Making-of Intercom - parte 2
Dos pequenos mundos descobertos
Caminhava pelo Intercom um cara com olhar inquieto, roupas de quem não sabe se vestir no frio, um óculos que não ficava bem no rosto e um leve sorriso na face. Andou por tudo, subiu, desceu, olhou de um lado, olhou pro outro, olhou pra você também, aposto, e sempre centrava-se novamente no caminho. Deve ter dito a você bom dia, algum dia, ou boa tarde, numa outra tarde. Escondido, levava um segredo: sua máquina fotográfica; não se acanhe, pois ele fotografou mais pelas costas. Talvez você seja uma dessas quatro pessoas da imagem acima, talvez não. Talvez você seja um dos pequenos mundos descobertos por ele, por esse cara de caminhar centrado que não sabe se vestir no frio. Nosso cara escreveu um texto, em algum lugar, que fala de alguns desses mundos que conheceremos agora. Abaixo, apenas cinco Deixaremos os demais para serem ditos conforme tenham que ser. Grande abraço aos colegas do Intercom 2010.
"Franco, lembre do presidente: Itamar Franco"
Mesmo após tal ressalva, o nome que o cara não esquecia era Franco Montoro, ex-governador de SP e filho de tipógrafo. Talvez essa ligação com a prensa fosse mesmo a mais forte na ocasião, durante o Intercom 2010, o maior congresso de comunicação do Brasil. O fura fila Seu Franco assegurou que anotasse o seu contato seguramente, e essa ressalva ajudou a peregrinação hotel-Universidade nos dias de congresso. Seu Franco, o primeiro taxista que nosso rapaz teve a companhia durante um café com leite. Sem ele, não teria visto nenhum cassetinho no dia 01.
"Estamos esperando o tempo passar"
Essa frase, que bem poderia estar em algum trecho do clássico filme Ponto de Mutação, foi escutada por nosso cara, aquele de olhar inquieto, durante a noite em que esperava o Seu Franco ("Lembre do presidente, Itamar Franco"...). Vindos da Paraíba, 3.550km depois, cerca de 3 dias e meio de viagem e com apenas R$500 de patrocínio da universidade, um grupo de 6 pessoas esperava, pacientemente, o amanhecer para então subir em mais um ônibus até a cidade de Farroupilhas, vizinha de Caxias do Sul, local do Intercom. Não conseguiram hotel, nem alojamento na própria Caxias, e foram obrigados a viajar todos os dias da cidade vizinha té o congresso.
"Oi, vocês vieram pro Intercom? Vamos dividir o taxi?"
Foi numa dessas corridas que 3 outros jovens do norte (de algum lugar do norte/nordeste) relataram também suas peripécias: fizeram 3 escalas a mais. O voo que seria apenas uma escala no Rio de Janeiro, na realidade, era uma baldeação: chegaria pelo Galeão e, do Santos Dumont (um dos pousos e decolagens mais lindos que se viu) iria pra São Paulo. Descoberta a baldeação, correria para o outro aeroporto de bus. Decolaram. Foi um Rio-Sampa rapidinho, mas... mais 3h de espera em SP pra embarcar para Caxias. Depois do atraso graças a baldeação feita de bus (Galeão-Dumont) e um novo atraso já em SP para o sul, o voo sobe novamente. E o que os esperava mais pro sul? Atraso, claro. Sem teto, pousaram em Porto Alegre e foram , mais uma vez de bus, agora pra Caxias (2hs apenas).
"Pega pra Forqueta, ali, duas quadras pra cima, na esquina"
Nosso cara ficou 2h, pleno domingo, esperando o tal Forqueta. Não veio, parou qualquer um: "Mas aqui não passa Forqueta, só lá na frente. Sobe, esse passa lá". Depois, "lá na frente", mais 1h. O destino era o Museu da uva e do vinho. Chegado lá, dona Gema o recebeu. Conversa vai, degustação de vinho vem, fotografias, flashs, tudo lindo, antigo, um museu, enfim. Degustação grátis vende: nosso rapaz levou quase mais do que pudia carregar. Um caixa, cheia. Mais na mochila. O que valeu a visita, além do bom vinho Forqueta, foi o Roque, primo de Gema. Em meio aos visitantes do museu ele pediu, em italiano, à Gema para apresentar a fábrica de vinho, fechada para visitação naquele dia. Assim o fez pois lá fora nosso cara havia puxado assunto, começado com aquele típico "bom dia", muito gentil. Agraciado, nosso cara de óculos escuro pode conhecer todo o processo, contado etapa por etapa por um funcionário com 15 anos de casa!
"Acordei em três quebras, mas dizem que foram sete"
Na realidade, foram cinco paradas/quebras que tornaram uma viagem de 15 horas numa de 28h30. Destaque para a hora "0", ou quando se deu 24h dentro do bus: palmas, assobios, uma festa que só vendo. Depois mais algumas paradas para banheiro, comer ou porque tava perdido mesmo. Essa aconteceu com nosso cara de óculos estranho que não sabe se vestir no frio. Um violão dentro do bus era tocado às vezes. A comida, levada em dobro, foi a salvação. Muito tereré facilitou o caminho digamos "torto" de Bauru-SP até Caxias do Sul-RS. Um pessoal que ia de avião no dia seguinte quase os ultrapassa pela cabeça, literalmente. Nas quebras, tanto quanto nas paradas, mexer com a perna foi um alívio. E embora a turma de Relações Públicas não tenha se comunicado muito com a turma de jornal (e vice-versa, claro), garanto que todos iam para um congresso de COMUNICAÇÃO. Pois é... é a velha história do santo de casa não faz milagre, em casa de ferreiro o espeto é de pau, etc. Mas pro nosso cara, cujo óculos não ficava bem no rosto, comunicar não é problema.
Aquele abraço!
Gostaram? Tem mais no blog do Velho Santiago: http://velhosantiago.blogspot.com
1 Comentários:
RP e jornalismo é como àgua e òleo. mas nao por culpa minha.
belo texto
Por Zaratustra, às 17 de setembro de 2010 às 01:16
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