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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O velho e bom Dost

Dizem que a seguinte citação foi escrita por Dostoiévski, ou Dost, para os íntimos, em uma reflexão de seus sentimentos pelo próprio pai. Há muitos pais de Dostoiévski por ai disfarçados tanto de homens quanto de mulheres novos e velhos.

"Pois então continua a me escutar. Do outro lado, energias jovens, frescas, que se gastam em vão, sem apoio e isso aos milhares em toda a parte. Mil obras e boas iniciativas se poderiam fazer com o dinheiro dessa que essa velha vai deixar ao mosteiro (* ela ia deixar um dinheiro ao mosteiro para comprar uma vaga no céu - tem gente que ainda acredita que vai levar dinheiro para o céu/inferno). Centenas, talvez milhares de existências conduzidas ao bom caminho; dezenas de famílias salvas da miséria, da dissolução, da ruína, da corrupção, dos hospitais de doenças venéreas. E tudo isso com o seu dinheiro. Matá-la, tirar esse dinheiro dela, para com ele dedicar depois ao serviço de toda a humanidade e ao bem geral. Que te parece? A mancha de um só crime não ficaria apagada, insignificante, com milhares de boas ações? Por uma vida... mil vidas salvas da miséria e da ruína! Uma morte, mas, em troca, mil vidas... É uma questão de aritmética. E o que pesa nas balanças vulgares da vida essa velhota tísica, estúpida e má? Não mais que a vida de um piolho, de uma barata, e pode ser que ainda menos, já que se trata de uma velha má. Ela se alimenta da vida alheia, é má" (Crime e castigo, p.79)

Nada mas.