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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Making-of Intercom 2010 - Parte 5

Quem escreveu o texto a seguir foi nada mais nada menos do que Cleiton Ribeiro Martins, mais conhecido como seu Creitú (http://creitu.blogspot.com/). Ele (na foto, E) é acadêmico em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juíz de Fora/MG (UFJF). Segue o texto:

Mais que um congresso

Durante os dias que passei em Caxias do Sul aprendi muito sobre o quanto a vida pode ser surpreendente e o quanto a diferença abre um horizonte imenso quando é encarada como merece. Em uma mesa que participei, assisti a um trabalho que mostrava o quanto as pessoas podem ou não mostrar seus lados agressivos em jogos virtuais. Pense bem, através de um aplicativo, o usuário mostrou a vontade de fazer coisas que talvez só Freud fosse entender. Provavelmente fez amigos, trocando ideias, receitas e pediu conselhos sobre coisas que aconteceram na vida dele. Uma namorada quem sabe...
No sul também pude conhecer um homem que colheu pêssegos a sua vida inteira e até os 22 anos, não sabia o que era uma praia. Imagine! Para mim é uma palavra tão usual que excluo a possibilidade de qualquer um que não saiba o que significa. Ele sequer imaginava em seus 22 anos de existência que havia tanta água no mundo. A primeira vez que escutou a palavra foi quando um amigo o chamou para passar férias em Torres (uma cidade litorânea do RS). Tímido, preferiu se calar e descobrir sozinho o que era. Chegando lá, se deparou com aquela imensidão toda e viu que o mundo era muito maior que a pequena cidadezinha de Campestre de onde vinha. Havia muito mais do que descendentes de italianos cultivando pêssego. Quando perguntei o que ele achou, ele tirou uma fotografia do bolso e com brilho nos olhos disse: “É a melhor coisa do mundo!”.
Até mesmo nas triviais conversas dentro de um ônibus pude aprender muitas coisas. Política, por exemplo. Descobri que há razões para acreditar que o lado liberal econômico, costumeiros aos tucanos, pode sim beneficiar a parcela mais pobre da população. Sinceramente, para mim não tinha cabimento uma afirmação dessas ser verdadeira em solo tupi guarani. Talvez faça sentido para os americanos e seu sonho contínuo de que o dinheiro é o fim e a competição é o meio, mas para brasileiros, que gostam de negociar e fazer jus ao “jeitinho” que resolve tudo, era inimaginável para mim. Porém dito por uma senhora de 60 e poucos anos que mal sabia falar, mas conseguia embasar muito bem seus argumentos, percebi que existe certa lógica e que é realmente válido (indo contra toda a crise atual do liberalismo).
Tive a oportunidade de conhecer um pouco do Mississipi e percebi que blues é envolvente, sexy e fascinante. Vi que São Paulo é um estado interessante e um lugar onde quero passar muitos dias e quem sabe morar lá. E o mais cativante de tudo, foi encontrar um produtor de áudio que deixa qualquer Indiana Jones no chinelo com suas aventuras. Já ter dublado um filme americano, se perder em Machu Picchu e ter que voltar para casa com peruanos desconhecidos em um caminhão pau de arara são somente algumas das muitas histórias que escutei nesse dia. Por um segundo até pensei que fosse mentira tantas afirmações de criatividade spilberguiana. Então percebi que não valia a pena saber se era verdade ou não. É muito mais divertido acreditar em uma viagem absurda e emocionante do que escutar frase sobre uma rotina chata e cansativa. E não há nada mais justo do que dar a alguém o direito de por um momento ter realizado os feitos que sempre quis.
Mais do que um congresso, a ida pro Rio Grande do Sul trouxe experiências impagáveis e um crescimento exponencial no respeito pelos outros e na diminuição do preconceito. Que venha Recife, com mais diferenças, vivências e histórias. Quem sabe até mais um texto...

2 Comentários:

  • É isso aí meu amigo! Venha conhecer mais os encantos do nosso Rio Grande!

    Parabéns pelo texto!

    Por Blogger Aline, às 21 de setembro de 2010 às 19:15  

  • Quero, agora publicamente, parabenizar o Rittchêr pela ideia de juntar mundos que eu sei que existem, que existiram em Caxias, e que sei que descobri-los é tarefa dificil. E por mais que se tente, ainda não dominamos todos os espaços da comunicação e do envolvimento com o outro.

    E claro, adorei o texto, me levou por mundos que estiveram foram da miha órbita, mas que graças ao garoto Creituuuuuu, o nosso Seu Creituuuuuuu (Vi nascer esse "nome", hein!), pude conhecer!

    Por Blogger Quem escreve, às 21 de setembro de 2010 às 20:23  

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