.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Viagem

Saio da aula, passo em casa, assisto ao Barcelona dar um chocolate no Manchester United (os espanhóis serão o adversário, ou melhor, a vítima do Grêmio no Mundial) e espero a visita de minha mãe. Ela chega, conversamos um pouco, depois chega minha irmã e, depois, o Fábio colega, não o irmão. Vou numa lancheria (ou lanchonete, para os não-gaúchos) e compro um xis para cada. Volto para casa, devoramos os xis, e vou para a rodoviária. Na chegada, encontro o Augusto, e pelas pastinhas das outras pessoas, vejo que 60% dos passageiros que saem de Porto Alegre com destino a Blumenau, são congressistas da Intercom Sul. Eu e o Augusto ficamos ali conversando, projetando quem poderá sentar ao nosso lado, como quem aposta nos cavalinhos do Cristal (ainda existe?).
Somos uns dos primeiros a entrar no busão da Penha, que tinha até almofada e cobertor. O pessoal vai passando, se acomodando, até que chega um senhor muito, mas muito gordo. Nada contra os gordos. Mas aquele cara era muito gordo mesmo. Tudo bem. Senta-se ao meu lado e ocupa toda a poltrona dele, mais metade da minha. Faz parte. Tento ouvir os jogos da dupla no radinho de pilha. Vou mexendo no dito cujo, tentando sintonizar a Gaúcha. Depois cai a Gaúcha e fico com a Guaíba. Isso dura pouco tempo, mas mais adiante consigo pegar mal e porcamente a Band. Até que nenhuma delas funciona, e encontro então a Globo, que está transmitindo Vasco e Corinthians. Mesmo assim, fico tentando achar alguma que transmitisse os jogos da dupla, quando encontro uma rádio muito tosca, onde um cara com voz do Everaldo Guilherme, da Pop Rock, transmite ao jogo do Inter contra o Coritiba, no Beira-Rio. O comentarista, um tal de Armindo ou Armino (que não é o da Esquina Gaúcha), que devia ter uns 80 anos e não tinha a mínima vontade de estar ali, informava o que se passava no jogo do Grêmio. Estou tentando entender o que se passa naquela transmissão maluca, quando ouço a voz grave do Everaldo Guilherme falsificado:
- Epa, epa. E parece que tem gol do Grêmio. Vamos ver com Armindo o que está acontecendo lá em Caracas. É com você Armindo.
- É isso, tem gol do Grêmio. A TV está mostrando.
- Mas e aí, conte mais detalhes sobre esse gol.
- Foi um gol de cabeça – dizia o Armindo, meio contrariado por estar falando.
- Muito bom. Muito bom.
- A TV mostra agora que são 29 minutos de jogo.
- É isso aí. Todos os detalhes dessa partida você acompanha aqui....
E eu me perguntando: “quem fez o gol, porra?”... Até que o tal do Armindo, uns dois minutos depois, resolve falar.
- Pelo que estão falando na TV, foi o Fábio Santos que fez o gol...
Enfim. Seguia a viagem, e quando todas as rádios caíram faltavam uns 5 minutos para acabar os jogos. Assim que estourou os 45 minutos do segundo tempo, liguei para casa (a cobrar, é óbvio, porque não tenho crédito no celular). Meu irmão atendeu. O cabeção não tava vendo o jogo. Pedi para chamar o pai, que atendeu no quarto.
- Ta quanto o jogo?
- 1 a 1.
- E o Inter?
- 3 a 1.
- E o Cruzeiro 2 a 1 e o Corinthians 1 a 1?
- É.
- Então ta.
- Peraí, tem uma falta contra o Grêmio perto da área.
- Hmmmm. Vão demorar pra cobrar?
- Não, não. Era falta para o Grêmio... Acabou.
- Então ta agora então.
- Então ta então.
Terminou a ligação, e o gordo do meu lado já roncava como um trator. Peguei o MP3 e fiquei ouvindo músicas até, sei lá, três da madrugada. Acabou a pilha, e o gordo ainda roncava. Aliás, roncava e peidava. Sem dúvidas, foi a pior viagem da minha vida. Não dormi um mísero minuto. Chegamos em Blumenau às 7h30, e depois de tomarmos café e de nos juntarmos aos outros congressistas, rachamos um táxi até a Furb, onde aconteceria o evento. Na conferência de abertura, a sala onde ocorria a palestra estava super-lotada. Fomos para outras salas de aula normais, onde haviam telões improvisados. Instalamo-nos no fundo de uma, onde não havia cadeiras. Sentamos no chão. Depois, trouxeram algumas cadeiras, mas preferi seguir no chão. Em pouco tempo estava deitado, fazendo da pasta e do moletom um travesseiro, e fiquei ali, estendido, cochilando. Um pouco cochilava, um pouco ouvia a palestra, que era muito mais voltada para a publicidade, que não é exatamente o meu chão. Quando acabou, fomos para o hotel, onde finalmente largamos nossas coisas. O Augusto sumiu, e eu tomei um bom banho quente e fui para a rua almoçar. Quando terminei o almoço, paguei a conta e o cara do caixa me deu uma bala de hortelã de brinde. Saí do restaurante palitando um nervo do bife que estava entre meus dentes, e entre uma palitada e outra, eu assobiava animadamente alguma música qualquer do Charlie Brown Jr. sob o sol de Bluemau, pensando "ainda bem que aquele gordo não é meu companheiro de quarto".
PS: quando baixar as fotos, coloco uma da conferência de abertura.

1 Comentários:

Postar um comentário

<< Home