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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Domingo de novos amores colorados

“Quatro a zero! Espetáculo! Bjs. De: mãe”. Estava eu, tomando umas geladas após a partida entre Inter e Goiás no Beira-Rio com meu colega Vilso Santi, doutorando em comunicação pela PUCRS, tentando entender o que havia se passado no Rio de Janeiro com o meu Grêmio, quando recebi essa mensagem no celular de minha super-mãe, Nara Miriam Ritter. A partir daí, tentei reconstituir mentalmente tudo o que havia se passado naquela tarde de domingo em Porto Alegre...
Lembrei-me, então, que fui ao Beira-Rio para ver Fernandão vestindo a camisa verde do Goiás. No entanto, quando estava em frente ao portão 8, desceu de um super-carro D’Alessandro, que ainda cumpre suspensão. Ele passou correndo por mim, veio com o braço erguido, para cumprimentar os torcedores, e eu, mesmo gremista, não resisti, e cumprimentei o argentino. Enfim, depois de ter cumprimentado o hermano de Herrera e Maxi Lopes, segui para as arquibancadas superiores do Beira-Rio. O que vi, a partir de então, foi o seguinte: o Inter entrando em campo aplaudidíssimo, enquanto não faltaram vaias para o Goiás. Na escalação de ambos, Guiñazu, como sempre, foi ovacionado. Tite foi vaiado. No Goiás, todos foram vaiados, a exceção, é óbvio, para Fernandão e Iarley.
Bola rola e torcida começa gritando “Iarley! Iarley!” e “Uh! Terror, Fernandão é matador!”. A adrenalina vai a mil, até para quem não está envolvido na história toda. O fato é que, nos primeiros minutos de jogo, a torcida do Inter estava parecendo um marido (ou mulher) traído. Ninguém pensava em quem estava vestindo a camisa do Inter, todos estavam pensando no Fernandão e no Iarley, bem como o marido que ainda sofre pela mulher infame. O Inter está ali, jogando melhor, mas a torcida parece estar concentrada em Fernandão e Ialey. Por que é tão difícil esquecer ambos? Parecia até um romance de Defoe ou a novela das oito. No entanto, o torcedor colorado começou a esquecer o ex-amor quando Marquinhos, um jovem de apenas 19 anos, recebeu a bola no centro, deu um lindo corte no marcador, e tocou “a la Romário” para o fundo das redes do Goiás: um a zero. A torcida colorada experimentava um orgasmo com os substitutos de seus ex-amores, e descobria que não era tão ruim assim. Aliás, era bom demais!
No entanto, Fernandão não quis ficar para ver a festa da torcida do Inter com seus novos amores, e foi expulso logo aos 13 minutos, para delírio dos colorados, que berravam euforicamente o seu nome. Depois disso, o que se viu, foi uma bela lua de mel do Inter e sua torcida com velhos e novos ídolos: Guiñazu confirmou o seu posto de maior ídolo colorado dos últimos tempos marcando o segundo. Já na etapa final, Giuliano, que tem feito belos gols, não passou em branco, e fez o terceiro. E para finalizar, Kleber ainda fez o quarto gol, após Iarley ser substituído e novamente ser ovacionado pelo torcedor.
Enfim, esse foi um domingo plenamente colorado, com goleada sobre o Goiás, ânimo redobrado para passar pelo Atlético amanhã (e chegar a vice-liderança) e, com os novos amores colorados, fôlego para chegar ao título nacional, com Tite e tudo o mais.
Quanto ao Grêmio. Bem, o Grêmio jogou fora de casa, então, é sem comentários...
Texto publicado no Jornal das Missões de amanhã

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O esquecido

Já escrevi aqui outras vezes das minhas pirações, do tipo, ligar o micro-ondas sem nada dentro e deixar a xícara com a água a ser esquentada do lado de fora; pegar uma colher para cortar o pão sem querer ao invés da faca; colocar sal no café pensando que era açúcar; ir até uma determinada peça da casa, chegar lá e de repente parar na frente do armário e se perguntar “o que eu vim fazer aqui mesmo?”. Espero que isso não se agrave tanto com o passar dos anos... Minha mãe sempre se irritava quando eu saía para o jornal, lá em Santo Ângelo, e cinco minutos depois eu voltava para pegar algo que eu tivesse esquecido, tipo agenda ou cartão-ponto. Mas o pior era quando eu ligava: “mãe, me trás tal coisa que preciso urgente e esqueci”. Pois é, agora aqui em Porto Alegre, não tenho para quem ligar ou recorrer nessas pequenas emergências. A não ser a minha irmã. Mas como normalmente nem eu, nem ela temos créditos no celular, fica difícil. Só com sinal da fumaça...
Então, escrevi tudo isso, primeiro, porque sempre quando essas coisas acontecem, lembro da nossa ex-empregada Maria, que dizia em tom professoral: “estuda, mas vai com calma. Quem estuda demais acaba ficando louco...” Às vezes acho que ela tem razão. E isso não é novo. Num dos romances do Erico Verissimo há uma personagem, o professor Clarimundo, que passa estudando e elaborando mil fórmulas para diversas questões, mas no dia-a-dia faz coisas do tipo sair de casa e chegar na sala de aula e perceber que está com um sapato de cada cor, ou que esqueceu a gravata, o que quer dizer que... (?!) o que é que eu estava escrevendo mesmo?
Ah, sim, então, esses dias aconteceu isso comigo, pra variar. Saí de casa para imprimir alguns textos na PUC e cheguei na porta do laboratório de informática, no segundo piso da Famecos, e olhei para o laboratorista, que parou a sua conversa com uma aluna para ver se eu estava bem. Arregalei os olhos, pus a mão na cabeça, e disse com ar grave:
- As folhas!
Abri a pasta e vi que não estavam ali. Diabos!
- Esqueci as folhas... mas... que coisa. Não tem umas aí pra me vender?
- Não...
- Putz! Já volto.
E sai procurar algum lugar para comprar folhas A4. Fiquei na dúvida: voltar para casa para pegar o pacote que ficou em cima do sofá ou ir até o prédio 40 e comprar um novo? Estava com preguiça e resolvi ir até o prédio 40. Cheguei lá e só tinham o pacote de 100 folhas, que custava 4 reais. Abri a carteira, tinha R$2,50. Diabos.
- Não tem nenhum pacote de 50 folhas por dois pila?
- Não, o menor é o de 100 – respondeu a vendedora, indiferente ao meu problema financeiro.
- Diacho. Vou ali no caixa eletrônico e já volto.
Fui até o caixa eletrônico. O problema é que quando eu estava subindo as escadas rolantes, encontrei o professor Luciano Klöckner. Só para entenderem, ele é professor da Famecos, ex-gerente da Rádio Gaúcha, e escreveu o livro “A notícia na Rádio Gaúcha”, que foi meu manual-bíblia de rádio nos três anos em que eu trabalhei na Rádio Jornal da Manhã. E para completar, no semestre passado eu apresentei em aula outro livro dele, “O Repórter Esso”. Então, fui conversando com ele até a Famecos tentando sugar brevemente alguma coisa do seu conhecimento. Ele contou que havia chegado há pouco do encontro da Rede Alcar, que rolou em Fortaleza, e eu, ouvindo tudo atentamente, esqueci completamente das folhas.
Subi com ele as escadas que levam até o segundo piso da Famecos, nos despedimos, e segui reto para o laboratório. Quando cheguei na frente do laboratorista, novamente arregalei os olhos e exclamei:
- As folhas!
Porra, o cara deve achar que eu sou completamente surtado. Tentei explicar...
- Eu fui lá comprar, mas aí acabou o dinheiro e encontrei o professor Luciano no caminho, e viemos conversando, e eu esqueci... esqueci... esqueci! Entende?... – vi que ele não tava entendendo muito do que eu queria dizer, resolvi encurtar – bom, vou voltar lá e comprar as folhas...
Virei as costas e fui, enquanto ele ficou com ar embasbacado, pensando “esse cara é louco?”.
Depois dessa lambança toda, voltei ao prédio 40 e finalmente comprei as malditas folhas. Cheguei novamente ao laboratório com o maço na mão, mostrando para o laboratorista, com um certo ar de Mr. Been, como se dissesse “ó as folha! Ó as folhas! Estão aqui ó”. Fui lá, imprimi os textos e voltei para casa. O problema foi que ao fechar a porta do apartamento lembrei que esqueci de pegar outros textos no xérox... Ficam para amanhã, afinal, são apenas para a semana que vem... Agora tenho que ligar para a mãe, mas não consigo lembrar para quê... alguém viu meu celular?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Banho de pipoca

Uma figura ilustre nas cadeiras do estádio Olímpico na tarde de domingo parece ter inspirado o técnico Paulo Autuori e os jogadores nas entrevistas concedidas após a goleada contra o Atlético-MG por 4 a 1: Gabriel o Pensador. Com o placar, parece que todos só queriam filosofar. “Eu não estou competindo com ninguém, não vou comparar números. Minha competição é comigo mesmo. Tento melhorar como profissional independente do trabalho dos outros. Se os números dele são melhores, isso não me diz respeito”, disse o Autuori, respondendo a uma questão relacionada ao seu aproveitamento no comando do Grêmio na comparação com o de Celso Roth, atual técnico do Galo. No entanto, a lucidez com que o treinador vê a situação do seu time no campeonato, espanta e até dá esperanças ao torcedor. Talvez essa seja a grande diferença entre ele e o Roth. Autuori conversa com a imprensa, e assim, seduz a torcida. Já Roth era ríspido, de poucas palavras, por vezes grosso com os repórteres, mas essa grossura respingava na cara dos torcedores, como se fosse um cuspe. O resultado: foi muito vaiado antes do jogo, e depois de cada gol do Grêmio a torcida gritava “Roth! Roth!”, ironizando o ex-comandante tricolor.
Já o meia Souza está saindo um filósofo às avessas, ainda mais com o seu característico sotaque nordestino. Questionado sobre o que acontece com o Grêmio fora do Olímpico, começou a falar, a refletir, pensou que era o Gabriel o Pensador, e saiu com algumas pérolas: “acho que vamos ter que tomar banho de picoca (!?), de sal grosso, de arruda para espantar essa zica (!?). Eu até não acredito nessa história de pular as sete ondas (?!?!?!) mas nesse caso, tudo é bem-vindo”. Praticamente um Jardel II.
No entanto, todo o clima de goleada, de festa da torcida e da confirmação da mística do Olímpico (dia 3 de setembro completa um ano sem perder em casa) fez com que praticamente todos, inclusive os torcedores, já comecem a se iludir. Alguns dizem que se o Grêmio começar a ganhar algumas fora, como a do próximo final de semana, contra o Botafogo, pode até ser campeão. Acabei de dar uma olhada rápida na tabela, e diria que para chegar no G-4, além de continuar vencendo todas em casa, aí sim, algumas vitórias fora podem conduzir o Grêmio até lá. Agora, para ser campeão, só milagre, porque além de ter que vencer muitos jogos consecutivamente, ainda precisaria torcer para Palmeiras, São Paulo, Goiás, Inter, etc, não vencerem...
Já o Inter pega o Santos amanhã à noite na Vila Belmiro. Aí está outro perigo: a equipe santista está subindo cada vez mais, e caso vença, encosta no G-4, aumentando o bolo na briga por uma vaga na Libertadores de 1010. Com esses resultados, ninguém tem nada garantido nesse campeonato. É bom todos capricharem para não precisar tomar o banho de pipoca (!?) sugerido pelo Souza...
*Texto publicado no Jornal das Missões de amanhã

domingo, 23 de agosto de 2009

Mais uma do Tchekhov

Respondendo a pergunta do meu primo Gérson, se o auxiliar de guarda-livros vira ou não guarda-livros, vou postar o fim do conto. Ok, ok, não é de bom senso contar o final, mas como é um conto curto, e como o livro reúne dezenas de contos do Tchekhov, vou abrir essa exceção. Quem quiser ler direto da fonte, é só pegar o livro (A dama do cachorrinho e outros contos) publicado pela editora 34 e parar de ler esse post por aqui. Mas, para o curioso e astúcio leitor impaciente, segue o fim do conto:

"10 de junho de 1886. Fugiu a mulher de Tchálikov. Está muito triste o coitado. É possível que se suicide de desgosto. Se isso acontecer, serei guarda-livros. Já se fala nisso. Quer dizer que não se perdeu de todo a esperança, pode-se viver, e é possível que eu já não esteja longe da peliça de castor. No que se refere a casamento, não lhe sou contrário. Por que não me casar, se aparecer uma boa oportunidade? Todavia, devo me aconselhar com alguém; é um passo sério.
Calçando galochas, Kleschóv levou, em vez das suas, as do conselhrio-privado Lirmans. Foi um escândalo!
O porteiro Paíssi aconselhou-se sublimado corrosivo, contra o catarro. Vou esperimentar".

Ou seja, o auxiliar de guarda-livros deve ter morrido como auxiliar, e solteiro, já que ele esperava assumir o cargo de guarda-livros para poder casar...
Que comentar? Deixo para que cada um tire suas próprias conclusões... Mas eu vou casar!!

sábado, 22 de agosto de 2009

Leituras, leituras, leituras...

Já falei outras vezes aqui da piração orgasmática que é ler dois livros de temas diferentes ao mesmo tempo. Porém, inconscientemente comecei a fazer algo que, pelo que me lembre, nunca havia feito: estou lendo três livros sobre temas diferentes paralelamente, além dos textos acadêmicos (folhinhas de xérox, apostilas, etc). Como estou fazendo aulas apenas nas terças e quartas-feiras, na quinta-feira fui para a biblioteca da PUC para pegar dois livros na qual tinha curiosidade de ler. O primeiro é “A dama do cachorrinho e outros contos”, do Tchekhov. Tudo pela propaganda que o professor Juremir fez do escritor russo na Feira do Livro do ano passado. Desde então, estava curioso para ler alguma coisa do cara. Além desse, também queria ler “Os ratos”, do gaúcho Dyonélio Machado. Esse, tive a vontade de ler desperta após terminar um dos textos do livro Galeria Fosca, do Erico, mencionado no post anterior, quando ele fez uma puta propaganda do seu contemporâneo. No entanto, enquanto estava procurando esses livros nas estantes da biblioteca, encontrei um terceiro: “Porto Alegre em contos”. É simplesmente e obviamente uma coletânea de contos com textos de diversos escritores gaúchos sobre a capital do estado, como Caio Riter (com um “t” mesmo), Moacyr Scliar, Sergio Faraco, Charles Kiefer, etc. E com isso, estou lendo esses três livros paralelamente. Leio algumas páginas de um deles ao acordar, outro tanto de outro depois do almoço, e alguns trechos do terceiro no final da tarde. Já à noite, dedico meu tempo às leituras acadêmicas...
Hoje, por exemplo, além dos três livros, estava lendo há pouco um dos xérox da disciplina de Formação de Opinião Pública. Ah, e ainda tem alguns textos que estou lendo para a dissertação. E, como estou desempregado (como se precisasse dizer, pois só um desempregado teria tanto tempo para ler...) comprei a Zero Hora de domingo para ver se encontrava algo na qual eu me encaixasse... Conclui que as ciências humanas não estão muito em alta nos classificados... As vagas de comunicação eram para publicitários. A palavra jornalismo não existe nos classificados. Cheguei a cogitar fazer o concurso da Polícia Rodoviária Federal... já pensaram eu, um policial rodoviário federal? Viajei um pouco na idéia, mas a concorrência é grande e qualificada, até porque o salário é mais de cinco mil reais por mês, além dos benefícios e aquela histórica toda. Enfim, depois li a matéria sobre a mística do Olímpico, pois nesse ano o Grêmio venceu oito e empatou duas jogando em seu estádio pelo Brasileirão, e amanhã estarei lá, para ver a nona vitória no ano. Em compensação, quando o jogo é fora... Enfim, ainda falta ler as colunas do David Coimbra, Martha Medeiros, etc, além dos blogs que estão nos meus “favoritos”.
Só para encerrar, vou fazer um breve comentário de um dos textos de um dos livros que estou lendo. Chorei rindo lendo “Do diário de um auxiliar de guarda-livros”. Caraca, muito bom esse texto, escrito pelo Tchekhov em 1884. O auxiliar de guarda-livros fica esperando que o guarda-livros morra, para ele se tornar o guarda-livros oficial. São textos curtos e muito bem humorados. Só para dar uma lasquinha, vejam só que genial uma das anotações do auxiliar de guarda-livros:
“4 de junho de 1878. Os jornais escrevem que apareceu peste em Vietlianka. Segundo as notícias, há gente morrendo em quantidade. Por esse motivo, Glótkin está tomando vodka com pimenta. Mas, é pouco provável que tal remédio adiante para um homem tão velho. Se vier a peste, desta vez serei certamente o guarda-livros”.
Uma pitadinha de humor-negro: se a gripe suína prosseguir conforme as previsões apocalípticas globais, em breve estarei empregado...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Galeria Fosca

Quanto mais leio a obra de Erico Verissimo, mais eu me impressiono. Fico impressionado principalmente com textos e livros não tão conhecidos e que se fossem lidos hoje, sem indicar o ano da produção e o autor, poderiam ser creditados a qualquer escritor contemporâneo (da qualidade do Erico, se é que existe). Estou lendo no momento Galeria Fosca, uma publicação da Editora Globo, com crônicas e contos publicados, principalmente, na Revista do Globo. Achei esse livro num sebo em Blumenau (SC), durante o Intercom Sul, e comprei-o por míseros R$10. Acho engraçado como as pessoas reclamam do preço dos livros (R$15, R$20, R$30, R$40) mas vejo sempre elas gastando esses mesmos valores em cerveja, ingresso para tudo que é coisa, guloseimas, etc. Inclusive esse que vos escreve às vezes gasta R$20, R$30 em alguma bobagem qualquer e reclama de comprar um livro por R$20. É a vida...
Enfim, como dizia, estou lendo a Galeria Fosca, e destaco aqui dois textos do Erico. No primeiro, “Pobre João da Silva”, ele faz uma comparação entre um escritor ficcional britânico e um brasileiro. Em resumo, enquanto o britânico (Hot Potatoes) cresce freqüentando bibliotecas, tendo conversas sobre literatura, filosofia e metafísica no jantar e no almoço com seus pais, e fazendo viagens à países exóticos para enriquecer seus romances, o brasileiro João da Silva cresce jogando bola em chão batido, fazendo rimas tipo limão-sabão, e vai lendo desordenadamente por conta própria autores que vão de Júlio Verne a Zola. E termina perguntando: “agora me digam: pode-se comparar em pé de igualdade os romances do cultíssimo Mr. Hot Patatoes com os do nosso pobre e simpático João da Silva?”. Acredito que todos saibam a resposta...
Já o segundo texto que quero mencionar aqui, esse sim, pode ser lido como se fosse atual, mesmo tendo sido escrito em 1937. O título é “Reflexões sobre o romance-rio”. Agora, vejam só se não há nada de familiar com a contemporaneidade nos seguintes trechos:
“Houve bons tempos tranqüilos em que o ritmo da vida era lento e suave. Havia vagar para tudo. Para longos serões familiares. Para leituras demoradas. Para jogos de salção. As mulheres bordavam toalhas eternas. Os homens jogavam paciência e decifravam charadas. Os velhos dormitavam ao balanço das cadeiras esperando a morte. Ninguém tinha pressa. Nem o Tempo. Nem a própria Morte. Para que fazer hoje o que se podia deixar para amanhã?
(...)
Que vemos hoje: A vida batendo recordes de velocidade. Toda a gente aforismada, suada, aflita, endoidecida, correndo às tontas dum lado para outro. Olhos só voltados para fora. Adeus, serões do passado! Adeus, tranqüilidade de outros tempos! Adeus, vida íntima, interiorizada e doce!
Aviões passam roncando no céu, espantando as últimas pombinhas líricas que dormem nos derradeiros telhados coloniais. Brocas elétricas rechinam e trepidam nas ruas, furando trilhos, triturando pedras. Os bondes produzem uma trovoada de fim-de-mundo. Cartazes berram anúncios vertiginosos. Cinemas exibem fitas cada vez mais aperfeiçoadas, cada vez mais delirantes. Novos artigos e novas facilidades de venda retratam a fúria aquisitiva das populações. O rádio enche o ar de ondas sonoras. Os alto-falantes arremessam melodias, anúncios, conferências científicas, sketches, teatrais, romanceses sintéticos (...) Agências de turismo tentam, com promessas de maravilhosas viagens, o Marco Pólo que dorme no fundo de cada um de nós. Os jornais, narrando delírios de velocidade, aumentam a nossa pressa, fazem crescer a nossa ânsia, a nossa aflição. Anúncios por todos os lados. Nas paredes. Nos muros. No ar. No chão. Contra as nuvens. (...) As revistas – publicando romances inteiros num só número – fazem guerra ao livro. (...) Todo mundo tem pressa. A vida se tornou tão múltipla, tão estonteante tentacular, que o homem, no afã de tudo gozar, de tudo aprender, de tudo penetrar, procura a síntese, sofre da mania do comprimido, vive assombrado pelo relógio a procurar o máximo de prazer e de experiência no mínimo de tempo (...)”.

E assim, Erico segue adiante, nessa crônica publicada na Revista do Globo em 30 de outubro de 1937, mas que poderia ser publicada hoje em qualquer jornal ou revista falando sobre os tempos contemporâneos. Mas, mais adiante, ele aborda justamente a resistência dos romances longos em meio a tudo isso, destacando que na época os livros continuavam sendo publicados aos montes, em 500, 700, 1000 páginas. E hoje, com a televisão e a internet, que não existiam naquele tempo, também vejo as listas de best-sellers e as livrarias cheias de livros de 500, 700 e 1000 páginas sendo lançados e comercializados aos montes. Ou seja, acredito que tenho a resposta para aqueles que defendem que a internet provocará o fim do impresso (livro, jornais, revistas, etc). Por fim, encerro citando o último parágrafo do texto do Erico, numa espécie de reflexão sobre o ato de escrever:
“Quem quer que tenha o feio vício de escrever sabe como é importante encontrar leitores, acordar ecos. O mais importante, porém, continua sendo “escrever”, dar forma à nossa inquietude, dar expressão a essa anciã singular que se avoluma dentro de nós e acaba rompendo todas as barreiras e se espraiando num romance-rio... Rio largo, formado pelos pequenos afluentes que são as experiências e leituras de cada dia. Rio que corre ignorado ou sob olhares de aplauso e censura. Mas corre, para obedecer a uma força misterioosa...” E sigamos em frente!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O infortúnio de Otávio

Otávio não acordou muito bem naquela manhã. Ou melhor, não acordou de muito bom humor. Pressentia que aquele não seria um bom dia. Aula de manhã cedo não é algo que favorecia o humor de Otávio. E ao ouvir o despertador tocar às 7h da manhã, teve vontade de matar alguém. Levantou-se de cara amassada e amarrada praguejando contra o frio, contra o sono, contra o seu corpo esgualepado, contra a merda do nariz que estava completamente entupido e cheio de ranho, e principalmente contra o chuveiro, que insistia em soltar no máximo uma água um tanto morna, mais para fria do que para quente. Ele ali, arrepiado da cabeça aos pés de frio, com o bilau encolhido como aquelas minhocas que ficam anos debaixo de uma pedra, tentando fazer aquela bosta de água esquentar. Esperou um pouco, até que respirou fundo, resmungou mais um “fiadaputadesseinvernodocaraí” e se enfiou debaixo daquelas gotas que caíam um tanto tortas, sofregamente, lá do alto.
Enquanto esfregava o sabonete no sovaco se questionava quando as coisas iriam mudar, quando deixaria de ser pobre e de levar no rabo da vida todos os dias, quando teria uma vida digna e a altura da sua raiva que ia além do frio e do sistema. Nos momentos mais deprimentes, chegava a desejar a morte para rever os seus pais, que o deixaram ainda na adolescência. Primeiro foi a mãe, quando ele estava com 12 anos. Viu o seu chão se abrir, a sua vida desabar. Quando começava a recuperar as forças, dois anos depois, foi a vez do pai. Teve que se virar, e depois de muito ralar o rabo, conseguiu ingressar na faculdade de Direito. No entanto, ainda não conseguia ver uma luz no fim do seu túnel. Enfim, depois de pensar nisso tudo e numa porção de outras porcarias, se vestiu e foi para a faculdade. Era primeiro dia de aula. Estava no segundo semestre e ainda não tinha feito nenhuma amizade verdadeira. Na verdade, não simpatizava muito com nenhum dos colegas. Tinham a pinta de serem “doutores advogados” que andam de peito estufado e nariz esnobe, como dizia a sua avó, Hortência. Otávio queria ser advogado, mas não queria ser um deles.
Como não estava bom da cara, sentou-se na última carteira da fila mais longe da porta e do professor possível. Ao seu lado, estava sentado um sujeito na qual nunca tinha visto, que o cumprimentou sorridente. Otávio retribuiu o cumprimento, contrariado. Começou a observar o cara. Boa pinta, bem vestido, barba bem feita, sorriso pronto para qualquer situação, sem aliança nos dedos. Um solteirão. 30 e tantos anos, calculou. A aula começa e Otávio não tira os olhos do sujeito. O que se passa na cabeça dum cara como esse? Deve se achar imortal. Um garanhão típico, do tipo que come a mulher dos outros. Pensou imediatamente na namorada, a Olívia. Sempre achara o nome da amada estranha: Olívia, igual a do marinheiro Popeye. Era morena, tinha um belíssimo corpo, malhado, rosto talhado à faca, um olhar lindo, e se vestia bem pacas. Enfim, o tipo de mulher que por onde passa, todos ficam olhando. No entanto, ele sabia que também não era fraco. Otávio era o cara que sempre se deu bem com as mulheres, e tinha plena consciência que havia uma porção delas querendo roubá-lo de Olívia. Porém, só tinha olhos e pensamentos para a namorada. Fazia três meses que estavam namorando, e nunca estivera tão feliz em seus 23 anos de vida. Só que, olhando aquele sujeito com mais de 30 anos, sarado, bem vestido, com sorriso colgate naquela cara deslavada, não teve dúvidas: estava ali um homem que daria em cima de qualquer mulher, inclusive de sua namorada. E mais: teria boas chances de seduzi-la. Sim, porque sabia que o maluco tinha a manha. Enganaria a pobre e inocente Olívia. Fingiria ser apenas um amigo, se aproximaria, puxaria assunto como quem não quer nada. Bem vestido, bem empregado, malhado. Confiável. Um tratante. Já via mentalmente Olívia conversando com aquele desgraçado, entre uma risada e outra. Na despedida, entrega o seu número e inventa uma desculpa qualquer para ligar. Convida para tomar um café uma hora dessas, e ela pensa “por quê não? Não tem nada de mais...”. Maldita, está quase no papo. O sujeito, repentinamente olha para Otávio, que já está com vontade de esganá-lo. Aquela cara de Latino está com o falso e maldito sorriso de garanhão, de quem se da bem na vida, de quem veio ao mundo como quem vai a uma festa de arromba.
- Você tem esse livro que o professor falou? – pergunta o sujeito para Otávio, que não responde, pois está em outro planeta.
- Desculpe... Você tem esse livro? – insiste.
Enquanto isso, na cabeça de Otávio, o elemento já está segurando Olívia pela cintura, como quem não quer nada, e vai falando cada vez mais perto do ouvido dela, que inocentemente vai caindo na lábia do larápio. Nisso, Otávio range os dentes, levanta de sua classe, segura o cara pelo colarinho, e entre um soco e outro berra:
- Isso é para você aprender a não dar em cima da mulher dos outros, seu filho da puta desgraçado! Vou deixar sua cara desfigurada de tanta porrada!
Depois de esmurrar o próximo, Otávio foi expulso da aula, da faculdade e ganhou uma vaga no Presídio Central. Lá, erguendo barras de peso improvisadas com tijolos, concluiu: um dia de mau humor pode destruir uma vida. No caso duas, porque o sujeito teve que fazer uma cirurgia na cabeça devido aos tumores provocados pelas pancadas de Otávio, não resistiu, e morreu. Assim como morre um conto.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Listas - parte 2

Como o prometido, segue a segunda parte das dez listas, com outras cinco:

10 conselhos para o filho (Como é provável que meu futuro filho leia esse texto, terei que cuidar para não dar armas para o pançudinho me chantagear numa situação qualquer...)
- Seja gremista.
- Respeite-me e obedeça-me em qualquer situação, que você sempre se dará bem.
- Se quiser conquistar as mulheres, primeiro, respeite-as, segundo, seduza-as, e terceiro, desfrute de ótimos momentos com ela.
- Peito é bom, mas não se acostume mal, pois você terá que parar de mamar um dia.
- O chute de bico pode até sair mais forte, mas é mais bonito acertar de trivela.
- Pode beber qualquer cerveja, menos Kaiser. E não me esqueça de convidar para beber junto, senão eu confisco todo o material...
- Capriche nos presentes de Dia dos Pais.
- Use camisinha, senão te capo.
- Não faça barulho enquanto eu estiver dormindo, para o bem geral da nação.
- Estude, senão entra pro laço.

10 mulheres (para evitar injustiças, a lista abrirá duas exceções para conhecidas, o resto serão mulheres públicas).
- Nara Miriam Ritter (minha mãe)
- Cristiane Aguiar (minha noiva)
- Madona, pela ousadia
- Sharapova, em homenagem ao meu tio Dãe, fã número 1 dela e que tem um quadro dela pendurado na parede do bar lá na Venâncio, em Porto Alegre.
- Heloísa Helena
- Demi Moore, pelos filmes que assisti na minha adolescência
- Daniela Mercury, pela paixão platônica da minha infância
- Eliane Brum, pelo excelente trabalho jornalístico, que me serve de inspiração
- Agatha Christie, pelos excelentes livros
- Amy Winehouse. Preciso explicar?


10 homens admiráveis (também abro duas exceções, o resto serão homens públicos)
- Nabuco Ritter (meu pai)
- Eu (óbvio)
- Tom Zé – sempre quis ser igual a ele
- Pedro Juan Gutierrez, por tudo que passou e pelos ensinamentos de seus livros
- Charles Bukowski, idem
- Jack Keroac, idem
- Felipão, por ter transformado um time mediano em um dos melhores times da história do Grêmio
- Pedro Cardoso, pelo Augustinho
- Zeca Pagodinho, pela simpatia
- Lázaro Ramos, pela excelente capacidade de interpretação. Se fosse ator, queria ser como ele
- Elvis Presley – queria dançar como ele
- Erico Verissimo – minha monografia foi sobre ele e minha dissertação está seguindo o mesmo caminho. Preciso dizer mais?


10 sonhos

- Ser professor universitário
- Ser escritor
- Falar e ler fluentemente inglês e francês
- Ver o Grêmio ser bicampeão mundial
- Ganhar o Oscar
- Cobrir uma Copa do Mundo
- Realizar todos os planos e sonhos que construí junto com minha noiva Cristiane
- Conhecer a Europa
- Terminar o mestrado, fazer doutorado e ainda cursar Psicologia, História e Letras
- Não me preocupar com dinheiro (tendo money, porque não tendo eu já não me preocupo muito)

10 lugares que gostaria de conhecer
- Nova York
- Paris
- Londres
- Havana
- Salvador (essa é mais fácil)
- Kingstone (capital da Jamaica)
- Acapulco (graças ao Chaves)
- Los Angeles
- Las Vegas
- Jerusalém

Fim de listas. Outra hora faço outras.

Listas

Bom, após alguns dias de ausência, voltei. Estava votando na seleção do melhor time do Grêmio de todos os tempos no site da ZH, e lembrei de outras listas sobre os mais diversos assuntos feitas por intelectuais, celebridades, políticos, personalidades, etc. Como ninguém pede para eu fazer lista de nada, resolvi fazer dez listas de dez assuntos escolhidos aleatoriamente, e vou postá-las em duas partes de cinco. Não chega a ser as 10+ rigorosamente, mas são 10 coisas que me marcaram em cada categoria. E também não estão em ordem crescente nem decrescente, ou seja, não tem ordem nenhuma em nenhuma delas. Vamos às primeiras cinco listas:

10 dias que gostaria de reviver
- O dia em que eu nasci, pois depois de nove meses socado na barriga da minha mãe é indescritível a sensação de se ver a luz!
- O dia 15 de dezembro de 1996, quando o jogo entre Grêmio e Portuguesa estava 1 a 0 para o Grêmio, e o resultado dava o título do Brasileirão para os paulistas, e o Aílton entrou e fez o 2 a 0 aos 40 do segundo tempo num tirambaço de fora da área.
- O dia 12 de agosto de 2006, quando meu amigo Tiago Beck me ligou e tive mais ou menos o seguinte diálogo com ele:
“E aí meu, o que vai fazer hoje de noite?” – me perguntou.
“Vou estudar para a seleção do mestrado” – respondi.
“Que estudar o quê!? O Gordo tem dois convites para o baile de formatura de Administração no Gaúcho”.
“É mesmo? Hmmmm, então vamos, mas to sem grana”.
“Ah, eu tenho”.
“Beleza, onze horas passo aí”.
E nesse baile, quase na finaleira, convidei a Cris para dançar comigo e agora, três anos depois, ainda estamos dançando.
- O dia 18 de agosto, quando eu me formei e pude reunir família e amigos numa grande noite de um grande porre de felicidade, após cinco anos de faculdade.
- O dia do show dos Rolling Stones. Eu e meu amigo Mário fomos para Copacabana antes do meio-dia, ele para ir na academia e eu para ir no show. Nunca vi tanta gente reunida. Como diriam os Mamonas: “quantia xente! Quantia alegria!”.
- O dia posterior ao show dos Rolling Stones, quando fiz uma grande festa com meus amigos cariocas, e os dias seqüentes, quando fui para Guarapari passar o Carnaval na casa dum grande amigo meu, e na volta ainda cheguei em Capão da Canoa, onde o resto da família me esperava. Ta certo, aí já são vários dias... mas foram vários dias que foram como se fossem um. Tempos áureos e dourados.
- O domingo do carnaval 2005 no Rio de Janeiro, quando fomos num trio elétrico não sei onde de manhã, no Fla-Flu no Maraca de tarde e no Terreirão do Samba de noite.
- O dia 2 de junho de 2007, quando noivei com a Cris numa noite regada a vinho e namoro na frente da lareira numa noite de inverno...
- O dia que eu estava na mesa de áudio numa tarde qualquer lá na Rádio Jornal da Manhã, em Ijuí, e o meu amigo e colega Douglas teve um ataque de riso enquanto apresentava o Noticiário da Hora pela primeira vez. Isso foi por volta das 16h30, e lembro até hoje que eram 19h30, eu estava indo para a aula, e ainda não tinha conseguido parar de rir por nenhum minuto. Com certeza nunca ri tanto na minha vida como naquele dia. Até hoje, se lembro, começo a rir sem parar.
- A segunda-feira em que o Aranha passou lá em casa e fomos beber no 24 horas lá em Ijuí e ficamos até altas horas da madrugada jogando conversa fora.

10 jogos inesquecíveis
- Grêmio 2x0 Portuguesa – Final do Brasileirão 1996.
- Nacional 1x1 Grêmio – Final da Libertadores 1995.
- Ajax 0x0 Grêmio – Final do Mundial Interclubes de 1995.
- Brasil 0x0 Itália – Final da Copa do Mundo 1994.
- Náutico 0x1 Grêmio – Final da Segundona do Brasileirão 2006.
- Manchester United 2x1 Bayer de Monique – Final da Liga dos Campeões da Europa de 1999. O Bayer vencia por 1 a 0 até os 44 do segundo tempo, e o Manchester empatou aos 44 e virou aos 46. Simplesmente inacreditável.
- Grêmio 2 (3) 2x1 Palmeiras – Semifinal da Copa do Brasil 1996, quando o árbitro anulou o gol legal do Jardel aos 49 do segundo tempo. Esse gol levaria a decisão da vaga para a final para os pênaltis.
- Palmeiras 1x2 Cruzeiro – Final da Copa do Brasil 1996. Cruzeiro vingou o Grêmio. Nunca comemorei tanto uma vitória de um clube que não era o Grêmio.
- Brasil 4x2 Argentina – Tive a sorte de ver esse jogaço, que teve três gols do Rivaldo, um do Ronaldo, as duas seleções com o que tinham de melhor, com super times e jogando super bem, das arquibancadas do Beira-Rio.
- Grêmio 2x1 Inter – Brasileirão 2009, fiquei uma semana sem voz de tanto comemorar o gol do Maxi Lopes no Olímpico no Gre-Nal dos 100 anos. É bom ganhar Gre-Nal!

10 melhores times que já vi jogar (ou seja, desde 1990 – times nacionais e seleções)
- Alemanha campeã do mundo de 1990.
- São Paulo do Tele Santana bicampeão mundial – 1992-1993.
- Palmeiras bicampeão brasileiro 93-94.
- Grêmio do Felipão, 1995-1996.
- Seleção francesa campeã do mundo de 1998.
- Corinthians bicampeão brasileiro de 1998-1999.
- São Paulo tricampeão brasileiro 2006, 2007 e 2008.
- Seleção brasileira campeã da Copa de 1994.
- Seleção brasileira da Copa de 2002.
- Inter campeão do mundo de 2006.

10 melhores livros
- O tempo e O Vento – Erico Verissimo
- Dom Quixote – Miguel de Cervantes
- Comédia dos Erros - Shakespeare (como é comédia dos ERROS, eu tinha colocado erradamente a Divina Comédia, mas meu primo Gérson, sempre atento, me corrigiu aqui. Por sinal, eu já li também o livro do Dante, que também mereceria estar nessa lista, mas como prometi não alterá-la depois de publicada, deixo do jeito que está, apenas com essa consideração)
- On the Road – Jack Keroac
- Quando eu voltar a ser criança – Janusz Korczac
- Depois daquela viagem – Valéria Piassa Polizzi
- Pergunte ao pó – John Fante
- Hollywood – Charles Bukowski
- Triologia Suja de Havana – Pedro Juan Gutierrez
- Pena de Aluguel – Cristiane Costa (tinha que ter um acadêmico)

10 melhores filmes
- O leitor
- Forrest Gump
- A procura da Felicidade
- Encontrando Forrester
- Escritores da liberdade
- Onde os fracos não tem vez
- As invasões bárbaras
- Houve uma vez dois verões
- Amnésia
- Sete vidas

No próximo post seguem as demais listas, que confesso, são injustas, pois pensando um pouco já acho outros filmes, dias inesquecíveis, times de futebol, jogos marcantes e livros sensacionais que poderiam estar nessas listas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Meio assim, sei lá

Vou me retirar por uns dias. Do blog. Umas férias. Ou melhor, umas férias das férias. Estou de saco cheio de mim mesmo e, conversando com meu primo Gérson, aquele que está na Itália, e relendo meus textos mais antigos, concluí que estou em decadência bloguística. Portanto, vou ficar sem escrever nada durante uns dois, quatro, cinco dias, uma semana, talvez. Acho que uma semana não consigo, mas vou tentar, para o bem geral da nação. Devido a gripe suína, minhas aulas, a princípio, só começam no dia 17. Mas já estão especulando uma nova transferência, talvez até para setembro. O que acho uma boa, se realmente não se tem condições de atender a um alto número de doentes nos hospitais nessa época fria. Segundo uma matéria que saiu esses dias no Jornal do Almoço, em período de aula circulam pelo campus da PUCRS aproximadamente 40 mil pessoas, mais da metade da população de Santo Ângelo. Com isso ganho mais tempo para ler, e meus escassos reais poderão ser poupados por mais algum tempo.
No meio dessa história toda, meus dias têm sido assim: eu de pantufa do Grêmio, camisa velha da França da Copa de 98, calça de abrigo verde, barba por fazer, circulando pela casa como um louco em um hospício, lendo, jogando botão ou ping-pong online, vadiando no MSN, pensando na vida, lendo mais um pouco, brincando com o Jamelão e a Pretinha, lembrando o passado, pensando no presente e projetando um futuro, onde só consigo ver incertezas. Aliás, o quê fazer em Santo Ângelo sem um puto pila no bolso??? Em Porto Alegre ainda tem algumas opções, um tanto pacatas, é verdade, mas tem: uma caminhada na Redenção, um passeio no Gasômetro, uma olhada sadomasoquista no shoping, uma corrida no campo da PUC, uma caminhada até o Olímpico para ver o que o Autuori anda aprontando com meu time. Agora, aqui não tem nada de nada. Com dinheiro já é chato, imaginem sem. E acho que tudo isso está influenciando na minha decadência. Tudo isso e mais os “nãos” em série em tentativas frustradas de busca de emprego, apoio para projetos, etc. Tanto não cansa, desgasta e desanima. E ainda estou na margem de risco: só completo 28 anos em outubro. Portanto, estou tirando umas férias dentro das férias. Aliás, estou tão assim, sei lá, que não sei nem como encerrar essa merda de post. Fim e pronto.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sonhos malucos

Nas duas últimas noites tive dois sonhos estranhos e ambos relacionados com o número três. Não sei se isso quer dizer alguma coisa, mas se alguém aí manja de numerologia, pode me dar uma mão. Será que quer dizer que terei três filhos? Ou que devo bater três vezes na madeira? Ou que o Grêmio vai ser tri-campeão Brasileiro nesse ano e da Libertadores no ano que vem? Ou que eu deva tomar três cervejas nessa noite? Sei lá. Enquanto não descubro isso, vamos aos sonhos...
No primeiro, na noite retrasada, sonhei que era jogador de futebol e estava na seleção brasileira. Mas o curioso é que meu nome era Pedrão, o centroavante. Lembro que ia jogar a final da Copa do Mundo, mas não tenho certeza qual era o adversário. Tenho uma vaga impressão de que era contra uma seleção de uniforme todo azul, o que me leva a crer que se tratava da Itália. E meu sonho quase começou a se transformar em pesadelo quando os gringos abriram dois a zero no placar. No entanto, o Brasil tinha em seu time a minha humilde presença: Pedrão, o centroavante. E fiz jus a minha posição. Primeiro, subi mais que todo mundo numa cobrança de escanteio, e testei firme, forte, ao melhor estilo Jardel para descontar. Depois, roubei a bola do adversário no meio, passei de viagem por um, dois, três, deixei o goleiro nas saudades e toquei tranquilamente a bola para o fundo das redes italianas para empatar a decisão. A torcida já gritava meu nome, eufórica, “Pedrão! Pedrão”, quando aconteceu O LANCE: num cruzamento, a zaga italiana afastou mal e a bola veio em minha direção. Sem hesitar, bati de primeira com a chapa do pé e a bola entrou no cantinho, estufando a cidadela da Itália: 3 a 2 de virada, com três gols meus, o Pedrão, e Brasil campeão do Mundo! Só que a partir de então o meu sonho tomou um rumo estranho. Eu saí do estádio com a taça da Copa, igual a verdadeira, e fui para as ruas, comemorar com a torcida. A cidade era uma mistura de Cidade Baixa de Porto Alegre com a Lapa do Rio de Janeiro. O povo todo eufórico, comemorando, e eu lá, fardado e com o troféu na mão. Teoricamente teria que ser o herói, protagonista da maior epopéia futebolística da história do futebol mundial. No entanto, ninguém me reconhecia e ninguém me dava bola. Até que um moleque me empurrou e disse “sai da frente, rapá!”. Aí foi a última gota. Comecei a esbravejar “escuta aqui, moleque, eu sou o Pedrão, eu fiz os três gols, eu conquistei esse troféu!”. Mas não adiantava. Uma mulher disse “se manca, o Mané, pega esse seu brinquedo e some daqui antes que te levem essa porcaria”. Uma tristeza. Para minha sorte, acordei.
Já o segundo sonho, o da última noite, foi mais estranho ainda. Iam trazer o José Sarney para a cidade onde eu estava, também não identificada. É algo totalmente sem lógica, porque na primeira tentativa, o helicóptero onde ele estava balançou e quase caiu. Aí, não sei por que, foram fazer uma segunda tentativa, e novamente o helicóptero falhou e de novo quase caiu. Aí na terceira vez, todo mundo na maior expectativa, toda a imprensa ali, esperando, e o helicóptero veio descendo, descendo, descendo, e quando ele estava quase no chão, caiu repentinamente, explodindo e virando uma bola de fogo. José Sarney estava morto. A cobertura do fato foi ao melhor estilo Michael Jackson. Mas, novamente, para minha sorte, eu acordei e não tive que agüentar o showrnalismo de mais coberturas de velórios e funerais. No entanto, há pouco liguei a TV no Jornal Hoje e adivinhem quem estava lá? Ele, o José Sarney. Que cosa. Vendo aquela careca com olhos de peixe morto e bigode de mafioso em decadência, fiquei me questionando: por onde andará o centroavante Pedrão?

domingo, 2 de agosto de 2009

É tudo ilusão


Esses dias, minha mãe disse que não acreditava que o Michael Jackson tivesse realmente morrido. Disse que é tudo invenção, talvez uma estratégia para que o Michael pudesse viver em paz, sem a mídia por perto para encher o saco, até o fim dos seus dias. Enfim, depois de algumas gargalhadas, que deixaram a minha mamuxca um tanto irritada, fiquei pensando nas coisas que as pessoas não acreditam pelos mais variados motivos, e que teoricamente teriam acontecido. Isso me remete a questão do imaginário, estudada nas aulas de Sociologia da Comunicação, do Juremir, no primeiro semestre, e também nas aulas do Hohlfeldt, de Teoria da Comunicação. “A mensagem está no que o receptor interpreta, e não no que o emissor quis dizer”. Tenho essa frase anotada no meu caderno e, é verdade, se para a minha mãe o Michael Jackson não morreu, de fato, pelo menos no imaginário dela, Michel Jackson está vivo na sua Terra do Nunca, passeando pelos parques floridos de mãos dadas com duas crianças e cercado por belos animaizinhos...
Mas cada um tem as suas dúvidas. O David Coimbra, por exemplo, já falou publicamente em uma de suas colunas na Zero Hora de que até hoje ninguém conseguiu o convencer ou comprovar a real existência do estado do Piauí. Enquanto isso, uma penca de pessoas não acredita que o homem chegou à Lua. Já o meu amigo Ababelado, que está morando no Rio, acha que o Arion (Zinho) é fruto da minha imaginação. Ou seja: ele não acredita que o Arion exista de verdade! A leitora e amiga Ana, por sua vez, não acredita que já foi casada, pois ela vivia dizendo que nunca iria casar, ou seja, talvez os anos de matrimônio foram apenas um sonho, ou pesadelo, vá saber... Já a minha irmã e a minha prima Vanessa têm uma versão contrária ao “não acreditar”, pois elas acreditam que o mundo vai acabar em 2012, e inclusive, apresentam uma explicação teórica que, para elas, tem alguma lógica que explica tal fenômeno.
E eu? Bom, eu não acredito, até hoje, que o Inter foi campeão do mundo, ainda mais com um gol do Gabiru. Isso não passou de uma alucinação coletiva, aliás, já ouvi falar de muitos casos semelhantes. Mas enfim, cada louco com a sua mania e suas crenças, até porque meu irmão acaba de me dizer que não acredita que a governadora Yeda seja corrupta. De todas essas pequenas “loucuras”, para você, qual a que faz algum sentido?