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segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre Crime e Castigo

Terminei de ler ontem o Crime e Castigo, do Dostoiévski. Esse era um livro que há muito tempo estava na fila para ser lido, até que, dia desses, unindo o útil ao agradável, terminei por lê-lo. Enfim, é difícil comentar um livro que é um clássico e escrito por um dos autores mais conhecidos da literatura mundial, por isso, vou me limitar a passar as minhas impressões pessoais sobre a narrativa e quem quiser uma opinião mais qualificada, que vá buscar no Google acadêmico...
Resumidamente, a história trata de Raskólhnikov, que também é chamado de Rocka. Vou tratá-lo por Rocka, que é mais fácil de escrever e de o leitor ler. Enfim, Rocka é um ex-estudante miserável e idealista, metido a intelectual, e completamente maluco que vive em São Petersburgo do século XIX, época em que o velho Dost escreveu o livro. Durante a narrativa inteira, o personagem principal passa debatendo idéias e matutando mentalmente uma porrada de teorias humanas, assim como os personagens secundários também discutem às vezes entre si, principalmente sobre o estado de saúde mental de Rocka.
Fazendo um resumo do resumo do miolo da história, Rocka adota a seguinte teoria, já exposta em citação feita dias atrás nesse blog: se ele matar uma velha avarenta e rica, que só faz mal aos outros, e pegar esse dinheiro para sair da miséria e ajudar aos necessitado, ele não estará comentando nenhum crime, moralmente falando. Para além dessa teoria, ele também levanta outra: por que Napoleão (e isso vale para qualquer líder que usa a força e a guerra) pode matar milhões de inocentes e eu não posso matar uma velha rica e inútil à sociedade para partilhar os seus bens?
Enfim, a partir disso, ele traça um plano para cometer o crime perfeito. Mas, tanto na hora da execução, quanto no período pós-crime (sim, ele mata a velhinha) os nervos e o sentimento humano, além das suspeitas psicológicas que passam a ser levantadas contra ele, vão tomando conta do cenário. Apesar de matar a velha, o pouco que ele rouba acaba escondendo embaixo de uma pedra, na qual ele nunca mais a procuraria. Diante do “fracasso” da empreitada, em certo momento ele chega a concluir mais ou menos o seguinte: “toda a ação, se fracassada, parece tola aos olhos dos outros”. E, pensando hoje, essa idéia vale para tudo: o político que perder por um voto de diferença que fatalmente se sentirá um fracassado; o time que jogou melhor, mas levou um gol de pênalti no último minuto (mesmo que não tenha sido pênalti), que também carregará a cruz do fracasso; e assim, sucessivamente.
Nesse sentido da psicologia humana individual e coletiva, são expostas diversas outras teorias. Além das já destacadas por gente como o Larry Rohter, que já citei aqui, que diz que em Crime e Castigo o velho Dost é o primeiro a descrever o princípio de que os seres humanos criam teorias para justificar aquilo que eles sabem estar cometendo de “errado”, e das outras teorias que são citadas nos cursos de Direito (como as provas psicológicas x provas palpáveis), enfim, o ponto principal que quero destacar aqui é a sensação psicológica altamente nervosa de alguém que fez algo escondido que não assumiria publicamente, e que passa permanentemente temendo ser descoberto. Ponto. Isso vale para tudo. E tem tudo a ver com as discussões sobre opinião pública, de Walter Limppmann à Espiral do Silêncio, de Noelle-Neumann, que defende que uma pessoa que tem uma opinião X, quando está diante de pessoas que têm opinião Y, tende a silenciar ou a “fingir” ter a mesma opinião Y.
Mas enfim, como bem conheço a preguiça do vagal leitor, vou parando por aqui, e fica mais uma dica de leitura. Ah, e não indico a edição que eu li, da L&PM, porque está repleta de erros de digitação, repetição de palavras, como por exemplo “o direito direito ao crime”, etc. Nesse ponto, essa edição é horrível.
Hasta!

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