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sábado, 24 de agosto de 2019

O gato sem bolas


Eu acabo de ler
Um poema do velho Buk
Sobre um gato
Que lambia
As próprias bolas

Quando termino a leitura
Levanto a cabeça
E vejo o meu gato
Que lambe o lugar
Onde as suas bolas
Deveriam estar
Mas que infelizmente
Alguém
As arrancou
Dali.



sábado, 17 de agosto de 2019

Hasta la vista, Burgos!



Além da visita aos tios Ella e Xema e ao primo Alex, a visita a Burgos também foi ótima porque me permitiu conhecer a uma cidade do interior da Espanha que foge um pouco daqueles roteiros turísticos tradicionais feitos por brasileiros na Europa (Paris, Roma, Madrid, Paris, Londres, etc). E, para você conhecer melhor qualquer país, é importante conhecer o seu interior. Esse foi um dos motivos que fez com que eu reservasse alguns meses dos 12 que tive nos Estados Unidos para passar por cidades que estão fora da rota turística americana, como Holcomb, no Kansas, e Louisville, no Kentucky. É nessas cidades que você conhece, de fato, o povo de determinado país. Assim como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador são apenas um pedaço do Brasil bem menor do que a soma das cidades de interior e Porto Alegre não representa em quase nada o Rio Grande do Sul (quem quer conhecer o estado politicamente mais atrasado do Brasil nesse primeiro terço de século, tem que ir para Santo Ângelo, Bagé, Uruguaiana, Passo Fundo, Frederico Westphalen, Lajeado, Pelotas, Rio Grande, Seberi, Catuípe, Santa Rosa, Cruz Alta, Caxias, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Vacaria, Santo Cristo, Alecrim, etc). Foi o que meu amigo gremista Henrique disse certa vez no Smithfield, em Nova York, vendo um jogo do Grêmio: “Cara, se tu só conhece Nova York, tu não conhece os Estados Unidos”. E, penso eu, que a Espanha, também, vai além de Madrid e Barcelona. I mean, o povo espanhol, assim como de todos os países, é representado ao mundo pelas grandes cidades e capitais, mas a sua essência, o seu coração, a sua alma, está no interior.
Enfim, chega de enrolação, se você não entendeu o que estou querendo dizer ou não concorda, vamos trocar uma ideia qualquer hora... Pois teria muito mais a falar sobre isso. O fato é que foi graças a essa passagem por Burgos, no norte da Espanha, uma cidade de 176 mil habitantes (em termos de população, menor do que Passo Fundo) que conhece um pouco melhor o país. Essa é um lugar que une tudo de bom que uma cidade pode ter: infraestrutura, história milenar, movimento, vida noturna agitada, gastronomia própria, cultura forte, áreas verdes, etc. É uma cidade europeia, por supuesto, então, é claro que é meio ridículo você querer comparar uma cidade brasileira com uma europeia ou americana apenas pela questão da população.
Um dos lugares mais impressionantes de Burgos – e da Espanha, penso eu – é a sua belíssima catedral. Não vou contar aqui a história dela, pois para isso tem toda a web, mas realmente quando você a vê, impressiona. A tia Ella falou algo que faz todo o sentido: “Ela não perde em nada para Notre-Dame, porém, os franceses souberam vender melhor a igreja do velho corcunda para o mundo”. Eu acrescentaria que, o fato de estar em Paris e de ter sido palco de um dos clássicos da literatura universal, também ajuda. Ambas são grandiosas e contam com uma puta história, mas, sob o ponto de vista arquitetônico, realmente a de Burgos é até mais imponente que Notre-Dame (impressão pessoal). Dentro da catedral (ou ao lado, não lembro bem) o presépio em miniatura (um dos maiores da Europa) impressiona religiosos, ou não. Eu ando me questionando ultimamente sobre as minhas próprias crenças religiosas que já nem sei mais dizer no que acredito ou não (mas isso é tema para outro post). Também visitamos os mosteiros de Burgos, seculares, e que te fazem viajar no tempo, além do centro histórico, parques, etc.
Parte interna da catedral
 Presépio

Mosteiros de Burgos

Enfim, encerro essa narrativa sobre a nossa passagem por Burgos deixando a dica: se você vai passar pela Espanha, cogite visitar a cidade de Cid, da catedral maravilhosa e de clima agradável e acolhedor (espiritualmente falando). E, lógico, só tenho a agradecer aos tios Ella e Xema pela oportunidade, pois Burgos só entrou na nossa rota de mochilão europeu graças a eles. Hasta la próxima!