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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Alucinógeno vermelho

Ultimamente tenho me perguntado: o que as pessoas andam tomando no Beira-Rio? Primeiro, após o empate em 1 a 1 contra o Santos, onde o Inter literalmente escapou de tomar uma goleada em casa, mais por sorte do que por juízo, ouvi o Dorival Junior falando: “Temos que manter o ritmo desse último jogo”. Tipo, como assim, Bial? O time levou um passeio do Neymar e Cia em casa e deve manter esse ritmo de 10 por hora? Legal, legal, os gremistas agradecem.
Depois, na última quinta-feira, o Inter perdeu para um time que eu nem sei como se escreve. Um time que eu nunca tinha ouvido falar, parece que do Peru. Assisti ao jogo. Foi divertido. Os peruanos passearam em campo, fizeram 1 a 0 e perderam mais umas cinco chances claríssimas de gol. Entretanto, após o jogo, os colorados reclamaram de um pênalti não marcado e botaram a culpa no vento e no gramado sintético. Ou seja, todos foram culpados, menos os intocáveis jogadores. Novamente mais por sorte do que por juízo, a vida colorada foi salva na Libertadores, dessa vez pelo Santos. Aliás, o Inter só se classificou porque os outros dois times do grupo eram ruins demais. Entretanto, como eu ainda não descobri o que o pessoal anda usando no Beira-Rio (LSD, marijuana, cachaça, enfim, vá saber), a diretoria, treinadores e jogadores estão achando que está tudo bem. Para os gremistas, isso é engraçado. Mas fico imaginando a irritação dos colorados, vendo seu time ser massacrado por um time risível na Libertadores, tendo que ouvir desculpas bizarras de jogadores, técnico e diretoria. Enfim, algo mais bizarro que isso será só se o Inter cair diante do Veranópolis e todo mundo achar que está tudo azul (sic!) no Beira-Rio. GRÊMIO – Já a vida do Grêmio é, teoricamente, mais tranqüila, pois ainda está vivo na Copa do Brasil e deve passar pelo Canoas hoje. Ou seja, o time do vovô Luxemburgo ainda não chegou na fase que o Inter está, de inventar desculpas toscas para justificar o injustificável. Espero que nem chegue a esse ponto. SER – A campanha da SER na SEGUNDONA (não me venham com frescura de Divisão de Acesso, afinal, no fundo é segunda divisão, pô!) parece mais uma montanha russa. Numa rodada, tá lá nas cabeças, na outra tá em 6° lugar. À distância, fico sem saber o que pensar sobre meu time. Espero que hoje, contra o tradicional Glória, em Vacaria, a equipe se decida em que lado quer ficar e mostre que tem condições de voltar para a Série A. DICA – Dica para o pessoal da SER: na terça de tarde dêem folga para os jogadores e os coloquem na frente da TV para assistir e aprender com Barcelona e Chelsea. O primeiro ensina como atacar. O outro ensina como se defender. Uma pulga atrás da orelha está me soprando que os ingleses chegarão à final da Liga. Bom final de semana a todos. Hasta! * Texto publicado no J Missões de sábado.

sábado, 14 de abril de 2012

O pai dos filhos da puta

Pouco antes do anoitecer o Sr. Tanimoto encontrou sua vizinha, a sra. Kamai, uma jovem de vinte anos, acocorada no chão, com o corpo da filha nos braços. Evidentemente o bebê estava morto há muitas horas. A sra. Kamai se levantou de um salto ao ver o reverendo e pediu: “O senhor poderia tentar localizar o meu marido, por favor?”. O marido fora convocado no dia anterior, e o casal Tanimoto passara a tarde com a viznha, esforçando-se para distraí-la. O Sr. Kamai se apresentara ao quarte regional do exército de Chugoku, onde cerca de 4 mil soldados estavam alojados. A julgar pelos muitos militares mutilados que vira durante o dia, o pastor deduziu que o quartel fora seriamente danificado pela coisa que atingira Hiroshima. Sabia que não havia possibilidade de encontrar o marido da jovem, ainda que o procurasse, mas quis animá-la. “Vou tentar”, respondeu. “O senhor precisa achá-lo”, ela insistiu. “Ele amava tanto nossa filha! Quero que a veja mais uma vez”. O trecho acima é apenas uma das tantas histórias horripilantes do livro Hiroshima, de John Hersey. A grande reportagem do jornalista, que na verdade era chinês, foi escrita um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial, ou seja, um ano depois dos Estados Unidos lançarem bombas atômicas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A primeira, conforme o livro, tinha 250 mil habitantes. 100 mil morreram. E 100 mil ficaram feridos. Já na segunda foram pelo menos 80 mil mortes. A descrição feita por Hersey aponta como a população de Hiroshima não sabia o que estava acontecendo e praticamente todos os sobreviventes foram para a beira do rio da cidade, entrando nas águas para não morrer queimada (nesse processo, alguns morreram afogados) e, dentre essas pessoas, haviam inúmeras crianças. Lendo a narrativa de Hersey, fico pensando: “apenas um demônio poderia autorizar tal absurdo”. Fui pesquisar na internet para ver o rosto desse demônio. E achei. Seu nome é Harry
Truman, que tem essa cara aí da foto de avô bomzinho. Esse é um dos pais de todos os filhas da puta da humanidade. Está no mesmo rol de Hitler, Mussolini e outros sanguinários psicopatas assassinos de massas. Muitas outras pessoas tiveram uma participação fundamental nas bombas, mas foi esse cidadão que deu a última palavra, pois ele era o presidente dos Estados Unidos. Segundo o Mr. Google, ele faleceu em 26 de dezembro de 1972 e encontra-se sepultado em Harry S. Truman Livraria e Museu. Eis um lugar que eu ainda quero urinar e defecar, pois um sujeito desses não merece o respeito nem de um rato. Enfim, de qualquer forma, fica a dica para a leitura desse livro, publicado pela Comanhia das Letras, e considerado por muitos como o mais importante texto jornalístico de todos os tempos.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Patati x Patatá

Essa noite aconteceu algo que nunca imaginei que fosse possível. Sonhei com o Patati e o Patatá. Acho que é de tanto assistir aos DVDs deles com a Bilula. Mas foi um sonho muito bizarro onde aconteceu o seguinte: Era um jogo de futebol disputado no Beira-Rio. O estádio estava lotado com torcedores de azul e branco (do Patati) e de vermelho e verde (do Patatá). A rivalidade era tremenda! Mais do que Gre-Nal, Bra-Pel, Fla-Flu e Corinthians e Palmeiras. Torcidas de Grêmio e Inter são fichinha perto das do Patati e do Patatá. Eu estava torcendo pelo Patati. Provavelmente meu subconsciente levou para esse lado, pois o uniforme dele é azul e branco. E eis que o time do Patati saiu ganhando: 1 a 0. Jogão de bola. Era um monte de Patatá e um monte de Patati misturado com jogadores reais como Neymar, D’Alessandro, Kleber, etc. E, lá pelas tantas, eu também estava jogando, vestido de Patati. Dei uma caneta num Patatá e chutei forte, a bola explodiu na trave. A minha angústia foi muito real. Ouvi um “uhhhhh” vindo das arquibancadas”. Mas aí aconteceu o que eu nunca imaginava. O time dos Patatis dominava o jogo, quando um Patatá arrancou pela direita, entortou o marcador e cruzou.
O D’Alessandro, que jogava no time dos Patatás, acertou de primeira. Pegou mal na bola, que quicou, mas enganou o goleiro, um Patati autêntico. Gol dos Patatás aos 48 do segundo. Olhei para as arquibancadas e os vermelho e verde comemoravam. Mas os azul e branco também, pois os Patatás eram favoritos. Enfim, quando terminou o jogo eu conversava com o Patati e o Patatá originais quando eu acordei. Olhei para o bonequinho do Patatá da Bilula e murmurei em voz baixa: “Espera até a próxima, man! O jogo não acabou”.

domingo, 8 de abril de 2012

Rará milicada! É pegadinha do Malandro!!

Peguei vocês, né não? Acreditaram que a milicada tinha me calado! Rará! Pegadinha do Malandro! Nenhum militar nunca vai me calar, ainda mais em 2012. Se me matarem, primeiro, eu volto para puxar os pés deles, dos filhos e até dos netos deles. E mais: meus brothers estão com os contatos de todos e me garantiram que vão lhes aplicar uma tortura que os holandeses da antiguidade aplicavam aos católicos: um grande caldeirão é posto emborcado sobre o ventre nu da vítima; dentro dele são colocados grandes ratos vivos. O fogo aceso em cima dos caldeirões enlouquece os ratos, que para se salvar do calor, roem o ventre e se afundam nas entranhas do priosioneiro. Os militares que se acham muito maus devem se informar sobre o jornalista Hunter S. Thompson, criador do jornalismo gonzo, e tão violento quanto o mais cruel dos generais. É para pesquisar a vida dele que estou embarcando rumo aos States em breve...
Aliás, odeio gente sem humor... Os meus leitores conterrâneos são muito sérios. Deveriam assistir mais seriados norte-americanos de vez em quando. Além do mais, nem sei porque leem minha coluna, se é para se estressarem e perderem o sono. Por que não vão ler bula de remédio ou o Analista de Bagé? Agora, uma promessa que fiz na minha última coluna vou cumprir: vou jogar um níquel em um cassino em Las Vegas e, se ganhar, vou mandar o prêmio para cada um dos que me xingaram e ameaçaram. Aliás, depois dos últimos episódios eu poderia até pedir exílio político nos Estados Unidos. Já pensou, um exilado político fugido do Brasil em 2012? Pois é, mas existe. O irmão de Celso Daniel, que foi assassinado pela cúpula do PT (conforme o correspondente do New York Times e jornalista super-reconhecido em todo o mundo Larry Rhoter) está na França como exilado político. Aliás, jornalistas têm a função e quase que obrigação de ser oposição: Amaury Ribeiro Júnior detona com os tucanos em Privataria Tucana, Larry Rohter detona os petistas em Deu no New York Times. E eu? Eu nada, escrevo aqui, teoricamente sobre esporte. E cadê o esporte?, deve estar se perguntando o astuto leitor. O esporte está em todo o lugar. O esporte serve para esquecermos a burrice do fanatismo político, religioso e até esportivo! Complexo, não? Bom, encerro por aqui a coluna de hoje. Espero que tenham espirituosidade para sofrer uma pegadinha do Malandro pós-Páscoa. Só espero que a dupla Grenal e a SER não nos apliquem pegadinhas durante esse ano, do tipo, chegar na final e perder para um time bizarro, como o Anapolina ou o Mazembe. Abraço a todos! Quem está de mau humor toma uma de pura, relaxa e, se der, goza. Hasta la revolución! *Texto que será publicado no próximo final de semana no J Missões.

Até um dia

Uma das premissas básicas do jornalismo, ensinada lá nos primeiros semestres do curso, é o direito que as pessoas envolvidas em uma matéria ou texto jornalístico (inclusive de opinião), tem direito de resposta. Sobre o texto que se segue, tenho duas considerações a fazer: 1) a minha defesa pela garantia constitucional da pluralidade de idéias; e 2) o meu total repúdio à ignorância. Vamos ao texto. Sobre o primeiro item, quero comentar o texto que escrevi na última semana intitulado “Driblando a milicada”. Vários leitores que serviram ao Exército naquele período entraram em contato comigo, por telefone e por email, alguns para reclamar, educadamente, e outros para me ameaçar e ofender, ao melhor estilo ditadura militar. Minha consideração é só por aqueles que falaram educadamente. Realmente, eu poderia ter acrescentado ao texto da semana passada que aquilo que é tão criticado no regime militar (a censura e a tortura) aconteceu, principalmente, no eixo Rio-São Paulo. Ou seja, entendo e respeito alguns dos militares que atuaram em Santo Ângelo (não todos) e que agiram no sentido de atuar em benefício ao desenvolvimento do Brasil. Também não nego que, em alguns pontos, o governo dos militares tenha feito coisas que ajudaram o país a se desenvolver, como o desenvolvimento das teles que permitiu esse sistema que temos hoje de telefonar de Santo Ângelo para qualquer lugar do Brasil, por exemplo. Já estudei muito sobre isso. Entretanto, esse não era o meu objetivo naquele momento. No referido texto, apenas fiz menção a perseguição que foi feita ao Pasquim, o que é de conhecimento público, além do assassinato de pelo menos 20 jornalistas no período de 1964 até 1985, conforme consta no livro de Fernando Jorge, “Cale a boca, jornalista”. Alguns, mesmo que educamente, também entenderam, erroneamente, que eu sou comunista e tenho ambições políticas. As duas afirmações são erradas. Primeiro, não sou nada comunista, inclusive, tenho data marcada para viajar para o ultra-capitalista Estados Unidos. Além disso, acho que essa discussão entre extrema-direita e extrema-esquerda é coisa que ficou no passado. Temos que evoluir e nos inserir nas discussões contemporâneas de desenvolvimento tecnológico e social. Direitistas conservadores e comunistas estão vivendo em um mundo a parte, como se fosse uma bolha. Enfim, é um mundo que só sobrou na mente deles. E, segundo, tenho clara a influência do Erico Verissimo, onde sou, reconhecidamente (inclusive pelo seu filho, Luis Fernando Verissimo), como um dos maiores especialistas na obra dele. E, se tem alguma coisa que aprendi com ele, foi a não me meter em picuinhas políticas. Nunca vou ser candidato a vereador, prefeito, deputado, governador, presidente, sequer a síndico de prédio. Não tenho estômago pra isso. Já sobre o segundo ponto, faço aqui meu repúdio público para aquelas pessoas que partiram para a ignorância e não para a discussão de idéias, apelando para ameaças e xingamentos. Dessa forma, jogo a toalha, pois tenho mais com o que me preocupar (família, docência, pesquisa, etc) do que estar discutindo com essas pessoas. Assim, encerro hoje, aqui e agora, a minha participação na imprensa santo-angelense, já que, para muitos, não sou digno a ela. Vou me restringir a torcer de longe pela ressurreição da SER Santo Ângelo e do Grêmio. Já para aqueles que odeiam meus textos, aconselho que, ao invés de ir procurar eles em outros locais, que vão ler o cardápio de um restaurante vegetariano. E saibam que vou jogar um níquel em algum cassino de Las Vegas em homenagem a eles. Se eu ganhar, mando o prêmio pelo correio. Hasta la vista! Ah, e feliz páscoa a todos! *Texto publicado no J Missões da última sexta-feira