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sábado, 16 de maio de 2009

Palestras e outros causos

Antes de entrar no texto propriamente dito, quero fazer três considerações:
1°) Não estou recebendo absolutamente nada da livraria Cultura, aliás, não tenho a mínima idéia de quem seja o dono do negócio;
2°) Também não escrevi o texto a seguir para puxar o saco de ninguém e não tenho nenhuma promessa de emprego no grupo RBS e, na minha situação atual, tendo como concorrentes adolescentes com muito mais condições financeiras do que eu, que com 21 anos falam três línguas e já fizeram intercâmbio em cinco países, e sabem muito dos programas técnicos de edição e de planejamento gráfico, sei que estou em tremenda desvantagem em relação a eles a uma vaga de foca no mesmo grupo. Portanto, os elogios a seguir, são totalmente espontâneos e voluntários.
3°) Se você não acreditar em nenhuma das considerações anteriores, não faz mal, porque meu objetivo aqui é literário e não jornalístico, portanto não me sinto comprometido em dizer a verdade neste espaço.
Agora, vamos à história.
Como foi divulgado em vários lugares, entre eles, no blog do David Coimbra, hoje aconteceu na livraria Cultura, no shoping Bourbon Country, em Porto Alegre, uma palestra com seis dos jornalistas que escreveram matérias selecionadas para o livro “45 Reportagens que fizeram história”, lançado nesse ano. Entre os palestrantes, estava o próprio David Coimbra.
Bom, após ir no Carrefour e comprar a janta de hoje, o almoço e a janta de amanhã (ou seja, três pizzas), 2,5 litros de Coca (também não recebo nada da Coca, mas se a Pepsi quiser me pagar algo, posso trocar de produto, e assim, divulga-la nesse espaço para os milhões de leitores desse blog que estão espalhados pelos quatro cantos do mundo – o mundo é quadrado?) e algumas latinhas de cerveja, lá pelas 15h30, fui para a parada pegar o bus rumo ao Bourbon. E se você não gosta de frases longas, vá ler histórias em quadrinho, deixa eu curtir o meu momento de infidelidade com a objetividade jornalística. Bem, cheguei ao Bourbon cedo, já que a palestra era só às 18h. E pior: estava com dinheiro no bolso. Eu, com dinheiro, em uma livraria, é como mulher em loja de roupa. Querem levar tudo que acham bonito. Eu queria levar tudo que achava interessante. Comecei comprando o próprio livro da ZH. Aí, o vendedor me convenceu a fazer um cartão, que além de me dar descontos, também me possibilita acumular bônus para ganhar R$10 de desconto a cada R$200 gastos. Enfim, se considerar tudo que gasto com livros durante um ano, é uma boa promoção, apesar de saber que o dinheiro da “promoção” já está embutido no valor dos livros. Mas é a vida do mundo capitalista, fazer o quê? A revolução, óbvio. Porém, enquanto isso, vamos pagando mais. Pelo menos no caso da compra de um livro, considero uma boa causa.
Então, estava eu com a sacola com o livro de ZH dentro, e aquele cartão, cercado por milhares de obras sedutoras. Comecei a olhar nas estantes. Logo na primeira, meus olhos já se cruzaram com a bela capa do livro “Trilogia Suja de Havana”, do cubano Pedro Juan Gutiérrez. Já tinha ouvido falar muito bem desse autor através do meu primo Gérson, que sei que tem um faro fino para a boa literatura (afinal, ele lê meu blog!). Não resisti, e comprei essa obra de 350 páginas, e que estou salivando para lê-la. Depois disso, lembrei da minha filhota Laura, que também é uma mini-devoradora de livros. Eu dei para ela dois volumes daquela coleção “Querido diário, otário”, sendo que cada uma é de mais de 100 páginas. A primeira, dei no Natal. Ela não queria jantar para ler. Ficava com o livrinho ali, escondido embaixo da mesa, lendo toda disfarçada. No outro dia já tinha lido tudo. Uma semana depois, já tinha lido outras duas vezes. Depois, na Páscoa, a mesma coisa. Dei o volume 3, que foi devorado em menos de dois dias. E agora estou aqui, com o volume 2 (Tem um fantasma na minha calça) a espera dela. Isso que ela tem 8 anos, imaginem quando tiver a minha idade. E quando tiver a idade da bisa então, nem se fala! Vai ter devorado toda a Biblioteca Nacional. Com certeza, um exemplo a ser seguido, a minha filhota. Méritos para a minha noiva: Cris.
Assim como a Laura, a Livraria Cultura também é um exemplo a ser seguido. Comprando lá, ganhei ainda a Revista da Cultura. Sinceramente, a maioria das revistas atualmente são vendidas, as mais baratas, a R$8, R$9. Essa eu ganhei de graça. E não fica em nada atrás das outras. Só matérias boas, entrevistas interessantes, textos inteligentes. Até a publicidade é de tirar o chapéu. Vejam só essa, da Alvorada Seguros, toda em letras de jornal, com a cartola “Política”:
- Há 30 anos, ninguém apostaria num ator para presidente dos Eua.
- Há 5 anos, ninguém apostaria num negro para presidente dos Eua.
- Hoje, ninguém apostaria num gay para presidente dos Eua.
- O futuro do mundo é previsível. O seu não. Faça um plano de previdência.
Quase gastei o resto do saldo do meu celular para fazer um seguro com os caras. Só que, no momento, infelizmente não posso. Bem, depois de ter gasto o que não podia, pra variar, comprando livros, fiquei no andar superior, próximo ao auditório onde ocorreriam as palestras, lendo o livro “Aula”, de Roland Barthes, que retirei da biblioteca da PUCRS para a produção de um dos quatro artigos que tenho que terminar até o final de junho.
Lá pelas tantas, abriram o auditório. Palestraram: Carlos Etchichury, Carlos Wagner, David Coimbra, Dione Kuhn, Humberto Trezzi e Nilson Mariano, com a mediação do diretor de redação de ZH, Ricardo Stefanelo. Uma belíssima iniciativa. Não posso contar aqui todas as histórias que ouvi, por uma questão de espaço, e, admito, de falha de memória. Algumas estão no livro, outras não. No total, contando as perguntas, a palestra durou cerca de duas horas. Também assumo aqui que, quando terminou a palestra, após um cara que estava na minha frente fazer uma pergunta, quando percebi que ninguém mais questionaria nada e que o papo, que estava tão bom, se encerraria, ergui a mão para fazer uma pergunta. Confesso que foi mais no sentido de tentar explorar o conhecimento dos seis que estavam no palco e evitar que o evento se encerrasse, do que qualquer outra coisa.
- Bom, meu nome é Eduardo, também sou jornalista, mas estou desempregado. Gostaria de saber como cada um de vocês entrou em ZH e se já haviam trabalhado em outros jornais anteriormente?
Não vou colocar as respostas, até porque não lembro de todas. Mas depois, outras pessoas fizeram outras perguntas, e, modéstia parte, graças a minha pergunta a palestra durou mais uns 40 minutos, pelo menos. Ah, e pela segunda vez me identifico como desempregado. Da outra vez, num seminário da ARI, em 2007, fiz uma pergunta parecida. Dias depois, quando fui começar a o estágio na Rádio Gaúcha, falei para o Zé Aldo Pinheiro:
- Eu estava naquele seminário que você falou.
- É mesmo?
- Sim. Eu perguntei tal e tal coisa.
- Ah, tu é o desempregado. Mas como tu veio parar aqui?
Enfim. Mas dessa vez a situação é diferente. Falei desempregado, mas omiti que estou fazendo mestrado. Lembro que a resposta do Carlos Wagner foi como se estivesse falando para um estudante do 1° semestre da graduação. No entanto, foram valiosos os conselhos que ele me deu.
Já depois da palestra, teve a famosa sessão de autógrafos. Tentei lembrar antes se já tinha entrado em fila de sessão de autógrafos, e acho que essa foi a primeira vez. Legal. Conheci uma galera engraçada. Até contei para um gordinho daquela vez que eu e o Arion Moreira tomamos um porre sem querer na UPF, num coquetel que entramos de furo na Jornada Nacional de Literatura de 2005. Aliás, dessa vez também tinha bebida, só que o primeiro garçom trouxe uma bandeja que só tinha água. E sem gás! Como um garçom oferece água sem gás num coquetel? Depois que chegou outro com vinho, comentei com o gordinho: agora sim estamos falando a mesma língua.
E quando chegou a minha vez, contei para o David que escondi aquele livro da “Cris, a fera”, onde ele escreveu junto ao autógrafo “Eduardo, cuidado, todas as Cris são fera”, fazendo uma referência a minha noiva, obviamente. “Escondi aquele livro. Ta loco, vai que ela goste da idéia”, comentei. O Humberto Trezi ficou rindo, comentando “o cara escondeu teu livro da namorada!”. Meio sem jeito, o David explicou: “é que a Cris do livro literalmente matava os caras”.
Para encerrar, o Carlos Etchichury, ou o Carlos Wagner, sei lá, não da pra entender a letra, escreveu: “boa leitura e não desista da reportagem”. Certamente não desistirei. Isso é pior que cachaça. Já o Humberto Trezzi foi mais otimista, e escreveu a seguinte dedicatória: “Ao futuro emprego!”. E que assim seja.

Foto: Genaro Joner, www.zerohora.com
PS: Por favor, seu Joner, não me processe. Se você fizer isso, serei preso, já que não tenho como lhe pagar pelos direitos autorais. Não passo de um pobre jornalista desempregado metido a escritor que está na luta por um lugar ao sol. Thanks.

2 Comentários:

  • Bah home! Tu é foda!
    Eu queria ir nessa palestra... hehehehe
    Que triste a vida de morador interiorano.

    Por Anonymous Anônimo, às 17 de maio de 2009 às 07:40  

  • Q bom q estás participando de palestras c/pessoas tão cultas! Vê se numa dessas consegue uma boquinha.....
    A propósito, vou lendo e examinando a escrita; me tire uma dúvida: guardarei-los é gozação, né? só pode, pq o correto tu sabes como é, né??? bjs da mamy orgulhosa

    Por Blogger Nara Miriam, às 17 de maio de 2009 às 14:30  

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