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segunda-feira, 29 de junho de 2009

O sonho (e causos) do eletricista

“Sonhei com Jesus Cristo essa noite e acordei cantando. Acho que foi de tanto ver o Michel Jackson na televisão”. A frase foi dita pelo eletricista que consertou o chuveiro aqui do meu apartamento. Bom, na verdade não chega a ser um eletricista. E indo um pouco mais a fundo, esse foi o re-conserto do chuveiro, já que no sábado ele teoricamente tinha arrumado o dito cujo, mas no domingo a porra toda estourou de novo, e na segunda tive que sair procura-lo para reconsertar o conserto inicial.
Enfim, me senti na obrigação de escrever sobre ele, porque o cara realmente é uma figura. Deve ter uns 60 anos. Depois que estourou o chuveiro, no sábado, fui almoçar ali na esquina e perguntei para a dona do estabelecimento se ela conhecia algum eletricista pelas redondezas. O seu Valdemir (esse o nome fictício dele), que estava tomando um vinhozinho atrás do balcão, se acusou e acabou indo lá resolver a parada. O problema é que, pelo que parecia, o sujeito tinha bebido um pouco além da conta. Ele pegava aquele chuveiro, girava, abria, mexia, virava de lado, de ponta cabeça, olhava, remexia, batia no pobre coitado, o diabo. Até que compramos uma peça nova, e depois de umas três horas, o chuveiro funcionou. Em meio a tudo, ele contou que não ia mais a estádios de futebol desde 91. “Não vou mais. Eu sempre ia e tal e coisa, só que tinha um problema: naquela época eu lidava com droga. Mas eu deixei da bebida e das drogas em 2000”, contava ele, com a língua um tanto enrolada do vinho que tomara no almoço. E seguiu: “mas o problema era um pouco maior. Além de usar, eu ainda vendia droga. Vendia mais para a gurizada, todos meus amigos, tudo parceria. Mas foi então que aconteceu, naquele 1991: vendi um bagulho para um rapaz, que estava com um amigo. Eu vi os dois crescerem juntos aqui na vizinhança. Mas quando vi, começaram a brigar por causa do barulho, ‘me dá aqui, me da aqui’, e pá, e um matou o outro. Aquilo me deu uma depressão... Quantas famílias eu não destruí vendendo droga?”, me perguntava, enquanto girava o chuveiro de um lado para o outro. “Depois disso eu só pensava em me matar, mas conheci uma psicóloga que me tirou dessa vida, começou a me dar roupas para vender, e comecei a fazer estampas para camisas, e agora estou bem”, dizia, tentando encaixar a tampa do chuveiro. Mas no final das contas, em meio a outras histórias sinistras, acabou dando certo. Ou quase certo. Fui tomar banho mais tarde, e em pouco tempo senti um cheiro de queimado. Depois foi a minha irmã, e aconteceu a mesma coisa. Acabei deixando o cheiro de lado, e no domingo, quando fui tomar banho novamente, um novo estouro. Mas vi que não tinha sido no chuveiro. Passou o domingo, e na segunda, eu com um cheiro super-agradável, saí atrás do sujeito. Ele voltou, tão maluco quanto no sábado, no entanto, vi que esse era o seu estado natural de ser. No meio do conserto, acabou falando essa: “Sonhei com Jesus Cristo essa noite e acordei cantando. Acho que foi de tanto ver o Michel Jackson na televisão”. E completou: “sonhar com Jesus é uma coisa boa... Eu acho, pelo menos... Mas desliga lá a chave da luz que eu não quero ver Jesus tão cedo”. E menos de 24 horas depois do novo conserto, o chuveiro ainda não estourou.

sábado, 27 de junho de 2009

Professores dessa vida

Muitas pessoas tiveram uma puta influência na minha formação. E, obviamente, muitas continuam tendo. Cada um contribui de alguma forma. Já falei aqui dos meus pais, do meu irmão e da minha irmã, da minha noiva, de vários amigos, colegas, parentes, e até dos meus cachorros. No entanto, nunca falei de outras pessoas que também foram fundamentais para eu ser isso que sou: alguns professores. Lembro-me até hoje da tia Íris e da tia Sílvia lá no CEP, em Panambi. Depois, em Santo Ângelo, a partir da 4ª série, durante meio ano no Verzeri, e mais vários anos no Sepé, tive outros professores que me incentivaram e me passaram ensinamentos que carrego até hoje. Claro, também tive alguns professores que me viam como o capeta em pessoa. Teve um, de Física, que chegou a falar mais ou menos isso: “quero só ver onde vocês estarão daqui a 10 anos, cambada de vagabundos!”. Parecia que saía fogo da sua cabeça e que ele iria nos matar, ali, em plena sala de aula. Mas não guardo ressentimentos. Muito pelo contrário, essas histórias de aprontar e levar os professores à loucura sempre são lembradas anos depois em meio a muitas gargalhadas. Eu mesmo, quando me aventurei a dar aulas de comunicação para crianças, cheguei a pirar em algumas situações. É a vida. Além disso, estou fazendo mestrado para dar aula, sem saber ao certo o que me aguarda.
No entanto, como estava falando, no Sepé tive uma professora que certamente teve muita influência sobre a visão crítica de mundo, às vezes quase revolucionária: Adriana Andreis. E não foi só comigo não. Antes de eu ter aulas com ela, já ouvia da boca do meu irmão as coisas que ela ensinava em sala de aula. “Tu é um boca aberta, guri. Tu não sabe nada do mundo. Espera ter aulas com a Adriana”, dizia-me ele, e eu ficava acuado como um cachorro, com os olhos arregalados e as orelhas baixas, porém, morrendo de curiosidade para saber o que a professora Adriana falava em aula.
Se não me engano, comecei a ter aulas de Geografia com ela na 7ª série. Desde as primeiras aulas, a turma inteira já ficava quieta e concentrada para ouvir o que ela ia nos dizer, algo raríssimo tratando-se de adolescentes com 13, 14 anos. Confesso que eu não conseguiria isso. Uma das questões que ela colocou em certa aula foi: por que os mapas são do jeito que são? Estados Unidos e Europa no norte, o Brasil e a África no sul. Ou ainda: por que o Sul é sul e o Norte é norte? Quem definiu isso? Seria porque o mundo estaria representando um corpo, onde a parte de cima pensa e a parte de baixo obedece? Confesso que são questões que me faço até hoje, sem saber a resposta, mas desconfio que seja por isso mesmo.
Enfim, além do meu irmão e eu, a minha irmã também foi aluna dela. Esses dias, eu sentado aqui, escrevendo raivosamente contra o Gilmar Mendes, olhei para a minha irmã, que tentava planejar comigo um seqüestro de avião para jogar no prédio do Senado, refleti por um segundo, de repente me veio a questão, que repeti em voz alta: será que eu, tu e o Fábio somos assim por termos sido alunos da Adriana?
Ela pensou por alguns segundos e disse: “acho que sim”. Só para esclarecer, a professora nunca deu a idéia de jogar um avião no Senado, e apesar de não faltar vontade de fazer isso, eu e minha irmã também não tomaremos essa drástica atitude. Mas o que eu quis dizer foi que a professora certamente foi uma das pessoas que mais influenciou no que se refere ao nosso espírito crítico de ver as coisas. Basta ver as nossas profissões: eu e meu irmão, jornalistas. E minha irmã, assistente social, marxista convicta, apesar de ter uma boa inclinação consumista capitalista. E entre tantos e tantos professores que tive na escola, certamente a Adriana foi a que mais nos fez pensar. Tanto é que a maioria dos episódios e das falas de professores daquele tempo que eu tenho claramente na memória, 90% ocorreram nas aulas dela. Lembro-me que desfilei feliz da vida fantasiado de morte, com um machado na mão, ameaçando o mundo, como uma forma de questionar se o capitalismo estaria ameaçando o futuro planeta? Isso em 1995, quando o consumismo exacerbado era um monstro ainda em formação, que foi se alimentando ano a ano com a internet e o desenvolvimento da mídia. Se isso é bom ou ruim, é outra questão. Mas também lembro que foi ela que me explicou de uma forma que lembro até hoje o que era capitalismo, socialismo, globalização e tudo o mais. Enfim, ela sabia dar aula, e ao mesmo tempo sabia despertar em nós uma vontade de questionar o porquê das coisas. E pelo que vejo (é só espiar no orkut), até hoje ela segue formando uma legião de seguidores de suas idéias.
Depois do colégio, tive outros professores que seguiram despertando esse espírito de inquietação, de busca por respostas, de questionamento do que está estabelecido e tudo o mais. Entre eles, destaco o Larry, meu orientador de monografia no curso de Jornalismo da Unijuí. E atualmente, no mestrado em Comunicação da PUC, encontrei nesse semestre mais um professor que levanta questões que, como ele mesmo diz, são para te deixar pensando durante todo o final de semana: Juremir Machado da Silva. E além dele, ainda conto com a orientação de Antônio Hohlfeldt. Seguindo um pensamento de Edgard Morin, na autobiografia Meus Demônios: o negócio é sugar todo o conhecimento possível de nossos professores. Principalmente quando eles têm muita qualidade, como é o caso da Adriana. Ah, e queria outra camiseta azul da turma de Geografia de 1995, com o mapa mundi de ponta cabeça. Alguém tem uma pra me dar?
PS: como só tenho a minha foto fantasiado de morte lá em Santo Ângelo, roubei uma do Orkut da professora, com uma das turmas contemporâneas do Sepé.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Bom dia Arion! Bom trago, Lula!

Não ia postar nada hoje, mas como o vadio do Arion (sobraram alguns xingamentos do Gilmar Mendes para o traste) disse hoje que lê o meu blog todas as manhãs, e eu, como já disse, não acordo antes do meio-dia a não ser em casos excepcionais, vou postar agora esse texto para dar bom dia ao infame.
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No entanto, como as notícias correm, acabo de ler que o Lula vai estar aqui em Porto Alegre nesta sexta-feira, e vai passar pela PUCRS. Para sorte dele, vou estar em aula, e essa é a última aula dessa disciplina, e terei que entregar o trabalho do semestre, portanto, não poderei falta-la, nem mesmo para atirar uma garrafa de vinho barato no crápula. Queria perguntar ao nosso presidente quantas ele tinha tomado quando indicou o cadelo do Gilmar Mendes para ministro do STF. Ah, esqueci, ele criticou a imprensa que estava cobrindo os escândalos envolvendo o Senado. “Tem tanta coisa boa em nosso país para mostrar, e a imprensa só quer mostrar as coisas ruins”, disse. Que palhaçada. Lembrei de um filme feito pela equipe do Hitler, em 1933, onde só mostravam as coisas boas da Alemanha. Uma mulher estendendo a bandeira do nazismo em um belo dia de sol, as criançinhas brincando e correndo em lindos parques, o Hitler sorrindo, certamente era esse o mundo que ele vendeu para o povo alemão antes da catástrofe. E esse filme passou em todos os cinemas da Alemanha na época. Obviamente, o Lulinha sabe, tanto quanto o Hitler e muitos outros, o quanto é importante ter o CONTROLE da imprensa para se fazer o que bem entende, portanto, pra quê jornalistas formados?
Ah, falando em controle da imprensa, o nosso esperto presidente vai vir para Porto Alegre sabem pra quê? Ora, para ser o primeiro a apertar o botão que irá rodar as máquinas do novo parque gráfico do grupo RBS, lá perto do aeroporto Salgado Filho. Está lá, no site da ZH. É aquela velha história que o Muniz Sodré já chamou a atenção para os países latinos americanos: os governos “investem” e apóiam os meios, inclusive com anúncios, e assim, recebem o mesmo tratamento dos demais clientes da mídia: como vai se falar mal do cliente? Ou vocês acham que as campanhas do governo federal no intervalo da novela das oito são veiculados porque o governo é bonzinho? Quanto vocês acham que o governo paga pelas propagandas?
Mas já estou ficando de raivoso de novo, só de pensar nessas coisas. Melhor mesmo é falar de futebol, mas como não dá audiência bloguística, paro por aqui. Ah, e será que o Lula não vai passar lá no bar do tio, pra tomar umas com o Pula-Pula? Acho que iam se dar bem, os dois.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Protesto, derrota gremista e fones de ouvido estragados


Duas coisas importantes aconteceram hoje. Primeiro, o manifesto contra Gilmar Mendes e pró-diploma no centro de Porto Alegre. Foi muito bom, tinha cerca de 400 manifestantes (um recorde, tratando-se de jornalistas). Gritamos, berramos, esperneamos, apitamos, xingamos, cantamos, percorremos as ruas centrais de Porto Alegre, fomos até a frente do Correio do Povo, gritamos mais, xingamos mais, trancamos a rua, voltamos, fomos até o Palácio Mágico, digo, o Palácio da Justiça (tipo aquela sala da justiça, do desenho, sacam?), xingamos mais ainda, gritamos “Gilmar Mendes, seu urubu, vou enfiar o meu diploma no teu cu” (esse foi meu canto preferido, mas o pessoal optou pelos mais “lights”), voltamos, fomos para a Assembléia Legislativa, entramos lá dentro, fizemos o presidente da nobre casa, o seu Pavan, se manifestar a respeito do causo, enfim, fizemos muito barulho. Prometo postar brevemente algumas fotos, mas como estou num computador muito arcaico, não tenho essa possibilidade pós-moderna de baixar fotos. E de quebra, ainda descobri, durante o almoço (às três da tarde) que posso ir para a África. Tudo porque durante a nossa refeição conheci um sul-africano que me garantiu que para ir ao seu país, não é necessário se vacinar contra a febre amarela. “A área de riso é aqui, no Brasil. Lá não tem isso não”, disse-me com um sotaque carregado, o sul-africano, que faz mestrado na UFRGS.
Mas, apesar de já ter escrito sobre tudo isso, não queria mais falar sobre a questão do diploma, pelo menos por enquanto. Indico os sites da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS para que o nobre e atento leitorinho tupiniquim acompanhe o caso. Como me disse há pouco um amigo meu: “falar de assuntos sérios me deixa mal-humorado, deprimido, de mal com a vida”. Enfim, revoltado com o mundo. E, como tenho uma lista de coisas para fazer até o final do mês, não queria falar disso. E nem da segunda coisa importante que aconteceu hoje: a derrota do Grêmio por 3 a 1 para o Cruzeiro. Até acho que saímos no lucro. Passei a semana falando que levaríamos no mínimo 3 a 0, e ainda fizemos um gol (graças ao árbitro que entrou na etapa final). Agora, eu aposto no seguinte placar: Geral do Grêmio (com gols de Herrera e Maxi Lopes) 2x0 Cruzeiro, e Grêmio finalista da Libertadores.
Enfim, fora esses dois assuntos, até já esqueci o que eu ia abordar nessa coluna lida por milhões de leitorinhos tupiniquins e não tupiniquins (sim, meus humildes textos já são lidos por colombianos, brasileiros naturalizados italianos, japoneses, chineses, australianos, sbornianos, etecétera e tal).
Ah, agora lembrei. Estava olhando as coisas que cercam o meu computador e pensando: como tem fones de ouvido estragados por aqui. Devem ter uns 8 ou 9. É que essa é a especialidade da minha irmãzinha: estragar fones de ouvido. Eu compro um por dois pila nos jogos, ela vai lá, e em dois dias estraga. Quando não é ela, sou eu. Pior que nenhum de nós (uhu!) se anima a colocar no lixo essa sucata. Por sinal, não sei de onde tiramos tantas coisas para ocupar espaço nesse lugar tão apertado. Daqui a pouco sai alguém de baixo dessa bagunça. No entanto, a culpa é do inverno. As roupas de inverno ocupam mais espaço. Vou parar por aqui, senão as criaturinhas abrem a página e exclamam: “ah não, mas ele escreveu demais. Não vou ler tudo isso”, e vão para o blog do Gilmar Mendes, que escreve lá suas bobagens em dois parágrafos. Um abraço, e viva la revolución!

terça-feira, 23 de junho de 2009

É hoje!


Texto e charge - site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS:
Jornalistas, estudantes e representantes da sociedade civil promovem nesta quarta-feira, 24 de junho, ao meio-dia, protesto contra a extinção do diploma de jornalistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrida no dia 17. No ato, marcado para a Esquina Democrática, Centro de Porto Alegre, exibirão suas posições por meio de faixas, cartazes, bonecos, apitos e narizes de palhaço. A promoção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e do Núcleo de Estudantes da entidade também conta com a participação de delegações do Interior do Estado. O evento se realiza mesmo em caso de chuva.
Para o presidente do Sindicato, José Maria Rodrigues Nunes, a decisão no STF é de última instância, mas não é definitiva. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e as entidades filiadas ainda esperam a publicação do acórdão pelo Supremo para definir a forma de ação para revertê-la. "A nossa organização coletiva é importante para enfrentarmos as ações das entidades patronais a partir de agora", diz o dirigente, salientando que a mobilização de profissionais e estudantes é crescente.
PS: charge do meu conterrâneo Bier.

domingo, 21 de junho de 2009

Mais uma do diploma

Estava lendo há pouco os comentários postados no debate disponibilizado no site da Zero Hora (www.zerohora.com) sobre a questão da queda do diploma. Lendo alguns comentários, como o dos leitores João Marcelo Azevedo, Sérgio Porto e Virgilio Melhado Passoni, eu lembro do professor Jacques Wainberg (uma fonte inesgotável de citações) falando em aula que no Brasil, 90% da população é composta por analfabetos funcionais, ou seja, sabem juntar as letras e soletrar as palavras, mas não tem aparato cognitivo para descodificar e interpretar as mensagens que recebem. Ele usava um exemplo bem básico: Você fala para uma pessoa: “eu fui de Porto Alegre a Salvador de avião”. E depois pergunta: “fulano, como eu fui para Salvador?”, e a pessoa coça o queixo, murmura um “hmmmm”, e completa: “não sei, acho que foi de ônibus”. As criaturas estão confundindo LIBERDADE DE EXPRESSÃO com JORNALISMO. O ministro disse uma asneira para justificar o injustificável, na maior cara de pau, e o pior, tem gente que caiu! Olha, é triste.
Segue agora o e-mail que recebi (assim como todos os sócios da Sociedade Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo - SBPJOR) da professora Márcia Benetti Machado, que esteve na trágica reunião que resultou na catastrófica decisão do STF:

“Caros colegas
Não falo institucionalmente, falo em meu nome.
Quero apenas registrar que lamento a decisão do STF, especialmente porque os magistrados deixaram explícito que desconhecem as especificidades do Jornalismo. Foi bastante constrangedor assistir à sessão do Supremo e ouvir que jornalismo é literatura, arte e poesia, "puro exercício da intelectualidade". Poucas vezes vi demonstração tão cabal de ignorância.
Outra coisa que merece registro: não extinguiram a obrigatoriedade do diploma por causa da boa ou má qualidade dos cursos. Isso não foi objeto de análise nem de manifestação durante os votos do STF. Extinguiram porque entenderam que não existe, na profissão, nenhuma competência específica que demande formação superior.
Na minha opinião, não devemos vincular (em nossos discursos) qualquer discussão sobre currículos à decisão do STF. Não é "por causa" desta decisão que estamos preocupados com a formação. Sempre estivemos, e aí está a Comissão Nacional de Diretrizes trabalhando com a seriedade que o tema merece.
Abs
Marcia Benetti”
Enfim, nem tudo está perdido. Portanto, não esqueça: manifestação pública, quarta-feira, dia 24, na Esquina Democrática, ao meio-dia em Porto Alegre.
PS: Lara Nasi, se tu não for, vai perder 90% da estima que tenho por ti, pelo teu espírito revolucionário!

sábado, 20 de junho de 2009

Profissões

Se você entrou no blog agora, passe para o texto de baixo, ele é muito mais importante. Mas se você está matando trabalho, pode seguir com esse texto. Estava eu agora, a uma e 35 da madrugada, tomando um vinho barato e pensando nas profissões que eu também poderia trabalhar sem diploma. Concluí que tenho aptidões para atuar para cargos das seguintes profissões (só não vale perguntar se tal atividade é ou não profissão, ok? Estou falando sob o ponto de vista de um não-profissional em porra nenhuma):
Cantor; técnico de futebol; degustador de vinho, cerveja, cachaça e afins; advogado; psicólogo; professor de história, geografia, filosofia e todas as áreas das ciências humanas; ator de teatro, cinema e televisão (com ênfase no cargo de galã de telenovela); jogador de futebol com habilidade afinadíssima (estilo que faz a diferença no time); traficante; ministro (com ênfase em STF); juiz de direito; malabarista de sinal de trânsito; jurista (pra que serve essa porra?); agente de trânsito, vulgo azulzinho; policial (se for da tropa de Choque, melhor); veterinário (gosto de bichos); pistoleiro (com ênfase em Gilmar Mendes); vendedor (de ilusões e não-ilusões); terrorista discreto; detetive particular; taxista; motorista; cozinheiro (com ênfase em carne moída frita); cambista; agitador social; garçon; panfleteiro (com experiência!); maestro de orquestra; pedagogo; presidente da República; senador (com ênfase em presidência do Senado); bombeiro (sei tirar os felinos das árvores); dançarino (com ênfase em Clube de Mulheres); Big Brother; diretor ou presidente de empresa; pescador; enfermeiro; babá; professor de Educação Física; técnico de vôlei e basquete; mensageiro (com experiência comprovada na Carteira de Trabalho - Rará!); escritor; instrutor de auto-escola; poeta; pai de santo; manobrista; locutor; bar mean; atleta; assistente social (como iria esquecer desta, heim Cartolina?); bancário (sei somar); contabilista; professor do jardim à Pós-Graduação de todas as áreas; professor de inglês (the book on the table); técnico em informática; pintor (com ênfase naqueles desenhos de palitinhos); criador de porcos; fazendeiro; porteiro; historiador; astrólogo; antropólogo; bibliotecário; secretário (eletrônico ou não); salva-vidas; médico; ofice-boy; engenheiro; mecânico; empregado doméstico (com ênfase em lavar a louça); adestrador de cães; professor particular; personal trainer; piloto de avião de empresas como TAM e Air France; acompanhante executivo; gandula; músico (com ênfase em triângulo); palhaço de circo; chefe de torcida organizada; e, finalmente, JORNALISTA! Enfim, sou praticamente um gênio não descoberto e ex-diplomado em alguma coisa.

Protesto contra Gilmar Mendes, pró-diploma: quarta-feira (24 de junho), meio-dia, Porto Alegre

Acabei de chegar do jogo Grêmio 2x2 Goiás, e vou aproveitar os escassos minutos que faltam para acabar a novela, porque quando a porcaria da novela terminar, a besta da minha irmã vai querer seguir escrevendo a dissertação dela, que está aberta aqui no computador. Se eu fosse um pouco mais desmiolado, poderia deletar tudo, salvar e me atirar pela janela. Mas não o farei. A idiota está com os cabeções arrepiados, com a coberta tapando até o nariz, assistindo a turma do Raji, da Maia, e de seus amiguinhos imaginários. E a cabeçuda disse que nem sabe quanto foi o jogo do Grêmio, quando eu perguntei se tinha dado os gols na TV. É uma alienada, está no maravilhoso mundo das Índias da Globo, onde não há miséria, nem pobreza, nem partidas de futebol, só gente linda, rica, aparentemente culta, e onde todo mundo é promiscuo e a traição reina sobre todo o resto, como em todas as novelas globais. Como dizia meu professor Jacques Wainberg, o enredo é sempre o mesmo, só mudam o cenário e as personagens.
Mas estou escrevendo para convocar todos os JORNALISTAS DIPLOMADOS e simpatizantes a comparecerem na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, na quarta-feira, dia 24 de junho de 2009, ao meio-dia, para ato público em defesa do diploma. Iremos queimar e foder simbólicamente o ministro do STF, o picareta Gilmar Mendes. Também xingaremos a ele e a toda sua família (a dele, não a sua, nobre leitorinho tupiniquim). Maiores informações podem ser obtidas no site do Sindicato dos Jornalistas PROFISSIONAIS do RS: www.jornalistas-rs.org.br. E outras informações sobre o caso também podem ser obtidas no site da Fenaj: www.fenaj.org.br.
OUTROS PROTESTOS
Também estive no protesto realizado pelos alunos da PUCRS na sexta-feira. Estava saindo da aula do Juremir Machado da Silva, e me juntei ao grupo, junto com outros colegas meus do mestrado (não todos), e fomos até a Avenida Ipiranga onde trancamos o trânsito por aproximadamente 20 minutos, gritamos “só vamos liberar quando a imprensa chegar!”, “STF, presta atenção, tu fudeu com a nossa profissão”, entre outros, e sentamos no meio da avenida, fomos xingados por passageiros dos ônibus (que iriam perder a novela, ora pois!) e só saímos quando chegou o Choque da BM. Eu queria enfrenta-los, mas os colegas não acharam isso uma boa idéia. Agora, na quarta-feira, temos que LOTAR a esquina democrática, fazer muito barulho, e se encontrarmos algum parente do Gilmar Mendes, vamos queima-lo vivo! Até quarta, lembrando que na segunda também haverão protestos na Fabico da UFRGS e na Unisinos, segundo informações repassadas por outros alunos no protesto da PUCRS.
.... Terminou a novela e a alienada da minha irmã, que diz que vai junto no protesto (se ela berrar lá como berra comigo aqui, estará ótimo, e até o ministro vai ouvir, não vai agüentar, e vai mudar a decisão) e agora, nesse momento, a guria está enchendo o saco de novo para escrever a sua dissertação, que graças ao pouco que resta da minha sanidade, não foi apagada. Fui!
FOTO: site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Arion perde posto de mais xingado para o ministro da porra Gilmar Mendes


Bom, como mencionei no texto anterior, já que agora passo a competir por uma vaga no mercado de trabalho com filhos, amigos, parentes, cachorros, papagaios etecétera e tal de POLÍTICOS, e agora que também descobri que posso trabalhar como cozinheiro e também como costureiro, motorista e tudo o mais sem ter nenhum curso, estou pensando em dividir o meu tempo, dedicado até então quase que exclusivamente à pesquisa de Jornalismo e Comunicação, para também, não só pesquisar, mas também descarregar todos aqueles xingamentos que antes estavam concentrados na pessoa do Arion(zinho) no excelentíssimo, respeitadíssimo, honradíssimo ministro do Supremo Tribunal Federal (como diria um vizinho meu, quando tinha uns 8 anos: que medo do BOCABERTA!) Gilmar (ou Gilberto?) Mendes. Ou, o tal de Gilberto Mendes, que para mim, como para 99% da população brasileira, é um mero desconhecido que só pensa no PRÓPRIO RABO.
Seguinte: eu não vou ficar apresentando dados racionais para explicar os prós e contras da obrigatoriedade do diploma. Sei que o nobríssimo ministro sabe muito bem, provavelmente muito melhor do que eu sobre isso. Só que sei que ele, como o deputado Sérgio Moraes, está se lixando para tudo. Ele encabeçou essa decisão, por interesses meramente PESSOAIS. Ou seja, ele está pensando na merda do rabo dele e das QUENGAS que ele deve comer com o nosso dinheiro. E esse homenzinho de bosta é o presidente do nosso respeitadíssimo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ai, que meda!). E eu, como estudo comunicação, sei muito bem que para derrubar um idiota, não é necessário argumentos racionais. Basta acabar com a imagem do cara. E, como já disse, estou fazendo o trabalho de uma formiguinha maluca franco-atiradora. Estou detonando com um fanfarrão, borracho, picareta, idiota, bocaberta, infeliz, que por si só, nem precisaria de todos esses adjetivos, porque ele, por ele mesmo, já é tudo de ruim que há. Há, só mais uma coisa: agora que não é mais preciso diploma, posso xingar o cachorro do nosso ministro de tudo quanto é nome, já que NINGUÉM vai cassar meu diploma, simplesmente porque ELE não EXISTE! Rara! Como diria o Macaco Simão: é mole? É mole mas sobre. Ou, é mole mas trisca pra ver o que acontece!
Bom, agora estou puxando a ficha do elemento. Vamos analisar na coletividade, como uma BELA DEMOCRACIA – meu, como gostam dessa palavra. Espero que nunca censurem isso daqui, senão volta o FANTASMA DA DITADURA UAAAAHAHHAAHA (risada de muito malvado).
Muito bem: Gilmar Ferreira Mendes nasceu no longínquo 30 de dezembro de 1955, dez anos após o término da Segunda Guerra Mundial, o que nos faz crer, sob o ponto de vista espírita, que ele pode ser uma reencarnação de Adolf Hitler, se já não for de Mussolini, ou até da Cleópatra, vá saber. Enfim, conforme o wikipedia é um jurista brasileiro. GRANDE BOSTA! Também posso ser um jurista brasileiro. Sou uma pessoa justa, tenho bons princípios, sou bem quisto por todos, como diria o Zeca Pagodinho, pra que mais para ser jurista? Humpf. Até meu cachorro Jamelão, que tem mais caráter que esse sujeito, seria um excelente jurista. Afinal, jurista, advogado, jornalista, juiz e tudo o mais são apenas invenções do ser humano para designar quem tem poder em uma HIERARQUIA! Mas enfim, o nosso semi-rei também foi Advogado-Geral da União no Governo FHC (PSDB) – uau! - sendo nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de junho de 2002, por indicação de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), então Presidente da República do Brasil (quantas palavras!). Desde 2008, é o presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF).Como diria Charles Bukowski: quanta merda junta!
Mas seguimos com a ficha:
Em 1975, ingressou no bacharelado em Direito na Universidade de Brasília (NÃO ENTENDO PRA QUÊ, MAS ENFIM), onde se graduou em 1978. Vejam só, o que o ministro aprendeu na faculdade? É uma boa pergunta que certamente nenhum jornalista vai fazer para ele em uma coletiva maquinada por ele mesmo, afinal, ele já TEM o controle da imprensa. Enfim, seguindo a ficha, nessa mesma universidade concluiu o curso de mestrado em Direito e Estado, em 1987, com a dissertação Controle de Constitucionalidade: Aspectos Jurídicos e Políticos. Bom, certamente ele está fazendo bom uso disso, tentando controlar tudo, inclusive a imprensa, afinal, ele sabe de cor e salteado que com uma imprensa menos qualificada fica mais fácil fazer falcatruas sem ninguém para encher a porra do saco dele, ora pois! Esperto, o nosso ministro.
Mas enfim, como a vida segue, m 1988 ele viaja para a Alemanha a fim de cursar o mestrado na Universidade de Münster, que concluiu no ano seguinte, com a dissertação Die Zulässigkeitsvoraussetzungen der abstrakten Normenkontrolle vor dem Bundesverfassungsgericht (Pressupostos de admissibilidade do Controle Abstrato de Normas perante a Corte Constitucional), desenvolvida sob a orientação do Professor Hans-Uwe Erichsen. Um espetáculo de dissertação, e que mostra os conhecimentos lingüísticos que o nosso ministro tem sobre a língua alemão. Por outro lado, isso me reforçou a suspeita de que, de acordo com os conhecimentos que tenho sobre espiritismo, ele realmente É a reencarnação de Adolf Hitler. Mas, como a vida sempre segue, o nosso glorioso ministro prossegue com os estudos nessa mesma universidade com o seu épico doutoramento, que concluiu em 1990 com a tese Die abstrakte Normenkontrolle vor dem Bundesverfassungsgericht und vor dem brasilianischen Supremo Tribunal Federal (O Controle abstrato de normas perante a Corte Constitucional Alemã e perante o Supremo Tribunal Federal Brasileiro), ainda sob a orientação do professor Hans-Uwe Erichsen. Queria conhecer esse orientador dele, tem um belo nome.
Mas enfim, de volta ao Brasil, passou a lecionar na Universidade de Brasília, na cadeira de Direito Constitucional, tanto na graduação quanto na pós-graduação, o que certamente lhe dá um PUTA reconhecimento, afinal, eu, por exemplo, me formei em JORNALISMO e entrei no mestrado e estou DESEMPREGADO, sem recurso nenhum, porque não tenho nenhum incentivo financeiro nesse país, e estou nessa por pura PAIXÃO e AMOR pela minha profissão, no entanto, estou quase na mesma condição financeira do que os meus vizinhos moradores do ARROIO DO DILÚVIO, que o nobre ministro sequer deve saber que existem. É, o ministro não me pegou num bom dia para tomar essa decisão, no entanto, para a sorte dele eu estou no Rio Grande do Sul, enquanto ele está lá na CIADADE FANTASIA chamada BRASÍLIA mamando na LEITOA do governo.
Mas voltemos a ficha do elemento:
No campo profissional, também foi procurador da República (1985-1988), adjunto da Subsecretaria Geral da Presidência da República (1990-1991), consultor jurídico da Secretaria Geral da Presidência da República (1991-1992), assessor técnico na Relatoria da Revisão Constitucional na Câmara dos Deputados (1993-1994), assessor técnico do Ministério da Justiça (1995-1996) e subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil (1996-2000). Em janeiro de 2000, foi nomeado advogado-geral da União, cargo que o credenciou para a indicação a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho de 2002. Enfim, to copiando isso tudo para colocar no meu CURRÍCULO para ver se consigo um emprego em alguma cozinha aqui de Porto Alegre, já que nem de dentinho me quiseram lá no Centrão.
Mas essa merda ta muito fria. Essa ficha ta muito limpa, pro meu gosto, então, vamos esquentar um pouco o bagulho. Quando o nosso herói Gilmar Mendes foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, veja o que escreveu o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco) Dalmo de Abreu Dallari , professor catedrático da UNESCO na cadeira Educação para a paz, Direitos Humanos e Democracia e Tolerância, em artigo publicado na Folha de São Paulo, e tradicional nome da intelectualidade de esquerda no Brasil:
“Se essa indicação (de Gilmar Mendes) vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. (...) o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país”
Agora, é lógico que o nosso Eurico Mirando do STF tentou processar criminalmente o jurista Dallari por esse artigo, no entanto a Justiça recusou a instauração da ação penal que o já ministro Mendes pretendia mover contra o advogado Dalmo Dallari: "A crítica, como expressão de opinião, é a servidão que há de suportar (...) quem se encontrar catalogado no rol das figuras importantes", escreveu o juiz do caso Silvio Rocha, citando uma sentença publicada na Espanha (tudo isso, conforme o wikipédia). Ainda seguindo informações do mesmo site: “segundo o jornal Folha de S. Paulo, para conseguir ter sua indicação aprovada no Senado Federal, Gilmar Mendes precisou contar com uma "mobilização tucana": "registros do Senado mostram que a base de apoio ao governo tucano se mobilizou para garantir aprovação de Mendes para o cargo". Teve 15 votos contrários à sua efetivação, o triplo do segundo candidato ao posto com maior rejeição, o ministro Eros Grau”. Traduzindo: rolou muita grana e negociação de votos (como esse, do diploma) e de cargos por baixo dos panos.
Mas, a ficha do cara não para por aí. Vejam só:
Em 11 de julho de 2008, foi alvo de violentas reações contrárias à sua atuação como presidente e ministro do Supremo Tribunal Federal. Primeiramente, quarenta e dois procuradores da República divulgaram nesse dia, uma carta aberta à sociedade brasileira, na qual lamentam a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal no habeas corpus que libertou o banqueiro Daniel Dantas da prisão pela primeira vez, no dia 9 de julho:
“(...) Não se deve aceitar com normalidade o fato de que a possível participação em tentativa de suborno de Autoridade Policial não sirva de fundamento para o decreto de prisão provisória. Definitivamente não há normalidade na soltura, em tempo recorde, de investigado que pode ter atuado decisivamente para corromper e atrapalhar a legítima atuação de órgãos estatais”. (Procuradores da República em Carta Aberta). Como diria o Pedro Ernesto Denardin, é muita falta de culhões! Tinham que publicar uma carta aberta xingando o cara, pô! É muita hipocrisia pro meu cérebro. Ah, eu nasci na época errada!
Mas enfim, até tem a seqüência da história, com a defesa dele, mas, como não é mais preciso estudar jornalismo, acredito que também não seja mais necessário mostrar os dois lados da história, então, vou ignorar a defesa do elemento.
No entanto, vou dar uma colher de chá para o nosso destemido ministro, que ao melhor estilo Dom Quixote, disse não ter medo de sofrer impeachment: “Não tem nenhum cabimento (o impeachment). Eu compreendo que os procuradores fiquem contrariados com a eventual frustração de algum resultado de seu trabalho. Mas isso não justifica nenhuma outra medida. Eu não tenho nenhum medo desse tipo de ameaça e retaliação”. Coitadinho do ministro. Deu pena, até.
Agora, vejam o que disse, em defesa do ministro, o senador Demóstenes Torres: “Um pedido de impeachment significaria que ele é suspeito. O Ministério Público está extrapolando. O Gilmar Mendes sempre foi uma pessoa não querida pelo Ministério Público. Trata-se de uma atitude política, que só tem como objetivo constranger o ministro”. Agora a pergunta que fica: por quê o Gilmarzinho não é querido para o Ministério Público? Será que ele é uma criança inocente sendo perseguida pelos malvadões do MP? Pobrezinho, pobrezinho!
Enfim, a briga seguiu, e ainda segue, e o excelentíssimo no meio da história toda conseguiu derrubar a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. Convido o nobre ministro a trabalhar nas redações do interior para ter noção do que ele fez. Que enquanto isso eu vou pensar no que eu faço com o diploma que está guardado lá em Santo Ângelo.
PS: mãe, se eu desaparecer nos próximos dias, contrata um amigo nosso lá do Harmonia para ter um particupar com o ministro.

Blogs

Enquanto preparo o próximo post, vou deixar duas dicas de blogs aos nobres leitorinhos tupiniquins. Além daqueles que já estavam no perfil do meu orkut, acrescento mais dois.Um, da terrorista baderneira Lara Nasi, que assim como eu, não tem mais profissão regulamentada desde a última quarta-feira, quando após o ministro Gilmar Mendes se entorpecer e fazer mais uma de suas asneiras rotineiras (afinal, quando ele não faz uma asneira?). Enfim, vou falar mais desse elemento (o uso da linguagem policial aqui não é nenhuma provocação, ao contrário do que imagina o malicioso leitorinho tupiniquim) em outros infinitos posts, aliás, acho que vou dedicar o resto da minha vida a denegrir a imagem desde grandíssimo filho de uma baranga. Bom, chega de elogiar o nosso honradíssimo e honestíssimo ministro, e segue o blog da terrorista Lara:
http://janeladolado.wordpress.com/
Já o segundo, é do nosso O Grupo de Estudos em Políticas e Tecnologias da Comunicação (GEPETEC), que, para o esperto ministro, não deve servir para muita coisa, mas se você, nobre leitorinho, que certamente é muito mais inteligente que esse JUSTO HOMEM, pode tirar algum proveito. Tem um texto meu falando sobre uma palestra do Luciano Klöckner, dêem uma olhada lá. Enfim, vou retornar ao meu humilde trabalho de derrubar o ministro. É um trabalho de formiguinha mesmo, mas se cada um de nós fizer isso, poderemos fazer esse país criar o MÍNIMO de VERGONHA NA CARA! Ah, e segue o link do blog:
http://geptec.blogspot.com/

Nadando na merda e outros causos

Eu ainda vou perder a cabeça, dar um soco em umas caras de cu, e matar uns ministros. Hoje, inclusive, quase aconteceram ambas as coisas. A primeira não ocorreu graças a minha auto-capacidade de fazer o “ommm”. E a segunda pelo fato de que não encontrei nenhum dos ministros-alvos.
Mas, como não sou roteirista de filme francês, vou começar a história pelo início. Tive vontade de quebrar três narizes hoje. Ou, pelo menos, de dar um tico inflável para três indivíduos. Tudo bem, o motivo é banal: eles não riram das minhas piadas. Provavelmente porque eu não sou chefe nem sogro deles, senão, rolariam de tanto rir. Primeiro, fui raspar meus últimos reais da minha conta, e a máquina despejou em minhas mãos 30 notas de R$2. Olhei espantado para o sujeito que estava atrás de mim na fila e disse:
- Pelo jeito essa máquina só tem notas de dois reais! Rê-rê-rê-rê.
- Aham – disse o maluco, com uma cara de cu, que deu vontade de fazer ele engolir um pau inflável para ver se melhorava aquela cara maldita.
Enfim. O dia seguiu. Fui comprar uma fita K-7 para o gravador velho que a terrorista Lara Nasi me emprestou para entrevistar o David Coimbra, para um dos artigos, que pretendo finalizar ainda nessa noite. Paguei, obviamente, com minhas notas de R$2. O velho do caixa pegou as notas e disse:
- Saiu do forno.
Bela piada, pensei. Ri, e completei, contando entre uma risada e outra a história do saque das 30 notas. O cara ficou me olhando, seriamente, como se dissesse “grande coisa”. Acabei saindo rindo sozinho, antes que eu lhe esbofeteasse. Por fim, o terceiro caso ocorreu há pouco. Fui no mercadinho comprar cinco pãezinhos, uma Coca 2 litros e um Pingo d’Ouro, e quando fui pagar a conta, puxei minha niqueleira do Grêmio e despejei as moedas em cima do balcão. Para minha surpresa, a conta deu R$6,20, e eu tinha exatamente R6,20 em moedas!! Olhei para a caixa com espanto e disse:
- Se eu tivesse calculado antes de sair de casa não teria dado tão certo!
Ela ficou me olhando com cara de Garfield, e só faltou dizer “sai logo que tem mais gente na fila”. Cadela. Depois dessa, desisti de fazer piadas e ter bom-humor, pelo menos por hoje. Azar da minha irmã, que está aguentando meu beiço.
E, para piorar, o projeto do ministro Gilmar Mendes, derrubando a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da função foi aprovado na MERDA do STF. Conforme o site da Fenaj, em determinado trecho, ele mencionou as atividades de culinária e corte e costura, para as quais não é exigido diploma. Ainda quero escrever mais sobre esse ministro de BOSTA, mas vou parando por aqui. Para finalizar, esse grandíssimo e excelentíssimo JEGUE pode me contratar para ser cozinheiro da sua nobre casa, que deve parecer mais com um prostíbulo, para não dizer ZONA. Pode deixar que eu vou fazer muita sopa de MERDA para ele comer. Afinal, MERDA E ZONA, é o que ele quer transformar esse país, que já está uma BOSTA. Gérson, prepara um canto no teu hotel que depois dessa, só fugindo do país mesmo!
PS: comecei a pesquisar sobre o sujeitinho, que tem uma bela duma FICHA de acusações de corrupção e o diabo a quatro. Para quem tiver interesse, basta digitar “Gilmar Mendes” no google, e entrar no wikipedia. Lá vocês terão parte da ficha do dito cujo. Lendo a tal ficha, você entende porque ele teve a capacidade mental de dizer as asneiras que disse. E, convenhamos, só de ver aquela foto você conclui: não tem como alguém com uma cara de SAFADO como a dele ser honesto. Está escrito naquela cara deslavada. Aliás, segue a foto do pilantra:

terça-feira, 16 de junho de 2009

Figuras dessa vida


O dia em que eu morrer, será um dia triste. Pelo menos para mim. Eu gosto da vida. Pelo menos da minha vida. E das pessoas que eu conheço, por mais que às vezes algumas não mereçam. Por isso, modestia parte (ta bom agora, mamuxca?), sou uma boa pessoa. Apesar de ser meio traste, meio vagabundo, meio sei lá entende, como diria o vadio do Arion(zinho). Mas como ia dizendo, eu gosto das pessoas. Como já mencionei outra vez, citando os Mamonas, entre os humanos também hay uns bichos interessantes. Por exemplo: o traste do Arion(zinho). Ele é um vadio, um vagabundo, um bocaberta, um nigromante e tudo o mais, mas no fundo no fundo, bem lá no fundinho, na sujeira da ponta da unha do minguinho do pé, ele também é uma boa pessoa. Na minha formatura, no momento em que me chamaram para pegar o diploma, ele berrou lá do auditório: “Dudu vagabundo!”. Eu quis me vingar na formatura dele. Iria não só xinga-lo de vagabundo, mas também de vadio, traste, tratante, idiota, imbecil, e tudo mais. Pensei até em invadir o palco, passar uma rasteira nele e encher de cascudos, mas não deu. Até a minha mãe tinha me apoiado a fazer tudo isso, após o seguinte diálogo:
- Mãe, eu tenho uma formatura para ir amanhã.
- Hmmmm. De quem?
- É do vadio do Arion.
- Hmmmm.
- E eu vou xingá-lo de vagabundo quando chamarem ele.
- Que é isso, guri? Que história é essa? Não vai fazer isso não, ora já se viu. Não foi essa a educação que te dei, piá de bosta...
- Mas mãe, foi ele que me chamou de vagabundo primeiro, na minha formatura.
Minha mãe pensou por alguns segundos, sorriu e respondeu:
- Ta bom, querido Zizinho, pode xingar o traste.
No entanto, ele foi salvo pela minha noiva, Cristiane. Quando chamaram o idiota, eu disse para ela “agora ele me paga: chamarei-lo-ei de vagabundo”, e quando me preparei para gritar, ela beliscou minha perna e disse: “nego, se comporta”. Maldito, salvo pelo amor que tenho pela minha noiva. Deve essa para ela, o vadio.
Outro exemplo de indivíduos interessantes, para não dizer engraçados: a minha irmã. Ela chega de viagem, eu deixo a cama arrumada, para que ela não faça barulho ao chegar, às 5 horas da madrugada, no entanto, ela não só chega fazendo barulho e acendendo a luz, como ainda por cima reclama que, por engano, eu coloquei uma cueca nas coisas dela. “Que merda é essa?”, pergunta, segurando com a ponta dos dedos a minha cueca da sorte. Tem também a Jaque, colega da minha irmã, leitora assídua desse humilde blog, que dia desses, tentando me ajudar a achar um livro, começou a bagunçar a minha organização meio desorganizada. Aquilo foi me dando nos nervos, porque eu tinha organizado tudo por assunto, e ela, tentando me ajudar, estava tirando da ordem. Fiquei acompanhando meio nervoso, me coçando, até que não agüentei e disse: “tu ta bagunçando tudo!”. Pra quê? Como toda a mulher, ela ficou de beiço e parou de tentar achar o meu livro perdido. Bom, mas há um sem número de pessoas interessantes. Meus pais são de mais. Minha mãe reclama de saudades, chora e tudo mais, mas quando estou lá, em poucas horas, às vezes em poucos minutos, ela está brigando porque não baixei a tampa do vazo, porque usei duas toalhas e não as deixei estendidas no boxe, que saí do banheiro e deixei a porta aberta, e por aí vai. O pai, como já contei outra vez, estou assistindo TV, e no meio-tempo de eu ir ao banheiro no intervalo, ele aproveita para desligá-la para não gastar luz. Mas o mais engraçado é o relacionamento dele com os cachorros. Os pobres dos cuscos aprontam, rasgam panos, pegam roupas do varal, derrubam tijolos, e o pai vai lá e passa o chinelo neles que é lindo de ver. O resultado: quando algum deles está dentro de casa e ouve o barulho do pai chegando no portão, já saem correndo para as suas respectivas casinhas, com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas.
Tem ainda o meu irmão. Mas esse dispensa comentários, só conhecendo mesmo. Quando ele era pequeno, batia em todo mundo. Todos os primos têm histórias de que apanharam dele. Depois de velho mudou, virou colorado, o coitado, passou a gostar de novela mexicana e é fã incondicional da Madona e do Paulo Francis. No entanto, como é uma metamorfose ambulante, não sei se ainda gosta dos tipos. Enfim, são inúmeras as figuras que tornam essa vida mais divertida. Até aqueles que me odeiam, e inclusive alguns que literalmente me puxaram o tapete (ou tentaram), me divertem. Não guardo rancor nem mágoas de ninguém, muito pelo contrário, desejo o melhor para todo mundo. E essa não é uma posição política, no sentido de querer estar de bem com todo mundo para conseguir vantagens, acontece que acho que cada um tem o seu lado cômico mesmo. Por mais pose que a pessoa tenha, alguma vez ela já tropeçou na rachadura da calçada, já pagou algum mico, tem as suas manias engraçadas, já tomou um fora federal, já saiu com aquela frase fora de contexto que provoca crise de riso em todo mundo que está por perto, enfim, já soltou pelo menos um peido em algum lugar público e fechado, nem que seja aquele silencioso. E nesse momento, aposto que no seu interior, por mais séria e mal-humorada que a pessoa seja, por dentro, eu tenho certeza que essa pessoa se matou de tanto rir. É, leitorinhos tupiniquins, a vida é bela e cômica. E na minha situação, com recursos escassos e cheio de trabalhos para fazer, só resta isso: rir para não chorar.

Versos de MSN

Mais tarde pretendo postar alguma coisa útil, mas enquanto isso, vou colocar aqui o texto que roubei novamente do blog do traste do Arion(zinho). Como a gente sempre competiu para ver quem é mais vagabundo, acho que passei um ponto a frente do nigromante com mais esse furto. Vejam o que o crápula se prestou a escrever em seu blog, após mais um desses papos produtivos via MSN.

"Eduardo diz:
vadio, ó vadio, por que és tão vadio?
Arion! diz:
sou vadio, tão vadio e mais vadio serei
porque só os vadios sentem o gosto bom do dia
e o perfume vagabundo da noite, que liberta os sentidos (da alma)

Como aqui é um Espaço Diverso e, principalmente, inverso, transcrevo cá a provocação dos instintos poetas (vagabundos) feita por Eduardo Ritter, um vagabundo nato e confesso, e eu, um cara que também tem lá os seus parafusos a menos e uma tendência à vida de sombra e água fresca. Como os senhores e senhoras podem ver, é isso que fizemos nos MSN, às 20h e 40min de uma terça-feira, em momentos que o Eduardo deveria estar estudando e a minha pessoa, fazendo qualquer coisa mais útil. Ora! Quem sabe, um dia, escrevemos um livro, algo assim: Poemas Vagabundos...
Eduardo diz: quem vai querer ler uma porcaria dessas? (dos mais incentivadores..auahauha)"

Fim

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Que bom se todo o dia fosse sempre assim...


Meu objetivo com esse espaço não é escrever um diário. Inclusive, acho depreciativo ter um blog como um diário. Encaro esse espaço como se fosse uma coluna de jornal (o que de fato é, levando em conta que estou vinculado ao site do jornal O Rebate), com crônicas, e, como todos os cronistas, utilizo coisas que acontecem no meu dia-a-dia para abordar os mais diversos assuntos. Ou seja: às vezes a gente escreve sobre algo que aconteceu no dia mesmo, ao melhor estilo diarião de adolescente, outras vezes escrevemos situações que ocorreram no passado (no nosso, ou no de outra pessoa), ou senão, escrevemos acerca de qualquer outra coisa mesmo, desde fofoca envolvendo a vizinha até comentários sobre política, futebol ou ciência. Outra possibilidade que gosto muito é a ficção, sem nenhum comprometimento com a verdade, o que no caso, passa a ser conto. No entanto, mesmo sabendo disso tudo, tenho medo de duas coisas nessa minha vida, ou melhor, nesse meu blog:
1) Começar a escrever academicamente
2) Escrever simplesmente um diário
Apesar disso, certas vezes não resisto, e acabo escrevendo como se tivesse 15 anos e escrevesse: “querido diário...”. Aliás, a minha filhota de coração, Laurita, é apaixonada por aquela série “Querido diário... otário”. Muito bom aqueles livrinhos. Já dei três para ela, cada um com cerca de 100 páginas, que ela devorou em um dia e meio. Esses dias perguntei por telefone: “quantas vezes tu já leu aquele do ‘tem um fantasma na minha calça’?”, e ela: “ah, um monte, já perdi as contas”. Vai longe, essa minha filhota.
Mas enfim, ainda dentro desse clima de diário, quero aproveitar que o Dia dos Namorados passou há pouco, para homenagear mais uma vez a minha noiva Cristiane, na qual eu tive um dos melhores Dia dos Namorados de minha vida nesse final de semana, quando ela esteve me visitando em Porto Alegre. Pena que o final de semana acabou, e ela teve que voltar, e eu tive que redirecionar hoje minhas atenções para artigos, textos, livros, prazos, etc. Eu não gosto muito de Jota Quest, mas confesso que durante todo o sábado e todo o domingo eu só pensava na letra daquela música deles: “que bom se todo dia fosse sempre assim!”. E agora, morrendo de saudades, completo: ainda vai ser. Ah, vai!
PS: a criação da imagem que ilustra o post foi feita pela Laurinha, para orgulho do popozão emprestado.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Trepação

Os vizinhos começaram a trepar. Agora, a uma e dois da madrugada da véspera de feriado de 11 de junho. Clima de Dia dos Namorados, só pode. Eles já tinham trepado de manhã. Trepam toda a hora, pelo jeito. Acho que vou dar um livro de presente pra eles acalmarem, ou sei lá, vou deixar uma carta anônima dizendo para irem correr na redenção nos domingos de manhã. Para quem está há um mês sem ver a namorada, é uma tortura. Hoje, lá por 10 horas da madrugada (já disse que a madrugada vai até às 11h), começaram. Como não tinha barulho nenhum aqui no meu apartamento (só uns roncos tímidos da minha irmã) acordei ouvindo nhac, nhac, nhac, nhac. O movimento de vai e vem na cama. Começava devagar, ficava mais rápido, aí diminuía um pouco, aquela coisa toda que o esperto e promíscuo leitorinho tupiniquim bem conhece. Seguia nesse ritmo, até que ficava mais intenso “nhac, nhac, nhaaaac, nhaaaaaaaac” e parava. Gozaram, pensei. Ou, ele gozou, e ela fingiu, vá saber. Ou ainda, quebrou a cama e tiveram que parar. Na última das hipóteses, quebrou a cama e terminaram no chão. O fato é que quando eles trepam, escuto o nhac nhac da cama. E agora, depois de escrever sete páginas de um dos artigos que tenho que fazer até o final do mês e ver a Seleção ganhar de virada do Paraguai (gritos da torcida e brasil-sil-sil na sua cabeça), estava eu aqui, tomando uma Antártica, assistindo a um padre no programa do Jô, quando de repente começa de novo o nhac, nhac, nhac dos vizinhos. Agora pararam, mas estão andando ali por cima. Estou ouvindo passos. Um estouro. Devem estar se ajeitando na cama, trocando de posição, sei lá. Essa gente parece que não dorme.
Um dia vi os dois. Eu estava fechando a porta, quando apareceram. Segurei a porta, educadamente, para que passassem. Ela é alta, jovem, cheia de vida. Para não ficar descrevendo à toa, é o perfil de uma atriz da Globo, ponto. Soltou-me um sorridente “olá, obrigada”. Retruquei um “oi, de nada”. Já ele, que mede metro e meio, passou por mim de cara fechada, e sequer me cumprimentou. Não sei pra que tanto ciúmes nesses coraçõezinhos.
Agora que terminaram, aumentei o volume do Jô de novo. O padre está falando sobre igreja católica apostólica romana, o papa, e a puta que os pariu. Já os vizinhos, devem estar descansando. Aposto que lá pelas três ou quatro da madruga vão começar de novo com o “nhac nhac”. Pouca vergonha isso aqui. Vou dormir na sala. Mas antes disso, vou lá colocar uns livros na porta, bater, e sair correndo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O paraíso canino - e suas depravações

O Jimbo estava comendo sua ração mágica, quando de repente, ouviu um barulho. De pronto, ergueu as suas orelhas, e ficou a olhar para o horizonte com um ar um pouco de curioso, e outro tanto de burrinho e esperançoso, com a cabeça levemente inclinada para o lado esquerdo. Largou um ganido fraquinho, quase um choro, igual ao que largava quando ficava ansioso ao me ver chegar bêbado, de madrugada, no auge da minha adolescência. Dessa vez, ele devia achar que era o seu dono mais uma vez. Acredito que no seu delírio, até tenha sentido realmente o meu bafo de cerveja, e, quem sabe, até ouviu no além a minha voz lhe dizendo “só tu me entende, meu amigo, companheiro...”, enquanto minha irmã, da janela, brigava comigo “vem pra dentro guri, antes que o pai se acorde e te de um paratiquieto”. Aposto que o Jimbo pensava em tudo isso, enquanto percebia que alguém se aproximava do seu pote de ração mágica.
No entanto, quando viu que não era eu, ele ficou ouriçado e desconfiado. O ganido choroso virou quase que um rosno. Calculou que fosse o maldito do Banzé, aquele cachorro ordinário que a vizinha tinha, na qual travara lutas ferrenhas ao longo da década de 90. Principalmente depois que o tal Banzé me botou para correr uma vez, enquanto eu voltava da aula. Maldito. Passou a haver certa rivalidade entre o meu cachorro e aquele cusco psicopata. E o Jimbo, apesar de ser um pouco menor, levava a melhor, igualzinho ao Mike Tyson no auge da carreira, que pegava caras com o dobro do seu tamanho, e os derrubava com patadas que pesavam toneladas. Mas na briga entre o Jimbo e o Banzé, eram as dentadas que pesavam mais do que o Faustão e Jô Soares juntos.
Porém, mais uma vez o Jimbo se enganara. O que ele viu sair daquela névoa, era a imagem mais linda que seus olhos já viram. Por alguns segundos, seu coração, que fisicamente já não batia mais, mas espiritualmente trabalhava em ritmo normal, começou a bater mais forte. O ar parecia não querer entrar em suas narinas, e a ração mágica ficou travada na metade da garganta. Tratava-se dela, a Pipoca, amor e companheira de uma vida canina toda, que durou mais de 15 anos. Ela não agüentou a viuvez, e foi lá, fazer companhia ao Jimbo, no céu dos cachorros, semanas antes do dia dos namorados. E depois de jantarem juntos a ração mágica, e beberem de um champanhe especial para cães (igualmente mágico), eles foram para o aconchego do lar, onde lhes esperava uma linda cama de casal canina, na casinha mais bonita do céu dos cachorros. E assim, os dois vivem felizes, entre uma lambida e outra. E algumas mordidinhas, é claro, porque a depravação também faz parte da vida. Inclusive no céu dos cachorros.

sábado, 6 de junho de 2009

A carta

Subo as escadas escuras que ligam o bar à sala. Em cima do chão de parquê velho, encontra-se uma mesa no centro da peça, rodeada por caixas de cerveja, que estão ocupadas por todo o tipo de sucata. Em uma delas, uma meia encardida adormece na ponta, exatamente da mesma forma que repousa um cadáver recém derrubado por uma coronhada. A luz da lua cheia que entra por uma fresta dá alguma cor ao local. Olho para uma pequena escadaria, que leva até o sótão, e percebo um vulto sumindo na escuridão. Apesar da rapidez do objeto, ainda enxergo seu rabo sumindo por entre o vão da porta. Aproximo-me da mesa, puxo uma cadeira, e sento. O braço direito do moletom fica sujo com a poeira. Empurro a cadeira, que enrosca em um pedaço de madeira solto do chão, e vou para o quarto, onde em cima de um colchão, colocado no meio da peça abandonada, estão todas as minhas coisas, completamente bagunçadas. Não é muito: dois pares de meia, duas cuecas, uma bermuda, uma calça, um par de tênis, um boné azul marinho e uma foto dela. Não preciso mais do que isso e de meia garrafa de vinho. No meio das minhas roupas, acho um caderno velho. Começo a folhear na tentativa de encontrar alguma página em branco. Acho-a. Arranco-a, como o homem apaixonado arranca a última peça de roupa e o que sobrou do pudor de sua amada com um único movimento. Depois, passo a procurar por uma caneta em meio àquela baderna, como o amante bêbado que tenta achar o sexo feminino em um quarto escuro às cinco da madrugada. Encontro uma caneta preta, e volto para a sala escura.
Ponho o papel em uma das faixas de luz da lua cheia que entra pela janela. A perna traseira do lado esquerdo da cadeira cai em um pequeno buraco, formado por uma rachadura no chão. No apartamento de cima, um casal começa a fazer sexo, e o barulho me irrita. Enquanto ela geme, ele bate nas carnes saturadas dela. Provavelmente está enrabando ela de pé, já que parece que estão próximos a janela. Tento ver algo, mas não dá. Dou uma tossida, mas parece que eles se excitam mais em pensar que alguém está ouvindo tudo. O volume e a intensidade dos gemidos aumentam. E as palmadas também. Ela pede mais, e ele a xinga de tudo que se pode imaginar. Diabos, como vou escrever desse jeito? Tento me concentrar. Não consigo. Fecho a janela, e ao ouvirem o barulho, ambos parecem gozar. Na verdade, ele goza. Ela finge. Jogo rápido, penso. Provavelmente o marido dela, ou a esposa dele, está chegando. Um crime, logo imagino. Mas não, apenas acaba o barulho.
Volto a olhar para o pedaço de papel que seguro nas mãos. Faz frio. Que diabos aquela ratazana fazia aqui nesse frio? Esses bichos estão cada vez mais ousados, filhos da puta. O frio parece congelar tudo, inclusive meu coração. Começo a suar olhando para aquele papel. Um nó toma conta da minha garganta. Rabisco a primeira letra, e depois, uma puxa a outra, e em pouco tempo a carta está escrita. Uma lágrima caí de meus olhos, e dá ponto final a tudo.

Crise cubana versão 2009

Minha cabeça está como uma salada de frutas. São muitas coisas completamente diferentes acontecendo ao mesmo tempo, muita emissão e recepção de mensagens completamente opostas em um curto espaço de tempo. Durante a semana, passo tendo aulas super-cabeça no mestrado, e isso me faz enxergar o mundo de uma maneira muito boa e maluca ao mesmo tempo. Aí eu saio de discussões sobre Barthes, Morin, Pierre Levy, Marshal McLuhan, Thompson, e vários outros malucões intelectuais, e para aliviar a cabeça leio Pedro Juan Gutierrez, muito bom por sinal. Depois vejo Chaves, e me mijo rindo, e enquanto eu tomo banho eu ligo o meu radinho de pilha sempre numa rádio que toca uma música assim: “eu tenho... o meu radinho... que é muito bonitinho, mas também muito safado...” e nunca consigo entender o resto.
E quando começo a me sentir um vagabundo completo, eu me atraco a ler e a escrever os textos acadêmicos, e mergulho de corpo e alma nessas análises, e quando vejo, se passaram horas e eu escrevendo e refletindo sobre jornalismo, literatura, Erico Verissimo, Lucas Faia, teorias de todos os tipos e gostos, práticas, e tudo mais. Então, quando começo a perceber que estou ficando louco mesmo, vou para a academia e durante aquela hora eu só me concentro em colocar mais peso no supino, nas elevações frontal e lateral, no leg press, na remada sentada, enfim, em todos aqueles exercícios malucos e, inclusive, tenho colocado bastante peso, mais do que eu imaginava que era capaz. E para completar, também estou aumentando de peso: 84 quilos, quatro a mais do que quando cheguei em Porto Alegre, em março. No entanto, quando me pesei da última vez, em uma farmácia na Borges, estava cheio de roupas, tinha acabado de almoçar, e estava realmente me cagando, o que quer dizer que eu deva estar com 81 ou 82 quilos.
E no meio disso tudo, o dinheiro está acabando, e a crise cada vez mais se aproximando, e eu não sei ainda o que vou fazer quando o dinheiro terminar de vez. A única coisa que sei é que acabaram as minhas idéias do momento, já passa da meia-noite desse sábado frio, e dessa vez não consegui nem comprar uma garrafinha de vinho, muito menos algumas latinhas de cerveja para acabar com a esclerose dos meus neurônios. É, a crise, que deixou sua marca em Cuba na década de 90, está chegando cada vez mais perto da Rua dos Cubanos, versão brasuca. Todos querem os textos, mas ninguém quer pagar. Como diria o Lucas Faia, de Incidente em Antares: diabo de profissão!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Diploma sim, e JÁ! - parte 2

Bom, não vou poder colocar aqui tudo que o presidente da Fenaj disse no encontro mencionado no último post, e os contrapontos apresentados por aqueles que são contra a obrigatoriedade do diploma, mas vou apresentar aqui alguns dos argumentos dessas pessoas com o meu contraponto, baseado em parte no que disse o Sérgio, e também na opinião de outras pessoas. Enfim, vamos aos pontos e contrapontos.
1°) Os jornalistas são desunidos.
Por ironia, começo por algo que não tem ponto/contraponto, mas sim, só ponto mesmo. Essa é a mais absoluta verdade, tanto é, que a polêmica é entre os profissionais, e não entre o restante da sociedade. Segundo a Fenaj, em uma pesquisa realizada recentemente, aproximadamente 80% da população é a favor da obrigatoriedade. Já entre nós mesmos...
2°) Bom, apresento aqui o argumento do meu primo Gérson, que está morando na Itália, no post anterior: “na minha opinião, a obrigatoriedade do diploma não é necessária. O problema aliás se encontra no contexto editorial brasileiro, em quem contrata, e não quem por ventura exerce a profissão ou faz matérias”.
Pois aí é que está a necessidade de se exigir o diploma, já que no Brasil, não podemos depender da ética de quem contrata. Caso a qualidade dos contratados dependa disso, volto a repetir, teremos adolescentes que ainda estão no segundo grau escrevendo em jornais e falando em rádios por serem parentes ou filho de amigos dos donos dos jornais.
3°) Os grandes jornais vão seguir contratando apenas jornalistas formados, para manter a qualidade do jornal.
E os pequenos? O que vai virar o interior, que já é uma zona? Ah, esqueci. Quanto mais desinformada e mais BURRA for a população, mais fácil fica de se persuadir, manipular, enfiar produtos goela abaixo, livrar a cara de corruptos e tudo o mais. Por que mudar? Por que dar armas à população? Por que fazer as pessoas se questionarem? Aliás, pra que pensar? Ah, sem contar que, claro, como já disse, o salário vai cair e vai ter espaço nas redações quem for mais submisso, quem não questionar, quem fizer o que os empresários, os políticos, enfim, o que a chefia mandar. Não vai se ter muita diferença entre um jornalista e um animal que puxa uma carroça.
4°) Em parte da Europa e nos Estados Unidos não é obrigatório.
Bom, são outros países e outras culturas, que estão anos luz na nossa frente. Principalmente em relação a Europa. E os Eua? Ah, nos Eua nós temos um jornal fazendo matéria de página inteira dizendo que o jornalista do concorrente foi visto bêbado na noite com uma prostituta, e por aí vai... Vamos combinar, o povo norte-americano é referência em economia, mas muito pouco em relação a cultura. O grande mérito cultural dos Estados Unidos é o de reunir culturas do mundo inteiro, que vão para lá em busca das mais diversas coisas. Basta ver os filmes do Michel Moore.
5°) Tendo formação em outra área das ciências humanas, é possível ser jornalista. Inclusive, a capacitação pode ser até melhor.
Então o processo tem que ser inverso e eu posso dar aula de história em escola, posso ser psicólogo, advogado, etc. E Letras? Sei tudo do Erico Verissimo. Sei até que ele perdeu a virgindade com uma prostituta em Cruz Alta. Pronto, estou apto a dar aulas de português para o SEU FILHO! Vou entregar uma penca de livros do Bukowski para ele ler, com muito vinho! Vai ser ótimo né? E vamos combinar aqui também, eu já fiz disciplinas com outros cursos, e é um ou outro que teria condição de assumir alguma função jornalística. Se liberar, os 90% que não sabem falar e não tem noção de como fazer uma entrevista vão estar habilitados para isso. Vamos ter manchetes como “Assessoria de Imprensa da empresa Tal divulga informações”, como já vi certa vez em um desses jornais que o dono sem noção é quem escreve as matérias. Pior que isso, só bebendo água do Arroio do Dilúvio.
6°) Tem muito jornalista ruim, com má formação, que não entende de história, economia, política, etc...
Tem muito advogado ruim, médico ruim, professores ruins, filósofos ruins, farmacêuticos ruins, enfim, tem muitas pessoas incompetentes e ruins no mundo mesmo.
7°) A gente aprende na prática.
Aprende o quê na prática? Ah sim, se tu ensinar uma mula a mexer no Page Maker, ou no In Design, ou a operar uma mesa de áudio ela vai ser um ótimo TÉCNICO. Ah, e escrever qualquer um escreve, montar texto, editar imagens, é fácil. Claro, aí a criatura que está fazendo isso não tem a mínima noção do que ela está fazendo (no sentido social) e vai só repetir o que vem de cima. Afinal, já diria Harold Innis na década de 30, um economista canadense que foi professor de Marshal McLuhan, “informação é poder”. E quem quer derrubar a obrigatoriedade do diploma sabe muito bem disso.
8°) Eu me formei e não aprendi nada, acho que não precisa, conheço muito jornalista que também não tem grandes noções de teoria e estão em bons cargos e aprenderam na prática.
Bom, essas pessoas que ocupam bons cargos podem achar que não aprenderam nada e que estão aprendendo na prática, mas inconscientemente elas sempre acabam utilizando o que aprenderam na faculdade, mesmo que não se dêem conta disso. E mais: se de fato não aprenderam nada na faculdade, mas sim na prática, então só tenho uma coisa a dizer: apesar de ocuparem bons cargos, são péssimos profissionais. Como disse o Humberto Trezi, da Zero Hora, no lançamento do livro sobre os 45 anos de ZH, de fato, se aprende na prática, mas as discussões na faculdade é que dão as noções de ética e tudo o mais. Dava até para gravar uma aula de pós, com uma turma formada só com alunos da comunicação, e ver o que acontece quando chega alguém de outra área. As perguntas sobre questões que nós consideramos básicas são as mais diversas e engraçadas (para nós). Claro que a gente ajuda a criatura, e ela sempre reconhece que não tem a nossa formação e com isso há uma troca, ela passa ensinamentos valiosos da sua área, e aprende conosco sobre a nossa. Agora, como tu vai habilitar uma pessoa graduada em outra área (e no caso da pós, são pessoas mais qualificadas que a média) a exercer a profissão? Muita gente fala em Jornalismo pensando apenas em algumas das funções do jornalista. Mas o jornalista tem várias funções, e não pode dar um diploma para alguém que simplesmente escreve ou fala bem. Advogados e psicólogos também escrevem e falam bem, então, vou querer o diploma deles também.
9°) Tem grandes jornalistas que não são formados.
Óbvio, são de outros momentos históricos, mas a sociedade tem que EVOLUIR e não REGREDIR. Esses, de fato, já conseguiram o direito de exercer a profissão. Mas quem diz isso deve estudar então como surgiram os cursos de Direito, de Medicina, enfim, tem que estudar como surgiu a universidade, já que ela não caiu do céu, e é óbvio que os professores, nesse processo inicial, sempre vieram de fora. Não foi Deus quem mandou um anjo e disse “vai lá meu filho, ensina essa cambada a exercer a profissão X”.
10°) E o Drauzio Varela?
O Drauzio Varela é um ótimo escritor e de fato faz belas matérias no Fantástico. Mas se liberar tudo, alguém acha que algum médico, advogado, ou professor de história vai lá fazer o trabalho de peão do jornalista? Vai trabalhar na produção dos programas, vai sair na rua fazer enquete? Porra, me dêem um tempo. Discutir a obrigatoriedade do diploma de jornalista é como discutir a obrigatoriedade de qualquer diploma. O foda é que os questionadores são jornalistas que não tem noção (muitos porque não precisam ou porque não exercem a profissão) do regresso que isso para nós, profissionais, e para a sociedade. Afinal, muitas vezes o que está lá, no jornal, ou o que é mostrado na televisão, internet, ou qualquer outro meio, marca muito mais do que um conselho de pai ou de professor. E na hora que largarem pessoas incompetentes para informar a sociedade, o reflexo vai vir lá adiante. Admito: está ruim. Mas vamos conseguir deixar tudo ainda pior. É a aplicação da lei de Murphey na comunicação. Agora, meus futuros alunos que me perdoem, mas para evitar a formação do que todo mundo chama de “péssimo profissional”, e aí não é só no jornalismo, só tem uma solução: as universidades liberarem os professores a reprovar quando uma criatura não tiver condições de passar nas disciplinas. Mas aí já é outra discussão... E se as universidades não dependessem de dinheiro e liberassem isso, toda essa cambada que está questionando a obrigatoriedade do diploma talvez sequer chegasse ao 4° semestre.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Diploma sim, e JÁ!

Tenho tantas coisas para falar aqui, mas no final das contas não vou falar nada. Ou quase nada. Ou melhor, não quero dizer nada pela metade, portanto, apenas reproduzirei aqui uma imagem que copiei do site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Queria colocar item por item as argumentações e contra-argumentações sobre a questão da obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da PROFISSÃO (leia-se, PROFISSIONAL JORNALISTA, e não colunista, cronista, comentarista, blogueiro, apresentador, narrador futebolístico, etc). Só que, resumidamente, estive em aula desde as duas da tarde, passei em casa, filei um lanche correndo, voltei para a PUC, onde ocorreu o debate sobre o tema com a presença do presidente da Fenaj, Sérgio Murilo de Andrade, além de professores, etc, etc, etc, e o cara com o outro ponto de vista, o tal de Tiago, editor da Revista Dilúvio, formado pela UFRGS. Tenho muitas coisas para escrever sobre isso, mas como cheguei já passado das 22h, assisti ao segundo tempo do jogo do Inter e Coribita, e depois ainda escrevi mais uma parte de um dos capítulos de um dos artigos que estou fazendo até a 2h da madruga e agora estou aqui, tomando um vinho que minha mãe comprou e esqueceu de tomar, escrevendo essas linhas, como BLOGUEIRO e não como JORNALISTA, e muito menos como MESTRANDO, não vou apresentar esses pontos e contra-pontos, apresentados no debate, mas se você, nobre leitorinho tupiniquim, quiser dar sua nobre opinião sobre o tema, seja bem-vindo! Deve ter algo relacionado a esse evento no site da Famecos (www.puc.br/famecos) e afins. Por fim, resumidamente, para não reduzirem ainda mais os nossos salários, para não aumentarem ainda mais as nossas jornadas de trabalho, e para evitar aberrações vivas circulando dentro das redações, só tem um jeito: voltar a obrigatoriedade do diploma, derrubada em 2001, que impede a fiscalização pelos sindicatos e pelo MTB nas redações e permite que até ANALFABETOS tenham legalidade para exercer a profissão.
Para quem não ia falar nada, falei demais, mas com certeza ainda temos muito a tratar sobre esse assunto. Aliás, se não precisa de diploma para ser jornalista, como muitas pessoas já disseram que sou “meio-psicólogo” e como não consigo emprego na minha área (já que tem charlatões demais ocupando o meu espaço) vou colocar um consultório de psicologia, afinal, sou AUTODIDATA! Ou, como o Sérgio mesmo falou, como me considero uma pessoa justa, que tem bons princípios, também posso ser DESENBARGADOR, ou JUIZ! Não gostou? Vai reclamar para o Papa, para o bispo, ou para a puta que o pariu. Sorry, mas a porra da paciência com a ignorância também tem LIMITE!!! Segue o texto do site:

terça-feira, 2 de junho de 2009

Alegria de cera


Estava há pouco abrindo meus e-mails, quando vejo um enviado pelo professor José Marques de Melo, o papa da teoria da comunicação no Brasil, presidente fundador da Intercom e um dos fundadores da Escola de Comunicação e Artes, a famosa ECA, da USP. Era sobre o seminário envolvendo a Globo e a Intercom. Em resumo, é uma parceria entre os dois, que resultou, entre outras coisas, na realização de um seminário no Rio de Janeiro, que conta com palestras com Carlos Henrique Schroeder, Willian Bonner, Marcos Uchoa, visita ao Projac, joguinho de futebol com os globais e tudo mais. O evento será de 1° a 4 de julho, e os selecionados ganham viagem e hotel (com refeições). Eu já sabia desse seminário, mas, apesar de ser sócio da Intercom e da Sbpjor, também sabia que teria que ter me inscrito para concorrer a uma boquinha no seminário. No entanto, como não estudo audiovisual, e as inscrições eram para trabalhos nessa área, nem me preocupei. Porém, estava eu olhando meu e-mail, quando abri um, enviado pelo professor Marques de Melo, que dizia exatamente o seguinte (simplesmente copiei e colei):

“III Seminário Temático Globo / Intercom 2009
Comunicamos que seu nome foi selecionado para participar do III Seminário Temático Globo / Intercom, que se realiza no Rio de Janeiro de 1 a 4 de julho de 2009. A equipe do Globo /Universidade vai procurar cada um de vocês para acertar detalhes da viagem. Veja a seguir a programação do evento, anotando os compromissos com a Intercom nas noites de 1 e 4 de julho, no hotel reservado, em local a ser anunciado.
Atenciosamente...”

Enfim, achei que alguma alma caridosa pudesse ter me indicado para o seminário, vá saber. De repente, alguém leu meu blog, ouviu falar das minhas peripécias homéricas, ou de meus talentos ainda não descobertos, e resolveu me incluir entre os selecionados. Já estava me enxergando de chinelos Havainas, calção azul marinho e sem camisa, com um copo de caipirinha numa mão e um palito de dentes na outra, olhando para a praia, parado na porta do hotel em Copacabana, me espreguiçando e murmurando “ah, a vida é boa, muito boa!”. Já sentia o clima de quase 0 graus do meu AP se elevar aos 30 graus das praias cariocas, e inclusive, já via o desfile de top models diante da minha humilde presença, abanando e sorrindo para os meus comprometidos olhos, e no meio disso, aparecia o manobrista do hotel alcançando a chave do meu Corolla zero, dizendo “já está estacionado no espaço do apartamento 2.049, senhor”. E eu sorria cordialmente para aquele rapaz humilde e atencioso, que vestia uniforme do Copacabana Palace, e respondia “muito obrigado rapaz. Tome uma gorjeta” e largava uma nota de 50 reais na mão do pobre coitado, enquanto pensava como era bom ser agraciado com um carro 0 km pelo simples fato de se ter um pouco de talento... Estava divagando sobre tudo isso, com a mesma cara do Chaves depois de ver a Popis, quando recebi outro e-mail, novamente do Marques de Melo. Logo calculei que só poderia ser para informar o endereço do hotel, ou talvez sobre o Corolla, que não fora mencionado no e-mail anterior. Abri o dito cujo, mas conforme eu ia lendo o e-mail, o meu sorriso ia se desmanchando, e logo murmurei um “era bom demais pra ser verdade”. Eis o que dizia o e-mail:

“Peço desculpas pelo envio inadvertido da circular anterior a toda a lista da SBPJOR, informando que os socios selecionados serão contatados individualmente pela secretaria da Intercom.
Atenciosamente
José Marques de Melo”.

E depois de ler isso, voltei para a realidade do meu quarto gelado e do colchão que está jogado aqui do lado, bem longe das praias de Copacabana e do Projac. Mas o palito de dente na outra mão, no entanto, é uma realidade.

Amores (ir) Reais (Arion Fernandes)


Bom, quando li o texto que se segue, achei tão bom, que por vários segundos pensei que era meu. Mas não, não era meu, e sim, do Arion Fernandes. Depois de xingá-lo em inúmeros posts apenas para garantir a audiência do blog, faço justiça e simplesmente copio aqui, sem a sua autorização, esse texto que parece que foi tirado do meu cérebro. Mas não veja essa cópia como um roubo do teu blog, caro Arion, e sim, como uma divulgação não autorizada do teu talento. Quem quiser ver outros textos desse traste talentoso (não poderia passar sem fazer um xingamentozinho) pode acessar o blog: http://www.espacodiverso.blogspot.com/. Ah, e para completar, também roubei a foto do blog dele. Agora, chega de papo furado, e vamos ao texto:

Marina acordou, espreguiçou-se sobre a cama e, ainda sonolenta, olhou em direção à janela, o sol invadia aquele quarto com tamanha determinação que chegava a lhe doer os olhos. Observou, por um instante, as cortinas de tecido leve que esvoaçavam com a brisa morna de verão, que entrava pela janela aberta.
Seu corpo parecia querer continuar naquela condição, mas sua cabeça já estava em atividade, organizando mentalmente o seu dia. Levantou-se vagarosamente, caminhou até a janela, contemplou o céu, que exibia um azul vibrante. O dia prometia-se leve e alegre, o corpo de Marina correspondia, mostrando-se tranquilamente acordado e receptivo aos ares daquela suave manhã.
O peito de Marina se enchia de um inexplicável bem-estar que lhe abriu os lábios num sorriso tímido e num suspiro breve, quando escaparam-lhe algumas palavras:
_Que dia para amar!
A frase saíra espontaneamente, sem raciocinar. Primeiro espantou-se. Depois pensou: “Amar? Quando foi a última vez que vivi um amor?” Não, ela não lembrava, será que nunca tivera vivido um?
Agora os pensamentos lhe povoavam a mente, uma dúvida havia se instalado diante de si. Nunca tivera um amor? Caminhou sem pressa, com os pensamentos longe dali. Deixou-se cair sobre a cama, fechou lentamente os olhos.
Marina se considerava uma dessas mulheres fortes, independentes. Nunca tinha sofrido por homem nenhum. Não entendia como se morria por um sentimento, tudo isso sempre esteve longe dela e de todo o seu mundo controlável.
Porém hoje, ela sentia necessitar desse sentimento desconhecido. Foi então que levantou-se de súbito, decidida e planejou:
_Vou encontrar o amor da minha vida. Assim, bem clichê, digna de uma novela mexicana. Ora! O amor não tem nada de original mesmo. Pensou ela, sorrindo quase cinicamente.
Em pé ao lado da cama, desfez o nós das alças da camisola comprida, cor de salmão, e a deixou cair, revelando o seu corpo nu. Em direção ao banho, foi com a sensação de felicidade desenhada na face, parecia esta flutuando, mas ainda sentia a maciez do carpete tocar os pés. Tudo encaminhava-se para uma ordem perfeita até chegar à porta do banheiro, quando paralisou imediatamente e por um segundo, sentiu todo o corpo tremer de susto ao ver aquele homem, uma toalha enrolada na cintura, fazendo a barba e mostrando uma barriga saliente, com seus quase quarenta anos. _Quem é ele? Pensou ainda bastante assustada.
- Bom dia amor! Dormiu bem? Por que está nua? As crianças podem acordar. Ele respondeu aos pensamentos de Marina.
- Não, não, sou casada? Murmurou com a mão na testa. _E tenho filhos?
Não reconhecia nada daquilo como sua vida. Por que estava ali? Quem era aquele homem? Quem era ela? Franzia a testa enquanto se perguntava.
- Querida, hoje não venho almoçar em casa, talvez tenha que viajar, resolver algumas pendências do escritório... - Ele continuava a falar enquanto passava a lamina no rosto, aparando a barba. - Você está me ouvindo? Olhou para ela ao falar.
Então ela olhou fixamente para ele, respirou fundo... Voltou-se com corpo, caminhou apressadamente, jogou-se na cama de bruços, pôs o travesseiro sobre a cabeça e adormeceu.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Viagem

Saio da aula, passo em casa, assisto ao Barcelona dar um chocolate no Manchester United (os espanhóis serão o adversário, ou melhor, a vítima do Grêmio no Mundial) e espero a visita de minha mãe. Ela chega, conversamos um pouco, depois chega minha irmã e, depois, o Fábio colega, não o irmão. Vou numa lancheria (ou lanchonete, para os não-gaúchos) e compro um xis para cada. Volto para casa, devoramos os xis, e vou para a rodoviária. Na chegada, encontro o Augusto, e pelas pastinhas das outras pessoas, vejo que 60% dos passageiros que saem de Porto Alegre com destino a Blumenau, são congressistas da Intercom Sul. Eu e o Augusto ficamos ali conversando, projetando quem poderá sentar ao nosso lado, como quem aposta nos cavalinhos do Cristal (ainda existe?).
Somos uns dos primeiros a entrar no busão da Penha, que tinha até almofada e cobertor. O pessoal vai passando, se acomodando, até que chega um senhor muito, mas muito gordo. Nada contra os gordos. Mas aquele cara era muito gordo mesmo. Tudo bem. Senta-se ao meu lado e ocupa toda a poltrona dele, mais metade da minha. Faz parte. Tento ouvir os jogos da dupla no radinho de pilha. Vou mexendo no dito cujo, tentando sintonizar a Gaúcha. Depois cai a Gaúcha e fico com a Guaíba. Isso dura pouco tempo, mas mais adiante consigo pegar mal e porcamente a Band. Até que nenhuma delas funciona, e encontro então a Globo, que está transmitindo Vasco e Corinthians. Mesmo assim, fico tentando achar alguma que transmitisse os jogos da dupla, quando encontro uma rádio muito tosca, onde um cara com voz do Everaldo Guilherme, da Pop Rock, transmite ao jogo do Inter contra o Coritiba, no Beira-Rio. O comentarista, um tal de Armindo ou Armino (que não é o da Esquina Gaúcha), que devia ter uns 80 anos e não tinha a mínima vontade de estar ali, informava o que se passava no jogo do Grêmio. Estou tentando entender o que se passa naquela transmissão maluca, quando ouço a voz grave do Everaldo Guilherme falsificado:
- Epa, epa. E parece que tem gol do Grêmio. Vamos ver com Armindo o que está acontecendo lá em Caracas. É com você Armindo.
- É isso, tem gol do Grêmio. A TV está mostrando.
- Mas e aí, conte mais detalhes sobre esse gol.
- Foi um gol de cabeça – dizia o Armindo, meio contrariado por estar falando.
- Muito bom. Muito bom.
- A TV mostra agora que são 29 minutos de jogo.
- É isso aí. Todos os detalhes dessa partida você acompanha aqui....
E eu me perguntando: “quem fez o gol, porra?”... Até que o tal do Armindo, uns dois minutos depois, resolve falar.
- Pelo que estão falando na TV, foi o Fábio Santos que fez o gol...
Enfim. Seguia a viagem, e quando todas as rádios caíram faltavam uns 5 minutos para acabar os jogos. Assim que estourou os 45 minutos do segundo tempo, liguei para casa (a cobrar, é óbvio, porque não tenho crédito no celular). Meu irmão atendeu. O cabeção não tava vendo o jogo. Pedi para chamar o pai, que atendeu no quarto.
- Ta quanto o jogo?
- 1 a 1.
- E o Inter?
- 3 a 1.
- E o Cruzeiro 2 a 1 e o Corinthians 1 a 1?
- É.
- Então ta.
- Peraí, tem uma falta contra o Grêmio perto da área.
- Hmmmm. Vão demorar pra cobrar?
- Não, não. Era falta para o Grêmio... Acabou.
- Então ta agora então.
- Então ta então.
Terminou a ligação, e o gordo do meu lado já roncava como um trator. Peguei o MP3 e fiquei ouvindo músicas até, sei lá, três da madrugada. Acabou a pilha, e o gordo ainda roncava. Aliás, roncava e peidava. Sem dúvidas, foi a pior viagem da minha vida. Não dormi um mísero minuto. Chegamos em Blumenau às 7h30, e depois de tomarmos café e de nos juntarmos aos outros congressistas, rachamos um táxi até a Furb, onde aconteceria o evento. Na conferência de abertura, a sala onde ocorria a palestra estava super-lotada. Fomos para outras salas de aula normais, onde haviam telões improvisados. Instalamo-nos no fundo de uma, onde não havia cadeiras. Sentamos no chão. Depois, trouxeram algumas cadeiras, mas preferi seguir no chão. Em pouco tempo estava deitado, fazendo da pasta e do moletom um travesseiro, e fiquei ali, estendido, cochilando. Um pouco cochilava, um pouco ouvia a palestra, que era muito mais voltada para a publicidade, que não é exatamente o meu chão. Quando acabou, fomos para o hotel, onde finalmente largamos nossas coisas. O Augusto sumiu, e eu tomei um bom banho quente e fui para a rua almoçar. Quando terminei o almoço, paguei a conta e o cara do caixa me deu uma bala de hortelã de brinde. Saí do restaurante palitando um nervo do bife que estava entre meus dentes, e entre uma palitada e outra, eu assobiava animadamente alguma música qualquer do Charlie Brown Jr. sob o sol de Bluemau, pensando "ainda bem que aquele gordo não é meu companheiro de quarto".
PS: quando baixar as fotos, coloco uma da conferência de abertura.