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terça-feira, 22 de março de 2011

É fogo, meu povo! - O retorno

Esteve na região, mais especificamente em Ijuí, nessa semana, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Ari Pargendler. O sujeito, nascido em Passo Fundo e que disse não conhecer a cidade que estava visitando em seu discurso, recebeu o título de “cidadão ijuiense”. Agora fica a pergunta: e a moral? Por que um cara que nunca pisou em Ijuí antes é considerado cidadão ijuiense?? O quê ele fez para isso? E eu, que nasci em Santo Ângelo e já morei em Ijuí durante anos, não posso ser cidadão ijuiense?? E a servente, o pedreiro, o garçom, e todos os outros profissionais que nasceram em outras cidades e viveram as suas vidas em Ijuí, não podem ser considerados cidadãos ijuienses? Pois é. Coisas que só a política explica. Aqui, entenda-se “política” por “interesses financeiras”. Dim-dim. Cash. $$$$. Assim como isso acontece em Ijuí, sabemos que já ocorreu outras vezes em Santo Ângelo.
Entretanto, para piorar a vinda do ministro a Ijuí, o cara não deu entrevistas à imprensa. Ou, melhor, deu uma, para uma emissora de rádio local, desde que o repórter não lhe fizesse perguntas sobre os dois temas que o tornaram famoso: o escândalo do estagiário e os supersalários do STJ. Explicarei os dois, já que o ministro se negou a falar sobre isso em sua passagem pela região.
Em outubro de 2010, Ari Pargendler proferiu a seguinte frase para um estagiário do STJ: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ. Você está demitido”. Conforme o blog do jornalista Ricardo Noblat, um dos mais respeitados no campo da política em todo o Brasil, o episódio foi registrado na 5ª delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal às 21h05 de ontem, quinta-feira (20). “O boletim de ocorrência (BO) que tem como motivo ‘injúria real’, recebeu o número 5019/10. Ele é assinado pelo delegado Laércio Rossetto”, informa o blog, que procurou o ministro, sem sucesso. Ainda conforme o blog, o autor do BO e alvo da demissão era Marco Paulo dos Santos, de 24 anos, até então estagiário do curso de administração na Coordenadoria de Pagamento do STJ. Ele foi demitido por estar imediatamente atrás do presidente do Tribunal no momento em que o ministro usava um caixa rápido, localizado no interior da Corte. Ari fazia uma transação em uma das máquinas do Banco do Brasil, quando, no mesmo momento, Marco se encaminhou a outro caixa, próximo de Pargendler, para depositar um cheque de uma colega de trabalho. Ao ver uma mensagem de erro na tela da máquina, o estagiário foi informado por um funcionário da agência, que o único caixa disponível para depósito era exatamente o que o ministro estava usando.
Segundo Marco, ele deslocou-se até a linha marcada no chão, atrás do ministro, local indicado para o próximo cliente. Incomodado com a proximidade de Marco, ocorreu o seguinte diálogo:
- Você quer sair daqui porque estou fazendo uma transação pessoal – disse o ministro.
- Mas estou atrás da linha de espera – respondeu o estagiário.
- Sai daqui. Vai fazer o que você tem quer fazer em outro lugar.
Então, Marco tentou explicar ao ministro que o único caixa para depósito disponível era aquele e que por isso aguardaria no local. Diante da resposta, Pargendler perdeu a calma e disse: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”.
Já o segundo episódio é a denúncia de que o STJ não respeitou o piso salarial imposto pela Constituição, que é de R$26.700, pagando, em média, R$31 mil no ano passado, além de que, alguns ministros do STJ chegaram a receber até R$93 mil. E esse carinha recebeu o título de cidadão ijuiense com um monte de AUTORIDADES ENGRAVATADAS bajulando o seu EGO. Imaginem só, R$26.700 de salário é muito pouco, como eles vão viver só com isso?? Naim, naim. É fogo, meu povo!
Por que quem mais tem dinheiro tenta tirar sempre de quem não tem? Perguntem, novamente, ao mestre dos magos. Quem sabe, ele sabe.

* Texto publicado em A Tribuna Regional.

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