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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cinco filas em uma tarde, em um banco

Os bancos continuam sendo uma pedra no meu sapato. Quando não é um, é outro. Quando não é o Banrisul, é o Banco do Brasil. Agorinha há pouco, para conseguir sacar uns míseros trocados na minha conta-poupança passei por cinco filas diferentes no Banco do Brasil de Pelotas.
Tudo começou na semana passada. Fui feliz da vida rapar a minha poupança no caixa eletrônico que tem ali na UCPEL, quando apareceu na tela um pedido de senha numérica. Estranhei, pois até hoje nunca haviam pedido nenhuma senha numérica, só a de letras. Tentei duas vezes, com dois números que sempre uso, e não deu certo. Deixei passar. Ontem, passei na agência do centro e ocorreu o mesmo. Pronto, lá vou eu entrar em filas para solucionar um problema que eles inventaram.
Hoje fui novamente até a agência do centro, pensando que era só criar ou mudar a tal senha e tudo estaria resolvido. Doce ilusão. Os bancos não fazem nada para facilitar. Se podem complicar, complicam. Tudo em nome de uma virtual segurança paranóica. Primeiro, fui numa mesinha, onde tinha uma morena vistosa, e expliquei a minha situação a ela, que me orientou a ir para uma fila onde outra morena vistosa distribuía senhas. Fui na tal fila e, depois de uns 10 minutos, expliquei novamente minha cruzada e ela me mandou ir até uma outra fila, onde uma outra morena, não tão vistosa, estava sentada atrás de uma mesa onde estava escrito “Informações”. A fila não andava, e ali acho que perdi uns 20 minutos, em pé. Cheguei lá, a morena não vistosa pegou meu cartão e simplesmente disse: “Sua conta não é dessa agência. Vai no segundo andar que talvez resolvam”. “Bom”, pensei, “tenho a porra do dinheiro na minha conta e não posso sacá-lo. Mas que diabos!”. E lá fui eu para o segundo piso. Ah, antes fiquei trancado na porta giratória, pois estava com chave e celular no bolso. Cheguei lá, com minha senha na mão, e uma loira vistosa atendia a um senhor, de mais de 80 anos, que falava bem alto. Até que em certo momento ouvi o seguinte diálogo:
- O senhor tem CPF?
- Claro que tenho! Por que não haveria de ter?
A moça apenas o olhava, um pouco assustada.
- Eu sou gaúcho, não sou brasileiro! Brasileiro que anda sem documento...
Os atendentes das mesas ao lado riam. Pelo menos um pouco de diversão para passar o tempo. Depois, a própria loira vistosa chamou minha senha. Entretanto, o que ela tinha de peitos saltitantes no seu sutiã tinha de antipática. Ouviu minha história com cara de bunda e pediu uma autorização do gerente, depois que apresentei todos os documentos (e eu os tinha, pois sou gaúcho), para que sacasse no caixa comum. Lá fui eu novamente. Desci no elevador, passei a porta giratória, dessa vez sem ser barrado, e entrei na fila da senha. Deram-me a porra da senha e fui para a porra da fila do caixa, onde finalmente, após mais de uma hora, consegui sacar a porra do meu dinheiro.
Agora ficam as perguntas: por que diabos passaram a pedir a senha de números? E por que diabos só posso mudar minha senha na cidade da minha agência??? E por que não avisam quando vão mudar todo o sistema???? Simplesmente mudam, e você que se foda. Ou seja, se você estivesse em outro estado, passando as férias, e fosse sacar um dinheiro para tomar uma cerveja em algum lugar, você estaria completamente fudido, pois resolveram mudar todo o sistema de uma hora para a outra sem te consultar e sem avisa porra nenhuma!!!!!!!!!!!!
Porra alemão!!!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sonho de uma noite de verão

Ela estava parada em uma esquina. Era noite. O coração batia cada vez mais forte. Vultos passavam, e a cada rosto que cruzava, aumentava sua expectativa. Poderia ser ele, como poderia ser um meliante, um tarado, um maluco, um larápio, um vagabundo. Mal sabia ela que ele era um pouco de tudo isso. Quando estava quase desistindo de esperar, ele apareceu. Cumprimentaram-se. Três beijinhos, pra casar. Atravessaram a praça central e foram procurar um lugar para beber e conversar. De início, ela só queria beber e conversar. Ele queria algo mais. Enquanto ela andava a sua frente para entrar no bar escolhido, ele observou seus quadris e imaginou pegando-os por trás, apertando-os contra o seu corpo. Ou melhor, contra o seu membro, duro. Só de pensar nisso, teve uma ereção. Mas foi discreto. Escolheu uma mesa, convidou-a para sentar e pediu uma bebida forte, para tentar perder os eu sotaque de castelhano. Aliás, sempre odiara o próprio sotaque. Morava há 10 anos no Brasil, mas nunca perdera-o completamente. O sotaque só reduzia na medida em que bebia. Ou, pelo menos achava isso. Podia ser apenas o efeito do álcool interferindo nas suas percepções.
Havia duas mesas de sinuca na frente deles que, como combinado, bebiam e conversavam. Na mesa ao fundo, dois caras, de aproximadamente 18 anos, jogavam. Na mesa da frente, duas garotas da mesma idade. As duas namoravam os dois da mesa do fundo. As duas eram gostosas. Enquanto ele conversava com a convidada, bebericando algo, observava discretamente as gostosas. A loira, com uma tatuagem no ombro, vestindo jeans, era a que mais lhe chamava a atenção. Mas ele cuidava para ser discreto. Não queria perder a dona dos quadris magníficos que estava conversando com ele. Gostara não só dos quadris, mas também das pernas e das ancas suculentas, como também do papo, do olhar e do sorriso. Entretanto, também gostara do rabo da loira que jogava sinuca na sua frente. Se a loira demonstrasse interesse, aí sim, ele estaria em uma verdadeira sinuca. Porém, isso só era possível no seu pensamento embriagado. Ela tinha ciência da sua beleza, e quem a quisesse teria que fazer mágica com muitos reais no bolso.
O papo ficava cada vez mais quente. Viu uma máquina de por música em um canto. Levantou-se, pegou uma nota de dois e enfiou na máquina, o que lhe deu direito a escolher três músicas. Não havia muitas opções. Escolheu uma do TNT, outra do Nenhum de Nós e, para finalizar, clicou no Hare Krishna, dos Tribalistas. Voltou para a mesa e seguiu conversando com ela. Tentou esquentar mais o papo, demonstrando o seu interesse. Elogiou-a, pegou na sua mão, sorriu, olhou-a nos olhos. Já sem saber o que fazer, acabou pedindo permissão para beijá-la. A permissão foi concedida exatamente enquanto rolava o Hare Krishna no som da máquina.
Já eram quase duas da manhã. Os dois tinham que trabalhar cedo, mas foram para o seu apartamento. Tiraram a roupa enquanto se beijavam sofregamente, entre uma mordida no pescoço e outra, e ele a devorou como se fosse um mousse de chocolate. Estava literalmente salivando por seu corpo. E ela estava toda cremosa, com a camada adocicada pronta para ser devorada. Ele queria experimentar o seu recheio. Ela queria ser experimentada. Ele queria pegá-la pelos quadris. Ela queria sentir o peso do seu corpo cavalgando loucamente. O clima esquentou, ele entrou dentro dela e, depois de alguns movimentos rápidos e fortes, gozou. Ela queria mais. Não deu descanso e ele agradeceu. Ela o saciou de todas as formas e, trôpegos, gozaram juntos. Pelo menos foi o que ele achou. “Ou ela gozou junto, ou era uma boa enganadora”, concluiu.
Depois, tomaram banho, deitaram e dormiram. Não sonharam nada. Não deu tempo. No outro dia era segunda-feira e o mundo real os esperava de volta.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sobre imaturidade, idiotice e outras peculiaridades

Esses dias fui chamado de imaturo e idiota. Assim, na cara dura.
Lembrei-me de imediato de uma passagem do velho e bom Woody Allen, em uma citação feita por Ruy Castro no prefácio do Cuca Fundida, do Woody, falando sobre o casamento dele, que não deu certo:
"Minha mulher era rigorosamente infantil", confessou. "Um dia eu estava tomando banho na banheira e ela afundou todos os meus barquinhos sem o menor motivo".
Pessoas maduras não tem graça e não tem nada para te ensinar.
Prefiro os imaturos. São mais sensatos, pois sabem que a vida é finita, e divertidos.
Hasta!

Fim da greve

Em reunião realizada na tarde deste domingo, entre o diretor deste blog (eu) e o redator (eu) foi decidido o fim da greve desse que vos escreve que já durava quase 48 horas. A decisão foi tomada após o Alemão Marcos (foto), o leitor n°1 do blog, comentar os dois textos que ainda não haviam sido comentados.
Na reunião, o redator sugeriu que esses comentários fossem desconsiderados, pois havia neles segundas intensões. "Veja bem, diretor, ele comentou só porque o Grêmio perdeu. Ou seja, é uma ação tramada pelos colorados que, até então, estavam boicotando o blog". Entretanto, o diretor contra-argumentou que, mesmo com o comentário maldoso do nobre leitor, a pauta de reivindicações havia sido cumprida. Após três horas de reunião, onde a presidente Dilma e outras autoridades participaram por videoconferência, foi feita uma votação secreta, que teve um voto favorável ao retorno das atividades e uma abstenção.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

GREVE!!!

Devido a falta de comentário, o único redator do meu blog entrou em greve.
A reivindicação:
- Que os últimos cinco textos/fotos sejam comentados
Declaração do grevista:
"Veja bem, esse é o post 700 desse blog, e ao invés de comemorarmos todos nós, eu e os dois leitores, em um boteco qualquer, estou tendo que gastar esse número significativo com um post para informar aos dois leitores e moscas que volta e meia aparecem aqui que estou em greve. É lamentável, mas esse é o Brasil. O governo deveria tomar um atitude diante disso".

O velho e bom Dost

Dizem que a seguinte citação foi escrita por Dostoiévski, ou Dost, para os íntimos, em uma reflexão de seus sentimentos pelo próprio pai. Há muitos pais de Dostoiévski por ai disfarçados tanto de homens quanto de mulheres novos e velhos.

"Pois então continua a me escutar. Do outro lado, energias jovens, frescas, que se gastam em vão, sem apoio e isso aos milhares em toda a parte. Mil obras e boas iniciativas se poderiam fazer com o dinheiro dessa que essa velha vai deixar ao mosteiro (* ela ia deixar um dinheiro ao mosteiro para comprar uma vaga no céu - tem gente que ainda acredita que vai levar dinheiro para o céu/inferno). Centenas, talvez milhares de existências conduzidas ao bom caminho; dezenas de famílias salvas da miséria, da dissolução, da ruína, da corrupção, dos hospitais de doenças venéreas. E tudo isso com o seu dinheiro. Matá-la, tirar esse dinheiro dela, para com ele dedicar depois ao serviço de toda a humanidade e ao bem geral. Que te parece? A mancha de um só crime não ficaria apagada, insignificante, com milhares de boas ações? Por uma vida... mil vidas salvas da miséria e da ruína! Uma morte, mas, em troca, mil vidas... É uma questão de aritmética. E o que pesa nas balanças vulgares da vida essa velhota tísica, estúpida e má? Não mais que a vida de um piolho, de uma barata, e pode ser que ainda menos, já que se trata de uma velha má. Ela se alimenta da vida alheia, é má" (Crime e castigo, p.79)

Nada mas.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mordida tricolor

Vendo o Gre-Nal de quarta-feira, lembrei-me de um trecho do livro Caninos Brancos, do Jack London, que já mencionei aqui noutra vez. Mais especificamente do trecho em que o lobo Caninos Brancos é utilizado pelos humanos em rinhas de cães. Caninos Brancos, como dá nome ao livro, é o personagem principal da história, entretanto, ele encontra pelo caminho um buldogue que consegue superá-lo usando uma tática parecida com a que Roger utilizou na quarta-feira.
A tática do buldogue, que se chamava Cherokee, foi simples: agarrar-se ao pescoço do lobo, segurando a mordida até matar o rival. Eis como London descreve o ataque: “Não foi uma boa mordida, por ser baixa demais em direção ao peito, mas Cherokee não a largou. Caninos Brancos pulou sobre as patas e correu loucamente para lá e pra cá, tentando livrar-se do corpo do buldogue. Isso o deixava frenético, esse peso agarrado, arrastado. Limitava os seus movimentos, restringia a sua liberdade. Era como uma armadilha, e todo o seu instinto se ressentia da captura e revoltava-se contra a cilada” (p.164).
No romance, Caninos Brancos era imbatível em combate e, quando foi colocado na frente do buldogue, muitos riram e todos acharam que a luta sequer teria graça. Entretanto, a tática de Cherokee surpreendeu, ficando o cão grudado nele, pendurado apertando suas mandíbulas contra o coro do lobo com toda a força. Foi isso que o Grêmio fez no Grenal: se grudou na defesa colorada e não saiu de lá. Não deixou o Inter respirar. Sufocou-o. E, se por um lado o Caninos Brancos de London foi salvo por um caçador que passava por ali e mandou encerrarem a luta, o Inter se salvou de levar mais pelo árbitro, que teve que por fim ao massacre.
CAXIAS – Agora o tricolor tem o Caxias pela frente. Antes do jogo, cheguei a arriscar: “aposto que o Grêmio passa pelo Inter, mas perde para o Caxias”. Historicamente, o Caxias sempre foi uma pedra no sapato tricolor. Além disso, tem um ótimo time nesse ano. Difícil prever alguma coisa além de que certamente será um baita jogo.
LUXEMBURGO – Quando especularam o nome do Luxemburgo, fui totalmente contra. Mas depois, confesso, deixei-me levar pela lavagem cerebral da imprensa esportiva de Porto Alegre. Considerando os nomes que estavam disponíveis, tendo que optar por um treinador que nunca ganhou nada como técnico e que seria mais uma aposta, como Adilson, e um Luxembergo que tem história e bagagem, e que também conhece muito bem a história e a grandeza do Grêmio, prefiro a segunda opção. Aliás, como disse o Pedro Ernesto Denardin, para um clube que já apostou em Lazaroni, Edinho, Julinho Camargo, etc, Luxemburgo é filé mignon.

*Texto publicado no Jornal das Missões

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PERGUNTA PARA OS COLORADOS 3: QUE HOUVE COM O SALTO ALTO????

PERGUNTA PARA OS COLORADOS 2: CADÊ O KLEBER???

PERGUNTA PARA OS COLORADOS 1: QUE COR ERA A BOLA????

Pesadelo tricolor

Tive um pesadelo horrível essa noite: sonhei que o Grêmio perdeu o Gre-Nal, que será disputado hoje, por 3 a 1. No meu sonho, ou melhor, no meu pesadelo, o Grêmio saiu ganhando de um a zero, gol do Cleber, de pênalti. Eu assistia ao jogo com meu pai em casa e vibrei muito com o gol. Achava que meu time ressuscitaria do inferno para conquistar o paraíso, quando o árbitro marcou um pênalti para o Inter, que D’Alessandro cobrou para empatar. A partir de então eu senti que o pior estava por acontecer. E aconteceu. No final do primeiro tempo o Inter fez mais um, mas não lembro quem marcou. E também não sei quem fez o terceiro, no segundo tempo.
Então, de repente o pesadelo começou a ficar maluco. Já não estava vendo o jogo mais pela TV, mas sim numa quadra de esportes. Invadi a quadra e comecei a xingar os jogadores: “vocês não tem moral para vestir a camisa do Grêmio!!!!” eu berrava! “Vocês são uns merdas, vocês tem que apanhar!!!! Seus merdas!!! Estão fudendo com a minha vida, seus bostas!!!”. Eu estava possesso e os jogadores estavam assustados. Um até falou, como se estivesse se desculpando:
- Calma, o Luxemburgo está chegando e vamos melhorar.
- Melhorar porra nenhuma! Vocês já tiveram meia dúzia de treinadores em um ano e nenhum resolveu. O problema é que vocês são muito ruins e não têm culhões para vestir a camisa do Grêmio, seus merdas! Vão embora e nunca mais voltem, seus porras!".
Eu estava no meu surto psicótico contra os jogadores do Grêmio, quando a patroa abriu a porta do quarto e pediu para que eu cuidasse da Bilula. Ainda meio atarantado, peguei-a no colo e aos poucos seus olhinhos foram me acalmando. Agora penso: ainda bem que não passou de um pesadelo. Pelo menos até hoje de noite...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Torrada humana

Bom, enquanto meus dois leitores estão curtindo o carnaval, eu acabo escrevendo para as moscas. Mas que nada, não nos abalemos!
Ainda lendo o livro do Larry Rohter, descubro que esse problema que todo mundo reclama de calorão infernal no verão e frio rigoroso demais no inverno só vai piorar nos próximos anos, até levar à extinção humana. Isso ele também não concluiu, apenas apontou alguns elementos que me levaram a tal conclusão. Em várias matérias para o New York Times ele mostrou o que a imprensa brasileira não mostra: o desmatamento que vai avançando Amazonia a dentro, legal ou ilegalmente. Nem Ibama, nem polícia nem porra nenhuma controla porra nenhuma. E, pior, o governo ainda finge controlar. E, pior ainda, os brasileiros ficam bravos quando os americanos falam em tomar a Amazonia, ou quando alguém fala que a Amazonia é da humanidade, e não dos brasileiros. Pois a questão é óbvia: o mundo inteiro está se ferrando, e vai se ferrar ainda mais graças a irresponsabilidade dos brasileiros, que estão com muitas coisas para se preocupar, como o BBB, futebol, escolas de samba, etc. Enquanto os brasileiros se masturbam, os fazendeiros e madeireiros vão, feito cupins, desmatando pouco a pouco, ano a ano, até que, daqui a algumas décadas (provavelmente quando todos nós já nem estejamos mais aqui) a Amazonia finalmente vai sucumbir. Assim como a raça humana, do jeito que a conhecemos, pois as futuras gerações terão que se adaptar a calores maiores, como de 50 ou 60 graus. Ou seja, os brasileiros, literalmente, estão fodendo com tudo.
Fico imaginando o que vai acontecer quando a humanidade chegar na seguinte sinuca: ou vamos lá e botamos ordem naquela zona do Brasil, ou seremos todos extintos. Aliás, para evitar isso, o governo brasileiro poderia usar o seu Exército, que nunca serviu para muita coisa: enche de milicada fortemente armada, cercando toda a Amazonia brasileira, evitando o desmatamento. O foda é que, no Brasil, com certeza alguém vai receber propina para fazer vista grossa ao desmatamento. Mas enfim, o dia em que fizerem isso, eu vou tirar o chapéu para a milicada e, se a corrupção não foder com tudo, vou dar o braço a torcer. Enquanto isso, penso que a maioria dos que veste fardas altamente graduadas são terneiros que mamam o escasso leite gerado pelos trocados dos brasileiros que não vai para o bolso de corruptos...
Por outro lado, se eu for meter o bedelho na política, acho que tucanos e petistas podem ir para a puta que os pariu, e o negócio mesmo é votar na Marina e no PV, pois se algo não for feito inevitavelmente as futuras gerações não vão nem poder discutir ideologias, etc, pois a discussão será em torno da sobrevivência dessa raça, que a cada verão fica mais torrada.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Larguei de mão!

Terminando de ler o livro “Deu no New York Times”, do jornalista norte-americano Larry Rohter, aquele mesmo que o Lula quis expulsar do Brasil em 2004 por fazer uma matéria falando sobre o seu gosto por bebidas alcoólicas, concluo que o Brasil é, definitivamente, um país sem solução. Antes de escrever o que interessa, faço duas ressalvas: primeiro, o Larry Rohter é um apaixonado pelo Brasil e, segundo, ele até trata o Brasil com otimismo no seu livro. Ou seja, essa conclusão pessimista é unicamente minha, baseada nessa e em outras leituras; segundo, no livro tem a explicação de Rohter sobre a matéria que enfureceu Lula e o texto dela na íntegra, e dessa leitura posso concluir outras duas coisas: 1) o Lula realmente é alcoólatra em potencial (e não vejo nada demais nisso) e 2) a conduta do governo foi absurda, podendo ser comparada aos piores dias da ditadura militar.
Voltando ao infortúnio do Brasil, essa conclusão também se deu porque, ao mesmo tempo em que leio textos contundentes com matéria publicadas no New York Times mostrando muito da corrupção do PT, onde Zé Dirceu aparece como um mandante de um assassinato, e outros mostrando como o PT tentou mais de uma vez amordaçar a imprensa, inclusive, impedindo que as vítimas da ditadura militar possam ser devidamente ressarcidas e os milicos acéfalos daquele tempo condenados, enfim, ao mesmo tempo em que leio tudo isso (além do que aparece diariamente na imprensa nacional e internacional) eu me deparo em um canal semi-aberto com um programa de mesa redonda para discutir o Big Brother Brasil.
Resumindo, a conclusão é mais do que óbvia: enquanto os governos em todas as suas esferas são tomados de casos de corrupção de todos os tipos, enquanto políticos de todos os cacifes aprovam próprios aumentos absurdos de salário, enquanto o destino da nação é tratado como negociação política e enquanto para cada projeto apresentado há um interesse obscuro por trás do patriotismo dos políticos (a Copa que o diga) a população desse podre país está preocupada e cega acompanhando quem é o anjo, a estrela, o demônio ou seja lá o que for do BBB. Não tem jeito. Como dizem aí em Santo Ângelo: larguei de mão. Já diz um velhíssimo ditado: o povo merece o governo que tem. E o brasileiro tem o seu.
Até sou a favor do entretenimento, como já disse aqui. Mas do entretenimento que leva para frente. Que faz pensar. Enfim, de um entretenimento mais filosófico e humanístico. O Chaves, aquele mesmo que mora no 8, é muito mais enriquecedor culturalmente do que os descerebrados do BBB. Mais descerebrados que os participantes, só o próprio público.
Aliás, não é a toa que, conforme Larry Rohter, certa vez um embaixador americano no Brasil sentenciou: “O Brasil é como um lutador de boxe que compete abaixo do seu peso”. Ou seja, é um peso pesado em potencial, mas com cérebro de peso-mosca. E por isso está sempre por baixo no cenário internacional e continuará assim para sempre.
Ah, e para o leitor que me perguntar “o que você sugere?”, respondo sem pestanejar: uma revolução armada, obviamente.
Um bom resto de semana a todos.

*Texto publicado em A Tribuna Regional.

Coisas que só ela pode

Há certas coisas que só deixo minha filhinha fazer, como por exemplo, mexer nos meus livros. Inicialmente eu deixei os livros bem apertados na estante, para que ela não os puxasse. Mas, ficamos dois meses fora de casa e ela cresceu. Eis que agora, com algum esforço, ela puxa e puxa até que algum se solta. Então, ela o joga no chão para pegar outro e fazer o mesmo. Quando termina, ela sapateia neles. Qualquer outro ser humano que tentasse fazer isso seria interrompido por um ataque de fúria desse que vos escreve. Menos ela.
Por falar nisso, tive que interromper esse texto pois ela esteve aqui puxando os livros. Fui pegar a máquina fotográfica e nos 15 segundos que levei para ir até a sala e voltar, ela subiu na cadeira do computador. Cheguei aqui e ela estava bem sentada, de perna esticada, com cara de arteira. Depois me arrastou até a sala onde fizemos um carnaval com o tambor do Patati Patata que dei pra ela no Natal.
Voltando ao texto original, como ia dizendo, há certas coisas que deixo somente ela fazer, como nesse caso de mexer nos livros. Outra coisa é mexer nas minhas gavetas, jogar tudo no chão e ainda por cima me fazer rir...
Bom, ela está me chamando novamente. Desisto, o texto fica por aqui. Hasta!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É rindo que se aprende

Li dias atrás um livro que professores, pais, políticos, diretores, chefes, reitores, enfim, todos os adultos deveriam ler, que se chama justamente o título desse texto: é rindo que se aprende. Na verdade é a transcrição de uma entrevista feita por Gilberto Dimenstein com Marcelo Tas, aquele mesmo ex-professor Tibúrcio e atual CQC. O livro traz um DVD com a gravação da entrevista e tem um texto supertranquilo que você devora, no máximo, em dois dias. Já a gravação tem uma hora. Mas enfim, dizia eu que todos deveriam ler esse livro, pois ali o Marcelo Tas derruba toda a carrancurrice e rabugentice que, há muito, domina o mundo adulto. E o pior: o mundo adulto transmite o mesmo para as crianças através de pais e professores. Os exemplos são muitos.
Muitos pais, ao cobrar que o filho estude para uma prova, exigem que a criança vá para o quarto e fique lá estudando horas, decorando histórias sem sentido, tentando entender números que não dizem nada, enfim, é uma chatice só. E o pior, muitos professores também são assim. Ou seja, é óbvio que, a não ser um ou outro mais espertinho, a criança não vai assimilar o conteúdo. Já se você incluir aquele conteúdo em uma história legal, bolar algum jogo, contar uma piada envolvendo personagens históricos ou mostrar que a física está na própria internet que as crianças tanto gostam de mexer, enfim, se você tornar o conteúdo todo atrativo, a criança vai se divertir e, automaticamente, vai aprender.
Em outras palavras, se você fazer com que a criança sinta prazer em ler e estudar, ela vai ler e estudar sempre, até o resto da vida. Já se ela crescer num ambiente onde o estudo é tratado com beiço, carranca e ameaças, a tendência para que ela não venha a ser uma criatura estudiosa lá na frente é grande. Entretanto, lendo o livro do Tas, saquei que tudo o que ele diz faz o maior sentido, é lindo, é sensacional, etc, mas ele e o Gilberto não abordam um problema fundamental: e como enfiar na cabeça de pessoas que não entendem nada de pedagogia de que não é ameaçando a criança que se conseguirá formar um estudante? Ou seja, o problema não está nem no estudante que não quer estudar, mas sim, no seu carrasco, que pode ser o pai, a mãe, o professor, o diretor, etc.
Eu sou um exemplo vivo disso. Penava no colégio para passar de ano. Era sempre a mesma história, a lógica do padre e jogador de futebol: só passava direto em religião e educação física. Chegava na recuperação, que já nem sei se existe mais, precisando tirar notas absurdas. Ficava 15 dias socado no quarto, estudando, e passava sempre ali, raspando. E no outro ano, depois das férias, já tinha esquecido toda aquela decoreba. Entretanto, na universidade, estudando o que eu gosto, devorando livros interessantes, formei-me em jornalismo, fiz mestrado e agora estou no doutorado. E por quê? Porque ninguém na minha vida universitária me menosprezou ou me ameaçou com “vai para o quarto estudar e só sai de lá depois de uma hora”. Essa frase é fatal. Pois geralmente o aluno fica no quarto uma hora matando tempo, desenhando, pensando na morte da bezerra, enquanto os pais se acham os reis da pedagogia.
Para entender as crianças, é preciso pensar como elas. E como o Tas diz no livro: quando um adulto está começando a ir, elas já estão voltando. Adultos, cresçam!
Um bom resto de semana a todos.

*Texto publicado em A Tribuna Regional.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Jesus Cristo da Avenida Ipiranga

Tem gente que porque veste o manto sagrado da RBS, pensa que talvez vá reservar um lugar especial para a sua alma no além-mundo, se joga nas redes sociais para menosprezar o seu público (que aliás, nem é seu, mas sim, da própria RBS). A criatura comenta lá uma merda qualquer, e se é criticada, não responde. Coloca lá que Corinthians e Inter são os dois melhores times nesse início de temporada, e se você pergunta “e o Vasco e o Santos?”, ela finge que não é da sua conta. Aí, em seguida, numa daquelas ondinhas de que “nós, além de jornalistas, somos artistas”, começa a falar em códigos que só eles, os entendidos, decifram os “segredinhos” do que realmente importa no mundo. E você, que era para ser o foco do bagulho, fica a ver navios. Bom, deixemos esses idiotas falando sozinhos! Enquanto ele pensa que é o Nietzsche, o Freud, o Montaigne ou o Isaac Newton do futebol, ele (e outros) não se dá conta de que o seu “sucesso” termina no mesmo instante em que a RBS resolver que ele não presta mais e que há alguém melhor na praça. Ou alguém aí lembra de uma tal de Maria do Carmo? Pois é...
Quando o jornalista se acha estrela, quando ele pensa que é artista, o problema começa. Como disse outra vez um próprio rebeésseteveético Manuel Soares, quem quiser ser artista que faça teatro. Mas tem gente que ainda hoje pensa que, por ser jornalista, é dono da verdade. Ou seja, Inter e Corinthians são os dois times do Brasil nesse início de ano. Ponto. O que você pensa, leitor/ouvinte/telespectador? Foda-se. Pois eis aí que o cara quebra a cara. Hoje em dia não tem mais essa de jornalista dono da verdade. Qualquer imbecil percebe quando há enganação no lance. Qualquer besta se sente a vontade para criticar os “entendidos” do futebol (e de outros assuntos). E encontra lugar, na internet, para fazer tal crítica. Ainda há aquelas pessoas que ligam para a emissora, criticam, batem pé, mas elas estão cada vez mais em extinção.
O cara pensa que, por ter um crachá da RBS, é Jesus Cristo e fica ali, no twitter, postando um monte de verdades, pois EU SOU O CARA DA RBS, SACOU? EU SOU A REENCARNAÇÃO DE JESUS CRISTO! SIGA-ME OU ESTARÁ FODIDO! Acho que é isso que se passa na cabeça de umas bestas humanas que sentam em certas cadeiras na Avenida Ipiranga.
Porra, desçam de seus pedestais e conversem com o seu público, que é quem os sustentam! Deixem a BURRICE de lado! Vocês não passam de um monte de ossos e carnes com massa cinzenta, mas que, após qualquer atropelamento, não deixarão de ser um monte de matéria inanimada, como eu, como o leitor desse blog fantasma, como a mãe do Badanha!
Por hora é isso. Meu estômago não aguenta mais.
Hasta!

Pesadelos: pensamentos obsoletos

Tenho pesadelos frequentes. Caso alguém aí estude os sonhos, que me traga uma luz. Em um deles, estou de novo no segundo grau. Apesar disso, estou no doutorado e passei em algum concurso para professor efetivo em algum lugar do Brasil, mas, para assumir a vaga, preciso terminar o segundo grau a tempo (alguém descobre no meu passado que não tenho o diploma de segundo grau). Estou na sala de aula, com a galera, fazendo ruaça. Na verdade, comandando a baderna. Afinal, penso “estou aqui só por burocracia, depois pego o diploma e assumo a minha vaga”. Inclusive, digo para os alunos: “porra, vamos agitar esse bagulho que depois vocês vão lembrar é da baderna que fizeram, o resto é história!”, e atiro uma bolinha de papel em alguma guria que está sentada na primeira fila... O sonho vai indo, eu vou fazendo bagunça, tudo é só diversão, até que acontece o pesadelo: estou com uma prova de matemática nas mãos e não sei resolver porra nenhuma! Então, fico tomado de pânico. Não sei o que fazer. Vou até o professor e digo: “bah, professor, não sei nada disso, mas eu preciso do diploma pra assumir a vaga lá”. E o professor é irredutível: "nada feito, te vira e faz a prova”. Fico possesso, indignado, tomado de pânico. Nunca passei dessa parte, pois sempre aí eu acordo, angustiado. Porra, aquela merda de segundo grau precisava me marcar tanto assim???
No outro pesadelo estou morando em um apartamento. Geralmente é no quarto andar.
Então, começa a chover. Vejo a praia da janela e as ondas começam a se agitar. Então, em pouco tempo, a água está batendo no primeiro andar. Não há como sair. Penso: “putaquepariu, se não parar de chover a água vai chegar aqui”. A partir de então, as situações são variadas. Na última vez, sonhei que estava preocupado com os livros. A água iria subir e iria estragar todos meus livros. Peguei sacolas de supermercado e comecei a embrulhá-los todos. Assim, a água não estragaria a minha mini-biblioteca. Acordei-me enquanto embrulhava os livros, com pressa e angustiado. Em outros sonhos, a água vai subindo, até estar próximo do quarto andar, e então me acordo, tentando salvar algo ou bolando um plano para escapar vivo.
Esses são os dois pesadelos mais freqüentes que tenho tido. O da prova do segundo grau, até entendo, pode ser um trauma das provas que continham números. Mas esse da água não consigo entender. Adoro praia, mar, água... Porra, que merda heim? Alguém entende essa merda de sonhos/pesadelos?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O anjo pornográfico

Acabei de ler ontem “O anjo pornográfico”, a biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro. Esse livro fazia tempo que eu queria ler e, como caiu em minhas mãos meio que por acaso, acabou furando a fila dos outros que estão na estante. Mas vamos ao que interessa...
O livro, como a maioria das obras literárias, tem pontos fortes e fracos (são poucos os que só têm pontos fortes, e os que só têm pontos fracos, não passo da décima página – como os de Paulo Coelho). O principal ponto fraco, na avaliação de um leitor que tem mais interesse em literatura e em histórias malucas, como eu, está nas extensas descrições feitas sobre o teatro (o que não chega a ser um demérito, pois trata-se de uma biografia sobre um dramaturgo...). Claro que tem muitas interessantíssimas, mas em alguns trechos você lê duas ou três páginas sem entender muita coisa porque você simplesmente não tem noção de quem são algumas das pessoas citadas. E se você está lendo mais ou menos apressadamente, você não para toda a hora para pesquisar no Mr. Google quem é aquela meia dúzia de gente. Mas isso não compromete o todo da obra, apenas não a coloca no mesmo nível de Chatô, o rei do Brasil, de Fernando Morais.
Já os pontos fortes são vários. Gostei muito da recuperação que Ruy fez da vida de Mário Rodrigues, pai de Nelson, e de seu irmão Mário Filho (o que empresta seu nome ao Maracanã). Essas histórias enriqueceram muitíssimo a obra e, como Ruy destaca ao final, esses dois personagens dariam outras duas putas biografias. Outro ponto forte é a linguagem, que foge da idiotice da objetividade, tão criticada por Nelson. Ou seja, é algo mais próximo da literatura do que do jornalismo.
Mas o principal da biografia, obviamente, é a vida do biografado. Nelson Rodrigues, pelo que deu para perceber, era um cara que só se preocupava com o teatro, a literatura (incluindo aí seus subgêneros) e um pouco com o jornalismo (profissionalmente falando, pois suas maiores paixões eram a própria família e as mulheres). Ou seja, foi um sujeito que, diferentemente de Chatô, não ligava muito para quem estava no poder, para brigas de esquerda e direita (apesar de ter apoiado o regime militar por ser declaradamente anticomunista – lembrando que ele teve um filho preso e torturado pela ditadura, que praticamente matou Nelson dos nervos durante anos), enfim, ele tinha suas posições políticas, mas suas obras não tinham essa preocupação. A obra dele, como é de conhecimento mais do que público, preocupava-se mais com a tragédia, a comicidade e o sexualismo do dia-a-dia.
Para ser sincero, até hoje só li dois livros do Nelson: À sombra das chuteiras imortais, uma coletânea de crônicas escritas por ele sobre futebol e publicadas em jornais da época, e Mentira, que fui descobrir no livro do Ruy que é um romance publicado a partir de um folhetim que Nelson escreveu. Agora, estou curioso para ler o resto, principalmente Vestido de Noiva, Beijo no Asfalto e A falecida. Ah, e óbvio, A vida como ela é, que já vi um pouco na TV.
Assim como na obra de Fernando de Morais sobre Chatô, em “O anjo pornográfico” também há toda uma recuperação histórica, pelo simples fato de que Nelson convivia com figuras como Getúlio Vargas, ministros, prefeitos, etc. Principalmente quando teve obras censuradas. Já sobre as curiosidades, há uma lista infindável delas. Uma que mais chamou a atenção foi a revelação de que Nelson Rodrigues precisava usar óculos, mas se negava a isso e, dessa forma, ele praticamente não via o que acontecia em campo nos jogos de futebol. Apesar disso, seus textos, que eu li em À sombra das chuteiras imortais, são impressionantes.
Mas a principal surpresa que tive ao terminar a obra foi o estilo de vida que Nelson levou. Sempre foi um sujeito pacato, nada boêmio, que não bebia absolutamente nada de álcool e super família, daqueles que às 22h está de pijama pronto para dormir com a patroa. O único “desvio” do autor, que era conhecido como “tarado”, “depravado”, e por aí a fora, eram as amantes que ele acumulou ao longo da vida. E mesmo assim, o primeiro registro de uma amante só ocorre quando ele já tinha seus 36 anos. Outro ponto que chama muito a atenção são as mortes trágicas na família de Nelson, além das suas doenças (principalmente a tuberculose, que quase o mata mais de uma vez) e a sua infância, onde ele presenciou várias histórias de traição e assassinato, que tanto aparecem na sua obra.
Assim como no Chatô, não tenho muito o quê escrever, pois o vagal leitor deve ler a obra completa, que é muito boa. Como está escrito na contracapa do livro, a história de Nelson às vezes emociona, às vezes deprime e às vezes diverte. Enfim, é um bom livro para quem gosta de emoções diversificadas, de futebol, de cinema, de teatro e, principalmente, de tragicomédias de todos os tipos. Boa leitura a todos!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

1.178 páginas

Desde janeiro de 2008, quando postei o primeiro texto nesse blog, até o presente momento, eu escrevi para o vagabundo leitor exatas 1.178 páginas em arquivo de Word, tamanho 12, espaçamento 1,5, justificado, distribuídas em 686 posts (contando com esses). Descobri isso agora, passando os textos do blog para um arquivo de Word, pois tenho a idiota mania de postar os textos sem salvar. Então me ocorreu: e seu um dia O Rebate fechar as portas e tudo o que está online for perdido? E se o Google vai a falência e todos os sites ligados a ele sumirem do mapa??? Ãhm???? Pois é, pensando nisso, pacientemente, fui pegando os textos mês a mês e jogando-os para o Word, onde ele será salvo e enviado para meu próprio email.
Ah, e uma curiosidade: o mês em que menos postei foi sempre o de fevereiro... Não sei se é porque nesse período o calor no RS é infernal, ou porque em outros anos eu viajei, ou porque geralmente esse mês tem menos dias... Enfim, também não interessa. E também não interessa quantas páginas já escrevi e em quantos posts. Só quis fazer um pouco de auto-propaganda para meus dois instáveis leitores.
Hasta!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Originalidade

Hoje virou clichê as pessoas falarem que a sociedade pós-moderna é liberal, que já não se tem mais a mesma noção de bons costumes e moral como se tinha antigamente, que hoje se pode falar de tudo e sobre tudo de qualquer jeito, tanto na Internet, quanto nos meios de comunicação mais tradicionais como rádio, TV e jornal e blá, blá, blá, blá. Balela. Primeiro, essa história de moral e bons costumes sempre foi uma farsa. Há milhares de histórias nelson rodriguianas acontecendo por aí todos os dais, desde que o mundo é mundo: homem tem filho fora do casamento, mulher engravida de outro e diz que é do marido, namorado mata namorada por ciúmes, namorada engravida para prender namorado, senhor de idade se envolve com garotinha, senhora de idade se envolve com garotinho, histórias de incesto (a bíblia está cheia delas), lesbianismo, homem com homem, mulher com mulher, prostituição, pamsexualismo, enfim, tudo isso sempre existiu desde que o mundo é mundo.
Entretanto, também virou clichê falarem que “hoje isso aparece, antes era escondido”. Balela também. Hoje, se o Nelson Rodrigues ou o Nabokov fossem vivos publicassem seus textos em qualquer jornal de grande circulação no Brasil traria a mesma polêmica que décadas atrás. Hoje os jornais (e por conseqüência o resto) são bem comportados. Não se vê um texto polêmico em jornal nenhum em todo o território nacional. Um colunista de política de um grande jornal escreve uma palavra dúbia sobre alguém, e se julga um polemista. Na TV, um Maurício Saraiva fala “esse time do Grêmio tem limitações, mas pode vir a vencer, e o Inter tem um bom time, mas tem que se cuidar”, e todos acham que isso é polêmica! Batata! Por que não fala logo: “esse time do Grêmio é uma m... e esse Inter é enganação pura”? Na política, ocorre o mesmo. Lasier Martins aparece com sua cara de pastel na frente da câmara, levanta questões de nível de jardim de infância, e a família abestalhada gaúcha fica olhando para TV, murmurando, “esse cara é um gênio!”, ou, senão concordam: “é verdade”. Por que tanto medo de tomar partido? Por que tanta prudência? Um David Coimbra escreve uma crônica em que se tem uma jovem sedenta por sexo e todos ficam de boca-aberta: “óóóóóó, que ousadia!”. Jovens e velhos, escandalizam-se ingenuamente. Ah, falasério!
Cada vez que pego autores clássicos, como o próprio Nelson Rodrigues, ou senão Nabokov, Bukowski, Henry Muller, Hunter Thompson, etc, vejo que a nossa geração é a mais conservadora e infantil que já passou pela Terra.
O que está faltando é originalidade, e a Internet e as redes sociais não substituem isso. O que falta é filosofia na ousadia, como faziam esses autores. Falta conteúdo. Hoje, de fato, colocar um monte de crianças e adolescentes dançando seminus na TV nos domingos de tarde, ou colocar famílias de classe baixa fazendo barraco em rede nacional, isso sim, é um disparate contra a inteligência do telespectador. Isso sim é vulgaridade. Isso sim, deveria ser proibido, por mais anti-censura que eu venha a ser.
O que está faltando é inteligência. E uma boa dose de ousadia.
Um bom resto de semana a todos.

* Texto possivelmente publicado em A Tribuna Regional

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rumo ao topo!


Hoje, às quatro da tarde, pelo horário de Los Angeles, o Lakers tenta se isolar na liderança da Divisão do Pacífico pela NBA quando enfrenta o Philadelphia Sixers. O meu time do coração está dividindo o primeiro lugar do grupo com o seu arquirrival, o Los Angeles Chippers, ambos com 14 vitórias. Mas, estou tranqüilo, pois meu time já conquistou a NBA 16 vezes, só sendo superado pelo Boston Celtics. Entretanto, como o time de Boston, depois de ganhar a temporada 85/86, só voltou a ser campeão em 2007/2008, creio logo nós alcançaremos os 17 títulos que eles detém (baseados no passado). Isso quer dizer que uma vitória hoje contra o Sixers é fundamental a essa empreitada: a liderança da Divisão do Pacífico e a hegemonia do basquete americano.
Pois é, amigos, basquete é isso: é emoção, muitos pontos e cestas sensacionais por jogos, muita rivalidade, jogos a cada dois dias, muito show da torcida, gostosas dançando na beira da quadra, etc. Não é como o futebol onde os jogos são semanais e onde o placar de 0 a 0 é comum. Por isso sempre gostei mais de basquete. Por isso sou LA Lakers!!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A mulher da parada

Cada vez que ele a via, tinha uma ereção. E era sempre no mesmo horário: às 13h15, enquanto esperava o ônibus para ir ao trabalho. Estava lá, parado, suando, tentando achar um centímetro de sombra naquela parada macabra, quando ela surgia na esquina, rebolando em um vestido até a canela ou em uma calça comprida. Talvez fosse isso que o excitasse, nunca tinha visto suas coxas. E, assim que ela caminhava vagarosamente em sua direção, a ereção começava. No início, tentava disfarçar. Colocava sua pasta em frente ao pênis ereto, tentando esconder dos outros o volume em suas calças. Depois, relaxou: deixou que o pênis se avolumasse sem se preocupar se o casal que estava ao seu lado se importava ou não. Fodam-se: a única coisa que ele queria foder, era ela. Mas no sentido carnal, não no metafórico.
Entretanto, infelizmente, o ônibus que ela pegava ia para o lado contrário ao do seu. Chegou a perder o horário só para ficar esperando chegar a condução dela, para ficar se masturbando mentalmente olhando aquelas ancas flácidas e volumosas na sua frente. E, quando aquela masturbação sem toques ultrapassava os cinco minutos, chegava a quase gozar. Acreditava que se apenas tocasse seu pênis na bunda dela, jorraria todo o leite que era produzido velozmente todas as tardes feito um jato americano. Por mais que desse cinco com a mulher à noite e mais duas de manhã com a amante (sim, ele já tinha uma amante) e que se masturbasse, o pênis nunca deixava de se erguer ao ver a mulher da parada. Aliás, era uma situação inusitada, pois sua mulher era jovem e gostosa, e a amante tinha sido, recentemente, coelhinha da Playboy argentina. Além disso, ele poderia estar gripado, com frio, com calor, com febre, não importava, o pênis falava mais alto do qualquer outra voz interior que pudesse ter. Era só detectar aquele vestido comprido florido ou aquela calça em pleno sol de 40 graus que o membro subia, automaticamente.
Certa vez ele elaborou um plano. Era 13h15 e a parada estava lotada. Nos últimos dias ele observara que o ônibus da sua musa seguia sempre lotado. Pensou em subir atrás dela e, se ela ficasse de pé, encostaria o pênis em seu rabo e gozaria ali mesmo. Passou pela mente, rapidamente, a possibilidade dela gritar, fazer um escândalo. Então, o motorista pararia o ônibus e chamaria a policia. Ele seria preso e xingado em todos os canais de TV que o chamariam de “tarado”, “vagabundo”, “crápula”, “inútil” em rede nacional, enquanto o repórter diria para a câmara: “mostra a cara desse maníaco”. E, jogado em meio a dezenas de crápulas, seria estuprado sem dó nem piedade. Ou, pior, os passageiros poderiam se revoltar e lhe linchar, enchendo o asfalto quente de sangue, que logo evaporaria para o inferno. Mas, foda-se, valeria a pena. Só assim ele descobriria o significado da vida. Seria feliz por um momento. Planejou tudo mentalmente, cada passo, cada movimento, dele e dela, prevendo todos os imprevistos possíveis.
Quando o ônibus chegou, sentiu um puta frio na barriga e seu coração quase saiu pela boca. Sentia a veia do pescoço pulsando, aos olhos de todos. Esperou até que a musa entrasse e, então, posicionou-se estrategicamente atrás dela. De início, seu pênis estava a poucos centímetros do rabo desejado. Mesmo sem se mexer, parecia que o dito cujo ia saltar para fora da calça, só para molhar aquelas carnes de leite morno. O coração batia cada vez mais rápido e ele suava cada vez mais. Até que ele sentiu que aquele era o momento: ou aproveitava, ou, quem sabe, nunca mais teria outra oportunidade igual aquela. Era como um pênalti em final de Copa do Mundo. Era pegar ou largar. A glória ou anonimato. O êxtase ou a tragédia. Ou os quatro juntos. Quando se concentrava para empurrar seu pênis dois centímetros para frente, tentando encostá-lo no rabo desejado, o ônibus freou bruscamente. Seu pênis duro foi atolado dentro daquelas nádegas quentinhas e macias, e, como se tivessem aberto uma mangueira de bombeiro, leite quente foi jorrado do pênis para a cueca, da cueca para a calça, da calça para o vestido até as canelas da mulher, e daí, para o próprio rabo. Tudo em frações de segundo. Quando tudo se restabeleceu, ele estava sôfrego, quase caindo desmaiado. Então, ele viu a porta se abrir ao seu lado, e saltou para fora: era a chance que tinha de se salvar. Desceu correndo, sem rumo, e só respirou aliviado quando viu que o ônibus dobrou na avenida mais próxima, sumindo de sua vista.
No dia seguinte, no mesmo horário, foi com o coração na mão para a parada. Quando achava que dessa vez ela não apareceria, viu-a dobrando a esquina. Achando que iria enfartar aos 27 anos, ele a viu andando, pé ante pé, bengalada pós bengalada, em sua direção. Ela parou na sua frente, roçou os cabelos brancos em seu nariz, e empinou o seu rabo sexagenário na direção de seu pênis, que já estava quase explodindo. E, nesse dia, ele teve a sua apoteose sexual.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Improviso, carnaval e Roth

O carnaval está aí. Falta pouco. E sabem como começou o famoso desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro? Pois a concorrência carnavalesca mais famosa do mundo nasceu de puro improviso. O jornalista Mário Filho (aquele mesmo que empresta seu nome ao Maracanã), no início da década de 1930, após perder o irmão e o pai (Roberto e Mario Rodrigues, respectivamente), precisando de grana, teve a brilhante idéia de fundar um jornal sobre esportes – pura novidade na época. Eis o detalhe: o campeonato carioca daquele ano estava terminando quando saiu o primeiro número do tal jornal. O que fazer em um jornal recém-criado quando todos estão de férias? Mário Filho, que era irmão do então desconhecido Nelson Rodrigues, sem ter o que colocar nas páginas de esporte do jornal resolveu improvisar: criou uma comissão julgadora para avaliar os desfiles das escolas de samba daquele ano. Comissão esta, formada pelos periodistas de seu jornal. O resultado: um tremendo sucesso, que perdura até hoje.
Eis no que o Grêmio está apostando: no improviso. Ao contrário do que recomenda o histórico de todos os times de sucesso, o Grêmio nunca mantém uma base mínima de time de um ano para o outro. A cada início de temporada contrata novo treinador, nova dupla de ataque, novo meio de campo, e só mantém o furo do time: a zaga. O resultado disso foi visto no jogo contra o São Luiz, na quinta-feira, no Olímpico: cada jogador que recebe a bola não sabe o que fazer com ela. Ao ter contato com a redonda ele olha para o lado e, só então, decide o que fazer. O improviso, que tudo tem a ver com o Carnaval, poucas vezes dá certo no futebol. E é por isso que não creio que 2012 será um ano melhor para os gremistas do que foi 2011, 2010, 2009, etc.
RECEITA – Já o Inter faz o contrário: mantém uma boa base há pelo menos uns seis anos. O resultado: um time entrosado que, com uma boa dose de categoria e genialidade de D’Alessandro, é quase imbatível em território sul-americano. Na verdade essa não é nenhuma receita nova. O próprio Barcelona mantém uma base há um bom tempo, e soma a essa boa base a genialidade de Messi, e é por isso que tem o melhor time do mundo. Entrosamento e anti-improvisação são as palavras de ordem no futebol pós-moderno. Juntar um monte de jogadores que nunca se viram na vida e largá-los em campo para jogar achando que a genialidade individual vai resolver tudo quase nunca deu certo. As duas últimas seleções que fizeram vexame nas copas de 2006 e 2010 são a prova disso. Já os bem-sucedidos Inter, Barcelona, LU do Chile e Lajeadense (que manteve a base vice-campeã da Copinha) são a receita do sucesso. Improviso, só nas peladas dos “com camisa” contra os “sem camisa”.
VOLTA DE ROTH – É por isso que, já em janeiro, profetizo: o Grêmio, durante 2012, terá a passagem de Celso Roth pelo Olímpico. Ele é o único capaz de evitar que o improviso tricolor vire tragédia.

Um bom final de semana a todos. Ah, e ia esquecendo: um bom Gre-Nal a todos. Se é que isso é possível...
*Texto publicado no J Missões deste sábado.