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domingo, 27 de novembro de 2011

Novo blog

A partir de hoje conto. com dois blogs. Além desse, coloquei no ar o jornalismogonzo.blogspot.com
As diferenças entre esse e o outro são claras: aqui só vou postar textos comentando fatos, despachando minhas indignações, contos, etc. Já no outro blog só vou postar textos que tenham características de jornalismo gonzo: textos jornalísticos com a presença de humor, ironia, álcool e, por vezes, um pouco de ficção. Enfim, repito aqui a definição de jornalismo gonzo feita por seu criador, Hunter Thompson, postada lá no outro blog: “Gonzo requer os talentos de um mestre do jornalismo, o olho de um artis-ta/fotógrafo e os colhões firmes de um ator. Porque o escritor precisa participar da cena enquanto escreve sobre ela – ou pelo menos gravá-la, ou mesmo desenhá-la. Ou as três coisas. Provavelmente a analogia mais próxima do ideal seria um diretor/produtor de cinema que escreve seus próprios roteiros, faz seu próprio trabalho de câmara e de algum modo consegue filmar a si mesmo em ação, como protagonista ou pelo menos um dos personagens principais".
Outra diferença é que lá eu não serei o único a postar. A idéia é que outros jornalistas, que admiram o estilo, também postem. Tanto é que nem no nome do blog nem no “perfil” aparece meu nome, pois, oficialmente, o blog pertence ao Dr. Gonzo.
Então, fica aqui o convite para o pessoal desse blog migrar para o outro, não só lendo, mas também escrevendo.
Hasta aqui e hasta lá!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cadê a minha passagem????

Dia desses aconteceu comigo algo que pode ocorrer com qualquer cidadão brasileiro e que me deixou a pensar sobre uma série de questões. Primeiro vamos aos fatos. Estava eu aí, na capital das Missões, e tinha comprado com meu dinheiro suadinho a minha passagem para voltar a Pelotas. Chegou à noite de véspera da viagem, fui arrumar minha bagagem, meus livros, roupas, etc, até que fui conferir minha passagem dentro da carteira e, adivinhem? Ela havia sumido. Revirei o quarto procurando a dita cuja, que não estava lá, em lugar nenhum. Então, recuperei mentalmente os lugares por onde andei acompanhado da carteira naquele dia. Haviam basicamente dois: uma livraria e uma van que vende lanche no centro. Como os dois funcionavam à noite, fui até esses dois locais conferir se não tinha deixado a passagem cair no chão ao tirar o dinheiro da carteira, ou se simplesmente não havia dado a passagem embolada em meio ao dinheiro. Nada. Voltei para casa, frustrado.
A essa altura eu tinha duas opções: ou eu ficava em Santo Ângelo e arriscava perder meu emprego como professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) ou eu assaltava algum cidadão aí nas ruas de Santo Ângelo para ter dinheiro para comprar uma passagem nova, pois, final do mês, para um pai de família, sacumé, né? Aliás, nessa época do mês acho que dificilmente alguém tem em torno de R$100,00 sobrando, de bobeira.
Mas, antes de apelar, resolvi ligar para a Estação Rodoviária de Santo Ângelo. Expliquei a situação, mas me orientaram a fazer um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia. Foi aí que comecei a estranhar o troço todo, pois que diabo tem a ver o fiofó com as calças? Os boletins de ocorrência são, nada mais, do que o depoimento de uma pessoa, que sofreu algum dano, que perdeu algum documento, etc. Não é prova de nada. É um indício para uma investigação. Senão, daqui a pouco as pessoas vão começar a passar na Delegacia, dizendo que perderam a passagem para viajar de graça! Mas tudo bem. Apesar do estranhamento, fui até a DP. Chegando lá, a reação dos policiais foi óbvia: riram da minha cara. E com razão. Mas não riram da minha situação, mas sim, da orientação feita pela Rodoviária. Então, compadecidos da minha tragi-comédia, eles ligaram para a rodoviária e perguntaram qual o embasamento jurídico que a Rodoviária tinha para encaminhar passageiros que perderam a sua passagem para a DP? Não houve resposta. Aliás, qualquer argumentação é derrubada com a seguinte contra-argumentação: passagem não é documento. Então, o policial que estava me atendendo ligou para a empresa que me vendeu a passagem. A argumentação da empresa Planalto, ao telefone, foi mais ou menos essa: se o sujeito perde a passagem, tem que comprar outra. A comparação feita pelo funcionário foi a seguinte: é como se você vai a um show ou a um estádio de futebol e perde o ingresso. Por se tratar de uma empresa comercial, e que não é a única a oferecer esse serviço, achei no mínimo questionável essa declaração. Enfim, ao chegar em casa tratei de ligar para a Planalto, em Santa Maria. Expliquei toda a situação e fiquei com a seguinte impressão: só solucionaram o meu problema após eu dizer que era professor da UFPEL e que eu teria que estar no outro dia de noite na rodoviária de Pelotas para buscar uma das editoras da Zero Hora, que daria uma palestra para os alunos, o que era verdade. Ou seja, já pensou se eu passo uma pauta dessas para a ZH do Estado?
Não fiz isso, mas sei o quanto uma matéria dessas representaria negativamente para a empresa. Entretanto, fiquei me questionando: e se eu fosse um operário ou uma empregada doméstica, será que a empresa teria resolvido o meu problema? Ou será que ela não se sente ameaçada por essas pessoas “comuns”? Eu só consegui embarcar no meu lugar após muita insistência, porque no início o discurso da Rodoviária e da empresa era: problema é seu, compre outra, não temos nada a ver com isso.
Meu primeiro pensamento foi o seguinte: nunca mais vou viajar pela Planalto, pois posso tranquilamente pegar um ônibus pela Embaixador até Porto Alegre e ir de Ouro e Prata até Santo Ângelo, que, aliás, leva menos tempo do que viajar direto de Pelotas até Santo Ângelo... Mas, como passou minha fase de radicalizar, e como minha situação, bem ou mal, foi resolvida, não vou fazer isso.
Em tempos de capitalismo exacerbado e pós-modernidade é muito perigoso para uma empresa que presta um serviço público (inclusive a Rodoviária) querer tapear seus clientes. Na delegacia, citei o exemplo dos aeroportos: hoje você só embarca com a identidade, não há mais o bilhete de passagem. Eis o futuro para as empresas de ônibus. E a primeira que começar a adotar esse sistema, estará bem à frente das demais.
Por hoje é isso. Hasta!

*Texto publicado em A Tribuna

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fábrica de diplomas

Acabei de ler poucos dias atrás um livro que fazia tempo que me seduzia: Fábrica de Diplomas, do Felipe Pena. Como estou numa fase meio ranzinza, não vou detalhar aqui a biografia do Felipe Pena, apenas me limito a dizer que é um dos grandes teóricos do jornalismo e, descobri agora, um excelente romancista policial. Não entendi muito bem se o Fábrica de Diplomas conta exatamente com o mesmo texto do Analfabeto que Passou no Vestibular, que se não me engano é o primeiro romance de Pena. Enfim, se é, ficou melhor esse novo título, pois o outro levava o potencial leitor a pensar em uma história completamente diferente da que está no papel. Enfim, chega de conversa fiada e vamos ao que interessa.
É clichê mas é verdade: o livro é daqueles que te prende do início ao fim. A cada capítulo lido, você fica louco para ler o seguinte, pois, ao melhor estilo folhetim/novela os capítulos são encerrados sempre deixando um mistério no ar, que desperta a curiosidade do leitor para a sequência da história. Outro mérito, é que os capítulos têm, em média, dez páginas. Com isso, num dia em que se tem pouco tempo para se dedicar à literatura, você pode pegar o livro antes de dormir e ler um capítulo. O difícil é ficar no “um”, pois provavelmente você fique louco de curioso para ler o seguinte... Já se você tem tempo, pode ler três, quatro ou cinco capítulos no mesmo dia, fazendo intervalos, etc. No meu caso, li as 334 páginas em exatamente sete dias. Enfim, a metodologia de leitura varia de leitor para leitor, mas, no meu caso, parece que o livro foi feito sob medida, pois não gosto de capítulos nem muito extensos, nem muito curtos. Chamo a atenção, entretanto, ao fato de que esse não é um livro daqueles que você vai lendo fragmentadamente, do tipo, lê duas páginas cagando no banheiro, outras duas no ônibus, outras três no intervalo do Globo Esporte, etc. O ideal é ler a obra com atenção, até porque, devido a gama de personagens, muitos com personalidades complexas, descritas em profundidade, a compreensão da leitura exige um tanto de concentração e meditação sobre os fatos. Resumindo, é um livro para quem gosta de ler. Não aconselharia alguém que não tem o hábito da leitura a começar justamente por esse.
Como leitor-crítico-analítico da blogosfera, dividiria o livro em três grandes temas:
1) A educação superior como máquina de caça-níqueis e de enriquecimentos pessoais
2) A educação superior inserida no contexto do tráfico de drogas do Rio de Janeiro
3) A corrupção de todo o sistema (político, educacional, etc), que aparece justamente na forma de suspense policial
Além disso, o livro tem o grande mérito de manter uma grande questão-chave até o final e que prende muito a atenção do leitor: quem é o Doutor? Essa pergunta norteia a história e, obviamente, não vou apresentar aqui a resposta, para não estragar o prazer de ninguém.
Ainda poderia me aventurar a fazer algumas análises de construção literária, mas como essa não é exatamente a minha praia, não vou arriscar. Apenas digo que cada personagem foi minuciosamente pensado e a distribuição das histórias paralelas nos diferentes capítulos ficou bem estruturada e equilibrada. Enfim, lendo o livro, pelo menos da minha parte, deu para perceber que Pena, justamente por ser doutor em literatura, utilizou inúmeras técnicas literárias eficientemente. Quem é acostumado a ler bastante percebe isso, já quem não percebe, também não perde nada, pois o que importa é a história do romance.
Felipe Pena goste ou não, mas lendo o livro me veio à mente os livros do Jô Soares. Dos quatro do gordo global, li três: Shangô, O homem que matou Getúlio Vargas e Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. Achei o estilo parecido, entretanto, ressalto aqui que, desses três, os dois primeiros são excelentes, enquanto que no da Academia achei o desfecho da história completamente frustrante, ao contrário do livro de Pena, que tem um final surpreendente e bem bolado. Já o Esganadas, ainda não li, mas minha mãe já pediu de natal, o que leva a sua inclusão no fim da lista de espera de livros que ainda pretendo ler antes de morrer.
Construindo esse texto, fico maravilhado como aqueles velhinhos que recém aprenderam a mexer na internet, pois o blog permite que eu, um mero mestre em Comunicação que nunca publicou nada de relevante, faça uma análise crítica, mas sem fundamentação teórica, de um doutor em literatura.
Para encerrar, destaco mais um ponto forte e um ponto fraco do livro. O ponto fraco, na minha visão de leitor, foi a quase ausência de um humor mais leve, mais sutil. Enfim, não saberia definir isso, pois a narrativa apresenta várias cenas de humor, mas é um humor mais intelectual. Faltou, a meu ver, um pouco mais de humor moleque, descompromissado com técnicas literárias... Já o outro ponto forte é que depois que você lê esse livro você nunca mais vai enxergar uma universidade com os mesmos olhos de antes...
Quer saber mais? Então desligue a TV e o computador e vá ler o livro, porra!

sábado, 19 de novembro de 2011

Enfie no rabo depois de ler – o eterno retorno

Morro de rir cada vez que alguém diz para a patroa algo como “o Eduardo tem que pensar no que ele escreve”. Acho graça justamente porque as pessoas que dizem isso são semi-analfabetas que lêem um livro por ano e conseguem ter a capacidade de se chocar com o que eu escrevo. Fico imaginando o que essas criaturas pensariam se lessem literatura de verdade, como Pedro Juan Gutierrez, Bukowski, Thompson, Lawrence, etc.
Pois essas pessoas, que ainda não consigo entender o motivo de lerem o meu blog (a não ser para fazer fofoca) se horrorizam quando eu coloco, por exemplo, a foto de alguma mulher esculpida nas linhas estéticas do pensamento grego de belo da Idade Média (essas criaturas são tão burras que se eu escrever putaria de forma acadêmica não vão nem perceber que estou escrevendo putaria). Eu termino de postar, e em pouco tempo a patroa aparece com a mão na cintura querendo conferir o que eu escrevi. É realmente bizarro. Eu leio em média uns três livros por semana e aí pessoas que nunca lêem querem meter o bedelho no que eu escrevo e geralmente interpretando tudo errado o que escrevi. Francamente. Deveriam começar com a Turma da Mônica antes de chegar ao meu blog. Será que vão entender que quando o Cebolinha quer dizer “rato” ele diz “lado” ou vão ficar se perguntando “o que é lado?”. Enfim. O fato é que esse texto vai ir junto com aqueles censurados que ainda serão publicados sob o título de Enfie no rabo depois de ler.
Se você é um desses fofoqueiros desocupados, antes de fazer fofoca pegue um daqueles livrinhos de plástico que apita. Quem sabe esses você entenda. Inclusive, eu tenho uns aqui para emprestar. Só esses não vou deixar você enfiar no rabo depois de ler...
Hasta!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O profeta


Na manhã de hoje assisti a uma palestra de Erich MacLuhan, filho de Marshal MacLuhan, grande pensador canadense, o primeiro a falar no conceito de globalização, isso nas décadas de 1950 e 1960, bem antes de se ter, de fato, a globalização. A palestra aconteceu na PUCRS, durante o Seminário Internacional de Comunicação, que teve como tema central justamente o centenário de Marshal MacLuhan. Durante a sua fala, Erich concordou com a linha de pensamento que encara seu pai como um profeta, além de um pensador, filósofo, cientista, etc. Para ele, os artistas, visionários e profetas conseguem enxergar o mundo pelo menos 30 anos a frente, como foi o caso de MacLuhan pai. Eu não enxergo 30 anos a nossa frente, pois não tenho certeza nem do que vai acontecer no mês que vem, mas acerto algumas previsões. A primeira foi concretizada na noite de quinta-feira. Explico-me.
Após a onda de fúria que atingiu os gremistas naquele épico jogo contra o Flamengo no Olímpico, eu profetizei: é uma questão de tempo. O pilantra vai continuar jogando seu futebolzinho de toque de lado e cobranças de falta (mas sem dribles e arrancadas como ele fazia), o Flamengo não vai ser campeão e, mesmo que conquiste vaga na Libertadores, a torcida vai pegar no pé. Essa situação foi agravada ainda pelo fato de esse estar sendo um ano deliberadamente vascaíno, pois o time cruzmaltense já ganhou a Copa do Brasil, pode ganhar a Sul-Americana, e tem boas chances de levantar o caneco do Brasileirão. É mais ou menos como se colorados estivessem vendo o Grêmio ganhar tudo. Daí a impaciência flamenguista. E isso aconteceu na noite de quinta-feira, quando o Flamengo foi dominado pelo Figueirense e os rubro-negros deram a sua primeira grande vaia ao pilantra, que pode virar igual a do Olímpico se ele realmente voltar para o exterior por dinheiro, sua maior paixão. Ou seja, está acontecendo tudo exatamente como previ.
Minha outra profecia ainda não está 100% concretizada, mas sigo acreditando que ela vai se realizar: o Gre-Nal da última rodada não vai passar de um amistoso que não vai valer mais nada. Após vencer o Bahia com as calças e cuecas na mão (essa vitória eu também profetizei) alguns colorados seguem sonhando com a vaga, ainda mais com alguns tropeços, como os do Coritiba, São Paulo e Botafogo. Entretanto, o problema, a meu ver, não está no tropeço dos outros, mas sim, no próprio Inter. Esse time do Inter é muito ruim. É um time que até tem material humano, mas é desorganizado, descordenado, sem auto-estima, enfim, é um time fraco. E se não vencer Botafogo e Flamengo fora de casa, vai chegar na última rodada só para cumprir tabela, bem como o Grêmio. Por isso, já estou me desligando do futebol em 2011, começando a pensar já em 2012. Mas, enquanto isso, tenho mais com o que me preocupar, como por exemplo, os presentes de natal, a roupa que vou botar na virada de ano e conferir de perto se as santo-angelenses continuam sendo as mulheres mais lindas do Estado (vão fazer seis meses que não vou à capital das Missões).
Enfim, o negócio é a gente ocupar a nossa mente com qualquer coisa que não seja futebol nesse resto de ano.
Um bom final de semana a todos.
*Texto publicado no J Missões de amanhã.

domingo, 13 de novembro de 2011

Decadence avec elegance



Estou sentindo que esse blog está envelhecendo igual a uma prostituta: já teve seus bons momentos, mas agora ninguém mais quer saber. Lembro-me de quando apareciam leitores de alguns lugares estranhos do Brasil, que achavam o link do blog de formas mais estranhas ainda, e, além disso, os leitores tradicionais sempre apareciam por aqui com certa frequência. Por curiosidade, li dias atrás um livro que se chama “Blogs: revolucionando os meios de comunicação”. Trata-se de um excelente livro, mas, sinceramente, é quase uma da manhã e não estou com saco de explicar o livro ao preguiçoso leitor (falo no singular, porque ultimamente o leitor está sendo singular). Lendo o tal livro, percebo que meu blog realmente é uma bosta. Nem entre os lunáticos eu consigo ir bem. Enquanto os blogueiros espanhóis mais chinfrins conseguem, brincando, uns 100 acessos e uns 30 comentários diários, eu fico louco de faceiro quando meia dúzia acessa e dois ou três gatos pingados comentam (os alemões). Inclusive, se não fossem os alemões, eu nem escreveria mais (pelo menos aqui).
Outra coisa que descobri lendo o livro é que existe muita gente como eu no mundo: pessoas que escrevem um blog por terapia. Inclusive, esse é um tipo de blogueiro: o que escreve por necessidade, ou seja, escreve bobagens e publica como uma forma de acalmar os nervos, os pensamentos, enfim, uma forma de evitar que a loucura se acentue intensamente e rápido demais...
Mas confesso que a decadência do meu blog está se dando, dentre outras coisas, por pura preguiça (ou cansaço) desse que te escreve. Não uso mais estratégias de divulgação, como ir comentar no blog dos outros, ou nos sites dos grandes grupos de comunicação (já houve casos de leitores do site da ZH que descobriram meu blog por algum comentário que fiz lá) e não fico mais enchendo o saco de todo mundo no MSN para que leiam meus textos. O máximo que faço, sem obter praticamente nenhum resultado, é colocar o link do blog no twitter, facebook e Orkut. É foda e é triste. Foi-se o tempo em que vagabundos românticos conseguiam se dar minimamente bem. Hoje em dia vagabundos românticos só levam no rabo enquanto dormem e viajam (na maionese).
O meu consolo é que não sou só eu que estou em decadência. O site da Zero Hora mudou o seu layout, só que foi para pior. Conseguiram piorar o que já não era lá grandes coisas. Na tentativa de fazer algo mais fácil de navegar, fizeram algo simples demais, e ficou parecendo o site de algum jornalzinho de beira de estrada do sertão gaúcho. Bom, admito que o layout do meu blog é o pior possível, mas não sou eu que cuido dessa porra toda. E mais: eu não recebo nada pra isso, a não ser o mínimo de sanidade.
Bom, acho que já não estou falando coisa com coisa. Chega de lamúrias. Vou dormir ao invés de ficar falando sozinho internéticamente.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os últimos soldados da Guerra Fria

Na década de 1990, com o fim da União Soviética, o povo cubano passou por uma crise poucas vezes vistas na história de um país. Relatos crus, reais e até pitorescos dessa crise estão no ótimo livro Trilogia Suja de Havana, do cubano Pedro Juan Gutierrez. Para superar essa crise, que resultou numa queda de absurdos 75% do Produto Interno Bruto daquele país (qualquer país já fica maluco se o PIB cai 1 ou 2%) os cubanos começaram a investir em turismo. De repente, a crise passou a ser superada. Entretanto, grupos de extrema direita norte-americanos começaram a financiar terroristas cubanos, que não aceitavam essa “venda” do país, para cometerem atos terroristas, espantando, assim, os turistas que vinham de várias partes do mundo. Para barrar os atos terroristas, Cuba enviou aos Estados Unidos 14 agentes secretos que teriam que se infiltrar na CIA e em outras entidades que financiavam os terroristas. Em 1998 os 14 agentes foram presos. E nesse ano, 2011, foi publicado o excelente livro Os últimos soldados da Guerra Fria, escrito por um dos melhores escritores e jornalistas brasileiros de todos os tempos: Fernando Morais.
Fernando Morais esteve na Feira do Livro de Pelotas no sábado e na de Porto Alegre no domingo, dia 6 de novembro. Como eu andava por Porto Alegre, optei por vê-lo na feira da capital. Cheguei cedo, achando que haveria filas para entrar, mas esqueci que estamos no Brasil. Pessoas não fazem filas para ver escritores nesse país. Só fazem filas para verem jogadores de futebol, músicos ou ex-BBBs. Graças a isso, consegui sentar bem na frente do pequeno palco montado no Santander Cultural. Durante uma hora ouvi com os olhos arregalados, sem piscar, o show de vida e de experiência narrado por Fernando Morais, com a intermediação de ninguém menos do que o professor Ruy Carlos Ostermann. Morais, que dentre outros, escreveu os livros Olga e O Mago (biografia de Paulo Coelho), deu uma breve pincelada sobre o que nos espera em seu mais novo livro: histórias surpreendentes, humanas e inimagináveis de homens que passaram por traidores para deixar o país rumo aos Estados Unidos para se infiltrar na CIA. O troço foi tão bem montado que um não sabia da existência do outro e, além disso, nem suas famílias sabiam o que realmente eles iam fazer em solo americano. Elas achavam que eles realmente fossem “traidores” de Fidel.
Como o melhor profissional que um jornalista pode ser, Fernando Morais fez várias viagens a Cuba, Estados Unidos e outros países para fazer o levantamento, entrevistou tanto os agentes quanto pessoas presas por praticar atos terroristas em Cuba. Numa dessas entrevistas, Fernando Morais contou que passou o dia com um preso condenado a morte por dois atentados terroristas em Cuba, que resultaram na morte de dezenas de pessoas. Em um dos atentados, ele detonou uma bomba em uma casa noturna de Havana. Ele contou que chegou ao presídio de manhã e só saiu à noite, tomando café, almoçando e jantando com o condenado, que se revelou uma pessoa lúcida, humana e repleta de sentimentos comuns a qualquer um. Inclusive, ele chegou a falar para Morais que havia coisas que qualquer pessoa acharia tremendamente bestial em sua personalidade. Em uma delas, ocorreu mais ou menos o seguinte diálogo entre o jornalista e o preso, já perto do fim da visita no presídio:
- Mas me diga uma coisa – pediu Fernando – você é um cara inteligente, lúcido, com pensamentos humanistas. Por que você colocou aquelas bombas para matar dezenas de pessoas que você sequer conhecia? O que te levou a fazer isso?
- Eu queria ser como o Silvester Stallone – respondeu o condenado.
- Ãhm?! – Retrucou Fernando, sem acreditar no que ouvia.
- Sim. Eu queria ser como ele, explodindo bombas nos filmes. A diferença é que ele no fim do filme termina na cama com a Sharon Stone. Já eu vou terminar meu filme na frente do batalhão de fuzilamento.
Enfim, essas e outras histórias estão nesse livro que tratei de garantir para a minha estante com uma dedicatória muito valiosa de um dos monstros vivos do jornalismo e da literatura nacional e mundial. E a notícia boa é que a história já foi vendida para o cinema, ou seja, logo teremos essa preciosidade em nossas telas.
Hasta la vista!
* Texto publicado em A Tribuna Regional

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Festas literárias

Desde domingo, quando perdi a voz comemorando o massacre aplicado ao dentuço pilantra no estádio Olímpico, estou em estado zen. O dinheiro acaba, aluno me manda e-mail reclamando da nota, minha pequena Larissa chora quando entra no consultório do pediatra, a patroa diz que a fralda está acabando, o cachorro do vizinho do lado não cala a boca, e mesmo assim não me estresso com nada. Estou em alfa: tudo está bem após lavar a alma no domingo. Pode chover, pode fazer sol de 40° que nada afeta meu humor.
Para completar esse clima de só alegria ainda estou nadando em livros, pois está acontecendo paralelamente feiras do livro em Pelotas e Porto Alegre. A de Pelotas visitei dias atrás e a de Porto Alegre vou bisbilhotar neste final de semana. É como se eu estivesse no paraíso. O único problema é que fico com vontade de comprar dezenas, quiçá, centenas de livros e não tenho dinheiro para isso, entretanto, um ou outro meu bolso ainda aguenta. E dessa vez nem estou esquentando muito com isso, pois tenho aqui uma pequena pilha, com mais de dez livros, esperando para serem lidos.
Entretanto, olhando os livros nas feiras vou aumentando minha lista de obras que pretendo ler antes de partir desta para a outra. O primeiro da lista, sem dúvida alguma, é o Hiroshima. Trata-se de uma grande reportagem, escrita para a revista New Yorker, em 1946, um ano após o término da primeira Guerra Mundial. O livro tem pouco mais de 100 páginas e conta os detalhes do absurdo cometido pelos Estados Unidos, que atirou bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki apenas para testar a funcionalidade do troço. E tem gente que ainda acha que os atentados de 11 de setembro é que foram absurdos...
Enfim, não quero estragar meu humor pensando nos yankees. Outros dois livros são de autores pelotenses. O primeiro se chama “A viagem que não acabou”, que também é um livro-reportagem, mas que aborda o acidente envolvendo o time do Brasil de Pelotas em 2009, resultando na morte de três pessoas, dentre elas, o ídolo do clube Claudio Millar. O segundo é “O pai invisível” de Kledir Ramil, aquele da dupla Cleiton e Kledir. Vi esse na feira do livro aqui de Pelotas e li a contracapa e achei interessante. No pequeno texto, Kledir está indignado porque a filha está namorando e o cara, além de pegar a guria, ainda pega emprestada as roupas dele. É um livro pequeno, daqueles que pelo jeito você lê em um ou dois dias. Já o clássico Satolep, de Vitor Ramil, já está aqui na estante, devidamente lido...
Ainda há outros que pertencem a minha interminável lista: As mulheres de Freud, uma biografia que aborda as diferentes personalidades das mulheres que cruzaram pela vida do pai da psicanálise; Leite derramado, do Chico Buarque; Budapeste, também dele; Animal tropical, do cubano Pedro Juan Gutierrez; Viver para contar, do Gabriel Garcia Marquez; Textos biográficos, do Charles Bukowski, e muitos, muitos outros.
Enfim, para ler tudo o que eu gostaria precisaria ficar só lendo pelos próximos 50 anos, algo completamente impossível, pois tenho que escrever, dar aulas, passear, ir ao banheiro, tomar banho, fazer minhas necessidades (apesar de que leio enquanto faço), assistir aos jogos do Grêmio, afogar o ganso, beber, conversar, viajar (também leio enquanto faço), dormir, pensar, descansar, amar, brincar com minha filha, bobear na internet, ouvir música, ver filmes, incomodar meus irmãos, etc, etc, etc... Portanto, já me dou por satisfeito com os livros que tenho aqui.
Encerro esse texto sugerido a todos que podem ir a uma dessas duas feiras literárias, que aproveitem, pois vale a pena. Os livros além de nos deixar menos burro, também melhoram o nosso humor e a nossa visão de mundo.
Um bom resto de semana a todos.

*Texto publicado nessa semana na Tribuna Regional.