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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Jornalismo Gonzo x Jornalismo Convencional

Encontrei uma matéria, gorinha a pouco, que representa a antítese do jornalismo gonzo. Inicialmente quero deixar claro que sou um profundo admirador do jornalismo gonzo, proposto e nunca realizado por Hunter Thompson, nem por ninguém. Ou realizado de maneira frustrada, como destacava o próprio Thompson, nas suas tentativas de colocá-lo em prática, como em “Medo e delírio em Las Vegas”. Enfim, para os leigos entenderem, aponto aqui quatro características do jornalismo gonzo, citadas por Rodrigo Alvares em sua monografia de graduação pela PUCRS “Jornalismo Gonzo no Brasil”. Segundo ele, as quatro características são:

a) Captação participativa - O Gonzo jornalista não se contenta em observar ou recolher depoimentos de pessoas que vivenciaram determinadas experiências. Para oferecer uma maior dimensão de informações, ele próprio precisa viver a experiência [...].
b) Dificuldade de discernir ficção da realidade - Para o Gonzo jornalista é permitido o uso de personagens e situações que nunca existiram, se isso contribuir para aumentar o nível de informações dispensado ao leitor e conferir maior dramaticidade à cena que está sendo descrita [...].
c) Consumo de drogas - Ainda que não seja necessariamente uma exigência para que um artigo seja considerado Gonzo, o abuso de drogas e também de bebidas alcoólicas é recorrente na obra de Thompson [...].
d) Uso do narrador na primeira pessoa

Enfim, feitas essas considerações, vamos à matéria que achei no site do zerohora.com. O título da matéria é: Cenas de abusos envolvendo jovens atormentam moradores e comerciantes de rua da Capital. Não vou transcrevê-la aqui, pois cansaria o nobre leitorinho com seu texto chato, sem graça e conservador, mas, certamente, vai contra tudo aquilo que Thompson quis fazer com o seu jornalismo gonzo. A matéria é meramente informativa, só ouve um lado da moeda (os dos reclamantes) e é narrada em terceira pessoa. Além disso, ela se posicionando claramente contra os jovens.
Porém, todavia, contudo, eu, como admirador do jornalismo gonzo, ponho-me a questionar alguns pontos de vista expressados na matéria. Comecemos pelo início, como diria o sábio Chapolin, pois, logo no primeiro parágrafo está escrito:
“Cenas de bebedeira, brigas, gritarias e sexo em via pública modificaram a Cidade Baixa, um dos mais tradicionais bairros de Porto Alegre. Inconformados com o vandalismo que se repete a cada domingo, moradores e comerciantes estão tendo de adaptar sua rotina e seu trabalho”.
Bom, até concordo que há algum abuso, mas, porra, o que se vai fazer com a gurizada? Bebedeiras, brigas, gritarias e sexo em via pública fazem parte da vida. Nada mais excitante que isso! Quem quer tranquilidade não pode morar lá, qualquer imbecil que conhece a Cidade Baixa minimamente sabe disso. É um bairro boêmio! Vão querer transformar um dos últimos resquícios da boemia porto-alegrense em quê? Em um mosteiro coletivo?
Em frente:
“As autoridades, até o momento, não conseguiram solucionar as confusões, que ocorrem especialmente em um trecho de duas quadras da Rua Lima e Silva”. Que querem que faça? Que trancafiem centenas de jovens e adultos que querem beber e se divertir em prisões? Não tem prisão nem para quem comete homicídio, latrocínio e o caralho a quatro, quem dirá para quem quer só um pouco de sexo, orgia e bebedeiras!
“Até banheiros de estabelecimentos comerciais são desativados, para que não se transformem em motéis improvisados”.
Bom, aqui só posso sugerir aos meus colegas de profissão Gustavo Azevedo e Marcelo Gonzatto, os dois repórteres que fizeram a matéria, a aderirem ao jornalismo gonzo e experimentar a prática. Fazer sexo no banheiro é muito bom! Adelante:
“Clientes desavisados que tentavam utilizar as instalações deparavam com cenas explícitas e fugiam, espantados. Agora, os banheiros são trancados a cada domingo em uma tentativa de conter os abusos”.
Ah, vá! Quanta inocência! Porra, chega lá, mija ou caga, e vai embora sem dar bola pô! Deixa o pessoal trepa em paz!
Enfim, encerro meu humilde texto defendendo o jornalismo gonzo, principalmente como uma crítica ao jornalismo convencional, sem graça, moralista e conservador praticado pela maioria dos meios, inclusive por esse que vos escreve.
Mas, que nada, um dia os tubarões reagirão e estuprarão os caçadores.
Ah, e para resolver o problema dos banheiros poderiam fazer uns iguais ao da foto:

Hasta

11 Comentários:

  • a cidade baixa nos domingos é frequentada por um grande número de homessexuais. Lembra da Jaque? será que é um ponto gay? nãoooo imaginaa.. ponto, está explicado o porquê da reportagem da zero hora.

    Por Blogger Carolina, às 4 de abril de 2011 às 17:52  

  • pois então eles deveriam assumir a posição homofóbica, e não fazendo sensacionalismo barato.

    Por Blogger Eduardo, às 5 de abril de 2011 às 04:54  

  • Você é meio ingênuo, não é não? Fica aí, lendo Hunter Thompson e estudado new journalism e começa a pensar que vivemos no mundo lisérgico dos anos 60 ou 70. Essa história acabou, cabrón! Como diria o Belchior: "Eles venceram e o sinal está fechado pra nós". Conforme-se. Você vive num país de maioria católica (cada vez mais cheio de evangélicos), que tem uma classe média conservadora e preconceituosa. São pra essas pessoas que anúncios estampados na Zero Hora são feitos. São pra esses leitores que as matérias da Zero Hora são escritas. Esses leitores não querem ninguém trepando em banheiros públicos e fazendo baderna pela rua. E, pior., mais cedo ou mais tarde, qaundo a tua filha estiver maiorzinha, você será só mais um pai de família que vai pensar de um jeito bem parecido com o deles. Outra vez, Belchior: "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais".

    Por Blogger ababeladomundo, às 5 de abril de 2011 às 06:12  

  • não mete a bilula no meio q o bicho pega rapá!
    seguinte, nem tudo está perdido. tem muita gente trepando e sempre vai te muita gente trepando em banheiros. se proibirem lá, vão para outro lugar. ELES nunca vão vencer! tu foi pra assessoria de imprensa virou um conformado acomodado que se adaptou ao sistema.. auhauhau. não é pq tu ta bem q precisa vender a alma, alemão capixaba que fala xiado!

    Por Blogger Eduardo, às 5 de abril de 2011 às 07:01  

  • Porra Alemao. Na verdade teu amigo ali tem razão. O tal do New Journalism não deu certo, e só os precursores desse estilo ficaram famosos.

    Portanto ao invés de seguir uma coisa que não deu certo e ninguém mais acredita, se tu quiser sair da ladainha do jornalismo atual tem que criar um novo estilo, e ser o precursor dele.

    Com muita sorte tu vai ficar conhecido e ser estudado por estudantes não conformados no futuro.

    O problema é que tudo já foi criado no mundo. Só nos resta beber do poço de nós mesmos, como já disse o Bukowski.

    E como falou o Ababelado, o profeta Belchior já anunciou tudo ainda lá na década de 70. Eis a verdade e a redenção.

    Por Blogger Zaratustra, às 5 de abril de 2011 às 08:36  

  • Pois é Dudu, concordo com teu amigo. Ainda bem que o que está na internet não se apaga, mas com certeza daqui no máximo uns 12 anos vc vai estar pensando bem diferente e o pior, vai ser cobrado por uma menininha que vai crescer e querer explicações!!! Liberal extremo?? Até quando???
    Falo por experiência própria - p mim faltam seis anos mais ou menos!!
    Abraço -

    Por Blogger Maristela, às 5 de abril de 2011 às 10:15  

  • porra, vão pentia macaco e ao invés de lerem meu blog vão le esse, que tem uns textos melhores: http://www.pirapo.rs.gov.br/

    Por Blogger Eduardo, às 5 de abril de 2011 às 10:35  

  • ah, não me venha com essa de país católico, e o caralho a quatro, porque eu so mais católico que 90% dos que se dizem católicos. e sobre os evangélicos, conheço muitos que fazem coisas muito piores do que trepar no banheiro. se preferem jornalismo convencional, boa leitura com as matérias do tipo "senai abre vagas para curso de costureira"

    Por Blogger Eduardo, às 5 de abril de 2011 às 10:37  

  • Ninguém disse que prefere o "jornalismo convencional", cabrón! É justamente por isso que lemos teu blog! Quando falei nos católicos e evangélicos estava pensando justamente nos falsos moralistas, nos 90%... são eles que vão reprovar a "imoralidade" e zelar pelos "bons costumes" da família gaúcha. Pra agir assim, não precisa nem acreditar em Deus. É só ir à missa de vez em quando e dizer-se contra homossexualismo, aborto e sexo fora do casamento. Por outro lado, aposto que há muito mais gente interessada nas vagas para o curso de costureira no Senai do que nos medos e delírios do Hunter Thompson. Eu, você podemos até achar isso triste. Mas nós somos minoria. Assim é a vida. Relaxa, cara.

    Por Blogger ababeladomundo, às 5 de abril de 2011 às 13:01  

  • porra. ta certo o cara do "mentigos e altivos", do albert cossery, negócio é relaxar e deixar o mundo cair ao seu redor, pois, no fim, tudo vira bosta, como já diria a rita lee.

    Por Blogger Eduardo, às 5 de abril de 2011 às 14:26  

  • Porra alemao!

    Se tu quiser que todo mundo concorde contigo, vai ter que escrever o jornalismo "padrao" que tu tanto combate.

    Esteje pronto para receber criticas e, quem sabe, fundar o Newest Journalism. Porque todo pioneiro e vanguardista è criticado no inìcio. Mas a verdade è outra e diversa.

    E tu fica mendigando comentario e quando comentam quebra o pau com os leitores, alemao? Porra, relaxa e goza....vamo tomar umas Patricia com a Marta Suplicy...

    Por Blogger Zaratustra, às 5 de abril de 2011 às 17:39  

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