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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Era uma vez...

Assisti ao filme Bruna Surfistinha. Na verdade, já tinha lido o livro, e, como na maioria dos casos, achei o livro melhor do que o filme. A Deborah Secco até se esforçou e tal, mas tanto a sua interpretação quanto a narrativa toda ficaram muito fantasiadas, bem no padrão Globo de qualidade (não é um deboche, pois existe, sim, um padrão para agradar o maior número de pessoas, ou seja, uma média que garante um bom índice de audiência, etc). Mas enfim, no filme, Bruna Surfistinha é apresentada como uma heroína, boa de coração, que foi vítima do próprio destino, mas que soube tirar proveito desse destino. Já o livro, onde a própria Bruna é a narradora, traz mais o lado cruel da história da autora. Mostra os pais não como os coitados que criaram a filhinha adotiva que se rebelou e deixou a casa para se tornar a mãe padroeira das prostitutas brasileiras. Nada disso. No livro ela descreve eles, principalmente o pai, como um ser conservador, exigente, de sangue frio e egoísta. O típico sujeito da classe média alta, que tem tudo na vida, mas quer que os filhos sofram para subirem na escala social da porra toda. Enfim, um sujeito mesquinho, como há muitos por aí, que pensam: o que é meu é meu, e vocês que se virem para chegar lá. Daí o verdadeiro mérito da Bruna Surfistinha, que não está tão presente no filme. Na real esses babacas agem como se um dia eles não fossem pro inferno e como se um dia os filhos e terceiros não fossem colocar a mão na porra toda e tomar uma gelada, bem gelada, com o dinheiro que eles deixaram (pois até onde eu sei, ninguém levou dinheiro para o além), brindando à memória deles com parcerias, prostitutas e moradores de rua... Ah, a doce ironia do destino....
Porém, há várias considerações a serem feitas, que renderiam um texto a parte, como por exemplo, o fato de que a Bruna Surfistinha, diferentemente da maioria das garotas de programa, teve uma boa base escolar, era plenamente alfabetizada e tinha boa familiaridade com as redes sociais, justamente na época em que elas começavam a emergir. Hoje seria muito mais difícil para a Raquel se transformar em A Bruna Surfistinha, pois a concorrência é maçante. Hoje há blogs, perfis no Orkut, twitter, Facebook e tudo o mais para tudo. Jovens que querem ser jogadores de futebol colocam vídeos de suas jogadas geniais no youtube, na esperança de serem descobertos. Garotas que vão estudar em outras cidades descobrem que podem criar um blog com fotos sensuais, sem mostrar o rosto, e tirar uns R$500 fazendo um programa por dia, de segunda a sexta. E tem mais: já tem mina cobrando pra fazer um simples stripp na webcam, muito mais prático e seguro. E temos ainda pessoas, como eu, que não tinham onde publicar seus textos e teorias sobre tudo em algum lugar que fosse fácil de serem lidos. Pois nós descobrimos, há muito, que podemos escrever nossas baboseiras de todos os tipos nos blogs, encontrando leitores em lugares inimagináveis.
E, nesse aspecto, a Bruna Surfistinha foi impecável: pegou uma plataforma que estava emergindo, tratando de um assunto que fascina a todos (sexo) e jogou na rede. A partir daí, homens do mundo inteiro poderiam acompanhá-la e, explorando o imaginário bestial da raça humana, ela fez com que muitos cometessem loucuras e pagassem absurdos para comê-la. Aliás, eles não queriam comer a boceta da Surfistinha, mas sim, eles queriam participar da história, pois, se a Bruna Surfistinha era conhecida nacionalmente, escrevendo livro e aparecendo na mídia, eles poderiam, futuramente, olhar para os netos e dizer:
- Pois é, meu jovem, eu comi a Bruna Surfistinha...
- E aí, vovô, como foi?
- Foi um espetáculo. Lembro como se fosse hoje....
E, assim, eles ficariam imortalizados em suas próprias famílias, e seus netos, depois de grandes, contariam para os seus amigos que o seu avô comeu a Bruna Surfistinha, aumentando e fantasiando ainda mais a história. “Pois é, ele fez ela gozar três vezes e sem tirar o pau pra fora...”....
E assim segue a vida no Planeta. Cada um com as suas maluquices...

5 Comentários:

  • hummm primeiro o filme não é tão fantasioso assim... só pq dá um certo glaumour na prsotituição? mostra sim o pai como um conservador... outra coisa: os filhos sim tem q crescer com o próprio esforço se não se tornam uns dudus da vida hahahahahaha mas com certeza o livro eh melhor, como sempre né... bjo bjo

    Por Blogger Carolina, às 7 de julho de 2011 às 12:40  

  • Concordo c/a Carolis. Tb li o livro, e se me permite dizer, os pais adotivos simplesmente fizeram o melhor para ela. Eu agiria exatamente igual, porque são pessoas sem princípios que agem como ela... Releia o livro, por favor...

    Por Blogger Nara Miriam, às 8 de julho de 2011 às 13:22  

  • pow mamuxca. me desmoralizando na frente dos meus leitorinhos....

    Por Blogger Eduardo, às 8 de julho de 2011 às 19:19  

  • Hehehehehe! Dá-lhe Nareza!!!!

    Por Blogger Marcos, às 11 de julho de 2011 às 06:34  

  • que putaria hein... nem li o livro, nem vi o filme... sei lah...

    devem ter várias histórias iguais ou mais interessantes que a dela... ela só se aproveitou da mídia e de alguns "contatos" que deve ter feito... agora tá cheia da grana e mta guria vai se espelhar nela... sei lah... meio foda isso...

    literalmente quase... asuahsuahsa

    abraço ae manolo!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 11 de julho de 2011 às 16:18  

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