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sábado, 23 de maio de 2009

Crônica de confusões anunciadas

Acho que a vida está me sugando. E tenho certeza de que estou com saudades da minha namorada. E acho que uma coisa tem a ver com a outra. E que isso se reflete aqui, nobre leitorinho tupiniquim, nesse espaço. Vou tentar explicar. Às vezes sento aqui, querendo escrever, e nada, apesar de ter seguido o conselho do professor Juremir, de me expor o máximo possível a estímulos externos para ganhar inspiração. E agora conclui: ela (a inspiração) não vem porque a vida está me sugando. Ou seja, leio uma porção de livros, vou à aula e discuto-os com os colegas, escuto os professores, vejo as apresentações sobre os temas, chego em casa, discuto mais sobre o assunto com minha irmã, com meu primo, com os bêbados do bar do meu tio, aí vou na academia para aliviar a cabeça, e fico pensando sobre um monte de coisa ao mesmo tempo, no passado, no presente e no futuro, aí vou nos jogos de Grêmio e Inter, e vejo uma porção de outras coisas, uma mais louca que a outra, aí vou ler alguma coisa diferente dos textos acadêmicos, como o livro do Pedro Juan Gutierrez, aí discuto isso tudo com colegas, amigos, parentes e afins, mas mesmo assim, parece que quando sento aqui, na frente do computador, querendo escrever algo super-inteligente, me dá um branco. Parece um trauma, como naquela historinha onde a personagem é condenada a ser jornalista com a seguinte sentença: você está condenado a escrever todos os minutos, horas, dias, meses e anos da sua vida, tendo ou não assunto para abordar. Nem eu entendo o que acontece. Aí penso em mil coisas que poderia escrever, só que aí lembro aquelas frases perdidas, ditas em algum lugar por alguém, ou lidas em algum livro, revista, jornal ou e-mail, do tipo “hoje qualquer um escreve o que quer, ninguém está nem aí pra nada, ser escritor é fácil, até meu cachorro pode ter um blog, postar suas fotos, fazer um diário dizendo que hoje ele roeu um osso, brincou com o paninho, fez vuco-vuco na almofada, etc”, e isso me dá uma angústia. E no meio disso tudo, fico morrendo de saudades da minha namorada, sinto falta de, nesses momentos, e em outros também, abraça-la, olhar nos seus olhos e ficar ali dentro, pelo resto da vida, pouco me lixando para tudo o que se passa fora deles. (......)
Bom, mas para compensar, tenho minha irmã aqui, e ela está brigando para que eu saia do computador, e assim paro de ficar viajando nisso tudo. Vou abrir uma long neck e ver se ta dando o Fudêncio na MTV.

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