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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Competição de gritos

Depois de levar uma semana para conseguir alugar um apartamento, outra esperando até que ligassem a luz do AP e outra arrumando as coisas, a vida em Pelotas finalmente está se normalizando aos poucos. E, agora, nesse exato momento, só posso dizer que está tudo sensacionalmente bem. Além da luz, instalei a NET que conta com internet e TV a cabo. São dezenas de canais que vão me salvar de Faustão, Raul Gil, Ratinho, novelas da Globo & Cia nos próximos dias. O problema é que muitas vezes você não sabe o que quer ver. Agora há pouco mesmo estava na dúvida: assistir a Florianópolis e Joinville no futsal, Criciúma e Americana pela Série B ou o Chaves em Acapulco? Acabei optando pelo jogo do Joinville, esperando ver meu primo Alemão nas arquibancadas do ginásio...
Enfim, além dessas questões mais domésticas, a cidade também é muito boa. Agora, depois de quase quatro semanas em Pelotas, posso passar impressões mais precisas e eficazes sobre a cidade. Hoje, inclusive, fomos a uma doçaria. Até consegui comer doces sem ovo, vejam vocês. Tem foto e tudo, mas ainda não baixei.
E a minha bilulinha está a cada dia mais esperta. Minha irmã havia me dito que tinha feito um campeonato de grito com ela. Tentei fazer o mesmo e não é que deu certo? Ela deu um gritinho “aaaaahhhh” e ficou me olhando, desafiando-me para um confronto de gritos. Então, eu a olhei, fiz cara de sabichão e “aaaahhh”. Ela me olhava com os olhinhos arregalados, sem piscar. Então ela tomou ar, se concentrou e “aaaaaahhhhhhhh”. E ficou me olhando, esperando resposta. Não me dei por vencido e fiz “aaaaaaaaahhhhhhh”. Então, ela se concentrou ainda mais, cerrou as mãozinhas, encheu ainda mais os pulmões e “aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh”. Ao vê-la me encarando desafiadoramente, não me agüentei e cai na risada. De tanto rir, não conseguia mais retrucar ela que ainda provocava, fazendo “aaaahhhhs” curtos para ver se eu continuava.
Além disso, agora ela só quer estar no chão. Hoje mesmo, ela pegava a chave do carro do pai, que está, juntamente com a minha mãe passeando por aqui, e soltava no chão. Então, ela forçava o corpo para que eu a abaixasse, até que ela pegasse a chave. Com o molho de chave nas mãos, ela ameaçava chorar se eu não a erguesse novamente em pé no chão. Uma vez em pé, ela soltava seus gritinhos de contentamento e chacoalhava a chave, até largar novamente no chão. E assim a brincadeira segue incessantemente. Ela parece não cansar nunca! Quando minhas costas começam a doer insuportavelmente de estar curvado, eu sento no sofá e a coloco no colo. Ela não gosta, joga-se com tudo para trás, e enche os pulmões e solta seu ensurdecedor “buáááááá!”. Não adianta. Tenho que me curvar novamente e colocá-la no chão, em pé, comigo a segurando por debaixo dos braços e, assim que toca os pés no chão, começa a festa dela. Agora eu sei por que os velhinhos ficam corcundas...
Para finalizar, descobri mais um item para aquela lista que fiz outrora de lubrificantes sociais. Resumindo a teoria do meu professor Jacques Wainberg, da PUCRS, os lubrificantes sociais são elementos que facilitam o início de um diálogo entre duas pessoas desconhecidas. Então, bebês são os melhores lubrificantes sociais. Você saí com um bebê no colo, ainda mais se for lindo como o meu, todos lhe cumprimentam amigavelmente e, seguidamente, puxam assunto. É sensacional. Quem tem dificuldades em se relacionar com desconhecidos, deve arranjar um bebê imediatamente e sair passeando por ele por praças, restaurantes, lojas, supermercados, etc.
Bom, por hoje é isso pessoal. Hasta!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Estreia Xavante

Eu nunca dava muita bola quando vinha algum pelotense falando: a torcida do Brasil (de Pelotas) é fora de sério. Sempre suspeitava que fosse algum exagero midiático querer dizer que a torcida de um time que hoje joga a Série B do Gauchão e a Série C do Brasileirão pode competir em número e fanatismo com as torcidas da dupla Grenal. Tudo bem, até considerava que a torcida xavante fosse a mais fanática do interior, deixando para trás as torcidas de Pelotas, Caxias e Juventude. Mas a comparação com a Geral do Grêmio ou com a Popular do Inter soava sempre como algo desproporcional. E exatamente no dia de hoje mudei esse conceito.
Cheguei ao estádio Bento Freitas faltando pouco menos de uma hora para o jogo contra o Joinville, pela segunda rodada da Série C do Brasileirão. O clima era de um grande jogo. Via homens, mulheres e crianças, todos vestidos com o uniforme do Brasil. As proximidades do estádio estavam super movimentadas e havia filas quilométricas para comprar ingresso e para entrar no estádio. Por um momento cheguei a temer ficar do lado de fora. Além disso, ambulantes vendiam camisas, bandeiras, bonés, almofadas e outras bugigangas, tudo vermelho e preto. Tudo xavante. Enquanto estava na fila para entrar no estádio, chega a charanga batucando e fazendo um barulho incrível. Inicialmente, ainda com a sirene de suspeita ligada, pensei com meus botões: “deve ser só esses 50 ou 100 torcedores cantando. A maioria deve ficar quieta”. Novo engano.
Entrei no estádio faltando meio hora para o início do jogo e ele está cheio. Não chegou a lotar completamente, mas estava bem cheio. Quando o Brasil entra em campo, abre-se uma bandeira gigante e toda a arquibancada canta junto, fazendo coreografais de dar inveja às grandes torcidas da série A. O jogo começa, o Brasil pressiona. Assim como também é grande a pressão da arquibancada. A cada ataque, a torcida enlouquece, parece que vai entrar em campo. E, ainda no primeiro tempo, o Xavante abre o placar para delírio do estádio, que quase vai abaixo. Mas, vem o segundo tempo e o Joinville volta pressionando e jogando melhor. A arquibancada fica apreensiva e, como o Brasil voltou fechado, aconteceu o óbvio: gol de pênalti do Joinville. A partir daí aparece a rivalidade Bra-Pel. A raiva da torcida inicialmente volta-se para dois ex-Pelotas: o técnico Beto Almeida e o zagueiro Jonas. Os dois ficaram bastante tempo na Boca do Lobo e por isso sempre os xingamentos eram acrescidos de “seu lobo filho da...”! Lobo é o apelido do Pelotas. Sei que para quem é de Pelotas esse texto vai parecer óbvio, pois o povo daqui já está acostumado com isso, mas, como a maioria dos leitores não moram em Pelotas, estou explicando tudo minuciosamente... Enfim, depois, na segunda metade do segundo tempo, a raiva troca de lago. A bola da vez é o árbitro, que não marca dois supostos pênaltis e anula um gol (ao meu ver legítimo) do Xavante. Ele marcou falta no goleiro, que eu não vi. A torcida enlouquece. Olho a cerca que separa as arquibancadas do gramado e penso: vão invadi. Entretanto, após muita pressão do Brasil, o árbitro aponta o centro do campo e a torcida e os jogadores do Joinville comemoram o empate como se fosse um título. Já a torcida do Brasil reconhece o esforço do time, e sai do estádio cantando seus hinos. Definitivamente o Brasil é um clube grande, afinal, é um clube da massa.
Pelo visto cheguei a Pelotas na hora certa, pois o semestre será marcado por grandes e decisivos jogos. Diferentemente do que está acontecendo com os dois clubes Porto Alegre...
Hasta!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O vigarista, o garoto de Liverpool e Lobão

Após muita persistência, perseverança, irritações e mantras da minha parte, o pessoal da CEEE finalmente ligou a luz do AP na quinta-feira. Não é a toa que ficou um dia inteiro chovendo em Pelotas... Enfim, com luz elétrica novamente fazendo parte de minha vida, pude assistir, entre ontem e hoje, dois filmes. Um excelente, outro um abacaxi. Comecemos pela fruta tropical...
Geralmente eu comento aqui somente os filmes que gosto, que quero indicar para o curioso e astuto leitor. Mas dessa vez vou começar pelo abacaxi. Trata-se de O Vigarista. Quando terminei de ver o filme me convenci que o único vigarista da história é quem fez o dito cujo. Já eu, fiquei com cara de quem levou um tremendo golpe. Para começo de conversa, o vigarista é simplesmente um ladrão de carro. A única enganação que ele faz é arrombar o carro e sair andando com ele. Simples assim. Igualzinho uma cambada de criminoso chinelo faz por aí... O detalhe é que é um ladrão de carro com cara de galã. No início do filme ele está saindo da prisão, para cumprir a pena em regime aberto. Até aí, tudo ok, você pensa que algo criativo está para acontecer. Porém, depois disso, é uma sequência de clichês insuportáveis e irritantes. Tudo que é previsível e clássico no cinema clichê norte-americano está presente no filme. O ladrão vira bonzinho, pega uma gostosona loira, mas arrogante, e acaba se apaixonando pela secretária da loira, uma bonitinha com jeito de sonsa. Ou seja, o ex-ladrão arrependido apaixona-se pela bonitinha boazinha. Então, o ladrão combina com a polícia uma forma de pegar os seus ex-comparsas, mas, aí rola um sentimentalismo barato, pois o seu ex-chefão no crime é como se fosse um pai. Quer algo mais sem criatividade que isso? Pois é, mas tem mais. No fim, os bandidos são presos, o mocinho ex-criminoso fica com a boazinha sonsa e a loirona, que apesar de arrogante não é malvada, fica com o chefe de polícia. Fim. Depois de ver um filme desses, só um bom trago e um banho quente para aliviar a cabeça...

Já hoje vi um filme que gostei muito: Garoto de Liverpool. Trata da história do John Lenon. Para quem não conhecia a história de infância-adolescência do John é sensacional: emociona, envolve, irrita (com a dose de rebeldia desproporcional dele), enfim, faz pensar. Mas, como esse é um filme que espero que o astuto leitor veja, não vou contar detalhes para não tirar o sabor de novidade. Resumindo, trata-se de um puta filme.
Bom, além de ver filmes, arrumar a zona do AP, ler livros de jornalismo e preparar as aulas, estou avançando cada vez mais no livro do Lobão. Cara, da parte em que ele conta sobre o lance da sua prisão em diante, trata-se de jornalismo (gonzo) puro. São putas denúncias contra a Justiça, contra a polícia, contra políticos, contra a imprensa... Coisas inacreditáveis que eu desconhecia (até porque na época em que tudo rolou eu tinha uns 7 ou 8 anos). Com certeza, esse livro futuramente (provavelmente depois que o Lobão bater as botas) vai virar filme. Como gosto do cara, espero que demore...
Por enquanto é isso, pessoal. Voltaremos!

Saudosas doideras

Sempre fazendo mudança acontecem coisas, do tipo, você encontrar fotos e cartões que você nem lembrava que existiam. Outro dia, antes da mudança, cheguei do trabalho, após uma sexta-feira daquelas, fechando páginas e aguentando a mulherada da redação do JM na TPM, e me deparo com a patroa, que joga um envelope em cima da mesa e pergunta, inquisidoramente:
- O quê é isso, Eduardo??!!
Quando ela me chama de Eduardo é porque a coisa ta feia. Olhei aquele envelope, azul com uns coraçõezinhos prateados e fiz a única coisa que poderia fazer naquele momento: pensar. Não fazia idéia de onde tinha surgido aquilo. Pego-o com calma e lentamente abro o dito cujo, com a testa enrugada, característica de meu pai, e então tiro um cartão de dentro do envelope envelope. Era um cartão esteticamente bem desenhado e nele havia alguns dizeres, com uma letra bem desenhada, afirmando que eu era muito especial e outras coisinhas mais. Então, larguei o cartão e o envelope num canto e resmunguei:
- Ah, esse eu ganhei da XX, de dia dos namorados, mas nem lembrava mais que existia... Aliás, nem lembrava de ter guardado esse troço...
A atitude da patroa é aquela clássica do gênero. Em meio a um beiço fenomenal, ela diz, rasgando tudo:
- Bom, se não serve mais pra nada então vou botar no lixo...
E assim se foi o último resquício físico de lembrança que eu poderia ter daquele período em que eu pegava o carro do meu pai para ir passear em Entre-Ijuís nas noites de sábado...
Enfim, chegando em Pelotas, desencaixotando a muambada toda, deparo-me com aqueles pequenos álbuns de fotografias... Algumas fotos até já passei para o PC e botei no Orkut ou aqui mesmo no blog, não lembro bem, mas o fato é que fazia tanto tempo que não as via, que nem lembrava que existiam... Bem como já quase nem lembrava os dias em que foram batidas...
O primeiro álbum que peguei foi justamente o que tem as fotos do show dos Rolling Stones em Copacabana em 2006. Olhando as fotos, até eu duvido que eu de fato estive lá. Tem foto do Mick Jagger na janela do Copacabana Palace, foto de uns caras vestidos de terno e gravata com microfones e câmaras de papelão “filmando” para a Rede Bobo, tem bateria de escola de samba desfilando pela avenida, tem monumento feito na areia com golfinhos e com o seguinte escrito “The Rollin Stone Rio 2006” e... só! Aí escureceu e na hora do show não consegui tirar mais fotos porque a máquina não tinha flash... coisas que acontecem. Enfim, vendo essas fotos me passou uma novela na cabeça, desde a minha saída de ônibus de Ijuí, passando pelas 24 horas de viagem até o Rio, minha ida até a Ilha do Governador, nossa saída para o show (antes do meio-dia, porque depois não tinha mais metrô...), a preliminar que contou com show dos Titãs, o show dos Rollin Stones, o pós show (que está descrito no meu livro-reportagem que fiz como projeto experimental pela Unijuí, mas que ficou engavetado, segundo meu orientador, pela crise financeira daquela instituição...) e por aí vai. Na sequência das fotos aparecem eu, a irmã do Anônimo (que tem vergonha de aparecer no meu blog) e o amigo da irmã do Anônimo na pedra da Cebola (ou seria alho?), em Vitória (ES). Sim, na semana após o show era carnaval, e aproveitei para dar um pulo no meu amigo que morava em Guarapari (ES) na época. Em outra foto, está o Anônimo, a irmã dele e o amigo da irmã dele na referida pedra... e em outra, tem um avião, pois a tal pedra fica do lado do aeroporto de Vitória...Depois, têm fotos e mais fotos das praias de Guarapari, verdadeiros paraísos desertos... e lembrei da gente voltando de carro, de Vitória para casa (após eu perder o meu cartão e não ter como receber o dinheiro da rescisão do jornal em que eu trabalhava...), enfim, lembrei da gente voltando e cantando: “ritmo... é ritmo de festa! Rei! Rei! Rei! E a Sônia Lima lá! La La La La La! Lalalalalala!!!!!! E o Lombarde, lá...!”. É, meu brother, o tempo voa e a gente engorda...
Já no outro albinho, mais lembranças de apertar o peito! Na primeira foto, estou eu, de camisa do São Caetano, com meu amigo Vinícius Carioca e toda a família dele em um churrasco em pleno carnaval 2005 no Rio!!!! Lembro até hoje! Chegamos em casa de manhã (se não me engano, foi nessa noite que me perdi da tropa toda na Lapa) e lá por uma da tarde o Carioca me acordou: “Gaúcho! Acorda! Vamos comer um churrasco tipicamente carioca!”. Na foto estão os pais dele, o irmão dele e um povo todo vestido com camisas de escola de samba (do Salgueiro à Beija-Flor!). Maior astral, Bonsucesso 2005!
Mas, caralho! Virando a página eu encontro duas fotos clássicas. Na primeira, estão o Vinícius Carioca com uma máscara do Pooh, a vizinha dele (que não lembro o nome) o Rafael (botafoguense que me ensinou o significado da palavra “morgado” e que dizia que odiava São Paulo, e eu retrucava dizendo que um dia ele ia se casar com uma paulista...), o Rodrigo e eu! Cara, só eu estou feliz na foto, pois lembro que foi tirada logo depois que a vizinha do carioca me achou, ao acaso, na finaleira daquela mesma madrugada em que me perdi do resto do povo... Lembro que me perdi da cambada lá por dez da noite e só foram me encontra lá por cinco da manhã, quando eu, bêbado, estava discutindo com um PM dizendo que eu tinha que pegar o ônibus de volta para Bonsucesso porque um amigo meu mora lá e... (!?). Mas o pior foi que ainda me perdi outras vezes naquele carnaval inenarrável!
E a outra foto! Doidera total! Está o Mário, a referida vizinha do Vinicius Carioca, a Gisele (uma finlandesa carioca amiga do meu irmão!!!) e eu na 5ª DP no centro do Rio, pois roubaram a carteira do Carioca no meio da muvuca... Depois têm mais fotos com o povo todo no Terrerão do Samba, no ensaio da Imperatriz Leopoldinense, na Lapa, na Sapucaí (essa de dia, porque não tinha grana pra ir ver o desfile) e por aí vai...
Mudando de álbum, encontro uma foto minha, com uns 13 anos, praticamente desnutrido, com camisa do Grêmio e sorriso Colgate no rosto. Na sequência tem a clássica foto minha com o Kaká, que já foi publicada e explicada aqui nesse mesmo espaço, tirada em Camboriú, e... vejam vocês... eu com a galera de Tejupá (SP)!!!! Na época, eu trabalhei como mensageiro de um hotel em Camboriú e conheci esse povo, que estava em excursão de finaleira de segundo grau... o ano era 2002! Ou seria 2001? Agora não lembro... Enfim, foi no ano em que o Atlético-PR foi campeão brasileiro... ou seja, foi 2001 mesmo. Nada como o calendário futebolístico para nos ajudar nessas horas... Aliás, saudoso ano em que trabalhei no Hotel Costa do Marfim, lá na 1500... Pegava das 7h às 15h e várias vezes fui direto trabalhar sem dormir e saía do hotel e ia pra praia joga uma pelada... Lembro que uma vez o time que perdesse caía fora e nós ficamos uns cinco jogos sem perder, até que o povo pediu água de tão cansado que estava...
Depois têm fotos da praia e, vejam vocês, fotos tiradas na pensão que eu estava parando lá em Camboriú!!! Caralho! Tem foto do mexicano doido que cantava Racionais com sotaque gringo! Muito doido. Tem até uma foto duma mina pelada, enrolada numa toalha, passeando pelos corredores da pensão... Banheiro coletivo é foda...
Depois têm fotos dos saudosos Jimbo e Violeiro lá em casa... Jimbão, meu parceiro de mais de 15 anos, praticamente um irmão! Sei lá porque cargas da água também tem uma foto de roupas no varal lá de casa, com destaque para um sutiã vermelho, que deve ser da minha irmã (será que ela usava esse negócio naquela época?). E em seguida há fotos do Fórum Social Mundial 2005, em Porto Alegre! Outra doidera inenarrável, que mereceria uma centena de posts nesse blog.
Em outro álbum têm fotos tiradas com máquina profissional no litoral catarinense, do meu tempo de fotógrafo-acadêmico... e em mais um, de cara, deparo-me comigo mesmo tomando uma cerveja com o Drummond em Copacabana... E não é ficção! Essa foto também já postei em algum lugar por esse mundo internético... Porra! E mais pra frente tem foto com a cambada toda (Vinícius Carioca, Tarso, irmã do Tarso e Cíntia) na Feira de São Cristóvão no Rio, um centro de tradições nordestinas. Depois, têm fotos nossas em um churrasco, não sei onde, em que a banda do Vinícius Carioca está tocando e eu estou com camisa do São Caetano comendo um churrasco tipicamente carioca... Há ainda uma foto em que estou no sofá sentado com a Dalila (a cadela do Carioca) e, mais pra frente, estamos na rodoviária. Ainda tem uma foto que tirei do Morro do Adeus, mas não tive tempo de tomar a boca lá e fui obrigado a voltar para terras gaúchas... Mais para o final tem uma foto em que estou com cara de ressaca na Candelária.
Mas, porra, têm fotos mais antigas ainda! Em outro álbum, aparecem fotos minhas, de quando eu tinha 14 anos, pedindo autografo para o Gamarra e o Goicochea (então jogadores do time lá da beira do rio) e outra da Fernanda Abreu saindo do mar de biquíni (ela estava em Capão para o Planeta Atlântida). E têm fotos ainda da gloriosa excursão feita para Curitiba de quando eu estava na 8ª série e ainda tomava só Coca-Cola!
Caralho, têm mais outras fotos aqui, mas cansei. Outra hora, se lembrar, continuo... já que agora vou curtir sozinho esse momento nostalgia...
Hasta!
PS: se um dia for possível, escaneio essa porra toda aqui pra vocês verem... Ou melhor, não escaneio nada, vocês que venham me visitar e jogar conversa fora!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Escuridão e outras histórias

Prometi no último post dar as primeiras impressões sobre Pelotas. Creio que há pontos distintos a serem considerados sobre essas impressões.
Comecemos pela cidade.
Primeiro, de início, achei bem estranha. Há muitos prédios antigos, alguns caindo aos pedaços mesmo, e diversas ruas do centro não são asfaltadas. As ruas do centro durante a noite e nos finais de semana ficam semi-desertas, mas, nos horários de pico dos dias de semana faz lembrar de alguma forma a correria do centrão de Porto Alegre (muitas pessoas caminhando frenéticamente em todas as direções com caras de ocupadas e preocupadas).
Além disso, há uma peculiaridade interessante em Pelotas: a forte presença de seres caninos. Essa invasão de cães ocorre em duas frentes principais: a dos cães de ruas e a dos cães de pessoas. Você vê com muito mais frequência do que em outras cidades pessoas passeando com cães (na coleira, no colo, ou soltos mesmo). É mais comum você ver em Pelotas alguém passeando com um cão do que com uma criança (não estou fazendo nenhum julgamento de valor, é só uma constatação imparcial). Assim como você vê muito mais cães de rua do que moradores de rua (outra constatação). Por consequência de tantos cães transitarem pelas calçadas, quando você é um recém-chegado na cidade, você inevitavelmente pisa em merdas de cachorro. Eu, em uma semana, já pisei em umas três. E, a cada uma delas, amaldiçoei todos os cachorros do mundo. "Vão cagar na puta que os pariu!", berrei em uma rua deserta no domingo de tarde. Cheguei até a entender o que aqueles caras que amarraram um cão a um carro nessa mesma Pelotas poderiam estar sentindo naquele momento... Mas não sou tão cruel. Na próxima esquina, cruzei com um cachorro de rua que veio de orelhas baixas, olhos de cão arrependido e o rabo balançando em minha direção. Não tive como não sentir compaixão e piedade. Quase peguei aquela criatura meiga e a levei para o AP para dar comida e um banho no cusco... Mas foi aí então que lembrei que não tinha luz no meu AP...
Outra peculiaridade da cidade, essa negativa: o pessoal da CEEE está cagando e andando para você. No geral, eles te tratam como um robô. Eu liguei na quinta-feira passada para o 0800 (depois de umas 50 tentativas) e solicitei para que ligassem a luz do AP que aluguei, próximo a UCPEL. A atendente dizia apenas: "o prazo para ligamento de luz é de 48 horas após o pedido". O detalhe é que as 48 horas pegariam o final de semana, ou seja, pelo que ela me explicava, poderiam ligar a luz na sexta-feira, no sábado de manhã ou só na segunda! Não teve argumento que a comovesse de que eu precisava urgentemente de luz. A cada frase minha ela retrucava "o prazo é de 48 horas, senhor". Outro detalhe: eu estava na casa do meu amigo Beck, que mora do outro lado da cidade, e estava chovendo forte. Ou seja, eu teria que deixar minha identidade e CPF na caixa de luz para ligarem a energia elétrica. O tempo passou, e nada de luz. Passei a sexta-feira e o final de semana sem luz e de plantão esperando os caras da CEEE. O ritual nesses dias foi sempre o mesmo: leituras com a luz que entrava pela janela, radinho de pilha com música tocando e, quando o sol se ia, eu ia para a rua procurar uma lan house, um lugar para comer e ver um pouco de TV antes de voltar para a minha batcaverna. Antes de dormir, até dava uma lida a luz de velas... Mas o pior ainda estava por vir...
Na segunda-feira fui assumir meu cargo de professor temporário na UFPEL, e tive que levar meu CPF e identidade. Ou seja, se os caras da CEEE aparecessem lá enquanto eu não estava em casa, iria tudo para as cucuias. E foi exatamente isso que aconteceu. Na volta da UFPEL, por via das dúvidas, passei lá na CEEE e apresentei meu CPF e identidade, o que me livraria de ter que estar em casa quando os malucos fossem ligar a luz. Mas o prazo foi renovado, ou seja, as 48 horas passaram a contar a partir de segunda-feira. Esperei os malditos (desculpem, mas não tem como chamar os caras de benditos depois de cinco dias sem luz) até às 17h, e eles não apareceram... E, resumindo a história, agora estou aqui, novamente, numa lan house escrevendo essas linhas... O pior é que fiquei numa sinuca: tomar banho frio no inverno ou deixar a catinga tomar conta até começar a me coçar feito um cão sarnento??
Diante dessa questão, achei o meio-termo: molhar a toalha e passar pelo corpo, como faziam nossos tataravós antigamente...
Mas, apesar das merdas dos cães pelas ruas e do péssimo serviço prestado pela CEEE (não vou entrar aqui no mérito das imobiliárias, porque renderia outro texto), enfim, fora isso, estou adorando Pelotas. No geral, o povo é receptivo e parece ser bem humorado e de bem coma vida. Diria que o clima é justamente uma mescla entre o interiorano de Ijuí e Santo Ângelo com o clima de agito de Porto Alegre e outras capitais. É uma pequena cidade grande. Ou uma grande cidade pequena.
E como todas as cidades gaúchas, as ruas são tomadas de beldades que desfilam para cima e para baixo deixando barbados de todos os tipos com torcicolo de tanto virar o pescoço...
Além disso, para a minha alegria, a cidade é plana e posso caminhar horas e horas sem cansar muito. Porém, tenho encontrado dificuldades em achar restaurantes e geralmente tenho caminhado uns 15 minutos do meu AP até o restaurante mais próximo (já fiz várias rotas alternativas e não encontro nada no caminho...). O pessoal aqui também já me disse para ficar atento para a semana Bra-Pel, e não vejo a hora de assistir ao clássico futebolítico pelotense... Inclusive, saí para assistir aos jogos do Brasil x Paraguai e Uruguai x Argentina e fiz grandes amigos que me deram grandes dicas (só não guardei o nome de nenhum deles...).
Ah, e gostei muito da região em que aluguei o AP, pois é bem tranquila e perto do centro. Se tudo der certo, espero ficar por aqui por um bom tempo...
Hasta, que está acabando o tempo e a lan vai fechar!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TPM, gênios & Cia

Ainda quero escrever um texto falando sobre as primeiras impressões que estou tendo sobre Pelotas, terra do Émerson e do Simões Lopes Neto, mas como estou na corrida, vou me ater a comentar os livros que estou lendo no momento (só pra variar...).
Desde que troquei a região das Missões pela região Sul do RS, tenho usado o tempo gasto com inutilidades (como uma viagem de 10 horas de ônibus, espera em filas de imobiliárias e outros tipos de aguardos) para acelerar minhas leituras. Desde o último post até esse terminei de ler o Medo e Delírio em Las Vegas, do Hunter Thompson; comprei e li em um dia o Manual do Frila, um guia explicando como constituir uma carreira de frila para jornalistas, escrito por Maurício Oliveira; e comecei a ler outro, sobre a apuração das notícias, além de iniciar a leitura do 50 anos a Mil, do Lobão.
Dentre tantos assuntos e temas interessantes para se comentar, que renderiam uma dezena de outros posts, vou ficar hoje em duas pequenas passagens do livro do Maurício Oliveira, os dois bem lights (não vou entrar aqui na discussão da proposta do livro). O primeiro trecho, procurei agora há pouco, e não encontrei, para fazer a transcrição literal, entretanto, o Maurício diz que, de uma forma geral, o humor da redação acompanha o humor do chefe... De fato, encontrei aí uma explicação para entender algo que até bem pouco tempo embaralhava a minha massa cinzenta: o quê transforma determinadas pessoas que conheci em outras situações, fora das redações, em bichos com eterna TPM no ambiente de trabalho? Aí está! O humor do chefe...
Já a outra, é a citação que o próprio Maurício fez de um texto de Domenico de Masi sobre as cidades de porte médio. Como troquei uma cidade pequena por outra de porte médio, acho que isso pode me servir de inspiração para os próximos meses. Vejam vocês:

"Muita gente se muda para cidades grandes, como São Paulo, por imaginar que terá melhores condições de trabalho. Mas as metrópoles são muito dispersivas, desafiam a criatividade. Se fôssemos fazer uma pesquisa sobre onde nascem as ideias no Brasil, veríamos que boa parte provém das cidades médias, que oferecem o ambiente propício para a criatividade. Atenas, na época de Péricles, contava com 40 mil habitantes. Florença, no tempo dos Medici, tinha 50 mil até 1348, quando houve uma grande peste e reduziu a poluação para 20 mil moradores. Michelangelo, Da Vinci e pelo menos mais 90 gênios surgiram daí".

Eu acrescentaria que, no caso dos escritores brasileiros, outros vários gênios de pequeno, médio e grande porte vieram de cidades médias/pequenas gaúchas. Fico no exemplo apenas de alguns deles: Erico Verissimo viveu em Cruz Alta até os 25 anos. Com a mesma idade, Quintana deixou Uruguaiana. Caio Fernando Abreu saiu de Santiago só na adolescência, Charles Quifer partiu de Três Passos e Juremir Machado da Silva veio de Santana do Livramento para a capital gaúcha. Já Simões Lopes Neto formou toda a sua obra em Pelotas. Ou seja, a ideia apresentada por Domenico, no mínimo, faz sentido.
Mas, agora o meu tempo nessa lan house de Santa Teresinha está acabando e, por isso, vou encerrar me texto por aqui.

Hasta!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Grand finale - post 600!!!!

Existem alguns fatores que podem impulsionar ou arrasar a vida de um homem: um título conquistado pelo seu time, uma paixão, uma mudança de cidade, uma mudança de emprego, a aprovação em um concurso, um orgasmo, uma brochada... Claro que, se olharmos na perspectiva do imaginário, tudo é imaginário e tudo depende de tudo. Ou seja, tudo está à mercê da dimensão que você dá para o fato. Mas, hoje, não vamos por esse caminho, pois eu tenho meu lado de escritor de auto-ajuda, e as teorias do imaginário derrubam tudo que caminhe por essas vias expressas, então, vamos à auto-ajuda de uma vez por todas, afinal, “foi então que eu resolvi jogar as cartas na mesa e o vaso pela janela, só pra ver o que acontece com a vida quando alguém faz o que quer com ela” (GESSINGER, ANO desconhecida, PÁGINA infinita).
Voltando à realidade, no meu caso não tenho como comemorar a boa fase do meu time, simplesmente porque ela inexiste. Além de acumular desastres, a diretoria ainda demitiu o maior ídolo da nossa história... Também não tenho nenhum orgasmo e nenhuma brochada especial que tenha me marcado recentemente. Inclusive, tenho me sentido praticamente um Mario Quintana nesse sentido... Estou valorizando mais a beleza dos momentos, do que o êxtase do troço todo em si... Enfim, quem já chegou nesse estágio sabe do que estou falando... Na verdade, a minha hiper-empolgação recente (obviamente não falo aqui de questões familiares, porque nesse sentido, nada supera o que sinto pela minha Bilula) está mais relacionada às mudanças que estão logo ali, no ônibus que vai sair rumo a Pelotas daqui algumas horas. Além de representar uma mudança de cidade (vou para um que até então não conheço), vejo nessa mudança infinitas possibilidades de novas experiências e descobertas profissionais.
E não estou falando aqui só sobre a minha nova função no meu campo de trabalho: a de professor universitário; mas sim, refiro-me a outros vôos, que estão ligados ao primeiro.
Sei, nobre leitor, tudo isso pode parecer confuso na sua massa cinzenta, mas em um futuro breve você entenderá. E tudo isso diz respeito às duas coisas que, profissionalmente, mais têm ocupado a minha mente nos últimos dez anos: jornalismo e literatura. São novos ares, novas inspirações, novas idéias, novas coisas novas. Está tudo interligado e claro, saca? Um ponto, que liga com outro, que liga com outro, que liga com outro e assim sucessivamente. Enfim (de novo), a essas horas da madrugada está tudo tão claro na minha mente, que tenho medo de não lembrar dessas paradas todas amanhã (algo como uma mistura de On the Road com Fear and loathing in las Vegas com Pergunte ao pó com Notas de um velho safado com Numa fria e por aí vai...). Mas, como disse certa vez o imortal Scliar: as boas idéias não fogem tão facilmente da nossa mente. E, por isso, vou colocá-las em prática. Sei que, pelas pautas que estou pensando em inaugurar essa nova fase serei criticado, incompreendido, questionado, etc, mas, sigo com o pensamento do velho Bukowski: não escrevo para a sogra. Escrevo para o mundo.
Depois desse grand finale, só posso dizer para você, paciente leitor: hasta luego!

Ah, e essa é a minha postagem 600!!!! É isso aí, porra!!!! Sobrevivi aos 27 anos e já estou quase nos 30, carajo!!!! Parabéns para mim!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Era uma vez...

Assisti ao filme Bruna Surfistinha. Na verdade, já tinha lido o livro, e, como na maioria dos casos, achei o livro melhor do que o filme. A Deborah Secco até se esforçou e tal, mas tanto a sua interpretação quanto a narrativa toda ficaram muito fantasiadas, bem no padrão Globo de qualidade (não é um deboche, pois existe, sim, um padrão para agradar o maior número de pessoas, ou seja, uma média que garante um bom índice de audiência, etc). Mas enfim, no filme, Bruna Surfistinha é apresentada como uma heroína, boa de coração, que foi vítima do próprio destino, mas que soube tirar proveito desse destino. Já o livro, onde a própria Bruna é a narradora, traz mais o lado cruel da história da autora. Mostra os pais não como os coitados que criaram a filhinha adotiva que se rebelou e deixou a casa para se tornar a mãe padroeira das prostitutas brasileiras. Nada disso. No livro ela descreve eles, principalmente o pai, como um ser conservador, exigente, de sangue frio e egoísta. O típico sujeito da classe média alta, que tem tudo na vida, mas quer que os filhos sofram para subirem na escala social da porra toda. Enfim, um sujeito mesquinho, como há muitos por aí, que pensam: o que é meu é meu, e vocês que se virem para chegar lá. Daí o verdadeiro mérito da Bruna Surfistinha, que não está tão presente no filme. Na real esses babacas agem como se um dia eles não fossem pro inferno e como se um dia os filhos e terceiros não fossem colocar a mão na porra toda e tomar uma gelada, bem gelada, com o dinheiro que eles deixaram (pois até onde eu sei, ninguém levou dinheiro para o além), brindando à memória deles com parcerias, prostitutas e moradores de rua... Ah, a doce ironia do destino....
Porém, há várias considerações a serem feitas, que renderiam um texto a parte, como por exemplo, o fato de que a Bruna Surfistinha, diferentemente da maioria das garotas de programa, teve uma boa base escolar, era plenamente alfabetizada e tinha boa familiaridade com as redes sociais, justamente na época em que elas começavam a emergir. Hoje seria muito mais difícil para a Raquel se transformar em A Bruna Surfistinha, pois a concorrência é maçante. Hoje há blogs, perfis no Orkut, twitter, Facebook e tudo o mais para tudo. Jovens que querem ser jogadores de futebol colocam vídeos de suas jogadas geniais no youtube, na esperança de serem descobertos. Garotas que vão estudar em outras cidades descobrem que podem criar um blog com fotos sensuais, sem mostrar o rosto, e tirar uns R$500 fazendo um programa por dia, de segunda a sexta. E tem mais: já tem mina cobrando pra fazer um simples stripp na webcam, muito mais prático e seguro. E temos ainda pessoas, como eu, que não tinham onde publicar seus textos e teorias sobre tudo em algum lugar que fosse fácil de serem lidos. Pois nós descobrimos, há muito, que podemos escrever nossas baboseiras de todos os tipos nos blogs, encontrando leitores em lugares inimagináveis.
E, nesse aspecto, a Bruna Surfistinha foi impecável: pegou uma plataforma que estava emergindo, tratando de um assunto que fascina a todos (sexo) e jogou na rede. A partir daí, homens do mundo inteiro poderiam acompanhá-la e, explorando o imaginário bestial da raça humana, ela fez com que muitos cometessem loucuras e pagassem absurdos para comê-la. Aliás, eles não queriam comer a boceta da Surfistinha, mas sim, eles queriam participar da história, pois, se a Bruna Surfistinha era conhecida nacionalmente, escrevendo livro e aparecendo na mídia, eles poderiam, futuramente, olhar para os netos e dizer:
- Pois é, meu jovem, eu comi a Bruna Surfistinha...
- E aí, vovô, como foi?
- Foi um espetáculo. Lembro como se fosse hoje....
E, assim, eles ficariam imortalizados em suas próprias famílias, e seus netos, depois de grandes, contariam para os seus amigos que o seu avô comeu a Bruna Surfistinha, aumentando e fantasiando ainda mais a história. “Pois é, ele fez ela gozar três vezes e sem tirar o pau pra fora...”....
E assim segue a vida no Planeta. Cada um com as suas maluquices...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Melancólica despedida

Assim como o Renato teve uma despedida triste do Grêmio nessa sua primeira passagem pelo tricolor como técnico, eu também tive uma despedida melancólica de Santo Ângelo nessa semana. Tudo bem, eu já não estava morando aqui, mas agora estou indo para ainda mais longe, portanto, considerei a noite que vou narrar como uma espécie de despedida. No entanto, antes daqueles que me odeiam soltarem foguetes, aviso que continuarei escrevendo nesse humilde espaço todos os sábado.
A minha melancólica despedida ocorreu na noite de quarta-feira. Cheguei de Ijuí por volta das 18h e achei que conseguiria me despedir da meia dúzia de amigos que sobraram na cidade assistindo ao jogo do Grêmio, na estréia de Julinho Camargo, contra o Cruzeiro. Doce Ilusão. Enquanto viajava no tortuoso pinga-pinga Cruz Alta-Santa Rosa, eu ia imaginando meus amigos todos reunidos, assistindo ao tricolor se recuperar de forma épica contra o super Cruzeiro. E mais: fora de casa. Meu coração palpitava fortemente imaginando os gols e a minha boca salivava pensando na cerveja gelada (apesar do frio) que eu iria tomar, imaginando brindes e mais brindes com meus amigos, todos gremistas, todos felizes. Seria a despedida perfeita! O povo todo reunido e o tricolor dando show em campo. Quem dera, meus amigos. Quem dera!
Primeiro, ao chegar a Santo Ângelo, tentei ligar para a meia dúzia de amigos que ainda me sobraram na cidade. Quando falo amigos, falo de amigos de verdade, que estão sempre presentes na missão, faça chuva ou faça sol. Pois é. O primeiro que tentei localizar, a ligação caiu na caixa de mensagem. O segundo, idem. O terceiro não atendeu. O quarto também não. O quinto não atendeu, mas liguei para a namorada dele, que não tinha notícias e disse que também não iria ver o jogo porque tinha aula da auto-escola. Já o sexto atendeu, mas, incrivelmente disse que não iria porque tinha prova! Putraquepario! Nos bons tempos do Grêmio não tinha prova que tirasse o povo da frente da TV! Agora, até uma aula na auto-escola rouba a audiência tricolor! É o fim! E, para completar, convidei o editor aí do jornal, que não foi porque disse que tinha que fechar a edição de quinta... Pow, ele poderia fechar o bagulho todo na volta do jogo, não acham?
Mas, enfim. Como não sou pouca bosta, mesmo a pé (sempre honrando a letra do nosso hino) encarei o frio e saí aqui do bairro Harmonia rumo a um bar qualquer que estivesse passando o jogo. Aí começou meu segundo problema. Além dos cagalhões dos meus amigos me abandonarem na minha própria despedida, descobri o seguinte: os cagalhões donos de bar também optaram por transmitir o jogo do Inter, que era no mesmo horário. Como diria o Mario Quintana: ora bolas, já se viu! Absurdo, absurdo. Passei pela frente do bar do meu amigo (que diz que não é meu amigo) Teixeira, e lá estava uma faixa gigante “Assista aqui aos jogos do Inter”. Putraquepariu de novo. Nem me dignei a entrar. Passei pelo centro e até chegar na Quick, todos os outros bares que cruzei estavam passando o jogo do Inter. Absurdo. No meu tempo, era o contrário: para cada cinco bares que passavam os jogos do Grêmio, um passava o do Inter. Esse mundo está mesmo perdido....
E, para completar a decepção da noite, o Cruzeiro fez 1 a 0 ainda no primeiro tempo. Como já estava de saco cheio, e tinha toda a caminhada de volta para casa, vesti meu casaco e voltei para a rua gelada. Na volta, passei na Bebilar e peguei umas latinhas para escutar o resto da tragédia em casa. Final: Cruzeiro 2x0 Grêmio e Inter 1x0 Atlético-PR. Inter na ponta de cima, Grêmio na ponta de baixo da tabela. É, meus amigos, hoje em dia quem é gremista é sofredor. Em todos os sentidos. Espero que os ventos mudem quando eu pisar em terras pelotenses. Ah, e por favor, irônico leitor, sem piadas sobre os pelotenses.
Um bom final de semana a todos.

*Texto a ser publicado no Jornal das Missões de sábado - se não houver censura.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Amor e ódio

Já vi dezenas de filmes que tratam do absurdo que foi o holocausto da Segunda Guerra Mundial. A lista de Schindler, O menino do Pijama Listrado, O pianista, e muitos outros, além de alguns que tratam do assunto secundariamente, como O Leitor. Nessa semana foi a vez de assistir a mais um filme sobre o tema: Amor e ódio. Trata-se de um filme que aborda a participação do governo francês como colaborador do governo nazista. Mais especificamente, em 1942, o governo francês reuniu mais de 10 mil judeus e entregou-os aos alemães. O filme mostra desde a marcação dos judeus em Paris (que usavam a roupa com uma estrela, ficando proibidos de ter acesso a escola, restaurante e outros locais públicos), passando pela captura feita pela polícia francesa, até a concentração de todos os presos em um ginásio de esportes em condições absurdas de sobrevivência (homens, mulheres, crianças e doentes em todos os níveis de enfermidade) com comida, água e tratamento médico precários (era um médico para as mais de 10 mil pessoas). Além disso, o filme mostra as negociações entre o governo nazista e o governo francês e o envio dos judeus que estavam na França para campos de concentração alemães. Tudo se torna ainda mais absurdo quando você pára para pensar que os mais de 10 mil prisioneiros, entre eles mulheres, crianças e idosos (além dos homens, que também eram inocentes) foram literalmente cruelmente exterminados.
Tem gente que considera excessivo o número de filmes que tratam da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, eu acredito que nunca será demais, pois a humanidade sempre terá que se lembrar da atrocidade que foi cometida para nunca mais correr o risco de repetir algo parecido em sua história. Porém, infelizmente, o ser humano não tem limites para demonstrar o quanto é cruel e ignorante.
Se voltarmos para 1939, quando, iniciou a Segunda Guerra, ou ainda, para o início da década de 1930, que é quando Hitler começa a transformar o sentimento de revanchismo pela humilhação imposta ao povo alemão no fim da Primeira Guerra em nazismo, enfim, se pensarmos que nesse período o ser humano já tinha passado pela Guerra dos 100 Anos, pela Revolução Francesa, pela Revolução Russa, pela Guerra Civil norte-americana e pela Primeira Guerra Mundial, é absurdo acreditar que a humanidade permitiu que a loucura de Hitler e de seus seguidores chegasse às proporções que chegaram. É inacreditável de se pensar que as populações de alguns povos, como a francesa da época da Segunda Guerra, apoiaram o nazismo alemão e outros movimentos anti-semitas. É difícil de entender isso, mesmo vendo um milhão de filmes e lendo um bilhão de livros. A burrice coletiva, realmente, não tem limites.
Agora, pior do que isso é perceber que em 2011 ainda circulam por aí, em redes sociais e na internet, comunicados e grupos que transmitem mensagens nazistas, racistas, e anti-semitas em alguns pontos do globo, inclusive no Brasil e no Rio Grande do Sul. Cada vez que vejo a notícia de que determinado grupo foi preso com material nazista, isso me dá arrepios e ânsia de vômito, porque parece que a humanidade não aprende nunca com as atrocidades bestiais cometidas no passado. É simplesmente inacreditável e inadmissível esse tipo de movimento.
Eu já defendi aqui marcha pela maconha, parada gay e outros movimentos que buscam garantir a liberdade do ser humano, agora, todo o tipo de movimento que visa reprimir outro grupo, como o dos que querem ressuscitar as premissas de um louco como Hitler, deve ser expressamente proibido. Além disso, a legislação deveria prever a punição mais severa possível para quem fizesse qualquer tipo de propaganda nazista, racista, homofóbica, ou com qualquer tipo de incitação a violência contra determinado grupo.
E é por essas e por outras, que indico aqui para todos esse excelente filme: Amor e ódio.
Um bom resto de semana a todos.

*Texto publicado em A Tribuna Regional

domingo, 3 de julho de 2011

Tudo depende de tudo

Uma meia dúzia de pessoas já veio me falar para que eu não escrevesse sobre a minha vida pessoal nesse humilde espaço. Porra, se eu não escrever sobre a MINHA vida nessa porra, vou escrever sobre a vida de quem???? Do Badanha? Toda a vez que me meto a escrever sobre a vida de outrem, chovem protestos, quiçá, ameaças. “Ou você tira isso do teu blog, ou...”. Ou??? Imaginem então se eu fosse escrever sobre a vida do Papa ou da Dilma? O que vou escrever sobre eles, se as únicas informações que tenho são as transmitidas pela imprensa, que está cada vez tão oficialisca quanto o Dário Oficial de 200 anos atrás.
Enfim, lendo Hunter Thompson e outros, fico imaginando as mulheres, amantes, filhas, tias, mães, vizinhas (já perceberam que 90% das reclamações são de “as”?) dizendo: “você não pode publicar isso, Fulano, isso vai te prejudicar no futuro. Estou falando isso para o teu bem...”. E por aí vai. Inclusive, no final de um dos livros do velho Buk, a sogra dele inventa de ler um de seus livros. Quando ele pergunta para a mulher o que a velha achou, ela responde, mal-humorada: “Por que você tinha que escrever todas aquelas coisas?”. Então, o velho Buk respira fundo e, satisfeito com o resultado, pensa algo maios ou menos assim: “ainda bem que a velha não gostou. Ela é o tipo de pessoa que se assiste a novela das oito, preocupa-se com a roupa da moda e em quanto o vizinho do apartamento de baixo ganha por mês. Se ela gostasse do que escrevo, aí sim que eu teria que me preocupar....”.
Por essas e outras gosto tanto de escrever sobre eu mesmo. Ou melhor, sobre histórias que vivenciei ou testemunhei. Por isso, às vezes venho aqui desabafar alguma merda que está entupida na privada do cérebro, venho contar algum acontecimento bizarro que aconteceu comigo ou narrar algo que julgo ser de interesse público (não importa o tamanho desse “público”). Por isso venho aqui para reclamar da dor de cabeça causada por um trago fenomenal, ou para xingar o técnico do Grêmio, ou ainda para falar sobre o livro que estou lendo...
E não tem jeito. Quando acontece alguma coisa revoltante por demais, a minha veia jornalística (principalmente no sentido gonzo do termo) começa a pulsar mais forte e acabo vindo aqui e narrando tudo o que aconteceu ou que testemunhei. Isso sem considerar que ultimamente, devido aos ótimos feitos conquistados por mim mesmo, tenho poupado muitas cabeças. Nesse sentido, não há como negar: o humor acaba influenciando no texto do autor. Tudo depende do humor ou do tamanho do trago que se está no momento em que se apertam as teclas da porra do teclado. Se as coisas andam bem, você até vê uma barbaridade, do tipo, um senhor de mais de 50 anos falando para uma criança de 10 que estudar não é importante e não leva a nada e acaba ficando quieto. Mas, depois que o bom humor passa ou que você ingere umas e outras, aquela vontade de contar o absurdo da situação para todo mundo acaba falando mais alto. Já se você está de mau humor quando o desmiolado está falando a merda toda para a cria, você não pensa duas vezes e mete a mão na fuça do cara. Enfim, pesando bem, é melhor estar de bom humor na hora do troço e ficar de mau humor depois. Ou não. Tudo depende. Se você acha justo um soco na fuça do cara, aí é melhor estar de mau humor na hora do acontecido. Ou de trago. Tudo depende de tudo. Ou de nada, vá saber.
FIM