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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ainda sobre a misteriosa "V"

Após meu último post, sinto-me obrigado a responder às acusações que sofri de zoofilia. Aliás, me senti praticamente um Nabocov sendo acusado de pedofilia após escrever Lolita que, por sinal, estou lendo. Lembro-me de que anos atrás peguei o Lolita para ler, afinal, trata-se de um clássico. Acabei lendo duas ou três páginas e desistindo. Não sei se evolui, se as pesadas leituras acadêmicas que fiz ao longo do último ano ampliaram minha capacidade cognitiva, ou coisa do gênero, mas o fato é que há umas duas semanas comecei a ler Lolita e já estou quase acabando. De fato, lendo esse livro sinto algo de absurdo, cômico e policial/aventureiro nas páginas de Lolita, que aliviam as acusações feitas contra o Nabocov: a viagem que Humbert faz com a enteada e os pensamentos da personagem sobre (ou contra?) as suas mulheres/esposas é algo muito cômico e irônico. Mas vou deixar para falar desse livro (que segundo um desses livrinhos da LPM está entre os 100 clássicos da humanidade) para outra hora (ou para nunca mais). No momento, vou apenas responder aos ataques infundados contra a sanidade mental de meus tenros 11 ou 12 anos.
Bem, o fato é que não tive nenhuma cadela nem animal algum que começasse com a letra “V”. Vejamos os nomes dos meus animais de estimação ao longo de minha vida: Boby, Fumaça, Faísca, Urso, Lubi, Mimi (uma gatinha que meu pai botou fora), Quick (um coelho que foi parar numa panela lá de casa num almoço qualquer), Mara (a esposa do coelho, que também foi para a panela), Jimbo, Pipoca, Rico e Cocota (duas caturritas), Pipa (uma cacatua) e o Perdido, um cachorro perdido que achei e acabei levando para casa, com a ajuda do meu primo Gérson, mas que meu pai acabou dando dias depois. Enfim, fora o Perdido (que foi doado) e o Lubi (que fugiu há uns 15 anos atrás) todos os demais são falecidos. Já dos que estão vivos, sobraram o Jamelão e a Pretinha. Ou seja, nenhum animal recebeu nome que iniciasse com a letra “V”. Também não lembro de nenhuma colega, empregada ou vizinha que começasse com a letra “V”. Não há o registro no escaninho de minha memória de nenhum nome como Valéria, Vivian, Viviane, Vitória, Verona, Verônica, etc, que tivesse convivido ou me marcado nesse período. Que côsa, acho que terei que procurar um psicanalista ou um pai de santo para fazer uma regressão.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mistérios do passado

Tem certas coisas que aconteceram em algum lugar do passado que são um verdadeiro mistério. Por exemplo, achei uma agenda minha de quando era pequeno. Talvez, nem tão pequeno assim, devia ter mais ou menos uns 12 anos quando eu a tinha. Aliás, a primeira a achar essa agenda foi minha irmã, uns 3 anos atrás. Estava eu, na sala, e quando me dei por conta, comecei a ouvir gargalhadas vindas de meu quarto. Cheguei lá, e ela estava lendo minha agenda, chorando do rir. Peguei a dita cuja, olhei, e não lembrava de nada daquilo.
Mas vamos começar pelo princípio. As notas. Devia estar na sexta ou sétima série. Como vocês podem observar na imagem, minhas notas davam motivos de sobra para meus pais se preocuparem: 30 em matemática, 25 em ciências, 35 em técnicas domésticas (essa nota eu mantenho até hoje, pois técnicas domésticas não é o meu forte), 40 em português, e por aí vai. Mas vejam vocês, tem um 100 em religião, o que é importante para o meu currículo. Agora, tenho que explicar que Física, na verdade é Educação Física.
Enfim, segui folheando a tal agenda, e encontrei ainda os seguintes recados, que eu mesmo escrevi, no espaço do "recados para os pais":



Agora, o pior dos piores, são as anotações que tenho em algumas páginas sobre a misteriosa "V". Eu escrevi que "hoje comi a...". E depois escrevi "hoje voltei a comer a...", e por fim, lá no final do ano, escrevi "já to enjoando de comer a v....".

Quem seria a misteriosa "V"? Que eu lembre, não comia ninguém nessa época da vida. Não tenho nem sombra de pista de quem tenha sido a tal de "V" no escaninho de minha memória. Tentei de todas as formas resgatar alguma pista, alguma imagem, algum desejo precoce daquela época, mas não lembro. Alguém aí pode me ajudar a desvendar esse misterioso enigma?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma terapia chamada fazendinha

Encontrei uma terapia. Aliás, inventaram uma terapia. Enquanto não consigo horário com um ou uma psiquiatra, estou me acalmando com a Mini-Fazenda do Orkut. Está certo, meu irmão e minha irmã, esnobes, vão me chamar de pobre antiquado, pois eles têm hotel e restaurante no Faceboock (é com “ck”?). Aliás, nem Faceboock eu tenho. Mas estou feliz com minha fazendinha.
Começo a me preocupar com a falta de emprego, vou lá na minha fazendinha, planto umas abóboras, e melhoro. Fico nervoso que logo o nenê estará aí, chorando no berço, deixando ninguém dormir, vou lá na minha rica fazendinha e planto pimenta. Sinto calafrios achando que vou ter outro “piripaque” no meio da madrugada, volto à minha fazendinha linda e tiro leite das vacas. E assim vou vivendo: plantando, ajeitando a fazendinha, organizando a coisa toda, criando uma cerquinha para os bichos, ajudando a fazenda dos outros, fertilizando a horta dos meus vizinhos, ganhando umas moedinhas e juntando dinheiro para ampliar meu empreendimento. Vejam vocês. Uma rica terapia. Simplesmente esqueço de tudo quando estou entretido com a minha fazendinha. Queria conhecer o inventor desse maravilhoso jogo, capaz de fazer passar um momento de raiva, de tristeza, de indignação, de desespero, de não saber o que fazer. Aliás, é simples: quando me sinto assim, vou na minha fazendinha, e cumpro meus afazeres fazendísticos. Sensacional. Além disso, também estou co-administrando a fazenda de minha noiva, mãe de meu futuro primogênito. Como ela está grávida, além de eu ajudar nos afazeres domésticos da vida real, também planto, vendo e compro na fazendinha dela. Muito legal.
Inclusive, a fazendinha já está entrando no meu plano estratégico de noites sem dormir pós-bebê. Coloco o berço do nenê do lado do computador, e enquanto ele (ou ela) cochila, antes de abrir bem a boca e chorar, eu colho, planto, vendo os ovos das galinhas, tiro leite das vacas, ganho bônus e prêmios! Aliás, acho que substituí a bebida alcoólica pela minha fazendinha. Ao invés de cantar “vou me entorpecer bebendo vinho”, canto: “vou me entreter cuidando da minha fazendinha”. Ou seja, não há nada que essa milagrosa fazendinha não resolva!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Milicada pererecada

Tem uma perereca na minha janela. Aqui do lado. Enquanto abria o Word para escrever esse texto, ela começou a passear pela janela de vidro (só que ela está do lado de fora) e fiquei observando a sua barriga branca, com as patas verde claras, enquanto ela caçava alguns mosquitinhos, pernilongos, e afins. Tentei ver se era uma perereca ou um perereco, mas não sei. O que diferencia as pererecas dos pererecos? Aliás, existem pererecos? Não me venham com essa de perereca macho e perereca fêmea. Para mim, são pererecas e prerecos. Agora está ali, quietinha, com o papo pulsando, provavelmente fazendo a digestão. Pensei até em bater na janela e dar um susto na dita, mas estou numa fase meio Jack Kerouac pós-viagens, de paz e amor com os seres vivos e o planeta. Portanto, é mais provável que eu pegue-a no colo e faça uns cafunés, do que assustá-la. Pobre perereca. Acho que é o espírito paterno se desenvolvendo no meu ser.

Mas enfim, antes da perereca aparecer, eu ia escrever sobre o alistamento militar. Já que as mulheres falam tanto que nós, homens, não sabemos como é estar grávido, elas não tem essa vivência do ano em que o miserável ser do sexo masculino brasileiro passa pelo alistamento militar. A conversa veio à tona no domingo, quando uns amigos de meus pais estavam almoçando aqui, e nós lembramos que quando eu tinha 18 anos, pouco depois de ter sido dispensado pelo “excesso de contingente”, veio um caminhão cheio de milicos aqui em casa me buscar. Para a minha sorte eu estava em Porto Alegre procurando emprego. Até consegui um, como vendedor ambulante de radinho de pilha do Paraguai. Caso alguém, algum dia, por falta do que fazer, resolver escrever uma biografia minha, não pode esquecer disso: já fui vendedor ambulante de radinho pirata do Paraguai no centro de Porto Alegre. Inclusive, uma tarde percorri toda a Farrapos tentando vender os malditos radinhos, sem êxito. Em uma semana vendi só um, e não fiquei no emprego. No entanto, também escapei do quartel graças aos radinhos de pilha. Talvez por isso volta e meia eu trabalho em alguma rádio desse mundo.

Voltando ao quartel, lembro-me que nos exames físicos eu fui o penúltimo a chegar na corrida (não teve como ser mais lerdo que um gordinho) e que derrubei uma barrinha no salto em altura, que estava a mais ou menos uns 50 centímetros do chão. Quando a barra caiu, o milico me olhou, deu uma risadinha e disse: “não quer servir, né?”. E eu apenas sorri de volta, confirmando a hipótese.

Lembro ainda que a gente planejava diversas formas de escapar do quartel. Eu cheguei a pensar em tentar encaixar o triângulo no quadrado, naquele teste psicotécnico, que aplicaram da mesma forma que fazem com os macacos que tomam Pepsi e Coca. Mas fiquei com medo de ser encaminhado dali para um hospício. Agora, uma cena clássica aqui no Sul, que todo mundo passa, é o maldito dia em que a gurizada fica em uma fileira formada por mais ou menos uns dez pobres-diabos, e ficam todos pelados na frente de uma mesa com meia dúzia de sargentos, tenentes, e a bosta que o valha, e aqui no sul, sempre (mas sempre mesmo) eles marcam esse exame para o dia mais frio do ano. A gurizada fica de braços cruzados, tremendo, com os seus membros mais encolhidos que uma lesma que recebeu uma pitada de sal em suas costas, enquanto os “poderosos” desse país, ficam lendo jornal, comentando as contratações da dupla Gre-Nal, sem a menor pressa nem boa vontade. Alguns amigos meus, para escapar do quartel, usaram as mais diversas estratégias na entrevista:

- Você bebe? – pergunta algum lunático, que ainda pensa que o Médici está no poder.
- Bebo.
- Com que freqüência?
- Todos os dias.
- Que quantidade?
- Muita.
- Já usou droga?
- Sim.
- Qual.
- Maconha.
- É casado?
- Não, sou homossexual. E você, está livre hoje?

E assim, a gurizada ia bolando formas e mais formas para escapar do quartel. A minha única birra nessa história toda é: por que não pegam jovens que têm saúde, têm capacidade, que querem servir a porra do quartel e são de famílias de baixa renda? Já vi casos onde um jovem saudável, sem perspectiva de emprego na cidade, que queria muito servir, ficou de fora, enquanto outro, que queria estudar, foi obrigado a servir, provavelmente por implicância da milicada. Vá entender. Esse Brasil é mesmo muito foda. E a perereca sumiu da janela.

domingo, 18 de abril de 2010

Ursinho do amor e outras loucuras

O texto, a seguir, é de um amigo de um amigo meu, chamado Ronaldo Fronza Júnior, que publicou-o no blog do meu amigo. Enfim, gostei do estilo do cara (mais um candidato a escritor desse Brasil Anil), e conversei com o meu amigo, e com o próprio Ronaldo, que me autorizou a reprodução do mesmo aqui. Só uma ressalva: é para maiores de 18 anos.

Ainda não consigo entender nem lembrar tudo o que se passou naquela madrugada de segunda para terça-feira de uma semana qualquer. Sou casado há cinco anos, tenho um filho de dois anos, e além de minha esposa, a criança e eu, um casal divide o aluguel da casa conosco: o Armando e a Cibeli. O Armando pouco liga para Carmem e eu, mas a Cibeli é toda preocupada. Na verdade, é minha amiga de infância. Na referida noite, minha esposa havia ido viajar com o Rafael, nosso filho, visitar os parentescos em outro estado, e só retornariam no final de semana. Meu primo, Roberto, sabendo disso, me convidou para tomar umas cervejas. Eu nunca fui de sair escondido, aliás, desde que casei com Carmem nunca mais sai sem o seu consentimento. No entanto, achei que não haveria maldade numa saidinha no meio da semana.

O Roberto passou aqui em casa por volta das 10 horas da noite. Fomos num bar aqui perto, e pegamos algumas cervejas. Não muitas, pois o casal que mora aqui dorme cedo. Graças à confiança que tenho neles, expliquei que não falaria nada a Carmem. O Armando topou numa boa, até porque eu sei muitas de suas histórias. Já a Cibeli ficou um pouco contrariada, não achava isso certo, mas acabou topando por conta dos anos de parceria. Além disso, ela também tem uma certa implicância com a Carmem, e com isso juntou o útil ao agradável. Enfim, começamos bebendo ali em casa, conversando alegremente. Depois, saímos para a rua, sem saber aonde ir. Acabamos optando por um puteirinho que tem numa avenida aqui da nossa cidade cheia de casas de festividades. Negociamos o preço, e entramos. De início, uma morena muito parecida com a Sabrina Parlatore sentou comigo, enquanto uma outra morena, porém com a pele mais clara, sentou-se com o Roberto. O papo foi aquele de sempre:

- E aí, curtindo a noite?

- Sim. E aí? – respondi.

- Vai beber algo?

- Uma cerveja.

Ela busca a cerveja, eu vejo aquele rabo gostoso desfilando diante dos meus olhos, acompanho seus movimentos de ida e volta ao bar, até sentar-se novamente ao meu lado, passar a mão no meu peito e dizer:

- Nossa, como você é gostoso.

- E você é muito linda.

- Obrigada. Me paga um drink?

- Quanto?

- 50 reais.

- Quanto??

- 50.

- Espera um pouco, vamos devagar.

Enrolamos as duas o máximo que podemos, até que saem, dizendo que não podem perder tempo, pois estão trabalhando. Uma outra morena, mais velha, com a cara parecida com a do Michael Jackson, senta-se conosco. Eu estou louco para despachá-la, até porque já tinha avistado uma loira gostosa com uma micro-saia perto da porta. Mas a Michael Jackson senta-se bem ao meu lado, e, para piorar, parece que quer papo. Tento não ser grosso. Ficamos ali, ensebando, mas os preços daquele puteiro eram caros em tudo: bebida, drinks, mulheres e quartos. A mulher com o quarto dava 220 reais. Tomamos as cervejas e resolvemos ir, prometendo retornar mais tarde. Nisso, Felipe, um amigo nosso, liga. Passamos para pegá-lo e vamos beber mais um pouco num boteco qualquer. Depois, resolvemos entrar numa boate normal, ou seja, um não-puteiro, numa região boêmia da cidade. Como é terça-feira, são poucas as opções. Acabamos entrando num lugar que tocava samba, pagode, hip-hop e afins. Dias depois fui descobrir que tinha uma banda tocando lá, mas enfim, o local não estava muito cheio. Chegamos num grupinho que tinha três mulheres. Eu abordei uma morena e convidei-a para dançar. As três estavam com a cara muito séria, e eu não lembro o que falei, mas recordo da morena se virando para a amiga, falando em meio às gargalhadas: “esse aqui é muito engraçado”. Mas não rolou mais que isso. “Perdi o jeito de chegar na mulherada”, pensei. Depois, tirei para dançar uma mulher baixinha, de cabelo curto bem escuro, de óculos e com cara de maluca. E o pior que a louca era psicóloga e ficava me olhando de boca aberta, como se eu fosse o Brad Pit. Achei que era só pegar, mas não rolou também, até porque estava bêbado demais para articular frases impressionáveis e bolar alguma cantada. E também estava cansando de dançar. Resolvemos sair, pois não restavam muitas opções naquele lugar. Voltamos para o bar e bebemos mais algumas, planejando para qual puteiro iríamos. Passamos na frente de um, mas como haveria um jogo importante na cidade, estava lotado com jogadores, torcedores e comissão técnica de um dos times locais. Resolvemos ir até outro, mas o Felipe desistiu no meio do caminho, e o deixamos em casa.

Entramos no outro, na mesma Avenida, já devia ser quase quatro da madrugada. Para a nossa felicidade, só havia mulheres. Nós dois sentamos, mas pelo visto elas não estavam muito afim de trabalhar. Duas delas, apenas com um fiapo tapando o sexo, dançavam sensualmente agarradas naquele ferro onde elas fazem strip. Roberto e eu pedimos uma cerveja. Como elas seguiam sentadas em suas mesas, fiz sinal com o dedo para uma loira. Ela veio acompanhada de uma morena, que entregou ao meu primo, e sentou-se comigo. O papo foi aquele de sempre, no entanto, enquanto conversávamos, vi uma morena magra, corpo malhado, cabelo bem liso e escuro até a cintura, passar dançando feito uma cobra na minha frente. Tentei me concentrar na loira, mas não teve jeito. Enquanto observava aquele corpo magnífico serpenteando, acabei perguntando:

- Quem é ela?

- Ah, é a Micheli.

- Hmmmmmm.

A loira viu que eu babava.

- Quer que eu chame ela?

- Sim – respondi instintivamente.

Ela foi lá e me trouxe a Micheli. Confesso que gaguejei diante daquela mulher. Já sem saber o que falar, com a imagem dela dançando docemente na minha frente fresca na minha memória, acabei convidando-a para dançar. Eu a segurava pela cintura enquanto ela esfregava aquele rabo venenoso no meu pau, que a essa altura já estava saindo pelas calças. Foi rebolando desse jeito que ela pediu com muito jeitinho um drink. Nem perguntei quanto era e mandei vir. Nossa, eu dava a minha alma por uma noite com aquela morena. Esqueci tudo. Esqueci a Carmem, o Rafael, a merda dos meus sogros, meus falecidos pais, meu passado, meu presente, meu futuro, meu trabalho, tudo. Só queria ela. E ela espertamente sabia disso. Não faço a mínima idéia de quanto tempo dançamos, mas lembro que saímos do bordel levando as duas. Não sei porque cargas d’água fomos parar numa loja de conveniência dum posto de gasolina, provavelmente para comermos algo. Roberto me chamou de canto e perguntou:

- E aí?

- E aí – respondi.

- A tua faz por quanto? – ele me perguntou.

- Ela falou 170.

- A minha diz que faz por 140.

- Você tem grana? – perguntei.

- Tenho. E você?

- Bem… aqui não. Mas tenho o cartão lá em casa.

Nisso, as duas vêm em nossa direção. A Micheli me abraça e me beija. Eu fico com o pau mais duro que uma rocha. Se precisasse, eu assaltava aquele posto por ela. Foi então que perguntei para o Roberto se ele me levava até em casa para pegar o cartão. Como ele também estava completamente bêbado, aceitou. Atravessamos a cidade, e eu, quase cinco horas da manhã, entro em casa, acordo todo mundo, reviro minhas coisas e acho o cartão. Saio sem dizer nada enquanto os três me aguardam no carro. Entro e dou um longo beijo em Micheli, feliz da vida. Voltamos para a mesma loja do mesmo posto onde havia um caixa eletrônico. Saco exatos 170 reais, até porque o resto eu já tinha gasto. Nisso, Micheli me beija de novo e aponta para um ursinho de pelúcia, com um coraçãozinho escrito “I love you”, em uma estante:

- Olha só que amor.

Os olhos dela brilhavam. Quer dizer, não sei se brilhavam mesmo ou se era o álcool no meu cérebro que faziam brilhar mais do que qualquer estrela. Não resisti:

- Você quer?

- Quero! – gritou ela euforicamente como se fosse uma garotinha de 5 anos. Aquilo me comoveu mais ainda. Perguntei para a caixa quanto era. 30 reais. Quando eu disse “vou levar”, o Roberto por um segundo despertou do trago e começou a berrar:

- Você ta louco meu irmão!??!! Ficou maluco!!?! Vai gastar 30 reais com isso! O cara, se liga porra!!!

Eu só ria. A caixa também. E a Micheli abraçava o ursinho como se fosse nosso filho. Já o Roberto estava com os olhos arregalados, em pânico, tentando me convencer a não comprar. “Mas ela quer”, disse para ele categoricamente e paguei os 30 reais no caixa. Micheli me beijou, como se nosso filho tivesse nascido. “É o nosso Juninho”, falei para ela, e a abracei. Olhei para o seu rosto e vi duas bolinhas profundas e vermelhas de emoção. Senti então que, se já não era mais capaz de fazer Carmem feliz, poderia levar alegria a alguma mulher da vida carente.

Fomos para o carro e dali seguimos para um motel. Subimos as escadas. Eu estava ansioso para ver aquele corpo nu. Entramos no quarto e ela até esqueceu de cobrar adiantado, como geralmente fazem. Nos beijamos loucamente e tiramos as roupas aos poucos. Eu a beijava furtivamente, nem fazia questão que me chupasse de início. Enfiei minha mão na boceta dela, e por Deus, estava completamente molhada. Comecei a esfregar meus dedos na parte superior da boceta e ela gemia e pegava no meu pau, enquanto nos beijávamos. Há quanto tempo eu não tinha um sexo assim com Carmem! Então ela pegou a camisinha, que eu confesso que se dependesse de mim nem lembraria, e a colocou com a boca. Depois, veio por cima, e rebolava em meu pau, enquanto eu passava a mão na sua barriga magrinha e malhada e nos seus pequenos peitos, que de vez em quando eu engolia e lambia os mamilos enquanto ela gemia. Não faço idéia de quanto tempo durou, mas sei que trocamos de posições varias vezes, de quatro, de pé, sentado, deitado, e eu, talvez pela bebida, talvez pelo cansaço, mas com certeza para a minha sorte (e a dela também) demorei para gozar. Quando gozei achei que fosse desfalecer. Vi as luzes entrando pelas frestas das janelas e percebi que já era de manhã. Conversamos alguns minutos e quando achei que ela fosse querer ir embora, começou a me chupar de novo. E quando meu pau ficou duro, ressurgido das cinzas, e comecei a trabalhar por cima enquanto ela gemia, ouvi uma buzina. “Filho da puta”, murmurei. Abri a janela pelado e comecei a gritar:

- Vai se fuder, caralho! Deixa eu fuder aqui, porra!

Alguém lá do portão de saída do motel gritou:

- Cala a boca!

Quando me virei para a cama, ela já estava se vestindo. Foi então que se ligou para me cobrar. Fui dar os 140 que sobrou e ela:

- A gente combinou 170.

Eu olhei par ao nosso Juninho e apontei:

- 30 é dele.

Ela concordou e saímos. Ao entrar no carro, estava indignado:

- Porra, tu fudeu com a minha foda.

Todo mundo no carro se mijava rindo enquanto eu esbravejava.

- Quando começamos a segunda tu começa a buzinar, porra!

- Mas os caras ligaram! Deu três horas! Eu não tinha dinheiro para mais – explicou o Roberto.

Bom, na hora eu nem pensava em dinheiro, e segui indignado. Deixamos as duas numa rua qualquer do centro. Na despedida, um longo beijo, como se eu fosse para a guerra. Ela, vendo que eu estava completamente bêbado, pegou meu celular e salvou o seu número com o nome. Na despedida, dei mais um beijo nela e um tapinha na cabeça do ursinho:

- Cuida bem do nosso Juninho.

Uma lágrima caiu de seus olhos enquanto começava mais uma terça-feira da vida.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

10 maneiras de ficar rico

Enquanto dou andamento à dissertação e procuro emprego, bolo algumas maneiras alternativas de ganhar dinheiro. Aliás, serei justo: não tenho bolado nada sozinho, pois estou contado com a contribuição de alguns amigos de mente brilhante, porém, não vou publicar o nome deles sem a devida autorização. Talvez eles até me processem, por divulgar essas idéias aqui nesse espaço, mas, na falta do que fazer, nunca me faltou coragem, como diria o Humberto Gessinger. Ou melhor, na falta do que fazer, publico aqui algumas dessas idéias geniosas para você sentir o espírito de empreendedor que ainda há em mim.
1 – Produzir filmes pornôs na zona. Filmamos tudo e vendemos, cada um em sua cidade, para os gulosos telespectadores brasileiros. Depois, com o negócio expandindo, podemos criar um canal para transmitir a putaria ao vivo, com uma equipe completa, com narrador, repórter, comentaristas, direito a replay, etc. Também poderíamos criar uma espécie de BBB da putaria, com várias provas, do tipo, quem agüenta mais tempo, quem faz a melhor acrobacia, etc, com muita interatividade dos telespectadores;
2 – Filmar e vender pegadinhas para o Sílvio Santos;
3 – Achar um moleque driblador em alguma favela e vender para um clube europeu por milhões de euros;
4 – Um de meus amigos, o único solteiro da turma de três, vai dando o golpe do baú em várias coroas ricas, por exemplo, casa com uma com contrato de divisão parcial de bens, se separa, fica com a metade, e passa para a próxima;
5 – Criar uma campanha na internet: quem doar mais dinheiro sai na capa do nosso site e nesse nobre blog;
6 – Caçar fantasmas;
7 – Esperar que alguém da galera se torne político ou fique rico para contratar o resto para fazer assessoria de alguma coisa;
8 – Publicar todas as baboseiras dos últimos anos por uma grande editora e cobrar muito caro pelos direitos autorais e traduções para outras línguas;
9 – Criar um movimento chamado Movimento dos Sem-Dinheiro (MSD), acampar em alguma fazenda, ir para o pau com o MST, ficar com as coisas deles, ir para o pau com a Brigada Militar (PM, para quem não é do Rio Grande), ficar com as coisas dos policiais, e assim sucessivamente, à lá Coluna Prestes do século XXI.
E se nada disso der certo, tem ainda o último plano:
10 – Virar hippie, porém, nesse último caso, não ficaremos ricos materialmente, mas sim, espiritualmente. Hare Krishna!
PS: A foto lá de cima é do filme “Pagando bem, que mal tem”, onde dois amigos (um homem e uma mulher), que estão literalmente duros, têm a brilhante idéia de fazer um filme pornô no local de trabalho, escondido do chefe, obviamente.

50 dias

Abri a porta da geladeira e lá estava ela. Linda, grande, espaçosa, esverdeada por fora, e escura por dentro. Olhei para ela, e a recíproca foi verdadeira. Suspirei. Virei o rosto. Ela ainda me olhava com seus olhos cor de uva. Parecia sussurrar, cantando como uma sereia: “vem!”. Eu a fitei seriamente, como se dissesse: “mas afinal, o que você quer?”. E ela respondeu, com voz sexy: “você, só você”. Estava sozinho em casa. Ninguém ficaria sabendo se eu me entregasse e me deleitasse aos prazeres oferecidos por ela. Era ela e eu, eu e ela, frente a frente. Só nós dois. Comecei a salivar, e a saliva na minha boca foi aumentando, até que respirei fundo, e passei a mão pelo seu corpo, suavemente, sofregamente, babando, antevendo os prazeres que ela me proporcionaria.
Ah, se ela lesse meus pensamentos! Se soubesse que eu a desejava todinha, todinha. Ah, se eu pudesse sentir o seu gosto em meus lábios, secando a minha saliva! Mas não, ela não sabe disso, e, por isso, ela ficou me olhando, ainda na expectativa de alguma reação minha.
A geladeira ainda estava aberta. Caso minha mãe estivesse em casa, já teria me xingado, da mesma forma que xingava quando eu abria a geladeira só para pensar na vida, durante a adolescência. Comecei a fazer os cálculos do custo benefício: só vi benefícios. Era só usufruir só um pouquinho de seu prazer e ninguém ficaria sabendo. Ninguém. Só eu e ela. Um segredo nosso, só nosso. Era tão fácil. O prazer estava ali, na minha frente, me convidando, me torturando, me chamando, se oferecendo semi-nua, como uma prostituta de rua. Enquanto pensava tudo isso, começou a tocar na rádio “Borracho y loco!”. Era como um hino ao prazer que se exibia diante de meus olhos. Por um momento, fiquei hipnotizado por ela, pelos seus olhos, pelo seu corpo, pela sua cor. Dirigi a minha mão em sua direção, ainda hesitante, mas, subitamente, fechei a geladeira e a deixei lá dentro, quietinha, em seu canto. Meu pai a beberá. Todinha. E eu ficarei só olhando. Sedento, mas satisfeito.
O nome dela? Viejo Solar. Uma garrafa de 1,25 litros de vinho argentino. E negando a tentação, completei hoje 50 dias de lei seca. Uma boa bebedeira àqueles que bebem. Façam um brinde em minha homenagem!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Teorias para um pequerrucho/pequerrucha (censuradas pelo pai)

Ainda sem saber o sexo de meu primogênito, começo a pensar em algumas teorias acerca da humanidade, que possivelmente não são novas, mas enfim, que formulei a partir de algumas conversas e experiências que tive ao longo de meus 28 anos de vida (modéstia parte, até agora bem vividos), e que pretendo ensiná-las a ele. Já se for ela, a teoria muda. Quer dizer, não muda, mas as dicas serão outras. Enfim.
Percebo que há muito, possivelmente antes mesmo de eu nascer, a mulherada anda insatisfeita com o sexo masculino. Mas há uma lógica para isso. Elas reclamam que faltam homens no mercado, que é raro achar um que preste ou que não seja idiota, e que cada vez aumenta mais o número de gays. De fato, essa é uma constatação que dispensa um estudo científico e quantitativo. É prático. Basta você ir a uma boate ou bar qualquer, seja Arena, Absoluto, Bangalô, Preto Zé, Oito e Meio, Old, enfim, não importa o nome ou a cidade, a cena será a mesma: muitas mulheres sozinhas e poucos homens, também sozinhos. O que quer dizer isso? Que as muitas mulheres sozinhas não querem os poucos homens que estão sozinhos, mas os poucos homens que estão sozinhos, querem as muitas mulheres que também estão sozinhas. Sacam?
Resumindo, as muitas mulheres, que estão lá, em saias sumárias, mostrando suas carnes suculentas, seu busto volumoso, provocando os olhares masculinos, requebrando suas cinturas e tornozelos ao ritmo de Rebolation, acham que os homens que vão falar com elas, ou são feios, ou são semi-acéfalos. Ou, resumindo mais ainda, uns idiotas. Aí, elas alegam que os homens interessantes são os que estão comprometidos, e a maioria, numa análise discursiva, os consideram cafajestes, sem-vergonhas, que não valem a bóia que comem. Mas (sempre tem o mas) algumas, tomadas por carência, necessidade de beijo e sexo, enfim, possuídas por uma libido irracional, acabam cedendo, e depois se arrependem, e chamam o macho de cachorro, sem-vergonha, e aquela história toda que você, leitorinha e leitorinho, conhecem. E, mesmo assim, elas não querem os feios e os idiotas. Quer dizer, o que elas chamam de idiotas têm vários significados: tem os idiotas que podem ser classificados apenas de “bobo-alegres”, tem os que são idiotas por serem grossos, tem os idiotas por serem burros, tem os idiotas por só saberem falar de carro, e têm os idiotas, idiotas mesmo, do tipo, Idiota com “i” maiúsculo (fala só de carro, faz piadas ofensivas, preconceituosas e sem-graça, e, pior, se mata de rir disso).
Resumindo a história, para as mulheres solteiras, e muitas delas são lindas mesmo, não há saída: ou elas tentam roubar o namorado das outras, mas mesmo fazendo isso elas já estão classificando esse homem em seu consciente ou inconsciente de cachorro, sem-vergonha, que só pensa em sexo e que não vale a merda que defeca; ou elas cedem e ficam com um idiota; ou compram um cachorro, mas nesse caso, não vão poder transar com ele, e terão que se contentar apenas com algumas lambidas, a não ser que sofram de zoofilia. Aliás, tem muitos idiotas que namoram. Mas não idiotas no mesmo sentido que nós, homens, consideramos idiotas, e sim, na concepção de idiotas que as mulheres têm do termo. Aqueles que elas consideram idiotas, são os nossos melhores amigos! São os caras que nos fazem rir, que tomam cerveja em um bar contando histórias sensacionais, que dão risadas contigo assistindo aos filmes mais imbecis possíveis, enfim, são homens! E as mulheres, são mulheres! Os homens agem por impulso, por paixão, por tesão, por emoção! As mulheres agem estrategicamente: elas caçam o homem que elas querem (e por isso está tão difícil, porque o estereótipo de homem ideal é limitado, e tem uma fila de mulheres atrás dele), prendem-no com muito sexo e beijos ardentes, namoram, casam, fazem filhos, e assim, elas podem realizar aquilo que o David Coimbra (goze agora, leitorinho crítico que me acusa de imitador do D.C.!) chama de civilização, ou seja, elas podem cuidar da casa, família, dos filhos e do marido (não querendo que ele saia mais – a eterna discussão dos casais!). Elas agem maternalmente. E para isso, para chegar até aí, elas querem beleza e romantismo e sexo. E eles também querem beleza, romantismo e sexo. Ou só sexo. Sem romantismo. E às vezes, sem beleza. Aí depende.
E aí é que está! Os que querem beleza, romantismo e sexo são os que namoram, porque os que querem só sexo, muitas vezes são os que menos fazem. Ou senão, eles fazem porque elas acham eles muito bonitos e tesudos, ou porque elas gostam de sexo selvagem. Ou ainda, eles namoram uma, mas trepam com outras, e por aí vai. Cada criatura é uma criatura. E, claro, tem os românticos, românticos, que gostam de tudo, de beijo, sexo, romantismo, aventura, dar presentes, rosas, e por aí vai.
Outro tópico, que é importantíssimo esclarecer sobre a humanidade, é que: se os feios fossem bonitos, eles agiriam como os bonitos. E se os bonitos fossem feios, eles seriam mais bondosos (com as mulheres). E aí entra outra questão: as mulheres gostam dos bonitos porque eles são bonitos, ou por que eles são mais duros com elas (já que sabem que tem uma porção delas atrás deles)? Lembro de um filme, Sex Drive, que um gordinho pegava todas porque esnobava elas. E é essa a questão! Aquele cara que uma mina super-linda está interessada nele, independente de ser bem afeiçoado fisicamente ou não, esse maluco já está pegando outra, e vai pegar ela também, e elas vão ficar brabas com ele, e ele ficará feliz, ou não, vá saber. Enfim, essa teoria é tão confusa quanto as relações, e acho melhor que meu primogênito não leia isso aqui tão cedo, pois é melhor preservar a sanidade da criança. Melhor eu ir pensando em outros conselhos até ele/ela descobrir o quão esse mundo pode ser cruel e confuso...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tchuqui-tchuqui

Cara, antes de falar do meu filho, ou filha, vou esclarecer aqui que já li o livro Meu Guri, do David Coimbra (inclusive tenho ele autografado aqui em casa), só para esclarecer para aquele leitor do JM que me acusou de plagiador do D.C. Mas acontece que eu, como cronista-contista, ou simplesmente escrevedor de bobagens cotidianas, seja lá como quiserem chamar o que eu faço, não tenho como deixar de escrever sobre a coisa mais importante que já me aconteceu nesses 28 anos de vida! Portanto, quando eu estiver com vontade de escrever sobre o que estou sentindo e vendo, não vou me preocupar com o crítico leitorinho que vai me chamar de imitador sem criatividade do David Coimbra.
Enfim, feitas essas considerações, comecemos do zero. Estou vendo na prática que as mulheres, aliás, não só as mulheres, mas todas as pessoas do sexo feminino (inclusive a Lalá, minha filha emprestada), têm taras por bebês. O bichinho está lá, na barriga da Cris, com 0,5 cm (acho que foi isso que o médico disse) e as mulheres (tias, amigas da Cris, amigas da mãe, a própria mãe, enfim, todas as pessoas do sexo feminino) fazem cara de tchuqui-tchuqui e gritam com aquela voz de imitar crianças: aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que amorrrrrrrrrrrrr! E já estão enchendo o bebê, que não completou sequer dois meses dentro da quente barriga da Cris, de roupinhas, sapatinhos, cobertorzinhos, toalhinhas e por aí vai. É óbvio que eu adoro todos os presentes, e podem continuar dando, só estou comentando aqui que são as mulheres que fazem isso. A Cris já ganhou roupinhas e mais roupinhas das amigas, e eu não ganhei nem um bico de qualquer amigo meu. Até imaginei o Maikel (agora foda-se, coloquei o nome dele na reta) vindo do Rio até Santo Ângelo para me entregar uma roupinha miúda dizendo: aiiii que amor! Ou o Beck, ou o Arionzinho, ou o Arionzão, ou o Betowski, ou o meu primo Gérson, vindo lá da Itália, ou o Raul, vindo lá dos Estados Unidos, ou o Amadeus, ou o João, ou o Ganso, ou o Jeder, ou o Thales e o pessoal da informática do Jorge aqui de Santo Ângelo, ou ainda a galera toda de Bento Gonçalves e de Porto Alegre, cada um trazendo uma roupinha de nenê e um pacote de fraldas. Não, isso não acontece, porque eles não são elas. É da natureza. Não estou criticando elas, por fazerem isso. Muito menos eles, por não fazerem. É a vida. E meu nenê também aprenderá isso, com o tempo, e aprenderá muitas outras coisas. Mas, até lá, enquanto as mulheres entupirem meu nenê de presentinhos, mimos, fraldas, roupinhas e outros tchuqui-tchuquis, e a galera ficar discutindo se o guri ou guria será gremista ou colorado (é óbvio que será gremista) eu vou dando umas dicas para ele daqui do lado de fora da barriga. Afinal, o David Coimbra já disse que o mundo não é feito só tetas para o seu filho, Bernardo, e eu já adianto para o meu bebê que o mundo não é uma barriga! Tem muita coisa para se ver aqui fora. Inclusive, a cara do papai babão.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Correr, correr, correr, pensar, pensar, pensar..

Às vezes algumas coisas acontecem sem explicação. E não estou falando do fato de que serei pai, possivelmente em novembro, ao mesmo tempo em que estará nascendo a minha dissertação de mestrado, porque isso, óbvio, tem justificativa científica, religiosa, fisiológica, sexológica, cegonhógica e por aí afora. Só não vou falar disso agora, porque esse é um assunto sério, que merece um texto a parte. Estou falando de certos “clics” que acontecem, sacam?
Por exemplo, hoje eu estava de bobeira, meditando após assistir ao jogaço entre Manchester e Bayer de Monique (o Bayer perdeu por 3 a 2 mas se classificou para as semifinais da Liga dos Campões para enfrentar o Lyon), pensando se começaria a escrever um artigo para enviar ao Intercom Sul ou se assistiria a um filme em francês para aprimorar o nobre idioma, quando, de repente, fui tomado de uma súbita vontade de fazer exercícios. Não matemáticos. Físicos. Não físicos da física, do tipo, física quântica. Físicos no sentido de educação física. E assim, do nada, fui para o quarto e comecei a fazer apoios e abdominais. Depois alonguei. Quando já estava tão alongado quanto o Pernalonga, fui para a bicicleta ergométrica velha de minha mãe, e fiquei lá, pedalando, durante dez minutos cronometrados. Porém, não estava satisfeito. Queria mais! Vesti um calção, coloquei minha camisa velha do São Caetano (a n° 18, do Ademar) e sai pelas ruas de Santo Ângelo, a correr como um Forrest Gump. Corri, corri, corri, e enquanto corria, pensava, pensava, pensava. Sentia-me leve. Uma criança, praticamente, exatamente como a que vai nascer em novembro. Corri até cansar. Depois disso, caminhei. E, em passos rápidos, passei na casa do meu amigo João, que está morando no Acre e veio passear por aqui por alguns dias, e que me mostrou algumas fotos da cidade em que está morando (acho que é Cruzeiro do Sul o nome), lembramos de algumas falcatruas do passado, contei alguns planos que tenho para meu filho (ou filha), como por exemplo, o fato de doutriná-lo a ser um bom gremista desde cedo, e lá por nove horas da noite, rumei de volta para casa. Chegando aqui, fui ao banheiro, despi-me, fui para baixo do chuveiro, e lá tomei um delicioso banho, com meu corpo cansado, mas com aquele cansaço bom, de satisfação, e, depois disso, assisti ao quase tropeço do Inter contra o Novo Hamburgo na TV, que me renderam boas risadas. E, para completar, há pouco ainda fiz o artigo para o Intercom Sul, que espero que seja aprovado. É, às vezes algumas vontades que surgem do nada mudam um dia. E às vezes outras, mudam uma vida.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Gravidez psicológica

Dois homens estão sentados em uma mesa de bar, bebericando uma cerveja, olhando o movimento na calçada, quando um deles, conhecido por Zeca, de repente arregala os olhos, e com olhar perdido, anuncia:
- Estou grávido.
Zé, amigo de Zeca, nem ouve, observando uma morena que passava com uma mini-saia jeans:
- Que rabo... que rabo... – murmura.
Zeca cutuca o Zé, até prender sua atenção, e com os olhos mais arregalados ainda, confirma:
- Você ouviu o quê eu disse? Estou grávido.
- Você ta é bêbado, mermão. Tu viu o rabo daquela morena?
- É sério, estou grávido.
- A Joana está grávida?? – pergunta ele, apavorado.
- Não, não. A Joana não. Eu estou. Eu, Zeca Pereira Júnior estou grávido.
- Rarrá! E vai dizer agora que eu sou o pai?
- Não! A Joana é a mãe. Eu sou o pai. Mas sou eu quem estou grávido, entende?
- Cara, o que você andou fumando?
- Nada. Estou com todos os sintomas. Sinto ânsia de vômito o dia inteiro, às vezes tenho dor de cabeça, e minha barriga está crescendo aos poucos.
- A ânsia e a dor de cabeça se chamam ressaca. E a barriga crescendo se chama barriga de cerveja. Só se tu vai parir uma latinha de Skol! Rarararará!
- E o peito?
- Que peito?
- Meu peito, veja, está crescendo – diz Zeca, segurando seus mamilos - Até já saiu leite!
- Vai ver você agora goza pelo peito...
- Muito engraçado. Põem a mão aqui – pede o Zeca, apontando para a barriga.
- Ta me estranhando?
- Sério, rapa, põem a mão aqui.
- Não da pra esperar mais umas cinco garrafas?
- Não – e Zeca pega a mão de Zé e coloca-a em cima de sua barriga.
- Nossa. Se não estivesse bêbado, diria que senti um chute.
- Viu?
- Vi.
Os dois param, tomam mais um gole de cerveja.
- Já escolheu o nome?
- Ainda não.
- É pra quando?
- Não sei, faz 20 dias que comecei a sentir isso.
- Já foi ao médico, psiquiatra, algo assim?
- Tentei marcar com um ginecologista, mas ele me mandou à merda.
- É, entendo...
A morena de mini-saia jeans passa novamente, mas dessa vez nenhum olha.
- E a Joana? Já sabe?
- Já.
- E o que ela diz?
- Que vai pedir DNA.
- Entendo... Olha, acho melhor você parar de beber, não sei se isso vai fazer bem pro bebê.
- Mas ele pede mais...
- Pede mais?
- Sim, quando eu paro de beber ela, ou ele,vá saber... dá chutinhos pedindo mais, e só pára depois que estamos de cara cheia.
- Caraca, vai puxar por ti.
- É...
- Eu se fosse você colocava o nome de um grande jogador da atualidade, saca, tipo, Brazão.

- Brazão?
- É, ele ta matando a pau lá no Santa Cruz, meteu uns no Botafogo em pleno Engenhão dia desses.
- Brazão... é um belo nome. Vou pensar.
- Brazão. Brazão Pereira. Um brinde ao Brazão!
Os dois amigos brindam, e passam a noite bebendo, sem dizer mais nada.