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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mate-se depois de ver

Minha experiência na trágica noite tricolor de quinta-feira foi um tanto curiosa. Apesar da chuva, resolvi sair de casa para assistir ao jogo do Grêmio às 22h45. Achei que, por enfrentar um time horrível, sem expressão nenhuma na história do futebol sul-americano e mundial, que ainda jogaria sem cinco titulares, iria assistir a um show do time de Renato Gaúcho. Pensei: de quanto vamos ganhar? Dois, três, quatro, quiçá meia dúzia?! Será uma festa! Concluía mentalmente o raciocínio, tomando um copo de cerveja, assistindo ao jogo do Santos que passava no telão do bar antes da partida do tricolor. Dali a pouco chegou alguns amigos meus, todos devidamente fardados, todos igualmente empolgados, achando que veriam uma goleada tricolor para consolidar a classificação como líder da chave. Aliás, para sair de casa debaixo de chuva e àquela hora, teria que ser para ver uma goleada, ora pois.
Mas, eis que a bola rola, e as nossas expectativas logo são frustradas. O futebol apresentado pelo Grêmio era mais do que ridículo: era inaceitável. Até a SER Santo Ângelo teria jogado com mais dignidade contra o inexpressível e eliminado time misto do Oriente Petrolero, do inexistente futebol boliviano. Acabou o primeiro tempo: 0 a 0. Estava com sono, cansado e com fome. Acabei desistindo. Fui para casa, comi alguma coisa e capotei na cama. Incrivelmente, sonhei que acordava sem saber o resultado do jogo. Liguei então para o meu pai (tudo isso no sonho) e perguntei:
- E aí, quanto foi o jogo do Grêmio ontem?
- 2 a 0.
- Para o Grêmio?
- Não.
Lembro-me como se fosse agora que me desesperei, no sonho. Era como se tivesse sido comunicado da morte de alguém próximo. Acordei, apavorado. Foi só um sonho. Ufa! O Grêmio levar dois desse time? Só em sonho, ou melhor, em pesadelo! Dormi novamente. Acordei cedo e sai de casa sem saber do resultado, mas com uma sensação estranha de que algo ruim tinha acontecido. Parecia que o céu estava mais nublado do que nunca. Cheguei na repartição (sic!) e logo os colorados, devidamente fardados, começaram a perguntar: “e aí, como foi teu time ontem?”. E eu respondia, assustado: “não sei”. E eles caiam na gargalhada, achando que eu estava brincando. Pensei: só pode que perdeu por um, no máximo dos máximos, dois a zero, afinal, no primeiro tempo foi 0 a 0, então...
Todos acompanharam com ar de graça e curiosidade eu entrando na internet para ver o placar do jogo. Quando vi, não acreditei: 3 a 0 para o Oriente Petrolero. É uma versão inversa ao tradicional inacreditável gremista. Uma vergonha. Um absurdo. Inaceitável. Inacreditável. Se eu fosse o presidente, demitiria todo mundo e contratava um novo treinador e um novo grupo de jogadores. Considero esse o maior vexame tricolor das últimas décadas. Um time desses não tem como brigar por nada. Esse é um time que não tem vergonha na cara. Com um jogo desses, mate-se depois de ver.
Um bom final de semana a todos.

*Texto publicado no J Missões de amanhã.
PS: a foto, exclusiva do blog, é para mostrar que o Grêmio tem algo de bom.

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