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sábado, 10 de março de 2012

O pretendente

Sujeito pede uma audiência com o pretendente da filha. Aliás, eles já estão ficando. Rapaz vai jantar com a família, aquela coisa toda, e quando o rapaz se dirige para sair com a filha para a balada, o sujeito chama o próximo até o seu escritório.
Os dois entram. O clima é tenso:
- Sente-se – diz o pai, apontando para uma cadeira vazia.
O rapaz, todo sem jeito, obedece. Seu rosto começa a empalidecer.
- Você deve ter percebido que eu e minha esposa temos personalidades diferentes.
O rapaz fica mudo, não sabe o que responder.
- Não concorda? – insiste o pai.
- Si-sim – responde sem muita convicção o pretendente-ficante.
- Olha, meu rapaz, como você viu, minha esposa fala bastante. O que quer dizer que se você chatear minha filha ela vai te xingar, brigar contigo, fazer barraco, etc... Mas não precisa se preocupar, porque você só ouvirá desaforos, não irá se machucar...
O pai espera uma resposta, mas o sujeito nem pisca. “Onde esse merda quer chegar?”, ele se pergunta mentalmente. Passam-se 48 segundos de um silêncio ensurdecedor até que o diálogo prossiga.
- Entretanto, como você percebeu na janta, eu quase não falo. Não sou homem de palavras. Sou homem de ação.
Então, o pai se levanta calmamente e chama o rapaz com o indicador. Dirige-se lentamente até um armário e abre a porta mostrando para o rapaz cinco cabeças sem vida que jazem lá dentro. Em seguida, abre a porta do escritório e faz sinal para o rapaz sair. O pretendente-ficante, com as pernas tremulas e sem ar está saindo, quando o pai pergunta:
- Entendido?
O rapaz não consegue explanar nenhum som de sua boca. Fica com ela entreaberta e segue rumo a porta, deixando a filha do sujeito para trás...
O pai murmura para si mesmo: “bom garoto”.
FIM

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