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domingo, 24 de maio de 2009

Eu na Máquina


Aprendi com o Monteiro Lobato: o negócio é estar na mídia (mesmo levando em conta que esse conceito ainda não existia no tempo dele). Antes de entrar na história desse post propriamente dita, coloco aqui a frase de Lobato, literalmente chupada do livro Pena de Aluguel, da professora Cristiane Costa:
“Isto é como eleitorado. Escrevendo no Estado, consigo um corpo de 80 mil leitores, dada a circulação de 40 mil do jornal e atribuindo a média de dois leitores para cada exemplar. Ora, se me introduzir num jornal do Rio de tiragem equivalente, já consigo dobrar meu eleitorado. Ser lido por 200 mil pessoas é ir gravando o nome – e isso ajuda(...). Para quem pretende vir com livro, a exposição periódica do nomezinho equivale a bons anúncios das casas de comércio – em vez de pagarmos aos jornais pela publicação dos nossos anúncios, eles nos pagam – ou prometem pagar”.
Muito bom, nunca esqueci essa lição do Lobato. Bom, Paulo Coelho, o rei da picaretagem, já assumiu as suas intenções comerciais dentro da literatura publicamente, e outros escritores também se aproveitam do prestígio nos respectivos jornais onde trabalham para vender seus livros. E, como questionaria o Lipovétsky: o que tem de mal nisso? O próprio David Coimbra, além da polêmica Martha Medeiros, faz isso. E eu? Eu não trabalho na ZH. Nem no Estadão. Nem na Folha. Nem no Globo. Nem no Correio. Nem no Sul. Nem no Diário de Santa Maria, muito menos no de Santa Catarina. Como fico eu, nobres leitorinhos tupiniquins?
Eu tenho que me virar. E assim a vou indo, tentando aparecer de Robert no CQC, escrevendo uma coluninha aqui, outra ali, me parando de leitão vesgo pra mamar em dois tetos...
A última aconteceu hoje, no jogo entre Grêmio e Botafogo. Eu já tinha visto a Sabrina, da Pop Rock, em outros jogos do Grêmio, circulando pelas cadeiras do Olímpico. Mas, desde que saí de Santo Ângelo, nunca mais tinha ouvido o pessoal do Cafezinho. E dessa vez, antes de começar o jogo, a vi escorada em um canto do Olímpico, conversando com uma loira baixinha, um pouco gordinha, que devia ser sua conhecida. Foi então que resolvi sintonizar na Pop Rock para ouvir a transmissão da Máquina do Cafezinho.
Só que, o problema de fazer isso no Olímpico, ou no meio de qualquer torcida, é que muitas vezes quando o time adversário está atacando, alguém fala uma bobagem no ar, e você começa a rir. E o pessoal que está do lado fica te olhando meio desconfiado. No entanto, ouvindo as entrevistas da Simone com a torcida, percebi que 99% dos torcedores que estão nas cadeiras, não ouvem a Máquina, mas sim, as rádios AMs. E eu estava ouvindo a Máquina! Portanto, pensando nisso, e naquilo que o Monteiro Lobato falou lá em cima, vi que a Simone tava por ali, dando bobeira, parei do lado dela, e apontei para o fone de ouvido: “estou ouvindo”. Aí começamos a conversar e disse que era de Santo Ângelo, e tal, aí ela pediu para me colocar no ar... Hmmmm, ok, ok, admito, fui eu quem pediu para entrar no ar... e o que se sucedeu foi mais ou menos o seguinte:
- Olha rapaziada, eu to com um cara aqui que quer mandar um recado, diz aí:
- Então (não lembro se comecei a frase com então, mas enfim)... Então, meu nome é Eduardo Ritter, quero mandar um abraço pra galera de Santo Ângelo, que ouve em peso o Cafezinho, e mandar um beijo pra minha noiva Cristiane, que está lá ouvindo vocês... – nesse momento, os caras começam a me zoar no estúdio, dizendo “aê, um beijo pra noiva! Um beijo pra noiva!”.
- Mas e aí, o que está achando do jogo? – perguntou a Sabrina.
- Ta bom. O foda é que a gente fica ouvindo a transmissão da Pop Rock, e no primeiro tempo teve alguns momentos em que vocês fizeram piadas e o Botafogo atacava, e eu comecei a rir sozinho, e o pessoal do lado ficava me olhando atravessado...
- Esse cara deve ter problema – disse um lá do estúdio.
- Ele está ouvindo vocês – retrucou a Sabrina.
- Imagina você vendo o jogo, o Botafogo ataca, e o cara do lado começa a rir. Esse cara só pode ter problema...
E assim, fui para o banheiro, resolver meus problemas, enquanto discutiram por mais algum tempo se eu tinha problema ou não, até que voltei para o segundo tempo, e, para resolver os meus problemas, o Jonas e o Fábio Santos fizeram dois gols e o Grêmio ganhou por 2 a 0, e eu tive assim alguns segundos de fama no microfone da Pop Rock.

3 Comentários:

  • Ritter! Isso é robertismo!
    A minha irmã me comunicou através do msn da minha mãe que tu estavas na Máquina. Isso que São Luiz Gonzaga, onde elas moram, é o limite da frequência da Pop Rock Novos Horizontes. Tipo, no vizinho do lado de lá nem pega. Então é muita sorte tua ser ouvido e conhecido.

    Por Anonymous Anônimo, às 24 de maio de 2009 às 21:48  

  • Era a Sabrina, não era?


    Abraços da mana-do-Tiarajú-que-te-ouviu-na-Pop-Rock-e-que-contou-pra-ele-via-emê-ésse-enê-da-nossa-mãe.

    Por Blogger Margarida, às 25 de maio de 2009 às 14:33  

  • ta ficando conhecido alemao...

    daqui uns dias fica famoso, e o mais importante, antes dos 30!

    nunca esqueça!

    Por Blogger Zaratustra, às 25 de maio de 2009 às 16:05  

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