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sábado, 14 de abril de 2012

O pai dos filhos da puta

Pouco antes do anoitecer o Sr. Tanimoto encontrou sua vizinha, a sra. Kamai, uma jovem de vinte anos, acocorada no chão, com o corpo da filha nos braços. Evidentemente o bebê estava morto há muitas horas. A sra. Kamai se levantou de um salto ao ver o reverendo e pediu: “O senhor poderia tentar localizar o meu marido, por favor?”. O marido fora convocado no dia anterior, e o casal Tanimoto passara a tarde com a viznha, esforçando-se para distraí-la. O Sr. Kamai se apresentara ao quarte regional do exército de Chugoku, onde cerca de 4 mil soldados estavam alojados. A julgar pelos muitos militares mutilados que vira durante o dia, o pastor deduziu que o quartel fora seriamente danificado pela coisa que atingira Hiroshima. Sabia que não havia possibilidade de encontrar o marido da jovem, ainda que o procurasse, mas quis animá-la. “Vou tentar”, respondeu. “O senhor precisa achá-lo”, ela insistiu. “Ele amava tanto nossa filha! Quero que a veja mais uma vez”. O trecho acima é apenas uma das tantas histórias horripilantes do livro Hiroshima, de John Hersey. A grande reportagem do jornalista, que na verdade era chinês, foi escrita um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial, ou seja, um ano depois dos Estados Unidos lançarem bombas atômicas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A primeira, conforme o livro, tinha 250 mil habitantes. 100 mil morreram. E 100 mil ficaram feridos. Já na segunda foram pelo menos 80 mil mortes. A descrição feita por Hersey aponta como a população de Hiroshima não sabia o que estava acontecendo e praticamente todos os sobreviventes foram para a beira do rio da cidade, entrando nas águas para não morrer queimada (nesse processo, alguns morreram afogados) e, dentre essas pessoas, haviam inúmeras crianças. Lendo a narrativa de Hersey, fico pensando: “apenas um demônio poderia autorizar tal absurdo”. Fui pesquisar na internet para ver o rosto desse demônio. E achei. Seu nome é Harry
Truman, que tem essa cara aí da foto de avô bomzinho. Esse é um dos pais de todos os filhas da puta da humanidade. Está no mesmo rol de Hitler, Mussolini e outros sanguinários psicopatas assassinos de massas. Muitas outras pessoas tiveram uma participação fundamental nas bombas, mas foi esse cidadão que deu a última palavra, pois ele era o presidente dos Estados Unidos. Segundo o Mr. Google, ele faleceu em 26 de dezembro de 1972 e encontra-se sepultado em Harry S. Truman Livraria e Museu. Eis um lugar que eu ainda quero urinar e defecar, pois um sujeito desses não merece o respeito nem de um rato. Enfim, de qualquer forma, fica a dica para a leitura desse livro, publicado pela Comanhia das Letras, e considerado por muitos como o mais importante texto jornalístico de todos os tempos.

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