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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Tri (colorado) é logo ali

É muita diferença. Não se tem como comparar. O time do Inter é, em todos os aspectos, superior ao do Grêmio. Do goleiro ao centroavante (considerando a lesão do Victor, é óbvio). Enquanto o Inter tem 10 jogadores de linha que podem resolver a partida a qualquer momento, principalmente os da frente, como Damião, D’Alessandro, Rafael Sobis e o reserva de luxo Tinga, o Grêmio não tem NENHUM. Para o Grêmio fazer gol, o time adversário tem que falhar. O Grêmio depende da falha do adversário e da sorte, senão não faz gol. Já o Inter, faz gol com a qualidade de seus jogadores. Por tudo isso, e muito mais, o Inter é favorito para ganhar o Gre-Nal de amanhã, quem sabe até, de goleada. Entretanto, sempre tem aquela máxima óbvia: clássico é clássico. E vice-versa, como já diria o filósofo Jardel.
Na minha humilde opinião, o Grêmio só tem uma chance para ser campeão amanhã: pelo fato de o tricolor estar semi-morto na Libertadores. A competição Sul-Americana de 2011 já é praticamente passado, enquanto que o Inter está completamente focado na partida de volta contra o Penharol. Ou seja, a desconcentração do time do Inter, a preocupação em não se machucar e em não se desgastar dos colorados são as únicas chances que o Grêmio tem de ganhar o clássico. Para o Grêmio o Gre-Nal do Gauchão é a vida. Para o Inter, é apenas mais um joguinho regional.
Eu, como gremista, já penso no Campeonato Brasileiro. E tenho minha sugestão para o tricolor: demitir todo mundo (menos o Lúcio, o André Lima e o Victor) e começar tudo do zero. Inclusive, o técnico Renato deveria bailar. Ele tem o passado dele no Grêmio, sempre será ídolo, mas está com a cabeça nas praias cariocas. A direção deveria deixa-lo ir morar no Rio e trazer outro treinador. O Grêmio, hoje, não tem jogadores minimamente qualificados e não tem tática. Joga como um time de trabalhadores que disputam suas peladas no final de semana: todo mundo corre feito louco atrás da bola, quando o time se defende vai todo mundo para trás e quando o time ataca vai todo mundo para a frente, deixando uma avenida para o adversário contra-atacar. Não tem condições. É triste e deprimente para os gremistas assistirem um time, vestindo uma camisa com azul, preto e branco, jogar dessa forma. E é mais triste ainda ver o Inter jogar de forma exatamente contrária: de forma organizada, tocando a bola conscientemente e tendo jogadores habilidosos e capazes de resolver uma partida com um lance de gênio.
Sobre a Libertadores, considero Inter e Cruzeiro os favoritos. O Santos, com Neymar e Ganso, e o Universidade Católica correm por fora. Qualquer time que tem Neymar e Ganso não pode ser subestimado. Entretanto, entre esses quatro, ainda considero o Inter o melhor. O Cruzeiro está jogando muita bola, se postando de maneira tática quase perfeita, mas não tem tantos craques quanto o Inter. Já o Santos, tem dois craques, mas não tem tantas opções ofensivas quanto o time de Falcão. E o Universidade Católica é um bom time, com bons jogadores, mas ainda é uma incógnita diante de times realmente qualificados, como o Inter. Portanto, no fundo no fundo, a minha aposta para a Libertadores é o tricampeonato colorado. Gremistas, sei que é duro, mas, como diria o baixinho da Kaier: não tem como negar.
*Texto publicado no JM de amanhã.

Analfabetismo funcional

Sei que já abordei analfabetismo funcional em outra coluna, mas esse é um assunto que me fascina. Entretanto, creio que muitas vezes há uma confusão entre analfabetismo funcional e interpretações permitidas pelo texto. Mas comecemos pelo analfabetismo funcional. Como já foi divulgado inúmeras vezes, o Brasil é um dos países com maior índice de analfabetos funcionais, algo em torno de 90% da população. Ou seja, são pessoas que são alfabetizadas, que sabem ler, mas não sabem interpretar o que leem. Outra vez citei um exemplo bem simples: é como você apresentar um texto com a seguinte informação: João foi de avião de São Paulo para Recife, e depois perguntar: Como João viajou de São Para Recife? E a pessoa responder: ãhn... não sei, acho que de ônibus. Claro que esse exemplo é demasiado simplista. Vou citar outro, que aconteceu com uma coluna minha.
Escrevi outro dia um texto relacionado a piadas de sogra. Pois me contaram que um sujeito chegou para a própria sogra e disse: olha só o que o Eduardo escreveu para a senhora. Ou seja, nesse caso, há duas possibilidades: ou o cara é um analfabeto funcional, que não entendeu o que leu, ou é um pilantra cara de pau. Nesse caso, acho que ele foi pilantra e quis botar no meu a birra que ele mesmo tem com a própria sogra. Mas, caso contrário, esse também é um exemplo de analfabetismo funcional.
Porém, há também o caso das múltiplas interpretações de um texto. Há textos que permitem diversas interpretações. O autor do texto, quando faz a publicação, perde o controle sobre ele. Cada um vai interpretar de uma maneira diferente. Lembro-me que certa vez o escritor Moacyr Scliar contou que o seu filho lhe deu uma prova para responder sobre interpretação de texto. No caso, a prova apresentava questões objetivas sobre um texto do próprio Scliar e, adivinhem: ele errou as respostas sobre o seu próprio texto. Quer dizer, será que ele que não soube interpretar o próprio texto ou foi quem elaborou a prova? Acho que a resposta é demasiado óbvia, e demonstra a ineficácia da maioria das questões de interpretações cobradas em vestibulares e concursos públicos.
Entretanto, como ressaltei anteriormente, quando o texto é publicado ele pode ser interpretado de diversas maneiras. Meu professor e orientador no mestrado, Antonio Hohlfeldt, certa vez nos disse algo que chega a ser surpreendente de tão óbvio: a mensagem final do texto fica na interpretação no receptor (quem o lê) e não na intenção do que quis dizer o autor. Óbvio, pois a não ser que o autor lhe explique o sentido do texto, ele ficará pensando que o certo é a interpretação dele! Chega a ser complexo de tão simples...
Por fim, quero deixar mais uma dica de leitura para o pessoal. Carta ao pai, de Franz Kafka. É um livrinho de 100 páginas onde o escritor húngaro escreve uma carta monumental ao seu pai, contando todos os danos mentais que a tirania do velho lhe causou. Esse livro poderia ser transcrito e enviado para alguns pais que conheço. Não o meu, obviamente, pois, como já disse, meu pai sempre me deu apoio para tudo. Pais excessivamente tirânicos também deveriam ler esse livro, para oxigenar a mente atrofiada.
* Texto publicado em A Tribuna Regional.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Massa de pizza sem ovo

45min
2 porções

4 copos e 1/2 (200 ml) de farinha de trigo
1/2 copo de óleo
1 copo (200 ml) de água morna
1 tablete de fermento biológico fresco (15 g)
1 colher e 1/2 de chá de sal
1 colher de sopa de azeite
1 colher (sobremesa) de açúcar
Sabor e cobertura: a gosto

segunda-feira, 25 de abril de 2011

E eu é que sou o louco?

Abro a Zero Hora de hoje e vejo lá, em letras garrafais: “DEM quer fusão com o PSDB para fortalecer oposição ao PT - Democratas tentam convencer cúpula tucana a avalizar a fusão entre os partidos”. E aí eu escrevo uma coluna falando sobre todas as trocas de nome da história do DEM, sempre tentando se livrar da marca que está taxada na sua testa de partido das falcatruas, e vêm os caras querendo me ameaçar de processo? Falasério! Porém, na minha modesta opinião, acho que os tucanos não vão ser tão loucos a tal ponto de manchar o nome da sigla com um partido tão marcado por escândalos de corrupção.
O meu conforto é que, em seguida, abro o blog do professor Juremir Machado da Silva, no qual estou pleiteando uma vaga como orientando no doutorado, e ele está discutindo via textos de jornal e blog com um coronel do tempo da ditadura. Ou seja, como diria o filósofo Cleber Ban-Ban: faz parte do bagulho.

Bolo sem ovos com cobertura de goaibada


Ingredientes (40 minutos 10 porções)
Para a massa
3 colheres (sopa) de margarina
2 xícaras de açúcar
1 xícara de leite
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
Para a cobertura
4 fatias de goiabada
água e açúcar
modo de preparo
Para a massa
Misture (bater) a margarina e o açúcar até adquirir um creme. Acrescente o leite e adicione a farinha aos poucos. Por último, adicione o fermento. Unte a forma e coloque para assar por cerca de 30 minutos.
Para a cobertura
Em uma panela, coloque as fatias de goiabada, quando começar a derreter, adicione um pouco de água com um pouco de açúcar, mexa e deixe ferver até a goiabada derreter mais. Repita o processo, se necessário. Derrame a cobertura ainda quente sobre o bolo.
Fonte: Mais Você

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A borboleta polída

A borboleta voa atrás do pólen. Ela não acha o pólen. Mas ela está sempre atrás do pólen. Ela vai de flor em flor atrás do maldito pólen. Onde estará a porra do pólen? A borboleta não sabe. Então, ela encontra a abelha e lhe pede um pouco de pólen. A abelha diz que está em falta. “Vai se fuder”, responde a borboleta. “Entregue-me um pouco de pólen, ou morrerei”, implora a borboleta. A abelha sugere que a borboleta busque pólen com a mariposa. Assim, ela voa até a mariposa e lhe pede um pouco de pólen. “Mas que pólen?”, pergunta a mariposa. “O pólen, pô”, retruca a borboleta. A mariposa vê que a borboleta não está normal e sai voando. A borboleta, enraivecida, segue voando de flor em flor, procurando um pouco de pólen, mas não o encontra em lugar nenhum. Dali a pouco surge uma garotinha. A borboleta pousa na ponta do dedo da garotinha, que sorri. Ela faz piruetas, dança, até faz barulho audível ao sensível ouvido da garotinha, tenta comunicar a garotinha de que precisa de pólen, mas é inútil. A garotinha apenas sorri de volta e vai andando com a borboleta fazendo mirabolices em seu dedo. Cansada de gesticular, a borboleta voa de volta para as flores, em busca de pólen. “O pólen é foda”, pensa a borboleta. “Mas eu preciso dele”, complementa. Então, a borboleta encontra outra borboleta e lhe pede um pouco de pólen. A outra responde que também está a procura de pólen, mas que parece que está em falta no mercado. As duas se despedem. Enquanto vai para perto de um pé de abacate a meminha volta e ZAP, prende a borboleta em um vidro. A garotinha fica observando a borboleta que cai babando no canto do vidro, tentando gritar “preciso de pólen, preciso de pólen...”, enquanto vai ficando branca e desfalecendo....

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Overdoses

Nesse final de semana, bati um recorde pessoal. Você sabe, há recordes pessoais para tudo. O Pedro Juan Gutierrez, por exemplo, em Triologia suja de Havana, se gaba de ter gozado sete vezes dentro de uma mulher sem tirar o instrumento para fora. Inicialmente, considerei tal façanha impossível. Eu nunca cheguei a essa marca. Entretanto, pensando melhor, vendo certas mulheres andando por aí, acho que chegar a tal recorde não é tão difícil assim. E, além disso, o Pedro Juan gostava de alguns experimentos químicos e naturais, então, de repente com a ajuda deles se torne mais fácil dar sete sem tirar o dito cujo pra fora. Mas há outros recordes. Um amigo meu, lendário, conhecido por Alemão, que não é o meu primo, se gabava de ter se masturbado dez vezes em um dia. Também nunca atingi tal marca, nem no auge dos meus 15 anos, quando tinha a cara cheia de espinhas. Mas, cadum, cadum. Outro amigo meu, mais modesto, dizia que tinha dado 8 com a mulher, mas intercaladamente. Essa marca, sim, é razoável. Nada de mais.
Mas o recorde pessoal que quebrei no final de semana não é nada sexual. É um recorde mais singelo. Já havia comentado aqui que, certa vez, meu amigo Aranha, que faleceu em um acidente automobilístico, disse-me, certa vez, que achava o maior barato ler dois livros ao mesmo tempo. Faz tempo que tenho adotado essa prática, e sempre lembro dele quando estou lendo mais de um livro paralelamente. Entretanto, nesse final de semana, cheguei ao ponto de estar lendo cinco livros ao mesmo tempo. Está certo, crítico leitor, eu nunca transei com cinco mulheres ao mesmo tempo, mas posso dizer que já li cinco livros ao conjuntamente.

Explico-me, para não causar a dúvida do desconfiado leitor. Eu já estava lendo três livros durante a semana: Jornalistas Literários, uma coletânea de reportagens produzidas por formandos de um curso de pós-graduação em jornalismo literário; Pedaços de um caderno manchado de vinho, do Charles Bukowski; e Jornalismo e Acontecimento, uma coletânea de artigos acadêmicos sobre o tema. Sei, crítico leitor, que o livro do Bukowski estou lendo há meses. Mas não estou apressando a leitura desse livro, pois é sempre uma bela forma de espairecer a mente. No ritmo do Albert Cossery, leio, em média, um texto desse livro por dia.
Entretanto, no final de semana, eu li um pouco de cada um desses três livros, e completei meu recorde com mais dois: Carta ao pai, do Franz Kafka, e a Sociedade Pós-Moralista, de Gilles Lipovetsky. O Carta ao pai é um livrinho de 100 páginas publicado pela LP&M, que li no sábado e no domingo. Já o livro do Lipovetsky comecei a ler pois pretendo utilizá-lo no projeto do doutorado. Mas, enfim, li um pouco de cada um dos cinco livros por cinco motivos diferentes, mas, como dizia o velho e bom Aranha, mesmo aqueles textos que você acha que não tem nada a ver um com o outro, no fundo, acabam, de alguma forma, se linkando. É a tal da intertextualidade na era da hipertextualidade. Mas aí já estou viajando demais, portanto, fica para outra hora tais reflexões. O fato é, que além disso, eu também assisti a dois bons filmes: A criação, que conta a história do Charles Darwin, e Parto de Viagem, uma puta comédia. Na verdade, acho que os cinco livros e os dois filmes estão todos interligados, mas não tentarei explicar, aqui, essa interligação para não afetar a sanidade mental do leitor.
FIM

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mate-se depois de ver

Minha experiência na trágica noite tricolor de quinta-feira foi um tanto curiosa. Apesar da chuva, resolvi sair de casa para assistir ao jogo do Grêmio às 22h45. Achei que, por enfrentar um time horrível, sem expressão nenhuma na história do futebol sul-americano e mundial, que ainda jogaria sem cinco titulares, iria assistir a um show do time de Renato Gaúcho. Pensei: de quanto vamos ganhar? Dois, três, quatro, quiçá meia dúzia?! Será uma festa! Concluía mentalmente o raciocínio, tomando um copo de cerveja, assistindo ao jogo do Santos que passava no telão do bar antes da partida do tricolor. Dali a pouco chegou alguns amigos meus, todos devidamente fardados, todos igualmente empolgados, achando que veriam uma goleada tricolor para consolidar a classificação como líder da chave. Aliás, para sair de casa debaixo de chuva e àquela hora, teria que ser para ver uma goleada, ora pois.
Mas, eis que a bola rola, e as nossas expectativas logo são frustradas. O futebol apresentado pelo Grêmio era mais do que ridículo: era inaceitável. Até a SER Santo Ângelo teria jogado com mais dignidade contra o inexpressível e eliminado time misto do Oriente Petrolero, do inexistente futebol boliviano. Acabou o primeiro tempo: 0 a 0. Estava com sono, cansado e com fome. Acabei desistindo. Fui para casa, comi alguma coisa e capotei na cama. Incrivelmente, sonhei que acordava sem saber o resultado do jogo. Liguei então para o meu pai (tudo isso no sonho) e perguntei:
- E aí, quanto foi o jogo do Grêmio ontem?
- 2 a 0.
- Para o Grêmio?
- Não.
Lembro-me como se fosse agora que me desesperei, no sonho. Era como se tivesse sido comunicado da morte de alguém próximo. Acordei, apavorado. Foi só um sonho. Ufa! O Grêmio levar dois desse time? Só em sonho, ou melhor, em pesadelo! Dormi novamente. Acordei cedo e sai de casa sem saber do resultado, mas com uma sensação estranha de que algo ruim tinha acontecido. Parecia que o céu estava mais nublado do que nunca. Cheguei na repartição (sic!) e logo os colorados, devidamente fardados, começaram a perguntar: “e aí, como foi teu time ontem?”. E eu respondia, assustado: “não sei”. E eles caiam na gargalhada, achando que eu estava brincando. Pensei: só pode que perdeu por um, no máximo dos máximos, dois a zero, afinal, no primeiro tempo foi 0 a 0, então...
Todos acompanharam com ar de graça e curiosidade eu entrando na internet para ver o placar do jogo. Quando vi, não acreditei: 3 a 0 para o Oriente Petrolero. É uma versão inversa ao tradicional inacreditável gremista. Uma vergonha. Um absurdo. Inaceitável. Inacreditável. Se eu fosse o presidente, demitiria todo mundo e contratava um novo treinador e um novo grupo de jogadores. Considero esse o maior vexame tricolor das últimas décadas. Um time desses não tem como brigar por nada. Esse é um time que não tem vergonha na cara. Com um jogo desses, mate-se depois de ver.
Um bom final de semana a todos.

*Texto publicado no J Missões de amanhã.
PS: a foto, exclusiva do blog, é para mostrar que o Grêmio tem algo de bom.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mate-se depois de ler

Em protesto à série de censuras que venho sofrendo por parte de diversas pessoas de diversos segmentos, futuramente, quando estiver em meu leito de morte, vou publicar todos os textos censurados (pois, assim, não poderei ser processado nem assassinado). Aviso a todos que todos os textos retirados do ar estão devidamente guardados em um lugar secreto (uuoouuuu). Vou continuar juntando os textos censurados, pois, semana a semana alguém pede para que eu tire algum texto do ar, com medo sei lá eu de que. Inclusive, um dos últimos livros do Caio Fernando Abreu é Ovelhas Negras, que se trata justamente de uma coletânea de textos que os meios de comunicação onde ele estava trabalhando ou colaborando não tiveram culhões para publicar. Só preciso achar um bom título para tal obra: A bomba; Histórias da minha própria infâmia e da infâmia alheia (claramente baseado no título do livro do Juremir); Fodam-se; Tomem no rabo; To cagando e andando; Queime depois de ler (inspirado no título do filme); Mate-se depois de ler; Enfie no rabo depois de ler... mais sugestões?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tu ves...

Após as discussões acerca de temas relacionados à teoria, história e práticas jornalísticas, o Encontro do Fórum Sul Brasileiro de Professores de Jornalismo (relatado no post anterior) foi encerrado no final da tarde de sábado. Assim, minha primeira missão estava cumprida. Restava passar o resto da noite no hotel e, no domingo, ir aos Plátanos assistir ao Grêmio e Santa Cruz.
Tudo aconteceu conforme o previsto e, após uma caminhada lenta pelas ruas de Santa Cruz, fui para o hotel, onde pernoitei tranquilamente. No domingo, acordei às onze horas, fui no banco, saquei dinheiro, perambulei pela praça, voltei ao hotel, paguei a conta, almocei, voltei às ruas onde perambulei mais um pouco e, depois de observar dois bêbados vagabundos alegres caminharem tropegamente pela praça central dando risada e batendo papo com o cachorro que os acompanhava, resolvi pegar a estrada e ir a pé para os Plátanos, afinal, até a pé nós iremos...
Cheguei lá bem cedo e, na falta do que fazer, comprei uma latona de cerveja no posto que fica ao lado dos Plátanos. Fiquei ali, bocabertiando, olhando o movimento, vendo se flagrava algo emocionante, mas nada de espetacular aconteceu até a bola rolar. Entrei no estádio e fui até as cadeiras, localizadas abaixo das cabines de imprensa, e, mesmo contra a minha vontade, assisti à partida sentado em meio aos sócio-torcedores do Santa Cruz. Queria ficar atrás do gol onde o Grêmio atacava no primeiro tempo, junto com o povo da Geral, mas o acesso era bloqueado. Tive que ficar no mesmo lugar destinado a toda a imprensa. Quando eu, ou alguém, ressuscitar o jornalismo gonzo, vou reivindicar junto a Aceg e aos clubes o direito dos jornalistas gonzos cobrirem os eventos no meio das torcidas organizadas. Não faz sentido um jornalista gonzo ficar longe da muvuca, observando tudo sobriamente. O jornalista gonzo tem que estar lá, bebendo e gritando e xingando o juiz.. mas enfim, enquanto esse dia não chego sou obrigado a ficar no meio do povo chato das cadeiras...
Sobre o jogo, escrevi um texto que foi publicado na minha coluna no Jornal das Missões, mas, como o vagal leitor não gosta de textos sobre futebol, vou pular essa parte. Porém, vale ressaltar a loira que estava lá com camisa do Santa Cruz (foto). Trato de explicar desde já, que a fotografei estrategicamente com o único intuito de elevar a audiência do blog... Mas, como fica claro, posso concluir ao nobre leitor que Santa Cruz é 10!
Findado o jogo, resolvi ir a pé até a Rodoviária. Em resumo, atravessei Santa Cruz a pé. Agora, para o leitor me entender, tenho que voltar no tempo, para a noite de sábado, quando estava planejando a minha volta. Meu plano inicial era o seguinte: como não havia ônibus domingo de noite de Santa Cruz para o Noroeste, eu iria comprar uma passagem de Santa Cruz para Lajeado, onde tinha um ônibus às 23h55. Porém, o carinha da recepção do hotel, que parecia um daqueles vilões de desenho animado que se fazem de sonso para ferrar com os outros (e que tinha ar de sonso), deu a brilhante sugestão: por que você não vai até Santa Maria, que é mais perto? Gênio! Fui para a internet, que estava mais lenta do que o meia Douglas, do Grêmio, e acessei o site da rodoviária de Santa Cruz. Planejei tudo mentalmente: sairia de Santa Cruz às 20h, chegaria em Santa Maria às 22h30, e partiria para o Noroeste às 11h45, chegando por volta das 2h. Perfeito. Se optasse pelo roteiro de Lajeado a minha chegada era prevista para as 4h30.
Cheguei à rodoviária antes das 19h. Fiquei por ali, zanzando, até a hora de sair o ônibus. Como o esperado, cheguei em Santa Maria às 22h30. Fui direto ao guichê, feliz da vida, assobiando Superfantástico Amigo, e disse à moça que vendia passagens:
- Uma para XXX às 23h45.
- Mas não para hoje, né?
- Co-como assim?
- Esse horário não tem no domingo...
- Co-como assim?
- Não tem. Hoje é domingo. Esse horário é só durante a semana.
- Bah! E agora?
Ela não ligou. Ficou ali, me olhando, impassível, com cara de besta, sem piscar e sem expressar nenhuma emoção. Eu que me fodesse. Bocejando, ela olhou no sistema e disse:
- O próximo é às 4h30.
- Bah. Me vê uma passagem dessas – murmurei, soltando um suspiro profundo.
Peguei a passagem, olhei no relógico, 22h42. Fazer o quê?
Resolvi, então, sair do mundo rodoviário. Saí por uma ruazinha, tentando memorizar o caminho. Pensei em fazer como João e Maria e jogar algumas migalhas de pão pelo chão, mas não tinha pão para isso. Andei, andei e andei, passei por um treco do Mac Donalds, andei mais um pouco, e não vi nada de interessante, além de ruas desertas e alguns jovens bebendo em postos de gasolina. Nada de assassinatos, nada de assaltos a mão armada, nada de traficantes brigando com prostitutas, ou de travestir correndo atrás de clientes que não quiseram pagar, como vezemquando se via em Porto Alegre. Segui andando, passei por algumas lanchonetes, mas sequer tinha dinheiro para fazer qualquer coisa interessante, como beber.
Acabei voltando, porém, antes de retornar, me atinei de tentar ligar para a minha prima, Karina, que mora em Santa Maria, para ficar na casa dela até às 4h. Aquele papo maneiro, tipo, você liga a meia noite e diz: “prima, to perdido aqui na rodoviária, posso chegar aí e ficar até as quatro da manhã?”. Então, tudo certo, afinal, eu tinha o número dela no celular. Comprei um cartão de orelhão, disquei os números e ouvi a gravação: “Oi. Este número não existe”. Oi o caralho! – gritei mentalmente. Disquei de novo e ouvi novamente a mensagem. Putaquepariu má! Respirei fundo e segui em frente.
Chegando na rodoviária, senti-me como o Tom Hanks em O Terminal. Olhava no relógio e via: 23h15, 23h17, 23h22, e por aí vai. Os minutos passam vagarosamente, sacumé. Resolvi olhar as revistas que estavam na vitrine da banca. Nunca imaginei que houvesse revista sobre chinelos. Que cosa. Também tem revistas sobre tricô, sobre blusão de lã, sobre receitas, e tinha também as pornográficas, desde a clássica Private, até uma que tinha um cara sem camisa na capa, com o título “O tapa buracos”. E tinha uma Playboy especial com a tal da Ariadne, do BBB, na capa. Mas, enfim. Depois de ler todas as capas de todas as revistas que estavam na vitrine da banca, passei para a vitrine de uma livraria para conferir todas as capas de todos os livros. Tinha de tudo, mas a maioria eram livros de autoajuda: como ter orgasmo, como enlouquecer ela na cama, como pirar ele na cama, como conquistar amigos, como conquistar ele, como conquistar ela, como ser feliz, como ser rico, como criar seu cachorro, etc. Entretanto, no meio de tudo isso, vi um livro que ainda quero comprar: História Regional da Infâmia, do Juremir Machado da Silva. Resumindo, pelo que ouvi falar desse livro, ele desmente toda essa história de tradicionalismo gaúcho, comentando o imaginário que tudo isso envolve, etc.
Quando terminei de olhar tudo (capas de livros e revistas) já era quase uma da madrugada. O sono estava chegando. Minhas pernas estavam cansadas de ficar ou de pé ou sentado. Precisava deitar, me esticar. Volta e meia chegavam e partiam ônibus, entretanto, depois da uma, o movimento foi lentamente se reduzindo, até acabar completamente. Com a rodoviária completamente vazia, deitei-me nos bancos (cada bloco tinha três, um do lado do outro). Com a mochila fiz um travesseiro e com a pasta da PUCRS fiz um porta pés. De tempos em tempos chegava algum ônibus e eu me acordava. Vezemquando até resmungava: “mas que merda esses ônibus”. Já eram duas e meia da madruga quando, meio dormindo, recebi um cutucão. Olhei e vi e ouvi um cara com sotaque carioca vestido de gari rodoviário falando:
- Ei, não pode deitar aí! Desculpe, mas só estou cumprindo ordens...
Pensei em questionar, ao berros, quem lhe daria uma ordem às duas e meia da madrugada, e em mandar o cara se foder e tomar no rabo, mas estava com muito sono para discutir. Apenas disse, lastimando:
- Mas meu ônibus só saí daqui a duas horas...
O cara não falou nada e saiu. Eu fiquei ali, sentado, olhando para o vazio. Ou melhor, para a rodoviária vazia. Que cosa. Comecei a pensar nas coisas importantes da vida, mas nada me ocorria. Só queria dormir. Levantei-me e caminhei. Fui ao banheiro, troquei a bermuda por uma calça e vesti um moletom. Estava esfriando. Dei uma volta pela rodoviária deserta e voltei para o barzinho, que é 24 horas. Queria um cachorro quente, mas o carinha disse que àquela hora só tinha lanche pronto. Para quem tem alergia a ovo, isso é um problema. Peguei, então, aqueles salgadinhos de palitinho e uma latinha de Coca. Quando já passava das três e 15 da madrugada, uma senhora sentou-se perto de mim. Puxei assunto. Não aguentava mais ficar quieto sem nada para fazer. Conversamos sobre assuntos gerais, mas não vou comentar nada aqui, pois estou cansado de ser censurado pelas criaturas desse mundo. Quando o sono já tinha ido embora, chegou o ônibus. Quatro e meia. Entrei e, para a minha sorte, não tinha ninguém ao meu lado. Dormi e só acordei quando cheguei, às sete e meia da manhã. Cheguei em casa, tomei banho, me vesti e fui trabalhar. Começava, assim, mais uma segunda-feira... Foi foda, mas valeu a pena.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Teorias e reflexões em Santa Cruz do Sul

Dividirei o relato de minha viagem para Santa Cruz do Sul em dois posts. O primeiro será mais sério, falando sobre o Encontro Gaúcho de Professores de Jornalismo, que aconteceu sexta-feira e sábado na Unisc. Já o segundo será mais “solto”, sobre minha ida no jogo Santa Cruz 1x1 Grêmio e minha sinistra volta para Ijuí.
Portanto, comecemos pelo princípio, como diria o Chapolim.
Fui para o Encontro com aquele espírito que ocupou as acirradas discussões que tive nos últimos posts com meus amigos-leitores-jornalistas. Trabalhei na sexta de manhã, peguei o ônibus rumo a Santa Cruz às 13h20 e cheguei lá às 19h, após parar em todos os buracos possíveis que existem entre o Noroeste do Rio Grande e Santa Cruz do Sul. Chegando à rodoviária, caiu o mundo em chuva e peguei um táxi rumo a Unisc. A abertura do evento era às 19h30, portanto, cheguei em cima da hora. A mesa foi ocupada pelo meu ilustre orientador do mestrado, presidente da Intercom e professor do Programa de Pós em Comunicação da PUCRS, ex-vice governador do Estado Antonio Hohlfeldt, e pela coordenadora do PPGCom da Unisinos, Christa Berger. Inicialmente, a Christa apresentou uma discussão teórica sobre a consolidação do campo jornalístico. Vale lembrar que, assim como sugeria o tema do evento (A formação superior como elemento constitutivo e legitimador do campo jornalístico) a discussão acabou girando bastante em torno da polêmica da queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da função, em 2009. Depois da fala da professora Christa, foi a vez do Hohlfeldt deixar clara sua opinião sobre o tema: a decisão do STF demonstrou a ignorância que os magistrados tem em relação ao assunto e lamentou o fato da sociedade estar nas mãos deles. Aliás, como ressaltou o professor, o azar maior não é nem dos profissionais, nem das universidades e muito menos dos professores e alunos. O azar maior é da sociedade. Como destacou o professor, para ser “papagaio” e apenas repetir o que as fontes dizem, realmente, não é preciso o diploma. Entretanto, ser jornalista é muito mais do que ser papagaio. E aí entra a questão da qualificação profissional que quem atua como jornalista precisa ter. Nesse ponto, ele citou dois exemplos (acho que eram três, mas lembro agora de dois...) históricos de como, com essa decisão do STF, estamos literalmente regredindo no tempo. Primeiro, ele lembrou o livro de Pulitzer, escrito em 1904, que já apresentava elementos mais do que suficientes para se considerar obrigatório o diploma. Sobre esse livro, que apresenta argumentos favoráveis a criação de uma faculdade de jronalismo, vou falar mais adiante. E, além disso, ele apresentou o livro “Iniciação à filosofia do jornalismo” escrito por Luiz Beltrão na década de 1960. Ou seja, nessas duas obras, escritas há décadas, já se tinha a visão clara, através desses dois autores, da necessidade de o jornalista ter passado por uma universidade estudando as especificidades do jornalismo (e não apenas as técnicas de produção). Claro que, como o exigente leitor desse blog não gosta de muitas reflexões densas e extensas, fico a mercê das críticas dos acadêmicos de plantão que vão dizer que estou sendo simplista e reducionista, mas estou aqui escrevendo para jornalistas e nãojornalistas, portanto.. enfim, segue o baile.
Ainda nessa mesma noite, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Zé Nunes, também falou sobre o que já está acontecendo nas redações do Estado, lembrando que, se essa medida do STF não for revertida, a tendência é só piorar. No meio da discussão, o professor Hohlfedt também criticou duramente as universidades que fecharam seus cursos de jornalismo após a medida do STF: “Essas até é bom que tenham fechado, porque, por adotar uma atitude dessas, elas não são dignas de manter um departamento de estudos em jornalismo”. E, nesse sentido, e em meio a outras discussões, que não caberia colocar todas elas aqui sob pena de perder os preguiçosos leitores (e até porque, como já ressaltei nesse blog, não pretendo fazer aqui nem jornalismo tradicional, nem textos acadêmicos), enfim, nesse sentido, seguiu a noite. Após as palestras e uma breve discussão com o público houve um coquetel onde, inicialmente, fiquei olhando os outros comerem, mas depois de confirmar com o pessoal da cozinha quais os alimentos não continham ovo, eu acabei dando minha parcela de prejuízo ao pessoal do Fórum que bancou o coquetel.
Já no sábado, o meu Grupo de Trabalho, que era sobre Ética e Teoria do Jornalismo, realizou todas as suas atividades de manhã, já que alguns autores não compareceram ao encontro. Inicialmente Carina Hörbe Weber, mestranda em Desenvolvimento pela Unisc, apresentou seu trabalho “Relacionamento dos jornais hegemônicos das regiões do Vale do Rio Pardo e Central/RS com os leitores e com o território”, abordando, principalmente, a questão que envolve a abrangência do jornal na região e ainda como alguns dos jornais que se dizem “regionais” adotam esse título apenas de fachada (desculpem reduzir o trabalho dela em termos tão simplistas, mas quem se interessar pelo tema poderá ler a sua dissertação posteriormente, que, aliás, é muito interessante). Depois foi a vez de Fernanda Finkler, colega da Fernanda no mestrado da Unisc, apresentar o seu trabalho “Jornais impressos na região do Corede (VRP): cenário e conexões com o desenvolvimento”. O único comentário que posso fazer é que ela deixou todos boquiabertos com sua desenvoltura e com os dados apresentados. Depois foi a minha vez, quando apresentei a minha pesquisa, intitulada “Jornalista profissional – uma perspectiva teórica e histórica”. Tentei não ficar muito na questão do texto, pois todos os participantes tinham o CD com a cópia do texto integral do artigo. Apresentei oralmente três experienciais pessoais envolvendo o desrespeito e a desvalorização profissional que, como disse, só tendem a se agravar se for mantida a decisão do STF. Primeiro, a minha passagem por um grupo de rádios em Bento Gonçalves, onde, claramente, eu fazia textos e fotos para um portal e, mesmo assim, não recebia o salário como jornalista, mas sim, como radialista (o que quer dizer que, para fechar o valor do piso, eu tinha que trabalhar muito mais horas). Contei, inclusive, que por esse cálculo o nosso salário não chegava a cinco pila a hora e, numa determinada situação, meus dois colegas e eu, que dividíamos a casa em Bento Gonçalves, fomos contratar uma faxineira para limpar a nossa casa e ela cobrou (adivinhem?) 10 reais a hora. Ou seja, mais que o dobro do que a gente recebia. Nada contra o trabalho das faxineiras, mas isso demonstra o valor que é dado à profissão de jornalista pela sociedade, tanto financeiramente quanto moralmente, pois são visíveis as diferenças de pré-requisitos para o exercício das duas profissões. Depois, contei o caso, já publicado aqui, da minha briga com o DEM e o PC do B (com ameaças de processos e tudo o mais), e, por fim, contei um caso recente que ocorreu com pessoas próximas a mim, onde radialistas ocupam funções de jornalistas, aliás, sem exercer a função para as quais são pagos (e isso em um órgão público). E, finalizando, apresentei alguns tópicos do texto. Aliás, utilizei muitos autores indicados pelo Hohlfeldt. Coloco aqui pequenos trechos do artigo, com os argumentos do Pulitzer, rebatendo aos seus críticos. Vejam só:

“A educação começa no berço, em casa, com os ensinamentos das mães, e se completa através de outras influências sofridas através da vida. Uma faculdade é uma dessas formas usuais de influência, mas não possui poderes mágicos. Um tolo, mesmo pendurada em seu nome uma coleção de títulos, continua a ser um tolo; e um gênio, se necessário, erigirá sua própria faculdade, mas através de um doloroso desperdício de esforço que poderia ser melhor aproveitado num trabalho mais produtivo. Gosto de lembrar que Lincoln, cuja academia foi um livro emprestado, lido à luz da lareira, estudou Euclides no Congresso, já com quase 40 anos. Não teria sido melhor se isso tivesse acontecido quando tinha quatorze? Toda a inteligência precisa de aperfeiçoamento (PULITZER, 2009, p. 11)”.

“Por fim, eles objetam que eu sou uma prova de que uma faculdade de jornalismo é desnecessária, por ter tido sucesso sem passar por nenhuma. Quem sabe me permitam analisar este ponto. É bem ingênuo usar minha pessoa como argumento contra meu próprio projeto. Se eu tive algum sucesso foi porque, em tudo o que envolveu meu trabalho e prazer pessoal, jamais encarei o jornalismo como um negócio. Desde minha primeira hora de trabalho, durante quase quarenta anos, encarei o jornalismo não apenas como uma profissão, mas como a mais nobre de todas as profissões. Sempre senti que estava em contato com a mente do público e que deveria fazer alguma coisa boa a cada dia. Provavelmente não tenha conseguido, mas não foi por falta de dedicação (PULITZER, 2009, p. 25)”.

“Um editor, um editorialista ou um correspondente não estão fazendo negócios. Nem tampouco um repórter competente. Esses homens estão já numa profissão, mesmo que não percebam ou não admitam, como muitos deles, infelizmente, o fazem. Bem ou mal, eles são os autores de seu trabalho, e ser autor é uma profissão (PULITZER, 2009, p. 27)”.

Por fim, recorro ao Nelson Traquina:
“Se os jornalistas não foram capazes de fechar o seu território de trabalho, foram capazes de forjar uma forte identidade profissional, isto é, uma resposta bem clara à pergunta o que é ser jornalista, parte de toda uma cultura, constituída por uma constelação de crenças, mitos, valores, símbolos e representações que constituem o ar que marca a produção das notícias. A vasta cultura profissional dos jornalistas fornece um modo de ser/estar, um modo de agir, um modo de falar, e um modo de ver o mundo (TRAQUINA, 2005, p. 121)”.

Como é fácil de ver, são tantos e tantos argumentos que já foram escritos livros e livros sobre o assunto (que vão desde jornalistas até sociólogos e filósofos), porém, é óbvio, o pessoal do STF não leu e não ouviu falar de nenhum deles. Nesse ponto, talvez, até tenha um lado positivo a decisão do STF, pois, como ressaltou a professora Christa, talvez era isso que faltava para fazer o povo todo se mexer e buscar a delimitação mais clara do campo dentro da sociedade.
Por fim, após a minha apresentação, foi a vez do professor Jorge Arlan de Oliveira Pereira apresentar o trabalho “A disciplina de Teorias do Jornalismo como espaço de teorização inicial”. Gostei muito da apresentação dele, que apontou muitos pontos que convergiram com o que eu falei, porém, como já escrevi além da conta quero voltar a falar sobre esses temas em posts posteriores. O fato é que, assim como eu, o professor Jorge também tem uma preocupação com os jornalistas que estão sendo formados que acreditam que fazer jornalismo se limita a fazer matérias comerciais, propagandísticas e trabalhos de assessoria de imprensa. Claro que, concordamos, esses trabalhos são necessários e relevantes, porém, o jornalismo engloba isso tudo, mas, também, vai além desse reducionismo.
Por fim (novamente), a professora Sonia Cristina Poltronieri Mendonça e Denise Paro apresentou o trabalho “Jornalismo de fronteira: apontamentos de jornalistas sobre a cobertura na tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina” e, depois, foi a vez do presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, professor Sérgio Luiz Gadini apresentar o trabalho “Crítica de Mídia, Expressão Pública e Cidadania: Experiência de formação profissional pelo blog 'Crítica de Ponta'”. Esse trabalho, bem como o anterior, também apresentou diversos pontos de convergência com o meu, e tratou de outro tema que me fascina: a liberdade de imprensa na contemporaneidade. Abordou, inclusive, a ameaça que um apresentador de um programa policial de TV a Cabo fez aos seus alunos, que haviam escrito, no blog da turma, um texto crítico sobre o programa. Mas isso também merece um post a parte.
Para finalizar, de tarde visitei os outros GTs e vi a apresentação dos resultados de um levantamento feito por um grupo de professores e pesquisadores sobre a disciplina de jornalismo digital nas universidades brasileiras. A pesquisa foi apresentada pelo professor da UFRGS, Alex Primo, e pela minha ex-colega de graduação, doutoranda em Comunicação pela UFRGS e minha amiga Vivian Belochio. Essa apresentação também merece um post a parte, porém, já indico de antemão a leitura do livro lançado a partir da pesquisa.
Agora sim, acho que me estendi demais e vou parando por aqui. Tentei ser sintético, mas, mesmo assim, tenho certeza que fui simplista e reducionista, porém, foram tantos os temas abordados e que merecem um amplo destaque que se torna impossível abordar todos eles em um simples post desse humilde blog.
A seguir (em outro dia, possivelmente) as histórias cômicas dessa viagem.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luto universal

Hoje, até assistir ao noticiário, tinha várias ideias de textos para escrever aqui. Entretatno, ao ver a tragédia que aconteceu no Rio de Janeiro, todas elas se esvairaram. Acho impossível qualquer pessoa que tenha filho ou filha não se comover com tamanha barbaridade, que dispensa qualquer comentário, pois é a crueldade e a maldade personificada. Fica aqui, o meu registro de luto que, acredito, deva ser universal.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mendigos e Altivos

Estou terminando de ler Mendigos e Altivos do escritor egípcio Albert Cossery (foto ao lado). O livro foi escrito em 1955 e, conforme o autor, no ritmo de uma frase por dia. Entretanto, lendo o livro, acho difícil que tenha sido escrito realmente no ritmo de uma frase por dia. Mas, enfim, isso não importa. O que importa é a filosofia defendida por Cossery. Ele defende, através de um romance ficcional muito bem escrito, a vagabundagem como estilo de vida. No livro, que desconfio ser semiautobiográfico, Gohar, o personagem principal, abandona a vida burguesa que levava como professor universitário para viver de... vida!. Ele passa a morar em um bairro pobre do Cairo, fazendo amizades com mendigos, cafetões, prostitutas, traficantes, etc. Entretanto, é curioso o pensamento dele, defendendo que aprendeu muito mais com aquelas pessoas que vivem no submundo do que com seus estudos e sua moral conservadora dos tempos em que era um professor universitário.
Na obra, Cossery apresenta um trio de vagabundos. Além de Gohar, um traficante pilantra e um funcionário do governo, que odeia o seu próprio trabalho, compartilham a filosofia de vida do escritor egípcio. Entretanto, há pequenas diferenças entre um vagabundo e outro. O traficante pilantra, por exemplo, quer ganhar a vida usando todos os meios ilícitos possíveis, se mudando de hotel para hotel de um dia para o outro para fugir da polícia. Já o funcionário do governo, de saco cheio de seu trabalho burocrático, adota uma filosofia mais revolucionária. Ele namora uma prostituta e só pensa em fazer a revolução, em desacatar as autoridades, em discutir com policiais. E Gohar, que é o mestre dos outros dois, prefere protestar contra o sistema simplesmente não participando dele.
Mas, o que move esses três personagens no enredo é o assassinado de uma prostituta. Desde o início o leitor sabe que foi Gohar quem a matou, em uma crise de abstinência de haxixe. Porém, o crime foi cometido sem que houvesse testemunhas. No meio da história, surge o inspetor, que investiga o caso. Acostumado a investigar crimes banais, por assalto ou tráfico de drogas, ele se envolve com os personagens e com o suspense do crime, afinal, não houve motivo aparente para o assassinato: nada foi roubado, a prostituta não fora estuprada e não tinha inimizades. Devido a falta de provas, o inspetor acaba se dedicando de corpo e alma à investigação.
No fim, o que acontece? Não sei, ainda faltam 30 páginas para terminar de ler o livro, mas estou curioso para descobrir. Existem várias alternativas. Os dois vagabundos secundários querem mandar Gohar para a Síria, onde o uso de drogas é legalizado, no entanto, nenhum dos três tem dinheiro. Já Gohar não está muito preocupado se vai ser preso ou não, porém, ele sempre deixou explicito que sempre sonhou em morar na Síria para cultivar uma plantação de maconha para consumo próprio. Então, há varias possibilidades: Gohar pode ser preso, pode fugir para a Síria ou, simplesmente, o livro pode acabar sem que o investigador descubra nada e eles fiquem como estão.
Esta é a graça da literatura. Uma boa narrativa, com um pouco de suspense e muita filosofia. O que eu não entendo, no fim das contas, é porque muitos moralistas repudiam de corpo e alma livros, filmes ou músicas que abordem, por exemplo, o uso de maconha. Eu não fumo, mas não tenho nada contra quem fume, e acho divertido ler histórias que tratem do tema de uma maneira cômica. A única coisa que eu defendo, sim, é a liberdade de expressão.
* Texto publicado em A Tribuna Regional

Nova defesa ao New Journalism e ao Jornalismo Gonzo - 2° round

Estranhamento, refletindo sobre a minha briga com meus leitores (que, coincidentemente são todos meus amigos de longa data, além de alguns parentes), percebi que, coincidentemente todas as críticas sobre o texto Jornalismo Convencional x Jornalismo Gonzo, foram feitas por... adivinhem? Outros jornalistas! Será que isso tem a ver com um dado que já vi ser apresentado em mais de um congresso que diz que os jornalistas não sabem o que os leitores querem ler? Vou apelar aqui para dois professores meus do mestrado. Primeiro, o Jacques Wainberg. Ele sempre dizia, meio que para provocar os alunos mesmos, que o público não quer informação. O publico quer entretenimento. “Os jornais são muito chatos”, ele dizia. E é verdade. Talvez por isso o índice de leitura dos jornais seja tão baixo. Como já diria o Bourdieu, os jornalistas escrevem para eles mesmos. Eles se vigiam e usam a linguagem para que os outros jornalistas entendam e avaliem o texto.
E, por fim, para terminar com a discussão com meus colegas-leitores-amigos-jornalistas, cito o que o meu orientador, Antonio Hohlfedt, disse no congresso da Intercom de 2009, em Curitiba. Com palavras mais bonitas e refinadas que as minhas, ele disse que com a ampliação da internet, o jornalismo literário, talvez o new journalism, e eu, por conta própria, estendo para o jornalismo gonzo, sejam a última chance de salvação do jornalismo impresso (a discussão era sobre a possível morte dos jornais impressos). A coisa é óbvia. Por que eu, tendo todas as informações curtas em sites, vou querer comprar um jornal ou revista que só traz pura e simplesmente a informação? Tendo a internet e até a TV, o sujeito, para comprar algo impresso, vai querer algo diferente, uma reportagem mais analítica, mais aprofundada, mais comentada, enfim, com diversas das características do new journalism, e, quiçá, do jornalismo gonzo. Aliás, a TV já está se dando conta disso, com programas tipo o CQC.
Para encerrar, comentando meu comentário sobre a matéria de Zero Hora, é óbvio que eu não vou querer que minha filha se encontre na situação daquelas criaturas, entretanto, obviamente eu não vou morar na Cidade Baixa, uai! Os responsáveis pela educação daquelas criaturas são os pais delas, e não a prefeitura de Porto Alegre! Porra! E, além disso, eu sei a desproporção da matéria com a realidade porque eu já morei na Cidade Baixa e, quando lá residia, eu passava praticamente todos os domingos pelo local indicado na matéria para fazer compras no Zaffari, até porque há muitos outros pontos com pessoal se reunindo para beber até vomitar! O que eu defendo é que, seja lá por qual motivo for, eles tenham um local para se reunir e fazer o que querem. Inclusive, é óbvio que se proibirem as criaturas de ficarem lá, elas logo vão encontrar outro lugar. E, agora sim, para encerrar, também é explícito que a matéria da ZH teve um caráter homofóbico, mesmo que disfarçadamente.
E vamos ao segundo round

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Jornalismo Gonzo x Jornalismo Convencional

Encontrei uma matéria, gorinha a pouco, que representa a antítese do jornalismo gonzo. Inicialmente quero deixar claro que sou um profundo admirador do jornalismo gonzo, proposto e nunca realizado por Hunter Thompson, nem por ninguém. Ou realizado de maneira frustrada, como destacava o próprio Thompson, nas suas tentativas de colocá-lo em prática, como em “Medo e delírio em Las Vegas”. Enfim, para os leigos entenderem, aponto aqui quatro características do jornalismo gonzo, citadas por Rodrigo Alvares em sua monografia de graduação pela PUCRS “Jornalismo Gonzo no Brasil”. Segundo ele, as quatro características são:

a) Captação participativa - O Gonzo jornalista não se contenta em observar ou recolher depoimentos de pessoas que vivenciaram determinadas experiências. Para oferecer uma maior dimensão de informações, ele próprio precisa viver a experiência [...].
b) Dificuldade de discernir ficção da realidade - Para o Gonzo jornalista é permitido o uso de personagens e situações que nunca existiram, se isso contribuir para aumentar o nível de informações dispensado ao leitor e conferir maior dramaticidade à cena que está sendo descrita [...].
c) Consumo de drogas - Ainda que não seja necessariamente uma exigência para que um artigo seja considerado Gonzo, o abuso de drogas e também de bebidas alcoólicas é recorrente na obra de Thompson [...].
d) Uso do narrador na primeira pessoa

Enfim, feitas essas considerações, vamos à matéria que achei no site do zerohora.com. O título da matéria é: Cenas de abusos envolvendo jovens atormentam moradores e comerciantes de rua da Capital. Não vou transcrevê-la aqui, pois cansaria o nobre leitorinho com seu texto chato, sem graça e conservador, mas, certamente, vai contra tudo aquilo que Thompson quis fazer com o seu jornalismo gonzo. A matéria é meramente informativa, só ouve um lado da moeda (os dos reclamantes) e é narrada em terceira pessoa. Além disso, ela se posicionando claramente contra os jovens.
Porém, todavia, contudo, eu, como admirador do jornalismo gonzo, ponho-me a questionar alguns pontos de vista expressados na matéria. Comecemos pelo início, como diria o sábio Chapolin, pois, logo no primeiro parágrafo está escrito:
“Cenas de bebedeira, brigas, gritarias e sexo em via pública modificaram a Cidade Baixa, um dos mais tradicionais bairros de Porto Alegre. Inconformados com o vandalismo que se repete a cada domingo, moradores e comerciantes estão tendo de adaptar sua rotina e seu trabalho”.
Bom, até concordo que há algum abuso, mas, porra, o que se vai fazer com a gurizada? Bebedeiras, brigas, gritarias e sexo em via pública fazem parte da vida. Nada mais excitante que isso! Quem quer tranquilidade não pode morar lá, qualquer imbecil que conhece a Cidade Baixa minimamente sabe disso. É um bairro boêmio! Vão querer transformar um dos últimos resquícios da boemia porto-alegrense em quê? Em um mosteiro coletivo?
Em frente:
“As autoridades, até o momento, não conseguiram solucionar as confusões, que ocorrem especialmente em um trecho de duas quadras da Rua Lima e Silva”. Que querem que faça? Que trancafiem centenas de jovens e adultos que querem beber e se divertir em prisões? Não tem prisão nem para quem comete homicídio, latrocínio e o caralho a quatro, quem dirá para quem quer só um pouco de sexo, orgia e bebedeiras!
“Até banheiros de estabelecimentos comerciais são desativados, para que não se transformem em motéis improvisados”.
Bom, aqui só posso sugerir aos meus colegas de profissão Gustavo Azevedo e Marcelo Gonzatto, os dois repórteres que fizeram a matéria, a aderirem ao jornalismo gonzo e experimentar a prática. Fazer sexo no banheiro é muito bom! Adelante:
“Clientes desavisados que tentavam utilizar as instalações deparavam com cenas explícitas e fugiam, espantados. Agora, os banheiros são trancados a cada domingo em uma tentativa de conter os abusos”.
Ah, vá! Quanta inocência! Porra, chega lá, mija ou caga, e vai embora sem dar bola pô! Deixa o pessoal trepa em paz!
Enfim, encerro meu humilde texto defendendo o jornalismo gonzo, principalmente como uma crítica ao jornalismo convencional, sem graça, moralista e conservador praticado pela maioria dos meios, inclusive por esse que vos escreve.
Mas, que nada, um dia os tubarões reagirão e estuprarão os caçadores.
Ah, e para resolver o problema dos banheiros poderiam fazer uns iguais ao da foto:

Hasta

Prazeres nada futebolíticos

Sei que falar de futebol aqui no blog não dá muita audiência, porém, ontem, no jogo do São Luiz, usufrui de outros prazeres que vão muito além das quatro linhas. Lembrei-me, inclusive, dos tempos em que meu pai me levava para Ijuí para ver jogos como São Luiz e Guarani de Cruz Alta ou São Luiz contra Dínamo de Santa Rosa. Primeiro passo, a ida até o estádio. Nesse primeiro aspecto, guardadas as devidas proporções, repeti um ritual que sempre fazia quando ia ver os jogos do Grêmio em Porto Alegre: a pé, com radinho colado no ouvido em uma mãe e uma latinha de cerveja na outra. Chegando ao estádio, praticamente em cima da hora do jogo decisivo contra o Novo Hamburgo, consegui achar um cantinho para mim, meio apertado, mas onde tinha uma boa visão do campo. Cheguei com fome. Comecei a olhar para os lados e parecia que todos naquele estádio estavam comendo amendoim. Minhas lombrigas foram atiçadas e, ao invés de ver o jogo, fiquei procurando o guri do amendoim. Olhava para cima, para baixo, para os lados, e nada do guri do amendoim. Enquanto isso, a mulher atrás de mim, o guri ao meu lado, o senhor idoso que estava abaixo, absolutamente todos estavam comendo amendoim. Que cosa. Lembrei, saudosamente, do tempo em que ia aos jogos com meu pai e comíamos amendoim em abundância. O jogo já estava na metade do primeiro tempo quando eis que surge ele, o guri do amendoim. Que na verdade nem era guri. Era um cara com 30 e poucos anos. Ele mal apareceu e todos os torcedores ergueram suas mãos chamando o homem do amendoim. Inclusive eu. A disputa era acirrada e pus-me a gritar: “EEEEEEIIIIII!! AQUIIIII!!!”. O Cara fez sinal para que eu esperasse e, enquanto isso, os sacos de amendoins iam sumindo de sua cesta. Como eu insisti muito, ele resolveu vir em minha direção e, para minha sorte, peguei um dos últimos saquinhos, enquanto os outros torcedores seguiram pedindo amendoim. Desse ponto em diante, preocupei-me mais em descascar os amendoins, tarefa que exige certa habilidade, do que em ver o jogo, que se arrastava em um chato 0 a 0. Quando acabei o saco de amendoim, acabou o primeiro tempo. Hora de outra diversão.
Desci até a copa e fiz algo que vai deixar torcedores da dupla Gre-Nal com inveja: tomei uma garrafa de cerveja com álcool! Isso mesmo, astuto leitor. Enquanto no Olímpico e no Beira-Rio não vendem bebidas alcoólicas, aqui, no 19 de Outubro ainda é possível encher a cara na copa para depois descontar tudo xingando o juiz e o adversário. E, além disso, comi o famoso cachorro quente de pão com linguiça no 19 de Outubro. Aquele mesmo que eu e meu primo Gérson Alemão comíamos quando a gente tinha uns 10 anos. Pois é, tem certas coisas que não mudam e nem devem mudar. Jogo do São Luiz sem o pão com linguiça não é jogo do São Luiz. Enfim, findada a missão de comilanças e bebedeiras, voltei para o meu lugar na arquibancada para ver o segundo tempo do jogo. Sem ter que me preocupar em descascar amendoim, restou-me prestar atenção no jogo. O São Luiz pressionou até o fim, mas faltou qualidade e o jogo terminou 0 a 0. Conclusão: o time não classificou para a próxima fase, mas também escapou do rebaixamento. E, no final das contas, o importante é o que importa.
Hasta.
PS: A foto do início do post é só pra dar audiência...