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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Uma aula sobre a vida em Nova York

Bom, como estou mantendo o ritmo de um dia caminhadas full-time e outro half-time, acabei acumulando aqui dois dias dessa trajetória (sei que dificilmente vou manter esse ritmo até o final, mas como essa é a minha última semana antes do início das aulas, vou aproveitar). A primeira parte desse texto não tem nada a ver com o título. Na verdade, eu teria um monte a escrever sobre a visita que fiz ao Museu de Arte Moderna, mas vou apenas pincelar alguns comentários... Já a segunda parte do texto, sim, é acerca da aula sobre a vida em Nova York que tive com o professor de português da New York University (NYU), o mineiro Walter Azevedo.
Mas, comecemos por quarta-feira. Como disse, tirei esse dia para visitar o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Moma. Trata-se de um prédio localizado relativamente próximo a parte sul do Central Park. São seis andares, sendo que no primeiro fica o saguão de entrada e uma loja de livros e variedades, do segundo ao quinto são as exposições fixas (das obras que são do museu) e no sexto ficam as exposições temporárias (os eventos especiais). Bom, minha visita não foi muito organizada, mas como tinha mais ou menos umas três horas, acabei conhecendo todo o museu.
Antes de mais nada, vale a pena dizer que essa é uma visita que vale a pena. Claro, a não ser que você odeie arte. Mas se você é um leigo admirador, como eu, já vale a pena. E se você é um especialista ou apaixonado por arte, então, nem se fale. Eu comecei pelo segundo andar, seguindo a ordem crescente, de baixo para cima. Lá são as obras mais recentes. Vi várias que me impressionaram, como essa, que posto a foto aqui, da luta de boxe. Também tem a outra, que estou postando embaixo, e que é bem famosa, em que o artista pintou a sua vizinha, que tinha deficiência, e acabou fazendo um jogo de contrastes.
Depois, para não perder tempo (pois vi que o negócio não seria tão rápido, pois são muitas e muitas obras (mesmo!), fui direto para o quinto andar, que é onde estão as obras das três estrelas do museu: Picasso, Van Gogh e Monet. Do primeiro, são inúmeras obras, entre pinturas e esculturas. Uma mais impressionante que a outra. Aliás, eu tenho um livro do Picasso, publicado pela LPM, que se chama O desejo pego pelo rabo. Olhando de perto as obras dele, entendi a sua fascinação por questões relacionadas a nudez e sexo. Achei genial e fiquei um bom tempo admirando cada uma de suas pinturas. Já de Van Gogh, tem apenas a obra que ele fez de um amigo seu e que se tornou famosa (ela ilustra o museu no livro do seu Manuel). Já de Monet, é um meio termo: não cheguei a contar, mas deve ser umas seis ou sete obras, sendo uma delas, um quadro gigante que ocupa uma parede inteira. Não vou ser didático e ficar falando de cada uma delas (tem tudo isso na internet), apesar que, ontem, a minha ideia era fazer um post certinho, apresentando as obras, a história, os autores e fazendo comentários (um desses sonhos que a gente planeja, mas que chega na hora e você se da conta de que tem uma porrada de outras coisas pra falar, e acaba deixando de lado...). Enfim, seguem uma obra de cada um desses três autores, na ordem em que eu os abordei antes...
Depois disso, tendo garantido as visitas das obras-estrelas, visitei o quarto e o terceiro andar, em que há outras inúmeras obras e exposições (como as salas de vídeos, em que você fica assistindo alguma seleção de vídeos com sons estranhos) e, por fim, fui para o sexto andar, onde tinha uma exposição muito boa, mas que não era permitido tirar fotos - com fotografias e pinturas. Ah, e não lembro em qual andar é a exposição fixa das fotografias, mas é outro ponto que vale a pena conhecer, pois elas são impressionantes (sem necessariamente serem impressionistas). Enfim, como disse, poderia escrever um livro sobre o museu (que aliás, ele já existe e tem lá pra vender por 60 dólares - com todas as obras e nomes de autores e títulos), mas, resumindo, como eu disse, é uma visita que se você, nobre leitor, tiver a oportunidade de fazer, vale a pena (mas é bom reservar pelo menos essas mesmas três horas para poder conhecer minimamente todas as seções). Escolhi uma foto que achei genial, e que representa muito do que penso, e que foi a última que tirei no museu (pois depois dela, acabou o flash da máquina...). Acabei saindo do museu às cinco e meia da tarde (hora em que ele fecha) e fiquei zanzando pelas ruas de Manhattan até às nove da noite, hora do jogo do Grêmio contra o Santos que, como já está ficando tradicional, fui assistir no Smithfield (o pior foi que na hora do segundo gol do Grêmio eu estava no banheiro...). Mas, voltando à questão das fotos do museu, segue a foto da foto... que tem tudo a ver com o Imortal...
Bom, e hoje, quinta-feira, foi um dia mais light, sob o ponto de vista dos passeios. Porém, digo isso em termos de caminhada, porque em termos de aquisição de conhecimento, foi uma tarde incrível. Foi um passeio curto, mas com uma parada de duas horas para um café (e muita conversa) com o professor de português da New York University (NYU), o mineiro Walter Azevedo. Pra começo de conversa, a maneira com que conheci o professor já foi totalmente inusitada: lá pelo segundo ou terceiro dia em que eu estava em Nova York, estava zanzando pelos arredores do Empire State, quando vi um cara com a camisa do Flamengo. Pra falar a verdade, eu apressei o passo para alcança-lo na sinaleira, pois até então não tinha encontrado nenhum brasileiro. Sei que em outro texto disse que iria fugir dos brasileiros aqui, mas mesmo quando escrevi isso, sabia que não seria verdade (é mais uma imitação mal feita de polemizar, a la Paulo Francis). Enfim, alcancei o cara e, do lado dele, disse "Flamengo, ãhm?". E então nos conhecemos e, que coincidência, descobri que ele era professor da NYU - a universidade que está me recebendo no doutorado em Comunicação. Foi uma conversa curta nesse dia, mas peguei o email dele. Depois de adiarmos várias vezes uma conversa, hoje ela acabou acontecendo. E, para a minha sorte, tive uma aula sobre história e vida em Nova York e na NYU.
Seria impossível descrever tudo que conversamos, mas, dentre outras coisas, ele contou a história de um prédio muito impressionante que tem do lado de um relógio de uma igreja e que ele estava sendo construído em 1929 para ser o maior prédio de Nova York, quando houve o crash da bolsa de valores de NY e ele acabou ficando pela metade. E o pior é que da para ver que a obra ficou pela metade,
pela sua arquitetura e pela discrepância do seu tamanho com os arranha-céus vizinhos. Além disso, ele deu um depoimento fora de sério sobre o 11 de setembro. Realmente eu nunca tinha ouvido, nem na TV, nem em filme, nem em matérias, um depoimento que me fez sentir como se a tragédia recém tivesse acontecido. Ele contou como ficou sabendo do ataque (narrou que foi acordado pelo seu colega de apartamento, que foi sem acreditar olhar no terraço do seu prédio e viu, primeiro, as duas nuvens de fumaça e, depois, viu uma das torres literalmente implodir). Contou da sensação de terceira guerra mundial que ficou no ar, de ver as ambulâncias e caminhões de bombeiros passando cheio de cinzas, de como tudo acabou em lojas e caixas eletrônicos de uma hora pra outra, dos dias seguintes, em que os ratos da região das torres, também tentando se salvar, subiram para as outras regiões, tornando tudo um cenário de filme de terror, de como não houve transporte público nos dias seguintes, do cheiro de carne humana queimada que ficou no ar, enfim, contou sobre a dor que foi isso tudo, em especial, para quem mora há anos em Nova York, como ele, que chegou aos Estados Unidos há 25 anos.
Mas, além dessa aula de 11 de setembro, ele também falou muito da vida artística da cidade, da cultura do dia a dia dos americanos, da comida daqui (que estou tentando me acostumar) e muito mais.
Bom, pra variar, acabei escrevendo demais, mas é resultado de dois dias acumulados. Então, vou parando por aqui! Peço desculpas pelos erros que possam estar passando nesse e nos textos anteriores, as repetições de palavras e tudo o mais, pois vou escrevendo no ritmo em que vou pensando e, quando termino de escrever, estou com os olhos ardendo e a cabeça pesada que acabo não revisando. Talvez, um dia, eu pegue tudo que escrevi e revise. Mas, por enquanto, vou escrevendo a la Jack Kerouac e Hunter Thompson: simplesmente jogando no espaço em branco as ideias que vão vindo à mente.
Agora sim, hasta!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O dia em que quase entre na ONU

Não foi dessa vez. É, amigos, esta difícil de visitar a sede das Nações Unidas em Nova York. Depois de adiar a visita três vezes, hoje estava decidido a ir lá, passar dar um "oi" geral pra galerinha da paz. Saí cedo de casa, até porque, depois de duas semanas, deixei uma sacolada de roupas sujas para perder a virgindade das lavanderias americanas. Deixei o saco lá e segui meu caminho.
Não é difícil achar a sede, pois ela é gigante e ocupa bastante espaço, na primeira avenida, por volta do cruzamento com a 46 Street. Comecei a tirar fotos da frente, das bandeiras e, quando já eram quase duas da tarde, resolvi entrar (como se fosse assim). Dessa vez creio que tenho razão em ficar brabo com o seu Manuel, lá da Folha de SP, pois em nenhuma parte do seu texto sobre a ONU ele comenta sobre a compra de "tickets". Pois é, perguntei para o guardinha se ali era a entrada dos visitantes e ele confirmou, mas perguntou "você tem o ticket?". E eu não tinha. E o pior é que não dava para comprar ali, na hora. O troço tem que ser comprado com antecedência, pela internet. Então respirei fundo, embaixo de um sol de 30 graus, e atravessei a rua, onde tinha sombra e uns banquinhos em um prédio luxuoso. Parei para pensar um pouco.
Depois de refletir sobre a situação, decidi tentar comprar o negócio pelo celular. O foda é que eu tava de saco cheio... sem paciência... um pouco pelo sol, um pouco por ter que gastar 18 dólares para fazer uma visita que eu nem sabia se valia a pena, então, quando comecei a tentar entrar no site e fazer a compra, meus dedos gordos apertavam o botão que eu não queria, e o tempo passava, e o troço fechava as 16h30, e eu fui me irritando mais e resolvi desistir da missão e me contentar com as fotos do lado de fora...
Acho que pela primeira vez me senti estressado em Nova York. Um pouco era pela frustração do acesso negado, outro pouco pelo calor sufocante (e, acreditem, estava difícil catar uma sombra àquela hora) e outro pouco porque não havia almoçado (apenas tomei um café e saí pra rua). Ou seja, eu queria estrangular alguém. Até confesso que senti isso outro dia, na Times Square lotada, pois quando eu queria seguir em frente tinha um monte de mula parada ou andando devagar na minha frente, e quando eu queria parar para tirar foto ou pensar na vida as pessoas passavam me atropelando... Então, nessa vez sim, por pouco eu não pulei no pescoço de alguém... Mas enfim, dessa vez eu estava num nível de irritação muito alto.
Respirei fundo e tentei botar as ideias no lugar e acabei fazendo fotos pelas redondezas, pois praticamente na frente da ONU começam as três quadras dos prédios do Tudor City, uma tentativa de planejar a cidade urbanamente na década de 1920, e, seguindo um pouco mais adiante, cheguei na sede do Daily News, prédio do jornal que foi criado em 1919 e que abrigou vários jornalistas sensacionalistas (os famosos muckrakers) e que foi cenário de filmagem do Super Homem nos anos 1980 (o saguão do prédio era a redação do Planeta Notícias).
Hoje o jornal funciona em outro endereço, mas o prédio foi considerado patrimônio nacional.
Depois disso, achei que daria tempo de ir no Museu de Arte Moderna, que ficava na 53 Street. Imaginei um prédio de uma quadra inteira e, talvez por isso, fiquei dando mil voltas ao redor sem achar o troço (aproveitei para ficar tirando fotos dos prédios com arquitetura estilosa e espiar algumas igrejas históricas que tem ali pela região). Depois de uma hora, achei. Entrei e o ar condicionado de lá era tudo que precisava. Continuava com fome e cansado, só que dessa vez tinha passado a minha ira. Queria mais comer e deitar numa cama. Então, considerando a hora (mais ou menos quatro e meia da tarde) e o fato de que eu não estava com a minha carteirinha da NYU para ganhar desconto, decidi partir. Ou seja, a tarde foi de duas tentativas de visitas frustradas. Mas, antes, fui catar um restaurante para comer algo. Primeiro tentei uma pizzaria, mas ia ovo na massa. É a terceira que paro para perguntar e que coloca ovo na massa. Esses americanos malditos não sabem fazer massa de pizza sem ovo, caralho? Enfim, apesar da fome, sabia que não queria fast food, hamburger ou batata frita. Qualquer coisa menos isso e comida indiana. Caminhei bastantinho, mas achei um restaurante, que não era indiano, e que oferecia arroz (amarelo - eles tem a mania de fazer arroz amarelo aqui), frango e uma salada estranha. Pedi o troço e a salada era parecida com uma mini-sopa, com berinjela, uns negócios que pareciam cogumelos e outros objetos não identificados... Comi. Senti um gosto (ou melhor, uma sensação) de pimenta, mas pelo menos era comível. Junto, ao invés de refri, peguei uma limonada (que não era de limão, mas sei lá por que, eles chamam de limonade). Ou seja, acho que esse foi o meu primeiro dia a ficar 24 horas sem tomar refrigerante.
Bom, resumindo, comi e vim embora. Cheguei em casa cedo, por volta das cinco da tarde e estou aqui, desde então.
Pela primeira vez em 15 dias joguei meu Fifa no computador, com um retrospecto razoável: cinco jogos, três vitórias, um empate e uma derrota. Aproveitei o tempo para colocar email, colunas, etc, em dia.
Acho que estou revezando entre um dia cheio e um mais ou menos, portanto, amanhã é dia cheio, pois pretendo visitar, finalmente, o Museu de Arte Moderna e, depois, ficar direto para assistir ao jogo do Grêmio no Smithfield, na 28 Street.
Bom, po-por hoje é isso pessoal! Hasta!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Yes, God is great!

Há uns cinco ou seis anos eu comprei um DVD pirata, não lembro se em Santo Ângelo ou em Porto Alegre, que contava com 92 músicas que marcaram época. Haviam nesse DVD várias músicas famosas, de artistas e bandas que iam de U2 à Gun's and Roses, passando por Bob Marley e Elton John. No entanto, um clipe, por estar em sintonia perfeita com o ritmo e com a letra da música, fez com que eu ficasse bitolado nele: era One of us, de Joan Osborne. Na verdade nunca fui pesquisar nada sobre a história da música ou sobre a cantora, apenas adorava a letra e o clip. Inclusive, mais ou menos um ano atrás postei no Facebook que esse clip era provavelmente o melhor que eu já vi. E, sinceramente, não faço ideia de quantas vezes eu já assisti a esse vídeo, pois era um daqueles que eu via cinco vezes seguidas, todos os dias, sem enjoar. A combinação da praia, com pessoas simples, desajeitadas, em seu momento de lazer, contrastando um ambiente de paisagem, que geralmente aparece na mídia como algo com glamour, como a Zona Sul do Rio de Janeiro ou o Caribe, ali esse ambiente tão almejado era jogado contra a simplicidade do ser humano. Quando já estava nessas de vir para os Estados Unidos, eu sempre achava que o clip tivesse sido filmado em alguma praia da Califórnia, provavelmente em Los Angeles Beach.
Pois eis que, por uma dessas coincidências do destino, acabei parando hoje no cenário do clip. Ontem de noite (domingo) eu havia programado alguns passeios para a semana, entretanto, fechada a agenda, eu lembrei que vi em algum lugar do livro do seu Manuel, lá da Folha de SP, que há praias em Nova York. Foi então que me deu a gana de conhecer uma delas. E peguei um livrinho do seu Manuel e encontrei Coney Island. Interessei-me na hora, pois está escrito que lá, já no século XIX o poeta do Brooklyn, Walt Whitman, compôs vários de seus poemas. Aliás, como fui descobrir, Coney Island fica no extremo sul do Brooklyn, ou seja, essa também era uma ótima oportunidade de sair de Manhattan desde que eu cheguei. Outra curiosidade é que nos anos 1920 fizeram o metrô que liga Manhattan até Coney Island, o que permite ir da ilha até a praia em uma hora. E, uma das atrações da praia, é o parque de diversões, que foi criado justamente na década de 1920 e que se auto intitulava como "O maior parque de atrações do mundo". Enfim, eis um lugar, uma praia, que tem uma história razoável. E, além disso, conta com o New York Aquarium, que parecia ser uma visita atrativa, pelas fotos exibidas pelo seu Manuel. Depois de ver tudo isso ontem no livrinho e em alguns sites (que também falavam do orgulho dos nativos na montanha russa Cyclone) decidi adiar pela terceira vez a minha ida até a sede da ONU e ir até uma das praias mais famosas (eu acabara de descobrir isso) de Nova York.
Plano traçado, lá fui eu, catar o caminho de metrô para chegar lá. Na verdade tive que pegar dois, pois fui daqui até a 14 Street pela Lexington e de lá peguei o N, que tem como última parada justamente Coney Island. O trajeto de uma hora se torna mais agradável no momento em que o metrô passa pela ponte do Brooklyn e você pode ver o troço todo pela janela. Enfim, depois da viagem, cheguei na estação e já puxei a câmera para ir registrando. Na entrada você já se depara com algumas curiosidades, como uma loja de boias, uma loja só de doces e o Natan's original, que está lá desde 1916. Mas, na medida em que fui indo em direção a praia (não precisei perguntar pra ninguém "where is the beach?" pois não tem erro, tudo leva para a beach) e fui vendo o parque de diversões gigantescos na frente da orla fui identificando... é o cenário do clip, caralho! Yes, God is great! Foi aqui! É esse o parque! E são esses os bares na beira da praia! E é essa a areia gigantesca, e o mar! Tudo igual! Yes, God is good! Putaquepariu!
Acho que por essa coincidência, e também por ter essa ótima surpresa, que gostei tanto de Coney Island! Achei um dos melhores lugares de Nova York (pelo menos no verão), afinal, as pessoas que estavam ali pareciam terem saído diretas do clip! Afinal, como diz a música, "e se Deus fosse um de nós, apenas um desajeitado como nós?". Caralho, fiquei com a música na cabeça a tarde inteira. E curti muito o lugar, andei muito pela orla, pela beira da praia, molhando os pés na água (que estava gelada, mas mesmo assim tinha bastante gente tomando banho), olhando os diferentes rostos que por lá circulam, e, óbvio, sentei na areia e fiquei ali um bom tempo aspirando a atmosfera do lugar. Depois de um tempo de meditação, entrei no New York Aquarium
(que aparece no clip, mas que nunca tinha me ligado até então) e lá tirei umas fotos legais, mas ainda acho que é mais aconselhável para as crianças (a não ser que você seja biólogo ou fanático por peixes e espécies marítimas). Saindo do Aquarium, comi o tradicional cachorro quente com batata frita do Nathan's e voltei para a orla, onde passei o resto da tarde, em uma segunda feira perfeita ao sol (plagiando o título de um filme espanhol - muito bom por sinal - que vi há anos).
E assim, descobri que, Yes, God is great! Yes, God is good! Afinal, me senti dentro do clip mais foda que eu já vi. Apesar da certeza, chegando em casa, fui confirmar a minha tese de que o clip havia sido gravado ali e, sim, está lá, no Wikipédia (http://en.wikipedia.org/wiki/One_of_Us_(Joan_Osborne_song) e no próprio clip (http://www.youtube.com/watch?v=USR3bX_PtU4).
Bom, no final das contas, esse acabou sendo um dos passeios mais agradáveis que fiz até aqui, nessas duas semanas de New York City! Seguem algumas fotos a lá "One of us" (inclusive, a última, aparece de forma praticamente idêntica no início do vídeo!):
Hasta!

domingo, 25 de agosto de 2013

O fantasma de Lennon

Hoje vi o fantasma de John Lennon. E é sério. A missão desse domingo era simples e convencional: pegar a máquina e sair fotografar o Central Park, com dois objetivos bem definidos - o Central Park Zoo e o edifício Dakota, prédio em que morava e onde foi morto John Lennon em 1980. A primeira missão foi cumprida pela metade. Demorei para achar o tal zoológico, mas chegando lá, descobri que era cobrado ingresso. Então, como no final do ano as crianças virão, deixei para visitar quando elas estiverem por aqui. Consegui, no máximo, tirar algumas fotos de longe, das focas. Depois, dei uma caminhada geral, fotografando as figuras que circulam pelo Central Park em um típico domingo de sol de verão.
Foi assim que fui indo em direção ao edifício Dakota e ao Strawberry Fields, a obra feita dentro do Central Park em homenagem a John Lennon. Sabendo o número da rua, não tem como errar, pois o prédio ocupa toda a esquina da 72 Street com a Central Park West.
De cara, como sempre, comecei a tirar fotos. Depois, cheguei perto e fiquei por ali uns 15 minutos, olhando. Descobri o exato local em que o John Lennon foi assassinado, pois cada turista que chegava ali perguntava ao carinha que trabalha como uma mistura de guardinha e porteiro. "Foi aqui?". "Yes, right here". Fiquei imaginando que esse movimento acontece há 31 anos e meio, desde o assassinato, até hoje. Ou seja, todos os dias do ano, durante todas as horas do dia, e provavelmente algumas tantas da noite, milhares de turistas passam por ali todos os dias. E fiquei pensando na paciência do porteiro, que deve responder às mesmas perguntas centenas de vezes por dia... Mas realmente não tem como não ficar parado ali por um tempo e tentar imaginar a cena do crime.
Eram onze horas da noite do dia 8 de dezembro de 1980 (um ano antes de eu nascer) quando John Lennon chegou ao prédio acompanhado da esposa, Yoko Ono. Dentre a multidão de fãs que se aglomeravam diante do prédio, que é residencial, estava Mark Chapman, que tinha então 25 anos, disparou com um revólver calibre 38 cinco tiros, acertando quatro em Johnn Lennon (na foto, onde está o guardinha e o turista, o local onde Lennon caiu sem vida). Até hoje o assassino, que foi condenado à prisão perpétua, está preso. E o prédio segue ali, sendo visitado por milhões de pessoas todos os anos. O maluco justificou o crime dizendo que estava furioso com as declarações de Lennon, que ele considerou blasfêmia contra Deus.
Atravessando a rua, no Central Park, a procissão a John Lennon continua no Strawberry Fields, a obra em homenagem ao vizinho ilustre assassinado. No dia em que fui, além da multidão de turistas que se aglomera ao redor do círculo, tinha um carinha mais organizado colocando flores na obra e outro tocando músicas de Lennon no violão. Está certo, o cara está ali pra ganhar uma graninha também, mas ele manda bem. E, claro, tem todos os tipos de lembranças com o nome de Lennon sendo vendidas por ali.
O que impressiona mesmo é que o crime aconteceu a tanto tempo, e mesmo assim recebe visitantes de todas as idades, inclusive de gente como eu, que sequer havia nascido quando Lennon foi assassinado. Acho que por um bom tempo a cena do crime e a obra vão continuar movimentadas... Ou seja, creio que o fantasma de John Lennon continuará circulando por ali enquanto houver toda aquela peregrinação...
Bom, depois desse passeio mais reflexivo (pois para você aproveitar, vale a pena ficar um tempo na frente do prédio e sentar na frente da obra e meditar um pouco sobre o sentido da vida) eu segui, tirando fotos das pessoas no domingo ensolarado do Central Park. Aliás, já estou viajando em criar um blog só para as fotos, dividir por categorias, sei lá, por enquanto é só uma ideia, pois aqui coloco poucas, e no Face elas são jogadas, todas bagunçadas e misturadas... Enfim, é tarde, e até segunda ordem, fica só na minha cachola...
Hasta!

sábado, 24 de agosto de 2013

Conhecendo o restaurante do Tom

No fim, a sexta e o sábado acabaram sendo, relativamente, menos movimentados que os outros dias. Mas, comecemos pelo princípio: a sexta-feira. O meu objetivo inicial era conhecer a ONU, sede das Nações Unidas. Não tem erro, é só descer na estação da 51 Street ou no Grand Central e ir, até a 46 Street e ir até a Primeira Avenida. Depois de quase duas semanas aqui, já consigo me guiar razoavelmente pelas numerações das ruas. Enfim, acordei e aconteceu o primeiro imprevisto: estava chovendo. Na verdade, era uma garoa, o que me fez manter o plano de ir até a ONU. Falei com o pessoal pela webcam e fui cumprir a minha missão, porém, quando desci na 51 Street aconteceram duas fatalidades que me impediram de ir até a ONU: primeiro, a chuva tinha engrossado. Ou seja, seria ruim ir lá e não poder tirar fotos do prédio do lado de fora, etc. Mas desisti de vez quando fui tirar a máquina do bolso para registrar algo que me chamou a atenção e constatei: deixei a bateria carregando em casa!
Bom, essa era a desculpa perfeita para eu comprar minha máquina nova. Já fazia um tempinho que tinha decidido aposentar a minha máquina compacta digital e aproveitar os bons preços americanos para comprar a tão sonhada máquina profissional. Lembrei de uma loja que eu tinha visto na Lexington, e caminhei até lá. Achei a dita cuja, mas sei lá, agora pareciam que aquelas máquinas da vitrine não eram exatamente o que eu queria e, como eu tinha tempo, acabei saindo para dar uma pesquisada melhor. Resumindo, acabei achando a loja perfeita na própria Lexington, mas mais pra frente. Lá tem uma loja especializada em câmeras. Então, chegou a missão de tentar explicar o que eu queria em inglês, no entanto, o vendedor reconheceu meu sotaque e perguntou "are you from Brazil?". E eu "Yeeeees" - foi o segundo que perguntou isso, sendo que o primeiro disse que nós, brasileiros, tempos sotaque. Enfim, o vendedor falava espanhol, e fomos nos entendendo numa mistura de inglês com espanhol com português e me apaixonei pela máquina que comprei, uma Nikon profissional com duas objetivas (uma 18-55 e outra 55-200) por uma barbada (500 dólares, sendo que no Brasil, com duas objetivas, não pagaria menos de 2.500 reais - pelo que eu tinha visto meses atrás em Pelotas). Bom, resolvi poupar um pouco em outras coisas e me dar a esse luxo, afinal, desde que fiz as aulas com o Paulinho na Unijuí tinha adquirido o sonho de ter uma máquina profissional com uma boa objetiva para fazer umas fotos "melhorzinhas". E, me empolguei tanto, que, chegando em casa, fui cadastrar a minha máquina no site da Nikon e descobri workshops que eles oferecem e já me matriculei em um, que acontece no dia 5 de outubro, aqui em Nova York.
Bom, isso já era final de tarde, o que queria dizer que não teria muito tempo para fazer grandes passeios. Então, fui ver alguma coisa perto e que não precisasse pagar e que ficasse aberto até mais tarde. Foi aí que lembrei do Tom's Restaurant! O restaurante em que a turma da série Seinfield se reunia! Bom, como eu assisti muito Seinfield e Friends para treinar o meu ouvido para se acostumar com o inglês, esse era um ponto turístico obrigatório! Olhando no mapa, o Tom's parecia perto de casa. Calculei 20 minutos de caminhada (pois moro na rua 117 e o Tom's é na 112). O problema é que as ruas numeradas é que são curtas, e as avenidas são largas. E eu moro no cruzamento com a Lexington e o Tom's é na Brodway. Acabei errando o cálculo e levei 40 minutos para ir e mais 40 para voltar. Mas valeu a pena. Na ida, passei por um parque legal, que se não me engano se chama Manhattan Place. Fui olhando, tirando fotos, curtindo o visual. Ali realmente fica perto do Tom's, e, assim que avistei o restaurante, tive que começar a tirar fotos. Devo ter tirado umas 20 iguais, só de empolgação. Não acreditava que eu estava ali, no lugar que nunca imaginei que um dia iria conhecer! Tinha um carinha lendo um livro por ali, sentado num banco, e pedi para ele tirei uma foto minha. Entrei no Tom's com sorriso de bobo no rosto. Perguntei para a garçonete se eu poderia tirar fotos ali dentro. Ela estranhou, mas disse que sim.
E eu comecei a disparar flashes para todos os lados! Alguns clientes me olhavam, com cara de Garfield. Mas a garçonete se empolgou e vi que ela me olhava feliz da vida. Quando pedi para ela tirar uma foto minha, ela perguntou de onde eu era. Eu disse que era brasileiro, e então ela contou que era da Etiópia e que amava Bob Marley (eu estava com a camisa do Bob). Tu vês, uma etiopiana trabalhando no Tom's Restaurant. Nice! O lugar é muito confortável, apesar de não ser tão bem localizado e ser relativamente longe dos pontos mais badalados de Manhattan. E por isso que é legal. Tem fotos, cartas e pôsteres do Seinfield espalhados pelo interior do recinto. Fiz questão de tomar pelo menos um cafezinho lá. Depois de curtir um pouco o ambiente, lembrando de algumas cenas do quarteto Jerry, George, Kramer e Elaine, acabei indo embora. Na volta, aproveitei a empolgação para entrar num sebo, onde achei, e comprei, Better than sex, um livro escrito por Hunter Thompson nos anos 1990. Senti-me na obrigação de adquirir a obra, pois, como já disse, minha tese é sobre o cara.
Bom, e hoje, depois da caminhada de sexta-feira, estava com as pernas e os pés doidos. Resolvi ir para o centro de Manhattan, pois tinha me ligado que não veio cabo USB na máquina para passar as fotos para o computador. Então, lá fui eu. Não tinha em mente fazer nenhum trajeto turístico mais aprofundado, mas, quando estava tirando fotos das figuras que ficam pela Times Square e das lojas de crianças para mostrar os brinquedos para a Larissa, passei na frente do Hard Rock Café. Ontem mesmo estava falando com o meu amigo Tiago Beck do Hard Rock e ele disse que haviam poucos no mundo e que tinha instrumentos de gente famosa, etc. Entrei no site ontem de noite e, agora, ali estava eu, na frente do troço!
Entrei lá e me senti como se aterrissasse em outro planeta. O troço é foda pra caralho! Na entrada, tem uma loja com tudo que é coisa do Hard Rock Café (lembro que eu tive um moletom quando era adolescente sem nem imaginar o que fosse o Hard Rock Café). E, descendo as escadas, tem o próprio Hard Rock Café, ora pois, com café e tudo! O lugar é sensacional e é difícil descrevê-lo. E, realmente, tem instrumentos e roupas dos caras mais fodas da música mundial, como The Beatles, Rolling Stones, Elvis, U2, Madonna, Janis Joplin, Led Zeplin, Nirvana, e tudo o mais que você imaginar! Ah, e Frank Sinatra, obviamente.
Bom, encerro com algumas fotos do Hard Rock Café! Amanhã pretendo fazer um roteiro mais planejado para conhecer outros pontos de New York.
Hasta!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Comida indiana, fast food e brasilian food!

Bom, como prometi a mim mesmo no último post (pois não creio que alguém está lendo tudo o que escrevo), vou fazer nesse post uma espécie de making of do passeio pelas casas do Hunter Thompson. Saí de casa com o roteiro estabelecido, passei na primeira casa, conforme foi relatado no post anterior, de lá fui para o bar irlandês onde a frase que tem na frente dele diz tudo "quando você nasceu nós já estávamos aqui" e, de lá fui para o segundo endereço, que era na Thompson street, entre a Spring e a Prince. E foi aí que perdi metade da minha tarde. De início, fiquei muito raivoso com o mapa do seu Manuel, lá da Folha de SP. Porque eu segui a Brodway até chegar no trecho que fica entre a Prince e a Spring. Como a Thompson é paralela a Brodway, pensei, bom, agora não tem erro, ou é a primeira rua na esquerda ou na direita. Fui para um lado e lá estava a Mercer. Fui para o outro e estava a... adivinha? Crosby! Nada da Thompson! Peguei o mapa e olhei de novo, e de novo, e de novo, e eu realmente estava no lugar certo! Então, cadê a porra da Rua Thompson?? Comecei a perguntar, alguns não conheciam nenhuma Thompson Street, outros sabiam que ela existia, mas não sabiam onde. Então, a culpa só poderia ser do seu Manuel! Folha de SP do caralho! Estava xingando muito eles, enquanto seguia a indicação de um vendedor de barraquinha, quando peguei o mapa novamente e descobri que a culpa não era do seu Manuel, mas sim de quem planejou Nova York! Sim, pois tem duas Brodways! Se você vai para Nova York desavisado, prepare-se, tem a Brodway tradicional e uma Brodway West, que é bem mais curta. E a Thompson ficava perto da Brodway West. Depois de tanto caminhar, completamente suado, pois fazia aproximadamente 30 graus, achei o tal endereço.
O detalhe é que até então eu não tinha almoçado. Acordei sem fome, comi um pouco de batatinha (tipo Ruffles) que comprei outro dia, tomei uma Coca (só comida saudável...) e fui fazer meu dia. Mas a essa hora, depois de tanto suar, estava podre de fome. Mas, por outro lado, não aguentava mais comer fast food (hambúrguer com batata frita). Então, fui andando pela Bleecker, que era a rua que eu tinha que seguir reto durante quadras e quadras, espiando os restaurantes que haviam pelo caminho. A maioria deles coloca o Menu na frente, então, você está andando e pode parar, ver o que tem, e se te agrada você entra, se não, vai embora. E foi nessas que achei um restaurante indiano. A missão era simples: comer qualquer coisa sem ovo que não fosse um fast food. E tinha um prato que era apenas arroz, uma massa (tipo de panqueca), salada e frango.
Simples assim. "Não tem erro", pensei, e pedi o tal prato. Quando chegou, achei ele tão bonitinho, que tirei uma foto. Como estava com muita fome, comi logo umas três garfadas sem respirar. Mas, de repente, ouvi sinos tocarem e, como se eu fosse o Pica Pau do desenho, literalmente parecia que iria sair fogo pela minha boca. Fiquei desesperado e comecei a abanar a boca. Tinha uma família espanhola esperando a comida ao meu lado. Eles ficaram me olhando e riram quando eu disse "it's so hot". Eu não sabia o que fazer. Tomei a latinha de Coca que tinha pedido em um gole. Pensei em ir no banheiro e tomar a água da privada pra ver se passava. Devia estar com a cara vermelha. Cacete! Olhava para o prato e ele estava cheio! Eu não poderia comer mais nem meia grama daquele maldito prato! Odiei a Índia inteira naquele momento. Caralho, como eles comem um troço assim??? Era para ser só um simples frango com arroz!!!! Apesar do desespero, consegui pensar. Acabei optando pelo caminho mais formal: pedi pra embrulhar pra levar. Como aqui em Manhattan não tem tantos pedintes, acabei largando do lado de uma lixeira a sacola com a comida. Dez dólares jogados fora. E o pior é que o calorão não passava e eu ainda estava com fome! Cacete!
Acabei fazendo a rota do terceiro lugar e acabei no White House, o bar do Jack Kerouac e do Thompson, que mencionei no último texto, e lá, primeiro tomei uma cerveja, para passar o calorão, e depois acabei apelando para o fast food para matar a fome... Ah, e foi nesse terceiro lugar que eu encontrei a rua, que é a mesma da casa do Thompson, em que vivia um personagem no seriado Sex and City. Tinha gente fotografando o tal prédio, e havia uma plaquinha de advertência dizendo para não fazer barulho, pois lá morava gente "normal",
então, perguntei primeiro para um cara para saber quem morava lá. Ele estava tirando fotos do prédio, mas ele disse que não sabia. Foi então que avistei duas gurias mais empolgadas e fui perguntar para elas, que me questionaram: "Do you know the TV Show Sex and City?". Eu disse que sim, e então elas me explicaram que lá vivia o tal personagem, que eu não lembro o nome, porque eu não acompanhei essa série. Mas enfim, tirei foto da mesma forma...
A essa hora estava praticamente no horário do jogo do Grêmio (seis e meia pelo horário daqui). Fui reto para o bar da 28 Street para assistir ao jogo. Cheguei lá, o Henrique, um gaúcho de Lajeado mas que mora nos States desde os quatro anos de idade (há quatro em Nova York) estava lá, uniformizado. O problema era que o bar estava lotado de torcedores do Barcelona, que estavam jogando contra o Atlético de Madrid. Bom, perderíamos 20 minutos do jogo do Grêmio até terminar o do Barça.
Pegamos o gol do Neymar, e os espanhóis piraram, e começaram a gritar em coro "Neeeeeeeymar! Neeeeeeeymar!". Caralho. O cara já é ídolo catalão. Acabou o jogo e sentamos no balcão, onde em uma das 20 e tantas TVs, colocaram o jogo do Grêmio. Antes de tomar mais cerveja, tive que tomar uma Coca, pra tentar tirar ainda o gosto da pimenta indiana. Depois, chegou mais um gremista e um grego, amigo desse gremista, que também estava com a camisa do Grêmio (mesmo sem ter ideia do que fosse o Grêmio). E ali, assistimos a derrota para o Santos. Mas o mais interessante foi a conversa que tive com um romeno. O cara tem a minha idade e também lembrava da seleção da Romênia da Copa de 94, de Hagi e Cia. Eu perguntei pra ele como a Romênia nunca mais conseguiu montar um bom time. Ele me respondeu que era muita corrupção, jogadores com cabeça fraca, etc. E ele disse que vai ir para a Copa no Brasil, que é um sonho a Copa no Brasil, etc, mas disse que não sabia nada de protestos no Brasil. Por quê? Ele quis saber. A mesma resposta: muita corrupção, cabeça fraca, etc. No fim das contas, valeu o jogo mais pelas pessoas que conheci do que por qualquer outra coisa. Também descobri que tem ônibus que saem de alguns bares para ir aos jogos do Cosmos, e que o pessoal vai bebendo e cantando, etc... Vamos ver se uma hora dessas eu vou junto... E assim terminou a minha quarta-feira.
Hoje, a missão era ir até a sede da ONU. Saí de casa com uma chuvinha fraquinha, mas quando desci do metrô tinha encrespado. Então, decidi trocar a programação, pois acho que na ONU devem render boas fotos com o tempo bom, do prédio de fora, etc. E em dia de chuva nada melhor do que um... museu! O mais perto dali era o
The Paley Center for Media. E lá fui eu, conhecer esse museu, único no gênero, onde pode-se ver e assistir o acervo de programas de televisão e rádio desde os primórdios, até hoje. Pena que não dá para tirar foto lá dentro. Mas, por outro lado, acabei me tornando sócio, com acesso livre. O ingresso para um dia é 10 dólares. Eu, como estudante, paguei 50 dólares para ter acesso livre o ano inteiro, além de poder ir nos eventos que eles organizam!
Resumindo, assisti lá um pouco de cada coisa, algumas séries antigas, a transmissão ao vivo da NBC de quando chegou a primeira informação do ataque às torres gêmeas, e fiquei vendo até chegar o segundo avião (é realmente uma loucura - e é difícil assimilar a realidade do ocorrido, de tão absurdo que é, em todos os sentidos), também assisti a famosa corrida do Kentucky Derby, que originou a primeira matéria gonzo do Hunter Thompson (claro, nessa transmissão só mostram as coisas lindas, etc), e assisti a programas infantis e comerciais super cômicos dos anos 1950 e 1960, e muitas outras coisas.
Saindo de lá, novamente precisava almoçar. Mas antes, ainda fui conferir a parte de dentro da New York Public Library, que é muito linda. Tirei algumas fotos e então, como ali perto ficava Little Brazil, pensei "bom, deve ter algum restaurante brasileiro original que sirva a comida brasileira original, ora pois!". E assim, encontrei esse restaurante na 46 Street que serve com todos os pratos o arroz e o feijão.
Foi dessa maneira que finalmente tirei a barriga da miséria e saí de lá revitalizado, além de descobrir que na virada de agosto para setembro tem os eventos da Little Brazil, que inclui, nesse ano, show de graça com Zeca Pagodinho!
Bom, acho que escrevi mais da conta, mas hoje o dia estava chuvoso e abafado, então, aproveitei para colocar em dia minhas postagens por aqui....
Hasta la vista!

Hunter Thompson's tour in New York

Bom, ontem acabou sendo um dia mais extenso do que imaginava, então, vou dividir essa postagem em dois textos, para não ficar tudo muito extenso.
Nesse primeiro texto, simplesmente vou apresentar as casas em que o jornalista e escritor norte-americano Hunter S Thompson, o criador do jornalismo gonzo (autor de Medo e delírio em Las Vegas, Hell's Angels, e outros) morou em Nova York, basicamente na virada dos anos 1950 para os anos 1960, além de dois bares que ele frequentou (sendo que o segundo também foi frequentado pela turma beat de Jack Kerouac). Ou seja, vou contar como foi meu trajeto, o que rolou em cada visita, o que percebi, o que senti e o que imaginei. Aquela parte de curiosidades, como a comida indiana que comi pelo caminho, vou deixar para depois - uma espécie de making of.
Antes de mais nada, esclareço que o jornalismo gonzo e Hunter Thompson são objetos da minha tese de doutorado, porém, o que provavelmente me ajude depois na interpretação da biografia e obra de Hunter Thompson, mesmo considerando que ele passou por esses lugares há 50 anos.
A recuperação dos endereços que Hunter Thompson viveu foi possível graças ao livro The Proud Highway: Saga of a Desperate Southern Gentleman, 1955-1967 (The Fear and Loathing Letters) que apresenta a correspondência do jornalista com o respectivo endereço. Natural de Louisville, Hunter Thompson viveu em diversas cidades americanas, mas justamente quando ele tentava iniciar na carreira de jornalista e escritor ele veio para Nova York para tentar a sorte. Ou seja, ele vai começar a aparecer já no final dos anos 1960, bem depois de ter morado nesses lugares, mas isso torna o troço mais curioso, pois foram residências "normais" em que ele morava, pois até então ele era um simples anônimo em formação.
Outra coisa importante a ressaltar, é que na verdade são seis residências mapeadas, mas essas três ficam no centro de Manhattan. Tem outras duas nos arredores de Columbia (onde ele chegou a estudar - e onde visitarei quando lá for) e outra fica mais isolada, na rua 81, longe de onde eu e as coisas estão em NY. Mas vou dar um jeito de passar lá também.
Enfim, vamos então às residências que Hunter Thompson morou e que visitei na tarde de ontem.
A primeira fica na 4th Street com a segunda avenida, em East Village. Esse foi o prédio em que ele morou menos tempo em Nova York: apenas um mês, em dezembro de 1959. Ele morava com seu amigo Dick Murphy, pois estava completamente sem grana para pagar qualquer tipo de aluguel. A rua hoje é bem arborizada e, como vocês podem ver na foto, é um prédio na arquitetura tradicional de Manhattan. Eis as fotos:
Perto dali fica o irlandês Mc Sorley's Irish Bar. Olhando por fora, até parece um bar comum, apesar de escrito que muito antes de você nascer esse bar já estava ali. Porém, entrar no bar é voltar séculos na história. A arquitetura é digna de filme de época. Os atendentes também. As pessoas que estão lá, idem. Realmente ao entrar lá imaginei Hunter Thompson tomando um trago, pois o bar é a cara dele e de sua obra. Fica a uma ou duas quadras do primeiro endereço que citei, o que me fez imaginar que ele devia passar bebendo por ali. O bar tem fotos de notícias de jornal, alguns famosos antigos, porém, quando falei para o dono que o Hunter Thompson frequentava o bar, ele perguntou "who?". Eu repeti "Hunter Thompson! The writer! The journalist". O senhor irlandês franziu a testa e murmurou "I don't know any Hunter Thompson. Is he alive?". Aí realmente senti que somente eu ali sabia quem era Hunter Thompson. Aí comecei a entender o que o Dodô Azevedo, em Fé na Estrada, queria dizer que os americanos eram ignorantes da própria história. Pra mim faz sentido, pois grande parte do que conheço da cultura americana aprendi na literatura beat e nos escritores malditos. Se não fossem eles, estaria cagando pros Estados Unidos... Mas, pelo menos aqui, o ambiente parecia ser o mesmo dos anos 1950... Eis as fotos do bar - incluindo eu tomando uma em memória ao velho Hunter:
Dali, segui para o próximo endereço: a Thompson Street (sim, Hunter Thompson tinha que morar na rua Thompson, ora pois!) com a spring Street. Na verdade o endereço é Thompson Street, 107. O bairro é bem família, todo arborizado. Antes de chegar no prédio do Thompson passei por uma quadra esportiva, com pessoal jogando basquete e praticando outros esportes, e mais ao lado tinha uma piscina com crianças e mulheres gordas ao redor, cuidando as crias. A arquitetura desse prédio é igual ao primeiro, com as escadinhas do lado de fora, etc, o que me fez imaginar o Hunter Thompson subindo bêbado aqueles degraus. Nesse endereço Hunter Thompson morou com a sua namorada Sandy, que se tornaria esposa (e depois "ex") e mãe de seu único filho, Juan (encontra-lo, eis outro desafio meu aqui nos States). Ele viveu nessa rua durante três meses, entre julho e setembro de 1960. Perto desse endereço não tinha nenhum bar mencionado que ele fosse frequentador, então, segui adiante meu caminho, até chegar ao último endereço de Hunter Thompson nas redondezas. Mas antes, eis as fotos desse prédio e vizinhança, 50 anos depois:
Por fim, o terceiro e último endereço visitado nessa caminhada foi na esquina da Perry Street, prédio número 55. Esse parecia ser o mais ajeitado de todos, inclusive um senhor engravatado entrou e me cumprimentou, sorridente, pensando "o que esse idiota tá fazendo tirando fotos do meu prédio?". Porém, ali perto, tem outro endereço ilustre: era a casa de um personagem do Sex and City. Na próxima postagem, com as curiosidades do passeio, falo mais sobre isso. O fato é que essa é outra rua arborizada, residencial, aparentemente tranquila. Nesse endereço Hunter morou mais tempo, quase um ano, entre abril de 1959 até janeiro de 1959. Em outro posto vou escrever mais sobre como era a vida de Hunter nesse período, mas se eu escrevesse sobre isso agora, o post ficaria gigante demais para o vagabundo leitor. Então, como hoje em dia as pessoas querem cada vez mais figurinhas e menos texto, seguem as fotos desse endereço:
E, obviamente, perto desse endereço era o famoso bar The White House, que fica a uma quadra do endereço de onde Hunter morava. O bar é famoso para os bitolados por Jack Kerouac e literatura beat, afinal, por ali passaram, além de Jack e Hunter, outros escritores famosos, como Norman Mailer. Os únicos que não sabem disso são os frequentadores e os funcionários do bar. Pelo que tinha lido sobre o bar na internet, achei que tivesse ali pelo menos uma fotinho do Jack Kerouac. Mas que nada, nenhuma referência aos malditos da literatura norte-americana. O bar parece hoje mais uma lanchonete que passa jogos de baseball. As pessoas lá dentro também aparentavam ser típicos turistas que só estão parando para encher a pança. Como estava com fome (também conto essa história no próximo post) comi o tradicional fast food, e conversei brevemente com um russo que conversava com um búlgaro ao meu lado. Falei "Vim aqui porque esse bar era frequentado pelo Jack Kerouac". Mas nem ele, nem a garçonete, uma guria de uns 19 anos, sabiam quem era o velho Jack. Então, resolvi beber quieto a minha cerveja em homenagem ao pai da literatura beat. Um minuto de silêncio enquanto você olha as fotos:
Bom, e assim terminei a minha primeira peregrinação nas casas de Nova York abitadas por Hunter S Thompson. A saga continua, pois ainda restam outras três. Enquanto isso, conto no próximo texto as minhas peripécias durante o passeio. Hasta!