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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Leitores

Acho que a maior graça de se ter um blog são os comentários dos leitores (que em 90% dos casos também são blogueiros). Talvez por isso eu encha tanto o saco do pessoal pra ler e comentar, pois, é a partir dos comentários que eu repenso sobre o que escrevi, além de dar boas risadas.
Por exemplo, quando postei o texto do Contra Sonho, eu literalmente enfiei aquela foto do Alf no final, e pensei “porra, possivelmente o pessoal não vai entender o que o Alf ta fazendo ali”... E realmente, meu primo Alemão me deixou o seguinte comentário:
Porra alemão, e o que tem a ver o Alf no meio do post? Ta comendo gatos agora?”.
Porra, acabei gargalhando sozinho aqui no meio da sala ao ler o comentário. Negócio é o seguinte Alemão: é que o Alf ta com uma caneta na foto, escrevendo, e ele é teimoso, aí, resolvi colocar a foto dele para representar a minha “cabeça dura” (a de cima). Mas agora, repensando, acho que no fundo no fundo, não foi por isso não. Foi por acreditar que a popularidade dele levasse alguém a ler todo o texto na expectativa de encontrar algo sobre ele. Isso se chama “enganar o leitor com boas intenções”.
Outro comentário, do meu amigo Ababelado, também me fez repensar. Olha só o que ele escreveu:

“O Raduan Nassar escreveu dois livros geniais e foi morar numa fazenda. Lavoura Arcaica é um dos livros mais incríveis que a literatura brasileira já produziu. Mas acho que você realmente não faz a linha. Tu tá mais pra João do Rio que pra Raduam Nassar. Aliás, tô lendo as crônicas do Nelson Rodrigues sobre futebol. Já leu? É incrível. Absurdamente incrível. Remete a uma idealizada de jornalismo que, acho, levou muitos otários como nós a acreditar nessa profissão ao ponto de escolhê-la como meio de vida. Fico lendo os teus texto aqui no teu blog e percebo que tu ainda guarda um pouco desses ideais. Apesar de todo perrengue, acho que tu se amarra mesmo em ser jornalista. Eu cansei faz tempo. Não acredito no jornalismo. E acredito cada vez menos na literatura. Acho que tudo que havia para ser dito, já foi dito. E pouco mudou. Mas não liga pra mim, não. Eu tô ficando velho. Abraço, cabrón”.
Gostei do trecho: “O Raduan Nassar escreveu dois livros geniais e foi morar numa fazenda. Lavoura Arcaica é um dos livros mais incríveis que a literatura brasileira já produziu. Mas acho que você realmente não faz a linha”.


Porra alemão-carioca-capixaba-gaúcho, eu não faço a linha por que nunca vou escrever algo que se compare a esse Laovura Arcaica? Já sobre o resto, porra, gostei muito do “À sombra das chuteiras imortais” do Nelson Rodrigues, é genial. Mas, o que fiquei repensando é sobre a questão do jornalismo e da literatura. O Ababelado já tinha me dito pessoalmente que não acredita no jornalismo, só eu não sabia que ele também não acreditava na literatura. Mas, como coloquei no comentário do comentário daquele post, acho que eu ainda acredito na porra toda porque ainda to pedalando na vida, e acho que se eu não acreditasse, não deveria estar fazendo mestrado (apesar que o Juremir também não acredita no jornalismo e é um dos melhores professores de Comunicação do Brasil). Acredito que a desilusão vem em boa parte das porradas que levamos do mercado, ou ainda, quando nos damos conta de como funciona todo o sistema e vamos percebendo que tudo não passa de jogos de interesse, onde os jornalistas, na maioria das vezes, são verdadeiras marionetes. Nesse sentido, é muito bom a Monografia da Imprensa Parisiense, do Balzac, onde ele diz tudo o que tinha que ser dito sobre esse assunto. Realmente, é muito raro hoje em dia encontrar alguma coisa “nova” para ser dita em termos de pensamento.
Depois de ler Lawrence, Cervantes, Shakespeare, Nabokov, até o A Sangue Frio do Capote, e os brasileiros Erico Verissimo, Machado de Assis, Jorge Amado, etc, é difícil comparar essa literatura e os pensamentos e teorias de Freud, Stuart Mill, Gustave le Bon, Alex de Tocqueville, e tantos outros, com tudo o que é produzido hoje. Mas, sei lá, acho que a única novidade que teríamos em termos de pensamento, hoje, seria se algum morto voltasse para nos contar como é o além (apesar de que isso foi feito por Chico Xavier...), mas enfim... Concluindo, é por isso que gosto dos comentários: me fazem pensar mais ao ponto de ficar perdido nas idéias e sem saber o que pensar...
Agora, por outro lado, repensando melhor, acho que Stuart Mill, Nabokov, etc, também acreditavam que não tinha nada mais a ser dito depois de lerem tantos clássicos anteriores a eles... Inclusive, o Capote diz ter escrito A Sangue Frio por considerar que a literatura estava muito chata e sem nada de novo, e, para ele, Capote, o A Sangue Frio não é jornalismo, mas sim, romance de não-ficção (que resultaria no New Journalism, mas se não é jornalismo, como é New Journalism?). Que merda, melhor parar de pensar um pouco e cuidar da minha mini-fazenda antes que eu pire ainda mais...

3 Comentários:

  • ser humano...os teóricos são filósofos que em geral escrevem sobre a realidade sob um novo olhar...eis o que é novo! há muitas coisas a serem analisadas e muitos olhares a serem descobertos, então não seja fatalista... e pensando, sobre o teu gosto com o mestrado, quem sabe não serás um jornalista pesquisador...existem várias possibilidades dentro de uma área oras...entonces tchau... eu escreveria sobre como é legal ter um dvd novinho e que ganhei de graça huhuhu

    Por Blogger Carolina, às 1 de setembro de 2010 às 12:03  

  • poxa manolo... os comentários são bons mesmo... é uma interação muito legal...

    como to meio sem vontade de pensar... vou só dizer que concordo com o que tua irmã escreveu no coments dela... hehe...

    acho que sempre vai ter algo novo para ser dito... o mundo é mutável... as coisas mudam, as pessoas mudam... tudo muda e com isso, sempre podemos descobrir algum aspecto novo e interessante para discutir...

    acho que era isso...

    abraço aee manolo...

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 1 de setembro de 2010 às 21:47  

  • Mas e os gatos, ta comendo ou nao?

    Por Blogger Zaratustra, às 2 de setembro de 2010 às 06:14  

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