante obra do MSN: “powww goria to com depressão pós-intercom”. Essa afirmação suscitou uma série de reflexões (e de emoções) na autora que aqui escreve.

O princípio de tudo foi a necessidade de atualização profissional e acadêmica. São praticamente quatro anos que estou graduada em Comunicação Social, cerca de cinco anos de experiência profissional, e uma participação não tanto expressiva em eventos acadêmicos.

Além disso, o meu comportamento quase sempre tímido no meio acadêmico me fez por vários momentos ausentar-me dos encontros mais acalorados entre os comunicadores, momentos, estes, que esses elementos buscam demonstrar a sua criatividade expressa em muitas (e emocionantes) atitudes.

Não poderei citar as inúmeras atividades que perdi nos últimos oito anos em que estou imersa no universo dos estudos comunicacionais, mas posso refletir e relembrar o reinício disso tudo, que pode ter como marco o INTERCOM 2010, que aconteceu na primeira semana de setembro em Caxias/RS.

E o princípio de tudo, é o planejamento da viagem. Lara Nasi (2010) é a primeira autora que aponta um caminho, quando em junho inicia uma motivação especial para que eu integrasse o maravilhoso mundo acadêmico da comunicação.

Foi em Porto Alegre, em 2010, que passei a me articular academicamente. Neste momento, outros integrantes da família Nasi foram elementos preponderantes para tais escolhas.

Posteriormente, Cristiele Deckert (2010), jornalista e modelo semi-profissional me incentivou a desenvolver uma carreira acadêmica consistente.

Mas foi Eduardo Ritter quem disse “poww goria, vamos para o Intercom! Vai ir eu, Beto, Lara Nasi.....galera toda vai ta lá. Ó se tu quer mestrado, tem que participar do intercom”.

Partindo de um desejo imensurável de participar desta classe de pesquisadores, fiz a minha inscrição no Intercom, submeti o meu artigo referente aos resultados da pesquisa da especialização, e agendei com o super futuro jornalista Jean, que depois de muitos e-mails e de muitas confusões da referida autora, me encaixou na brilhante excursão da UNIJUI, para o Intercom.

Também contei com a colaboração do RP Cristiano Mattos , do Matemático Flavio Moresco e do cão charmoso, Rufos, que aceitaram me acolher no seu lar em Caxias!

Após todo esse processo de planejamento, com todas as taxas pagas, e como o trabalho aceito no GP de Relações Públicas e Comunicação Organizacional, me restava continuar estudando para a seleção de mestrado e arrumar as malas.

VIAJANDO COM A GALERA

É chegado o dia da viagem para o Intercom. A saída estava marcada para a uma hora da manhã do dia dois de Setembro, em frente à FIDENE/UNIJUI. Antes, agendei com a Jornalista e modelo Cristiele Deckert uma rodada de pizzas na casa da vovó e do vovô.

E já no jantar conheci uma pessoa muito, mas muito especial! O RP Fábio, de Santa Bárbara do Sul. Revi também o nosso amigo, namorado da Cristiele, o Doutor João Vinícios W., diretamente de São Paulo para Ijui!

No primeiro momento, consegui abrir o vinho do vovô da Cristiele, que estava na Garrafa PET. Certa de que se tratava de um refrigerante, bebi aquilo com muito gosto. Bem, isso não tem muita graça descrevendo assim, mas para quem participou desse evento faz muito sentido lembrar, pois foi bastante engraçado.

Depois disso, faltando meia hora para o ônibus sair, pegamos as malas e fomos à parada. Já de chegada, houve um caloroso e agradável encontro com pessoas conhecidas. Algumas foram viajar conosco, outras ficaram, pois estavam apenas se despedindo.

Meu companheiro de viagem foi O Beto, jornalista e ombro amigo. Na viagem não tenho lembranças, pois dormi todo o percurso.

EM CAXIAS DO SUL/UCS/INTERCOM

Chegando em Caxias, na companhia do Fabio, da Cristiele e do Beto, fiz o credenciamento. No entanto, não pude participar dos primeiros eventos, pois não conseguia contato telefônico com o Cristiano, meu amigo, RP, que deveria me ceder uma cama quentinha nos dias de Intercom.

Primeiro fiquei nervosa. Depois fiquei apavorada. E quando eu estava quase surtando, acabou a bateria do celular. Mas também foi nesse momento que encontrei com a Estela e com o Felipe, ex-colegas, jornalistas, pessoas que me acolheram numa mesa de lanchonete, para que eu pudesse desabafar.

Bem, consegui ficar calma, recarreguei o celular, liguei para várias pessoas que estavam em Ijui (Arion) e, finalmente, o Cris me achou! E eu sabia que isso ia acontecer, pois no final constatamos uma incomunicação (Wolton, 2010).

Foram dias marcantes, nos quais participei efetivamente do GP de Comunicação Organizacional e RP. Conheci pessoas especiais, como a Anaqueli, jornalista e mestranda na UFSM. Conversei com vários pesquisadores que estavam no evento em busca de novos horizontes para a comunicação.

Também encontrei pessoas famosas, como um senhor que tinha a sua foto estampada numa campanha de chimarrão, dançarinos que embalaram na Tarantela , autores de obras importantes no Publicom (Margarida Kunsch, Antonio Hohlfeldt), entre outros.

Não consegui participar do Mangiare com Polenta, pois foi o dia de Turismo com o Cristiano e a Anaqueli. Também não me encontrei com a Lara Nasi, e fiquei bem triste com isso, pois tudo começou com o incentivo dela. E perdi as melhores festas, pois estava muito focada nos estudos!

Em contrapartida, conheci todo o campus da UCS, o que me faz recordar de uma citação do Cristiano Mattos (2010) enquanto íamos para o RU: “Daqui a pouco vamos chegar em Porto Alegre”!

Como disse antes, perdi as melhores festas! Mas, participei na companhia de Fábio e de Cristiele, da festa de encerramento, na Movie. O que me deixou intrigada era o fato de que todos que haviam participado da festa anterior, no sábado, não estavam curtindo a festa de encerramento.

Dizem que no sábado foi a melhor festa, mas como fui somente ao último dia (domingo), para mim estava ótimo. Lá encontrei o Eduardo, inclusive, encontrei uma caravana de paraibanos, dançando Carimbó e Marujada.


O BOM FILHO A CASA TORNA

E como tudo aquilo que começa, um dia também pode acabar (é a lei da vida), no dia seis retornamos para a tribo de Ijui. Saí do campus da UCS acompanhada do Beto, da Mireli Santos, da Letícia Melos e também do ilustre Paulinho Scortegagna (Anche io ho parlato um puó di italiano com lui).

Voltando para casa, ingerimos uma quantia exagerada de doces e de balas (o Fábio pode explicar melhor isso), e aproveitei para me gabar dos livros que eu comprei, mostrando para todos do ônibus uma grande descoberta: os lançamentos da área de comunicação organizacional.

Posso concluir esse relato, agradecendo a todas as pessoas que (in) diretamente, colaboraram para o êxito deste evento! E agora, o que me resta é curtir esse momento de nostalgia, olhando as fotos e relembrando os melhores momentos do Intercom 2010.

Beijos a todos e saudades mil!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dias dourados

Desde que voltei para Santo Ângelo, ontem de madrugada, já enumerei um sem-números de tópicos para escrever aqui no blog, afinal, fiquei 10 dias entre Caxias e Porto Alegre e muita coisa aconteceu nesse período, bem como minha forma de pensar e ver o mundo também se alterou mais do que o esperado. Teoricamente era uma viagem nada de mais, porém, uma coisa puxa outra coisa, que altera um ponto aqui, outro acolá, e assim, entre uma palestra, uma latinha de cerveja e muitas risadas, as coisas vão mudando enquanto você observa e filosofa sobre o mundo...
Em meio a essa confusão toda, uma das coisas que mais me marcou foi ver tanta gente reunida, entre conhecidos novos e velhos, em lugares onde eu nunca imaginei que os reuniria. Em Caxias, por exemplo, consegui unir o pessoal que faz pós-graduação (mestrado e doutorado), que foram meus colegas na graduação, com pessoal de outros cantos do Brasil, com o lendário Petrolli (que participou de todos os congressos da Intercom até hoje), com outros professores, e, tudo isso, com a presença do meu amigo de infância Alemão, não menos lendário que o Petrolli, e o seu filho Pedro, que eu o apelidei de Alemãozinho Júnior (foto). O Pedroca, como também é conhecido, tem dois anos e me divertiu demais nessa viagem. Se eu pudesse teria enfiado ele na mala e trazido para Santo Ângelo para me divertir nesses dias de chuva sem graça... Já em Porto Alegre, unir o Mr. Gomelli com o meu amigo nativo Cristiano e meus tios Leila e César. Caramba! Que salada de fruta humanística. Acho que só vou conseguir unir tanta gente diferente novamente no meu velório...
Além disso, ainda conheci um pessoal nota 1000 da Paraíba, a figura do Sam (pô, Sam, desculpe o esquecimento aquele dia, mas foi por um bom motivo...), o Guto, que veio lá de Manaus para o Intercom, a figuraça do Sadan, que me fez trocar de time lá na Bahia (antes eu era Vitória, agora virei para o Bahia), enfim, é tanta gente que tenho medo de citar um, esquecer de outro, e aí rola aquele ciuminho que sempre atormenta a vida dos jornalistas mal-interpretados...
Um momento inesquecível desse Intercom? Houve tantos... A apresentação de meu trabalho foi boa, ainda mais pelos comentários ilustres da professora Marialva Barbosa e pela coordenação da mesa de meu orientador Antonio Hohlfeldt, além, claro, da troca de informações e de idéias sobre o tema do meu GT (História do Jornalismo). As risadas na casa do Alemão também foram demais. O celular recebendo torpedos sem parar, tentando marcar hora e lugar para encontrar o povo todo, também não há como esquecer. Mas acho que o mais inesquecível mesmo foi ter conhecido o pessoal da Paraíba, que me apresentou uma visão de mundo completamente nova, com um sotaque cativante, e uma curiosidade hipnotizadora no olhar... Enfim, melhor não me empolgar mais, senão vou acabar escrevendo um livro...
Depois, na ida para Porto Alegre, teve o jogo do Grêmio, que já escrevi aqui sobre ele, o seminário do professor dinamarquês Thomas Tufte na PUC e na Fabico, o “Encontros com o professor”, com Ruy Carlos Osterman e Eduardo Bueno (vulgo Peninha), os passeios com o Mr. Gomelli, que foi de Santo Ângelo para Porto Alegre prestar o concurso para o Ministério Público, e com o meu amigo porto-alegrense Cristiano, que é outra lenda viva e completamente maluca que me proporcionou discussões pseudo-intelectuais-filosóficas-boêmias-mulheristicas-futurólogas hilárias e sensacionais.E, para encerrar, ainda inventei de ir no banhado do Beira-Rio assistir Inter e Goiás abaixo de chuva. Apesar do banho (como o Beira-Rio vai sediar Copa se quando chove vira literalmente um banhado?) valeu a pena ouvir a torcida colorada vaiando o time campeão da Libertadores após empatar sem gols com o lanterna do Brasileirão (realmente, é muito fanática essa torcida...).
Enfim, alguns desses pontos pretendo desenvolver em posts posteriores, mas quis escrever isso tudo para reavivar na minha memória dias de ouro dessa vida labutada no interior rio-grandense (sic!).

sábado, 11 de setembro de 2010

Salve, salve o poeta! - parte final

Sempre disse que o texto bom é aquele que leio e penso "caramba, eu queria ter escrito isso daqui!" Por isso, encerro meus tributos a Vinicius de Moraes com um poema que eu gostaria de ter escrito em uma praia qualquer da Paraíba, numa tarde inspirada, tomada de saudades e paixão.

Poema dos olhos da amada

Oh, minha amada
Que os olhos teus

São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus

Oh, minha amada
Que olhos os teus

Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus

Oh, minha amada
Que olhos os teus

Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus

Ah, minha amada
De olhos ateus

Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus

Salve, salve o poeta! - parte 3

Essa é genial. Lembrei de um amigo meu que, ao chegar em Porto Alegre, disse: "nossa, aqui eu me apaixono a cada minuto. De duas quadras para cá já me apaixonei umas 32 vezes"... E viva a mulher que passa! Mais uma do mestre Vini:


A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me concontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacífica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça

Salve, salve o poeta - parte 2

Acabaram de me informar que os computadores da biblioteca são apenas para consultas acadêmicas. Argumentei que estudo jornalismo e literatura e blá, blá, blá... mas não adiantou muito. Escrevo essas linhas enquanto a funcionária com cara de pastel me enche o saco. Foda-se, vai mais uma do mestre da poesia (essa, não lembro direito, mas talvez já tenha publicado em algum post do passado, porém, como é muito boa, vai de novo):

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Salve, salve o poeta - parte 1

Não me considero um poeta (quando tento ser, não passo de um amador, no sentido aristotélico do termo), mas no que se refere a esse gênero tão... sei lá, tenho uma preferência que se sobressai sobre todas as outras: as poesias de Vinícius de Moraes. E, em razão disso, coloco aqui uma poesia que acabei de ler na falta do que fazer numa tarde chuvosa qualquer vivida no maravilhoso mundo dos livros da PUCLândia:

O falso mendigo

Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
Quero fazer uma poesia.
Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
E me trazer muito devagarinho.
Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
Quero fazer uma poesia.
Se me telefonarem, só estou para Maria
Se for o Ministro, só recebo amanhã
Se for um trote, me chama depressa
Tenho um tédio enorme da vida.
Diz a Amélia para procurar a "Patética" no rádio
Se houver um grande desastre vem logo contar
Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
Tenho um tédio enorme da vida.
Liga para vovó Neném, pede a ela uma idéia bem inocente
Quero fazer uma grande poesia.
Quando meu pai chegar tragam-me logo os jornais da tarde
Se eu dormir, pelo amor de Deus, me acordem
Não quero perder nada na vida.
Fizeram bicos de rouxinol para o meu jantar?
Puseram no lugar meu cachimbo e meus poetas?
Tenho um tédio enorme da vida.
Minha mãe estou com vontade de chorar
Estou com taquicardia, me dá um remédio
Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
Já não me diz mais nada
Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
Quero morrer imediatamente.
Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
Não agüento mais ser censor.
Ah, pensa uma coisa, minha mãe, para distrair teu filho
Teu falso, teu miserável, teu sórdido filho
Que estala em força, sacrifício, violência, devotamento
Que podia britar pedra alegremente
Ser negociante cantando
Fazer advocacia com o sorriso exato
Se com isso não perdesse o que por fatalidade de amor
Sabe ser o melhor, o mais doce e o mais eterno da tua puríssima carícia.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Encontros com o Professor

Assisti ontem ao “Encontros com o Professor”, evento onde, semanalmente, Ruy Carlos Osterman recebe um convidado para uma conversa leve e inteligente, em Porto Alegre, com vários nomes que trabalham com literatura, cultura, jornalismo, história, futebol, etc... Ontem foi a vez do jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha. Teria muito para falar sobre a conversa, porém, como estou na PUCRS com os minutos contados para sair daqui, deixarei apenas o link do site do Encontros:
http://www.encontroscomoprofessor.com.br/
No final do encontro, perguntei ao Peninha o que ele achava do jornalismo gaúcho contemporâneo, inclusive, cheguei a defender a Zero Hora, por considerar que ela ainda é o único jornal do Rio Grande do Sul que vezemquando ainda investe na grande reportagem, e a resposta dele foi categórica: “A Zero Hora é um horror, mas os outros dois, aqui de Porto Alegre, são uma piada. De manhã eu leio O Sul, porque pelo menos serve para dar risada de tanta porcaria junta”. Esse é o Peninha. Também fui consultado para dar a minha opinião para o site do Encontros, que você, virtual leitor (será que você existe?) pode consultar no seguinte link:
http://www.encontroscomoprofessor.com.br/opiniao_det.php?op_id=1743&codevento=156
Tem inclusive minha foto lá! Só que a minha colega de profissão se confundiu um pouco, e colocou “tese de mestrado”, ao invés de “dissertação”, pois, tese é de doutorado, e não de mestrado. Mas enfim, sei como é...
Já as fotos foram “chupadas” do site do encontro. Hasta la vista!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dançando na chuva

Para não pensarem que esqueci e abandonei completamente o blog nesses dias maravilhosos de Intercom (Caxias do Sul), seminários e orientação em Porto Alegre, posto aqui o texto que enviei hoje para o Jornal das Missões para sair no sábado, na minha coluna de esporte. Quando voltar, escrevo mais! Hoje tem encontro do professor Rui Carlos Osterman com o Eduardo Bueno, o Peninha, na José do Patrocínio! Segue o texto para os leitorinhos e leitorinhas. Fui!
A confiança está voltando ao estádio Olímpico, da mesma forma que volta para aquela pessoa que está quase desistindo da vida e de repente encontra alguém que lhe faz voltar a suspirar sem motivos, cantar sozinho na rua, batucar na perna enquanto se espera o ônibus ou cantar na chuva com um largo e brilhante sorriso no rosto. Foi isso o que senti ao assistir a vitória do Grêmio contra o Atlético-GO nas cadeiras do estádio Olímpico no meio dessa semana.
Antes de a bola rolar, a torcida, que compareceu em bom número (22 mil pessoas) gritou o nome de TODOS os jogadores, um a um, juntamente com aplausos e gritos de incentivo. Diferentemente de alguns jogos desse ano, a torcida voltou a cantar desde o início, como se estivesse completa e cegamente apaixonada. E, de fato, estava, pois considero a torcida gremista a mais fanática e apaixonada do Brasil. O resultado dessa empolgação toda foi a ótima atuação de Douglas que, além de marcar um golaço, voltou a jogar bem. Inclusive, o centro da entrevista coletiva do técnico Renato Gaúcho, após o jogo, era o motivo da saída do meia no transcorrer da etapa final. Além disso, quando perguntado sobre a declaração polêmica de Douglas, nos tempos de Silas, quando ele disse que sua função não era marcar, Renato foi irônico: “quem é craque tem que jogar e quem é carregador de piano tem que roubar a bola e entregar para quem sabe”.
No entanto, nem tudo foi alegria no reato sentimentalista entre o Grêmio, a torcida e os bons resultados. Durante uma boa parte do segundo tempo a equipe foi ameaçada pelos goianos. Porém, dessa vez, quando o tricolor parecia que iria decepcionar novamente e a torcida já ameaçava alguns murmúrios, Borges foi lançado, ganhou dos marcadores na corrida, e, ao seu melhor estilo, tocou com categoria na saída do goleiro. O Olímpico, então, explodia como a há muito. Parecia até um gol de final de campeonato. Desconhecidos se abraçavam como se tivessem ganhado na Mega Sena. Marmanjos soltavam uivos como se tivessem ouvido um “sim” para um convite para uma noite romântica. Era a apoteose tricolor em 2010. O Grêmio estava chutando para longe os quatro últimos colocados, e agora parece que trocou a luta contra o rebaixamento pela briga por uma vaga na Sul-Americana. E, se seguir nesse ritmo, logo trocará a corrida pela Sul-Americana pela guerra por uma vaga na Libertadores. Os tricolores voltaram a sonhar loucamente e a acreditar no impossível. Acreditam, mais uma vez, que não existem barreiras para os apaixonados. E por continuarem acreditando, vão acabar conseguindo. O Corinthians que se cuide na tarde de hoje.
INTER – Já o Inter perdeu para o Cruzeiro em um jogo, no mínimo, morno. Amanhã tentará retornar à briga pelo título no jogo contra o lanterna, Goiás, no Beira-Rio. Porém, todos os comentários sobre o Inter no Brasileirão podem ser resumidos à uma frase: jogo-treino de luxo visando o Mundial.

PS: Esse texto não foi revisado. O do jornal, o pessoal do jornal revisa. Por favor, coloquem suas correções em formas de comentários.
Grato, o blogueiro.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Leitores

Acho que a maior graça de se ter um blog são os comentários dos leitores (que em 90% dos casos também são blogueiros). Talvez por isso eu encha tanto o saco do pessoal pra ler e comentar, pois, é a partir dos comentários que eu repenso sobre o que escrevi, além de dar boas risadas.
Por exemplo, quando postei o texto do Contra Sonho, eu literalmente enfiei aquela foto do Alf no final, e pensei “porra, possivelmente o pessoal não vai entender o que o Alf ta fazendo ali”... E realmente, meu primo Alemão me deixou o seguinte comentário:
Porra alemão, e o que tem a ver o Alf no meio do post? Ta comendo gatos agora?”.
Porra, acabei gargalhando sozinho aqui no meio da sala ao ler o comentário. Negócio é o seguinte Alemão: é que o Alf ta com uma caneta na foto, escrevendo, e ele é teimoso, aí, resolvi colocar a foto dele para representar a minha “cabeça dura” (a de cima). Mas agora, repensando, acho que no fundo no fundo, não foi por isso não. Foi por acreditar que a popularidade dele levasse alguém a ler todo o texto na expectativa de encontrar algo sobre ele. Isso se chama “enganar o leitor com boas intenções”.
Outro comentário, do meu amigo Ababelado, também me fez repensar. Olha só o que ele escreveu:

“O Raduan Nassar escreveu dois livros geniais e foi morar numa fazenda. Lavoura Arcaica é um dos livros mais incríveis que a literatura brasileira já produziu. Mas acho que você realmente não faz a linha. Tu tá mais pra João do Rio que pra Raduam Nassar. Aliás, tô lendo as crônicas do Nelson Rodrigues sobre futebol. Já leu? É incrível. Absurdamente incrível. Remete a uma idealizada de jornalismo que, acho, levou muitos otários como nós a acreditar nessa profissão ao ponto de escolhê-la como meio de vida. Fico lendo os teus texto aqui no teu blog e percebo que tu ainda guarda um pouco desses ideais. Apesar de todo perrengue, acho que tu se amarra mesmo em ser jornalista. Eu cansei faz tempo. Não acredito no jornalismo. E acredito cada vez menos na literatura. Acho que tudo que havia para ser dito, já foi dito. E pouco mudou. Mas não liga pra mim, não. Eu tô ficando velho. Abraço, cabrón”.
Gostei do trecho: “O Raduan Nassar escreveu dois livros geniais e foi morar numa fazenda. Lavoura Arcaica é um dos livros mais incríveis que a literatura brasileira já produziu. Mas acho que você realmente não faz a linha”.


Porra alemão-carioca-capixaba-gaúcho, eu não faço a linha por que nunca vou escrever algo que se compare a esse Laovura Arcaica? Já sobre o resto, porra, gostei muito do “À sombra das chuteiras imortais” do Nelson Rodrigues, é genial. Mas, o que fiquei repensando é sobre a questão do jornalismo e da literatura. O Ababelado já tinha me dito pessoalmente que não acredita no jornalismo, só eu não sabia que ele também não acreditava na literatura. Mas, como coloquei no comentário do comentário daquele post, acho que eu ainda acredito na porra toda porque ainda to pedalando na vida, e acho que se eu não acreditasse, não deveria estar fazendo mestrado (apesar que o Juremir também não acredita no jornalismo e é um dos melhores professores de Comunicação do Brasil). Acredito que a desilusão vem em boa parte das porradas que levamos do mercado, ou ainda, quando nos damos conta de como funciona todo o sistema e vamos percebendo que tudo não passa de jogos de interesse, onde os jornalistas, na maioria das vezes, são verdadeiras marionetes. Nesse sentido, é muito bom a Monografia da Imprensa Parisiense, do Balzac, onde ele diz tudo o que tinha que ser dito sobre esse assunto. Realmente, é muito raro hoje em dia encontrar alguma coisa “nova” para ser dita em termos de pensamento.
Depois de ler Lawrence, Cervantes, Shakespeare, Nabokov, até o A Sangue Frio do Capote, e os brasileiros Erico Verissimo, Machado de Assis, Jorge Amado, etc, é difícil comparar essa literatura e os pensamentos e teorias de Freud, Stuart Mill, Gustave le Bon, Alex de Tocqueville, e tantos outros, com tudo o que é produzido hoje. Mas, sei lá, acho que a única novidade que teríamos em termos de pensamento, hoje, seria se algum morto voltasse para nos contar como é o além (apesar de que isso foi feito por Chico Xavier...), mas enfim... Concluindo, é por isso que gosto dos comentários: me fazem pensar mais ao ponto de ficar perdido nas idéias e sem saber o que pensar...
Agora, por outro lado, repensando melhor, acho que Stuart Mill, Nabokov, etc, também acreditavam que não tinha nada mais a ser dito depois de lerem tantos clássicos anteriores a eles... Inclusive, o Capote diz ter escrito A Sangue Frio por considerar que a literatura estava muito chata e sem nada de novo, e, para ele, Capote, o A Sangue Frio não é jornalismo, mas sim, romance de não-ficção (que resultaria no New Journalism, mas se não é jornalismo, como é New Journalism?). Que merda, melhor parar de pensar um pouco e cuidar da minha mini-fazenda antes que eu pire ainda mais...