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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Improviso, carnaval e Roth

O carnaval está aí. Falta pouco. E sabem como começou o famoso desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro? Pois a concorrência carnavalesca mais famosa do mundo nasceu de puro improviso. O jornalista Mário Filho (aquele mesmo que empresta seu nome ao Maracanã), no início da década de 1930, após perder o irmão e o pai (Roberto e Mario Rodrigues, respectivamente), precisando de grana, teve a brilhante idéia de fundar um jornal sobre esportes – pura novidade na época. Eis o detalhe: o campeonato carioca daquele ano estava terminando quando saiu o primeiro número do tal jornal. O que fazer em um jornal recém-criado quando todos estão de férias? Mário Filho, que era irmão do então desconhecido Nelson Rodrigues, sem ter o que colocar nas páginas de esporte do jornal resolveu improvisar: criou uma comissão julgadora para avaliar os desfiles das escolas de samba daquele ano. Comissão esta, formada pelos periodistas de seu jornal. O resultado: um tremendo sucesso, que perdura até hoje.
Eis no que o Grêmio está apostando: no improviso. Ao contrário do que recomenda o histórico de todos os times de sucesso, o Grêmio nunca mantém uma base mínima de time de um ano para o outro. A cada início de temporada contrata novo treinador, nova dupla de ataque, novo meio de campo, e só mantém o furo do time: a zaga. O resultado disso foi visto no jogo contra o São Luiz, na quinta-feira, no Olímpico: cada jogador que recebe a bola não sabe o que fazer com ela. Ao ter contato com a redonda ele olha para o lado e, só então, decide o que fazer. O improviso, que tudo tem a ver com o Carnaval, poucas vezes dá certo no futebol. E é por isso que não creio que 2012 será um ano melhor para os gremistas do que foi 2011, 2010, 2009, etc.
RECEITA – Já o Inter faz o contrário: mantém uma boa base há pelo menos uns seis anos. O resultado: um time entrosado que, com uma boa dose de categoria e genialidade de D’Alessandro, é quase imbatível em território sul-americano. Na verdade essa não é nenhuma receita nova. O próprio Barcelona mantém uma base há um bom tempo, e soma a essa boa base a genialidade de Messi, e é por isso que tem o melhor time do mundo. Entrosamento e anti-improvisação são as palavras de ordem no futebol pós-moderno. Juntar um monte de jogadores que nunca se viram na vida e largá-los em campo para jogar achando que a genialidade individual vai resolver tudo quase nunca deu certo. As duas últimas seleções que fizeram vexame nas copas de 2006 e 2010 são a prova disso. Já os bem-sucedidos Inter, Barcelona, LU do Chile e Lajeadense (que manteve a base vice-campeã da Copinha) são a receita do sucesso. Improviso, só nas peladas dos “com camisa” contra os “sem camisa”.
VOLTA DE ROTH – É por isso que, já em janeiro, profetizo: o Grêmio, durante 2012, terá a passagem de Celso Roth pelo Olímpico. Ele é o único capaz de evitar que o improviso tricolor vire tragédia.

Um bom final de semana a todos. Ah, e ia esquecendo: um bom Gre-Nal a todos. Se é que isso é possível...
*Texto publicado no J Missões deste sábado.

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