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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mulheres

A coisa que mais gosto na vida são as mulheres. Porém, não as compreendo. Naturalmente, você irá pensar, pois elas também dizem que não nos entendem. Gosto da minha mulher, gosto das minhas duas filhas (uma emprestada e outra que ainda está na barriga) e gosto da minha mãe e da minha irmã (senão vai dar crise de ciúmes na bicha). Enfim, gosto e sempre gostei das mulheres. Não vivo sem elas. Elas tornam minha vida mais animada. No entanto, são complicadas pra cacete.
Certa vez eu estava conversando numa boa com uma ex-leitora desse blog. Não chegava nem a ser amiga minha pessoal, na real, era amiga do meu irmão. Se alguém quiser saber quem é, pergunte para ele. Mas enfim, eu levava a conversa como sempre levo, brincando, falando algo como “estou preocupado com minha mini-fazenda” e lá pelas tantas ela começa a dizer que eu tenho que me desarmar. “Você está armado, Eduardo. Te desarma”. Fiquei com cara de !?!?! Não entendi nada, sei lá, acho que ela queria dizer que eu não levo nada a sério e tento me esconder através do humor, o que realmente é verdade, fazer o quê? No final da história, eu segui brincando, até que ela ficou braba, nunca mais falou comigo e nunca mais apareceu aqui no blog. Vá entender!?
No período em que morei com a minha irmã também desisti de entender ela. Estava eu, dormindo tranqüilo, quando vejo, do nada, ela berrava comigo: “pára de roncar!”. Eu dava um pulo da cama, virava para o lado com cara de “ãhnm?”, e seguia dormindo, até o próximo berro. Aí ela passava reclamando da minha pessoa, e quando fui morar em Bento Gonçalves, ela ficou triste porque eu não estaria mais lá para incomodá-la. Vá entender!?
A patroa às vezes também faz umas que me deixa com cara de !?!? Esses dias, por exemplo, eu estava na cozinha, vendo alguma notícia importante sobre a Copa, ela passou por mim, resmungou qualquer coisa, e quando me dei por conta estava com uma chave na mão. “Que qué isso?”, pensei, ao ver a chave em minha mão. Fiquei esperando ela voltar para saber por que ela tinha me dado aquela chave. No fim, nem lembro pra que era, acho que ela cansou de esperar e pegou de volta a chave para fazer ela mesma. Mas me senti mais confuso ainda com o tal do chá de fraldas. Ela marcou para o dia 11 de julho. Final da Copa, ora pois. Quando me dei conta disso, liguei para ela para avisar que era o dia da FINAL. Calmamente, ela respondeu: “mas é chá de fraldas, só vai ter mulher, você não precisa vir”. Minha mãe também disse para eu não me meter no chá de fraldas, que isso era coisa de mulher e blá, blá, blá blá. Enfim, não me meti. Fiquei na minha, e cá estava eu, esperando a final da Copa, quando esses dias a patroa sai com essa: “não marque nada para o dia 11, é o meu chá de fraldas!”. Mas não era só para mulheres, cacilda? Tive que usar da minha delicadeza para gaguejar:
- Ma-mas é a final da Copa...”.
- E daí?
- É a FINAL da Copa.
- Ah, meu irmão vai estar aí, vê o jogo com ele...
Putz. Tive que usar todo meu jogo de cintura para explicar que é A FINAL DA COPA e que gosto de ver as FINAIS DE COPA sossegado, sentado, sem barulho, concentrado, sem falar com ninguém, em casa, na frente da TV grande da sala! Enfim, vou ver a final da Copa em casa (assim espero).
Até a pequena Laura, minha enteada, às vezes me surpreende. Por exemplo, ela pediu para eu administrar a mini-fazenda dela. Eu administrei, pô. Fiz crescer, plantei, colhi, ganhei dinheiro para ela. Até fiz algumas aquisiçõezinhas. Porém, quando ela chegou aqui em casa e abriu a mini-fazenda, arregalou os olhos e disse: “que qué isso?”, e disse que como eu havia feito tudo, ela não tinha mais o que fazer.
Fico pensando na Larissa, minha filha, que vai nascer. Será que ela será complicada como todas as mulheres? Será que ela gostará de problemas, como todas as mulheres? E será que ela gostará de homens complicados, como eu, bem como todos os homens? Pensando bem, acho que isso não é uma questão de gênero. A humanidade é que é complicada mesmo.... Mas as mulheres são um pouco mais, mas tudo bem, pois eu as amo demais e não vivo sem elas!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pai Dudu

Amigos, não sou o Pai Dudu apenas porque serei papai. Sou Pai Dudu porque acertei e previ todos os jogos das quartas de final! A prova está no último post sobre a Copa, só olhar ali embaixo ó. Vejam vocês. Estou me sentindo um visionário, um pai de santo, um vidente! Está certo, até cheguei a dar uma torcidinha para o Japão no jogo contra o Paraguai, pois gosto das japonesas, elas têm uma beleza diferente, mas sabia que no fim o Paraguai classificaria. Agora vou fazer minhas previsões para as semifinais, entretanto, primeiro, vou dar um peteleco em cada jogo:
1) Uruguai x Gana – Vou torcer pra Gana, mas acho que o Uruguai passa. São duas equipes com estilos completamente diferentes. O Uruguai tem uma defesa fortíssima, um bom goleiro e não tem perdoado os adversários nos contra-ataques. Já Gana é meio que o oposto. Joga mais pra frente e tem uma defesa mais vulnerável. Com isso, acho que o Uruguai vai segurar bem lá atrás e vai marcar seu golzinho lá na frente.
2) Brasil x Holanda – Passa o Brasil. Assisti a praticamente todos os jogos da Copa (só perdi aqueles que eram no mesmo horário), mas vi todas as partidas da Holanda. Ao contrário da propaganda que fazem, é um time burocrático, que só conseguiu vencer jogando um futebol feio, mais pela fragilidade dos adversários do que por mostrar um futebol envolvente. Já o Brasil, mandou super bem contra o bom time da Costa do Marfim e atropelou o Chile. Acredito que o Brasil vai comandar o jogo, e a vitória deve acontecer meio que ao natural, com alguns sustos dos holandeses, mas não o suficiente para eliminar o time de Dunga.
Alemanha x Argentina – Aposto na Alemanha. A Argentina é o tipo de adversário perfeito para os alemães. Jogam ofensivamente e têm uma defesa não muito forte. Já a Alemanha, tem uma defesa forte, e tem sido quase que perfeita nos contra-ataques, com toque de bola envolvente e conclusões precisas. Argentina deve apresentar maior volume de jogo, mas aposto na eficiência alemã. Maradona pelado vai ficar para outra ocasião.
Paraguai x Espanha – Espanha, sem dúvidas. Esse é jogo mais previsível. Paraguai não jogou nada contra o Japão, e a Espanha, a partir da metade do segundo tempo contra Portugal, não só fez o gol, como poderia ter feito mais um ou dois. Tem mais time, jogadores melhores e mais tradição. Torço para a zebra sul-americana, mas a Espanha deve passar.

Com isso, certamente teremos uma final com uma seleção européia contra uma sul-americana. Aposto nas seguintes semifinais:

Brasil x Uruguai
Espanha x Alemanha


Caso eu acerte novamente, vou montar a banquinha do Pai Dudu!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Intimidade

Comecei a ler ontem Intimidade, de Hanif Kureishi, escritor inglês, filho de paquistanês. Peguei esse livro e um do D. H. Lawrence na biblioteca da PUC para ler intercaladamente com os textos acadêmicos nessa fase pré-qualificação de disertação. Mas como pesquiso jornalismo e literatura, está tudo em casa. Nenhuma leitura é inválida. Aliás, estou bolando uma lista com livros que têm na biblioteca para xerocar, pois final do ano termino o mestrado e não terei mais como trazer livros de lá. Esse livro, e outro que peguei e já li desde minha última ida a Porto Alegre (Mentiras, do Nelson Rodrigues), não vou xerocar. Porém, o do Lawrence, por ser maior, possivelmente terei que xerocar para ler com mais tempo. Enfim, isso não importa.
Quero mesmo é falar sobre Intimidade. É um livro curto, de 114 páginas. Comecei a ler ontem, sem pressa, e já estou na página 63. Estou considerando um livro bem frasista, ou seja, com frases de efeito. Boas, por sinal. Lendo, lembro de algumas frases do professor Juremir Machado da Silva. Parece que leio ouvindo a voz do Juremir. Frases curtas, diretas e irônicas. Estilo parecido. Na minha modesta avaliação. Já a história me fez lembrar do livro de um outro gaúcho: Mãos de cavalo, do Daniel Galera. Na real, é praticamente o mesmo enredo. Não tenho aqui como dizer que o Galera plagiou o Kureishi, mas, nos dois casos, o homem pensa em abandonar a mulher e os filhos e a temática é a chatice do cotidiano dos relacionamentos. Indico os dois livros. E os do Juremir também.
Vou colocar aqui brevemente algumas frases que marquei até a página 63, sem desvendar a narrativa, para não tirar graça da história, caso você, nobre leitor, resolva ler esse livro:

Ela diz: “Por que você nunca fecha a porta do banheiro?”.
“Como é?”
“Por que não fecha?”
Não consigo pensar num motivo.


Mas por que pessoas competentes em matéria de vida familiar precisam empinar o nariz, como se presumissem que esse é o único tipo de vida digno, como se o resto fosse inadequado? Por que elas não podem ser acusados de não ter competência para a promiscuidade?

O desejo escarnece de todos os esforços humanos, torna-os valiosos. O desejo é o anarquista primordial, o primeiro espião disfarçado – não admira que o prefiram aprisionado e trancado em local seguro.

O alívio sexual é o máximo de misticismo que a maioria das pessoas agüenta.

Essa é ótima:
O tempo era precioso, e ele [o pai da personagem] me ensinou a temer o desperdício. Mas, ruminando e divagando na escrivaninha, concluí que não fazer nada é muitas vezes a melhor maneira de fazer alguma coisa.

A arte é fácil para quem pode e impossível para quem não pode.

Quando fui indicado para o Oscar, telefonei para contar, e ela {a mãe da personagem] disse: “você vai ter de ir até os Estados Unidos? Mas é longe demais”.
“Obrigado por se preocupar”, falei.


Essa também é ótima:
Creio que a mente está sempre concentrada – em algo que a interesse. Saias, piadas, críquete e pop, no meu caso.

Como eu gosto de escrever? Com lápis de ponta mole e com o pau duro – e não o contrário.

O bom senso diz que a gente não precisa ceder a todos os impulsos, correr atrás de qualquer mulher que nos encante. Mas acho que a gente pode ir atrás de algumas; nunca sabemos de antemão as delícias que nos aguardam.


Enfim, como já disse em outro post, gostei desse escritor, pois, ele cumpre o papel do bom escritor: escreve coisas que eu gostaria de ter escrito.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Falha vidental

Bom, dos oito confrontos das quartas de final da Copa que eu havia previsto no penúltimo post, acertei apenas dois: Argentina x México e Alemanha x Inglaterra.
Agora, vou analisar rapidamente os meus erros de vidente. Em negrito está a seleção classificada, e em não-negrito, a eliminada:
Uruguai x Nigéria - Será Uruguai e Coréia do Sul. Apostei no time africano, que ficou a um gol da classificação. Admito que aqui meu lado de torcedor falou mais alto.
Estados Unidos x Sérvia - Será EUA e Gana. Mas alguém imaginava que a Sérvia iria tropeçar na Austrália??
Holanda x Itália - Será Holanda e Eslováquia. Aqui, também pergunto: alguém imaginava que a Itália fosse perder para os eslovacos?
Paraguai x Dinamarca - Será Paraguai e Japão. Torci pelos japoneses contra a Dinamarca, mas não acreditava que eles fossem surpreender a equipe européia. Ainda bem que errei.
Brasil x Espanha - Acertei os classificados, mas errei a classificação: será Brasil x Chile e Espanha x Portugal.
Chile x Portugal - Idem o intem anterior.

Agora, minhas apostas para as quartas de final:

Uruguai x Gana
Alemanha x Argentina
Holanda x Brasil
Paraguai x Espanha

Façam suas apostas!

terça-feira, 22 de junho de 2010

A felicidade num cassino de Las Vegas

Lembro como se fosse hoje a primeira vez que entrei em um cassino. Era também a minha primeira viagem internacional, desde que a minha ex-mulher havia me trocado por um sargento do Exército e não me deixava mais ver meu filho. Fiquei um ano negociando, argumentando, tendo audiências na Justiça, apelando até para ameaças, até que pensei: “quer saber? Um dia o guri vai crescer e vai ver que a mãe é uma bandida e que seu pai é foda pracaraí”. Está certo, nós formávamos um casal bandido mesmo. Joe, amigo que me levou para essa viagem, sempre dizia que eu e ela éramos feitos um para o outro. “Vocês não valem a cachaça que bebem”, dizia, sempre depois do décimo terceiro copo de cerveja. E, após mais um porre compartilhado com Joe, em que ele já estava de saco cheio de ouvir minhas lamúrias, ele acabou sugerindo: “Vamos viajar!”.
- Viajar? – questionei.
- Isso! Fazer uma viagem do caralho! Daquelas pra você esquecer essa vaca!
- Vaca?
- É, a sua mulher, porra!
- Ela é mãe do meu filho!
- Ok, ok. Esquece isso. Vamos é botar o pé na estrada e quebrar com tudo!
- Tipo On the road?
- Não, cacete! Melhor que On the road! Muito melhor! Vamos ser os melhores!
- Porra!!! – gritei empolgado.
- Porra!!! – ele respondeu.
E assim, articularmos um plano minucioso para a viagem, que só terminou quando o dia amanhecia e as garrafas vazias de vinho em cima da mesa já estavam incontáveis.
Dois meses depois, Joe e eu desembarcávamos no Aeroporto Internacional McCarran. Era noite, e as luzes dos bares e cassinos quase cegavam meus arregalados olhos. Aquilo era o paraíso! Quem precisava de uma mulher reinenta enquanto a vida se encontra ali dentro! Mulheres em micro-saias pretas sumárias desfilavam pelas ruas, exibindo as suas suculentas carnes quentes. Lembrei-me de um filme que assisti certa vez: Despedida em Las Vegas . O personagem é traído pela mulher e vai para Las Vegas beber até morrer. Nisso, ele conhece uma prostituta. Eles começam a namorar, com o seguinte acordo: ele não se mete em seu trabalho, e ela não se mete no alcoolismo dele. E, assim, depois de muitos porres e belas trepadas, ele morre. Uma morte digna, diga-se de passagem. Cheguei a cogitar fazer o mesmo, mas a diferença é que não quero morrer. Muito pelo contrário! Aquilo tudo me inspirava vida! E vida boa! Tínhamos uma semana de viagem, mas aquela seria a única noite em Vegas. Joe tinha uns amigos em San Diego, e lá não pagaríamos por hospedagem. Só ficaríamos mais dias em Vegas se ganhássemos nos cassinos. Nosso sucesso com as prostitutas também dependia disso.
O plano era o seguinte: Joe, que tinha mais experiência, jogaria aquelas partidas onde o risco é maior e exige alguma habilidade do jogador. Assim, ele se dirigiu para o Poker, enquanto eu fui para a roleta. Incrivelmente me saí melhor. Provavelmente pela prática que e adquiri jogando o casino brasil antes da viagem. Eu passava horas a fio treinando e me divertindo nesse site que tem jogos sensacionais. Enfim, consegui dobrar o valor que a gente levara para a jogatina. Já dava para, ou ficar mais uma noite, ou se divertir com as meninas. Optamos por arriscar um pouco mais. Joe queria insistir no poker. Resolvi ir com ele para a mesma mesa e pedi dois drinks. Poucos segundos depois, duas loiras monumentais, com sorrisos enfeitiçantes, nos trouxeram a bebida. Acabamos perdendo 25% do total que tínhamos no início. Percorremos outras mesas de jogos, até que vi uma fila de maquininhas, com lindas mulheres e homens engravatados jogando arduamente. Eram simples máquinas de caça-níquel. Mais modernas do que essas que temos no Brasil, mas enfim, a lógica era a mesma. Coloquei lá uma moeda e mandei ver. Aquelas figurinhas, que já não sabia mais identificar pelo trago, começaram a girar e girar e girar, e não paravam mais de girar.... Quando vi que as três figurinhas eram iguais e ouvi uma espécie de apito, não acreditei. Era o prêmio máximo! Com aquela grana poderíamos ficar a semana inteira em Vegas! Isso é que é vida! Fomos para o lugar reservado onde havia streap. Tomamos um trago e saímos de lá acompanhados de dois monumentos góticos. A noite foi homérica. Inesquecível Aquilo era o paraíso! Não queria mais sair dali! Simplesmente esqueci meu passado, presente, futuro. Era só excitação e adrenalina.
Na noite seguinte, perdemos uma grana considerável, mas ainda tínhamos quatro vezes mais do que na primeira noite. Ou seja, se nos controlássemos, poderíamos ficar mais uns cinco dias, portanto, colocamos limites nos gastos dos jogos, para sobrar para as prostitutas e a bebida. O essencial.
Porém, na terceira noite Joe bebeu demais. E o pior: cedo demais. Quase pôs tudo a perder. Pela grana que ele havia gasto, teríamos que voltar no dia seguinte, porque não teríamos mais dinheiro para o hotel. Também não teríamos mais grana para as prostitutas. Sobrava um pouco para mais alguns jogos e bebidas. Sinceramente, pela primeira vez na viagem me enfureci com Joe, e quis voltar para o Brasil para voltar a encher o saco de minha ex-mulher.
E foi com essa fúria que fui para a mesa de poker. Joe gritava, bêbado, ao meu lado:
- Porra! Você ta maluco mermão?? Desde quando você joga poker???
Eu não respondia nem olhava para Joe. Caso olhasse, seria para dar um soco em sua fuça. Mesmo com os treinamentos que fiz no cassino 888, comecei mal. Enquanto suava muito, sentia saudades das horas que passava na frente do computador jogando o 888 online casino. Era tão divertido que nem sentia as horas passarem. Joguei duas mãos, e se continuássemos nesse ritmo, teríamos que ir embora mais cedo, não só para San Diego, mas também para o hotel. Na última mão, o cara ao meu lado apostou exatamente o valor que nós tínhamos em mãos. Joe, que não via minhas cartas, estava aos prantos, achando que nós iríamos mais cedo para casa. Eu estava sério, concentrado. Foi então que literalmente coloquei as cartas na mesa: Straight Flush. Nunca tinha feito um Straight Flush na vida! Pegamos a grana, e fomos comemorar com as prostitutas, e ali, bebendo com uma deusa tão linda quanto a Angeline Jolie, uma anônima que levava aquela vida louca todos os dias de sua vida, enfim, com uma prostituta de Las Vegas dormindo em meus braços, olhando para o drink em minhas mãos, na cama de casal daquele hotel, lembrei de filmes como Quebrando a banca e Onze homens e um segredo, e fiquei viajando por algumas horas, tentando bolar um plano tão mirabolante e perfeito quanto o das telas de cinema para ficar milionário em Las Vegas. E nesse momento, eu fui um puta cara feliz.

domingo, 20 de junho de 2010

O futuro da Copa

A Copa, de fato, está ocupando meu tempo e meu cérebro. Tenho várias atividades para fazer, porém, quando chego na frente do computador, parece que a inspiração some. E quando abro um livro para ler, parece que o sono chega exatamente ao mesmo tempo, e assim, deixo sempre para depois (do jogo). O pior é que quando todos os jogos acabam, eu estou exausto! É que, além de torcer, vou fazendo cálculos, projeções de classificação e comparações entre as seleções. Por exemplo, antes eu estava projetando grupo por grupo quais os possíveis confrontos para a próxima fase. Sei que esse post vai render poucos comentários, mas enfim, vou postar aqui minhas projeções. O tâche do francês, a dissertação e as matérias de free vão ficar para amanhã...

Grupo A:
México e Uruguai jogam pelo empate. Caso uma dessas seleções perca, no jogo entre África do Sul e França, uma das duas terá que tirar a diferença do saldo de gol que México e Uruguai têm sobre elas. Por isso, aposto em Uruguai em 1° e México em 2°.

Grupo B:
Esse já tem o primeiro colocado praticamente definido: Argentina. Na última rodada, o time de Maradona pega a Grécia, que pode se classificar com um empate, se a Coréia do Sul não vencer a Nigéria. Porém, o time africano tem chances, apesar de não ter somado nenhum ponto. Basta vencer a Coréia do Sul por qualquer placar e a Argentina vencer a Grécia. Nesse caso, a Nigéria ficaria empatado com Grécia e Coréia em número de pontos, e se classificaria pelo saldo de gols. E é nisso que eu aposto: Argentina em 1° e Nigéria em 2°.

Grupo C:
Nesse grupo está tudo embolado. Só a Eslovênia venceu até agora. Mas, como todos dependem de seus próprios resultados, ainda aposto que a Inglaterra vença a Eslovênia e os Estados Unidos vençam a Argélia, com as colocações sendo decididas no saldo de gols. Creio que os americanos ficarão em 1° e os ingleses em 2°.

Grupo D:
Nesse grupo a vaga também sairá dos confrontos diretos. Como aposto que a Alemanha vence Gana e a Sérvia papa a Austrália, aposto nas seguintes colocações: Alemanha em 1° e Sérvia em 2°.

Grupo E:
Nesse, o primeiro lugar está praticamente definido: é da Holanda. A segunda vaga será definida no confronto direto entre Dinamarca e Japão. Apesar dos japoneses entrarem em campo pelo empate, acho que os dinamarqueses vencem. Por isso aposto em Holanda em 1° e Dinamarca em 2°.

Grupo F:
Aqui também já tem um líder praticamente definido: o Paraguai. A Itália definirá a vaga com a Eslováquia, considerando que a Nova Zelândia não deve vencer os paraguaios. Ainda aposto na tradição da Azurra: Paraguai em 1° e Itália em 2°.

Grupo G:
Amanhã ainda jogam Portugal e Coréia do Norte. Acho que o Brasil ganha de Portugal e a Costa do Marfim vence a Coréia do Norte. Porém, acredito que Portugal também vença a Coréia do Norte... o que quer dizer que a vaga será decidida no saldo... Difícil dizer, mas aposto em Brasil em 1° e Portugal em 2°.

Grupo H:
Esse é o mais difícil de dizer, pois a segunda rodada será disputada amanhã. Por isso, vou direito à minha aposta de classificação, que poderá ser revista depois dos jogos de amanhã: Chile em 1° e Espanha em 2°.

Enfim, de acordo com o matemático, jornalista, escritor, filósofo, modelo internacional, pensador, dançarino, cozinheiro, garçom, mensageiro de hotel, panfleteiro, futuro professor universitário, astrólogo etc, etc, etc, os jogos das oitavas de final ficarão assim:

Uruguai x Nigéria
Argentina x México
Estados Unidos x Sérvia
Alemanha x Inglaterra
Holanda x Itália
Paraguai x Dinamarca
Brasil x Espanha
Chile x Portugal


E tenho dito!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Participação feminina na Copa


Enquanto assistia ao jogo entre Argentina e Coréia do Sul, após perguntar se a Argentina era o time de uniforme vermelho ou de branco, minha mãe elaborou a seguinte lógica futebolística: ganha quem faz mais gols, e faz mais gols quem tem mais sorte. Segundo ela, isso porque alguns chutam e não fazem gols, enquanto outros chutam e fazem. Uns, que driblam todo mundo e chutam na trave, têm azar; enquanto outros, que chutam de canela e fazem o gol, têm sorte. Muito prático e faz sentido.
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Já minha filha emprestada, Laura, após assistir comigo ao jogo do Brasil e Coréia do Norte, sentadinha e comportada, concluiu: “perdi minha tarde de terça-feira. Poderia ter ficado em casa brincando com o Fofinho”. Fofinho é o cachorro. Também tem lógica. E também faz sentido.
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Minha noiva, por sua vez, quando pergunto para quem ela vai torcer num jogo como Argélia e Eslovênica, responde: “tanto faz”. Também tem lógica. E também faz sentido.
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Outra mulher insensível da família, que não se comove com questões futebolísticas, é a minha irmã. Antes do jogo do Brasil contra a Coréia do Norte, perguntei se ela estava nervosa, e ela, bocejando, friamente, respondeu sem pestanejar, com cara de Garfield: “uhhh, to muuito preocupada”. Muito irônica essa minha irmã.
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Já uma prima minha estava torcendo para a Espanha contra a Suíça. Quando a bola do time de branco entrou, ela começou a comemorar. Foi então que o marido dela perguntou: “está comemorando o quê, ó mulher? O gol foi da Suíça!”. E ela murchou, como uma rosa que não recebe água há duas semanas.
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Voltando à minha mãe: sem prestar muita atenção no jogo entre Grécia e Nigéria, ela também concluiu que os jogadores gregos têm o nome no plural: Papadopoulos, Torosidis (parente distante do Mussum), Sâmaras, Gekas, etc. Não chego a falar grego, mas talvez faça algum sentido...
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A Copa é um fenômeno social interessante e engraçado justamente por isso: mesmo quem não assiste e não acompanha futebol durante os anos em que não há Copa do Mundo, acompanham e dão palpites engraçados durante os jogos do mundial. Em dias de partidas do Brasil, as ruas ficam desertas, tudo para, as crianças vão à aula pintadas de verde-amarelo, ninguém sai para procurar emprego, os empresários podem estar bem-humorados com os jogos e dar um aumento para um incompetente, assim como podem estar de mau humor por um resultado ruim e demitir um bom funcionário. E assim segue a vida na terra tupiniquim de quatro em quatro anos...
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Encerro essa coluna lembrando uma crônica marcante do Nélson Rodrigues escrita sobre a final da Copa de 1962. Resumidamente foi o seguinte: o marido descobre que a mulher está lhe traindo e decide matá-la no dia do jogo. No entanto, a partida vai começar, e ele resolve dar uma sobrevida para a ex-amada. A Tchecoslováquia abre o placar aos 15 do primeiro tempo. Achando que o Brasil vai ser vice, ele decide matá-la naquele instante. Porém, dois minutos depois, Amarildo empata. Ele se empolga, e esquece da mulher. Quando ele começa a voltar a pensar em matar a traidora, aos 19 do segundo tempo, Zito põe o Brasil na frente, e ele até abraça a mulher. Por fim, aos 33 do segundo, Vavá faz mais um, e a crônica termina com ele beijando, abraçando e pegando a mulher no colo, berrando “somos bi-campeões, meu amor! Eu te amo! Eu te amo!”. E, graças ao Brasil, um crime passional é evitado. Também tem lógica. E também faz sentido.

*Texto que será publicado na Tribuna desta sexta-feira.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minha bebê

Bom, na verdade meu nenê, será minha nenê, pois, como disse a médica, o nenê não tem pinto. Segundo ela, ainda há uma remota possibilidade de ainda aparecer algo ali, mas são quase nulas. O que quer dizer que tenho que elaborar conselhos para uma menina. Algo difícil. Muito difícil. Aliás, estou matutando e martelando desde que recebi a confirmação de que o nenê não tinha pinto, o que, me leva a crer, que é uma nenê. O que dizer para uma menina? Está certo, faz quatro anos que atuo como padrasto da minha enteada, mas, de qualquer forma, eu respeito o pai dela e não posso atropelar a educação que ele acha que é melhor para ela. Já com a Cris, dou meus palpites, mas a última resposta é sempre dela. Dou meus conselhos, mas não chego a cobrar, efetivamente, que ela os siga. Agora, a guria que está na barriga da Cris será eu e ela, entendem? Pai e filha. Assim como a relação mãe e filha. Tenho que pensar muito para dizer algo inteligente para ela. Qualquer palavra mal colocada pode ser mal interpretada, afinal, vocês sabem como as mulheres gostam de arranjar confusão, e quanto mais você se explica, mais elas brigam. Na verdade, elas querem mesmo é brigar. Enfim, tenho que fazer com que minha filha não seja ãnsim, como diria o meu barbeiro. Vou ter que pensar muito, muito...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Reportagem na veia

Confesso que, lendo tanto livro de teoria do jornalismo e livros acadêmicos sobre a profissão, além de grandes livros-reportagens, coletâneas de grandes reportagens, somados à alguns autores beats, dá vontade de colocar uma mochila nas costas e sair por aí atrás de grandes histórias. Foda-se que ninguém vai ler. Foda-se que não vende. Foda-se que os jornais contemporâneos só pensam em explorar estereótipos (O gaúcho endeuzado por ZH ou o anti-RBS do Correio do Povo). Tem muito a ser visto e narrado, histórias emocionantes, marcantes, surreais, de pessoas que, muitas vezes, vivem ao nosso redor, como se fossem invisíveis. Comecei a ler um livro típico de graduação intitulado "Repórteres", que reúne uma espécie de "making-off" de grandes reportagens de jornalistas como Caco Barcelos, Carlos Wagner, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro, Ricado Kotscho, entre outros, e, observando atentamente, percebe-se que as histórias sempre estiveram ali, exibindo-se para todos a céu aberto, enquanto o único trabalho que eles tiveram, com um puta talento, foi ver, e às vezes vivenciar o acontecimento, relatando-o como se aquele fato real fosse uma bela história de ficção, de tão impressionante que ela realmente é. E lendo isso tudo, fico maluco, sonhando em cobrir de perto, por exemplo, a Copa de 2014, vendo como o neguinho lá na favela do Rio de Janeiro vê toda a movimentação de turistas do mundo inteiro na cidade, que investirá, como outras, pesado em infra-estrutura, ver como tudo isso reflete na vida dele, enfim, contar histórias, refazer caminhos que foram trilhados há anos, como a reportagem do organizador do livro, Audálio Dantas, que relatou para a revista Realidade a Segunda Guerra de Canudos, que culminou com o fim da cidade do sertão.
Bom, não ia escrever nada hoje, pois estou caindo de sono, mas vou dormir com todos esses sonhos de realizações pessoais na cabeça. Ah, e amanhã devo saber o sexo do meu nenê, e quero viver para fazer esses trabalhos para entender e poder dar os melhores conselhos possíveis para meu filho (a). Está certo, até admito que às vezes, quando estamos no mercado, ficamos putos da vida com certas coisas que acontecem dentro das empresas, mas quando estamos fora, sentimos aquela coceirinha de repórter que quer, de uma forma ou de outra, melhorar o mundo em que vive. Entre alguns palavrões e algumas histórias de putarias, há nesse que vos escreve uma puta vontade de mudar a porra toda. Agora vou à latrina para depois ferrar no sono.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quando voltar a ser criança

Um dos melhores livros que já li, é "Quando voltar a ser criança", de Janusz Korczak, que morreu em um campo de concentração de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial. Inclusive, esse é um dos livros que ainda quero reler, pois a primeira leitura ocorreu quando ainda estava na graduação. Enfim, como já disse, nem tudo é Copa, e o título desse livro representa o meu sentimento de futuro pai. Acho que tendo um filho, de certa forma, voltarei a ser criança. Por isso, e graças as facilidades internéticas, faço uma exposição bloguiana com 20 fotos que catei aqui, na net, além da foto da barriga da Cris, onde habita meu primogênito.























Voltaremos!

domingo, 13 de junho de 2010

Curta da Copa

Possivelmente minha produção bloguística nesse período de Copa do Mundo reduza em função da maratona de jogos. Por enquanto assisti a todos. Hoje (domingo), por exemplo, acordei às 8 horas pra ver Argélia e Eslovênia. No entanto, como a TV do quarto da Cris estava queimada, e meus sogros, não sei por que cargas da água, estavam dormindo na cozinha (onde fica a outra TV), acabei ligando para pedir uma carona para o pai para chegar em casa a tempo de ver o jogo. Copa do Mundo, sabe cumé. Cheguei com uma puta cara de sono, tomei um cafezão, e assisti ao triste jogo entre eslovenos e argelinos.
Já estava me decepcionando com essa Copa, quando hoje à tarde assisti aos alemões da Alemanha, parentes das alemoas, meterem quatro na Austrália, fora o chocolate. Enfim, há luz de um bom futebol nesse Mundial. Porém, amanhã a expectativa é de três bons jogos. A ofensiva Holanda pega a Dinamarca; depois a seleção de Camarões, que está prometendo a volta dos leões indomáveis, pega os rápidos japoneses; e, por fim, a burocrática, mas eficiente, seleção itailana pega os sempre incomodativos paraguaios. Perspectivas de melhoras nessa Copa. E viva a Copa! E viva o Gol! E viva la revolución! E viva o orgasmo!

sábado, 12 de junho de 2010

Overdose de futebol

Nada melhor do que iniciar um mês de overdose futebolística com um jogo como o que tivemos ontem entre África do Sul e México. Confesso que iniciei minha sexta Copa da vida, inteiramente envolvido. Minha primeira lembrança de mundiais é a Copa de 90. Desde então, assisti a praticamente todos os jogos de Copa do Mundo. E o de ontem, certamente, foi um dos mais marcantes. Torci pelos sul-africanos quase como se fosse a seleção brasileira. Para espanto da nossa governanta, a dona Teresa, que estava preparando o almoço ali na cozinha, volta e meia eu gritava um “puuuuu”, dava socos na mesa, ou xingava o árbitro, como por exemplo, quando ele não marcou um pênalti claríssimo para os anfitriões. No fim, o 1 a 1 foi um aperitivo do que está para vir: uma das melhores copas de todos os tempos.
Hoje, por exemplo, teremos Nigéria e Argentina. Mesmo antes de a bola rolar, já digo que será um jogaço. Lembro-me de dois confrontos entre Argentina e Nigéria. Um, foi a vitória dos africanos na Copa de 94. Histórica. Inesquecível. Em 2002, na copa do Japão e da Coréia, lembro-me que as duas seleções se enfrentaram de madrugada, se não me engano, por volta das 3 horas. Recordo-me como se fosse hoje, que estava na festa do ridículo, no Clube 28 de Maio, e que estava muito frio. Como não consegui me esquentar na festa, acabei, indo para um desses bares do centro para assistir ao jogo. Era eu, o garçom, a garrafa de cerveja e a televisão. Um momento mágico. Pena que o jogo ficou em 0 a 0. Terminada a partida, voltei para a festa, que estava em seu fim. Foi aí que me se senti um repórter esportivo inusitado e improvisado, anunciando para o povo todo: Argentina e Nigéria empataram em 0 a 0. Para a infelicidade das companheiras de meus amigos, o assunto, a partir dali, passou a ser Copa do Mundo. E assim fomos comer o tradicional xis de fim de festa, comentando a Copa. Isso é Copa do Mundo: é algo que envolve, que toma conta do cotidiano durante um mês.
E creio que o patriotismo deve ser encarado como o que vemos durante a disputa de uma Copa do Mundo: algo positivo. Tem que saber perder. Tem que respeitar o adversário. Tem que ser uma festa, um entretenimento. Pois as fronteiras, para mim, deveriam existir apenas para separar seleções esportivas. Lembro-me aqui de uma frase de Honoré de Balzac, no século XIX, afirmando que o patriotismo é o egoísmo de um povo. Claro, que isso fio escrito em um tempo de guerras, porém, hoje eu diria que o patriotismo tem que ser a graça de um povo. Pois a partir do momento em que ele vira egoísmo, ao invés de termos jogos, temos guerra. E a Copa é, de certa forma, a luta dos povos contra a Guerra, contra os exércitos armados, que é uma representação simbólica de toda a violência humana.
LOVE - Claro que nem tudo é Copa do Mundo. Hoje, por exemplo, além de curtir os jogos da Copa de dia, é data para comemorar a vida ao lado do nosso amor à noite. Eu, especificamente, vou celebrar a vida com a minha noiva Cristiane, e com o nenê que habita a barriga dela. Cris: um feliz dia dos namorados para nós. E um feliz dia dos namorados para todos os leitores.
E aqueles que estão sem namorado (a), não percam tempo, façam como os jogadores da Copa e corram atrás da felicidade. Pode demorar um pouco, mas ela sempre vem. E é tão boa quanto um gol brasileiro em final de Copa. Viva a Copa! Viva o amor! Viva o gol! E viva o orgasmo!

* Texto publicado no JM deste sábado.

Relacionamento: tesão e tédio de mãos dadas

Homens e mulheres há milênios buscam hipóteses (e não teorias, que dependem de confirmações através de dados) para os relacionamentos conjugais. Um amigo meu, chamado Thales (confesso que não sei o sobrenome da criatura), criou uma hipótese bem interessante sobre os relacionamentos, que, resumidamente, é isso: a primeira fase, que todos passam, e que é tida por muitos como a melhor, é a do conhecimento. Ou seja, nessa etapa ambos estão envolvidos 100% um com o outro, querendo saber o que o outro pensa, o que não pensa, seu passado, presente, sonhos para o futuro, etc. Tudo é perdoado e o nível de compreensão de um para com o outro é praticamente unânime entre os casais nesse estágio.
O segundo, é o da estabilidade, que pode ser visto como “rotina”, ou, sendo mais direto, como algo “chato pra caramba”. Coloco aqui as palavras do próprio Thales, retiradas de seu blog (http://thalesmtz.blogspot.com/), que definem esse estágio em: “levar [a namorada ou o namorado] pra casa ver filme, novela ou qualquer bobagem na TV e ir pra cama. Significa ter que ir em jantas familiares, bater um papo e tomar uma cerveja com a sogra e o sogro, voltar pra casa e ... cama. Então vocês decidem fazer sexo numa dessas noites, e percebem que o sexo se tornou apenas mais uma ferramenta do relacionamento e não é mais o ápice como era antes, aquele TESÃO foi perdido, não tem mais novidade em cada movimento feito, e por isso tudo vai regredindo, desgastando...”.
Porém, passada essa fase, o casal encontra-se diante de duas possibilidades. Uma, é a da traição. Ou seja, o homem, ou a mulher, vai buscar esse tesão perdido em outras carnes. E isso pode levar ao fim do relacionamento. Ele pode até ser mantido nas aparências, mas o casal sentirá que aquilo que acabou, não volta mais. A outra possibilidade, que aí sim pode melhorar o relacionamento (não uso aqui o termo “salvar”, porque se um relacionamento precisa ser “salvo” é porque ele não é bom, e se não é bom, não há a necessidade de ser mantido, ou melhor, forçado), enfim, outra maneira de melhorar a relação é a fase das metas. Aqui, sim, o casal pode recuperar o tesão, em todos os sentidos. Como diz o Thales, “começam a trabalhar juntos pra vencer as barreiras que aparecem na sua frente”. No entanto, para chegar e viver essa fase, o casal deve ter paciência e compreensão um com o outro. E o principal: o casal deve ter metas em comum, que não estejam relacionadas ou não dependam de terceiros (pais, parentes, amigos, etc). Caso contrário, o casal não terá o controle da situação, e isso é como ficar a deriva no Oceano, sendo guiado pela vontade das águas e do vento.
Claro que isso é apenas uma hipótese que, para se tornar teoria, teria que ser confirmada com dados, análises, entrevistas, pesquisa bibliográfica, e tudo o mais, que desanda para o campo da psicologia.
Há, por exemplo, aqueles que acreditam em amor eterno, e que realmente vivem uma vida inteira juntos, com amor (isso não inclui felicidade e aventura 100% da vida, porque ninguém é feliz 100% do tempo), e há outros, como o David Coimbra, que disse no lançamento do livro dos 25 anos de ZH: “já pensou passar a vida inteira com a mesma pessoa? Isso é muito chato!”. Porém, tudo é mutável. Pessoas que trocam de parceiros toda hora, quando se dão conta, estão em um relacionamento sério, enquanto às vezes pessoas sérias, passam a trocar de parceiros, até achar outro que dê certo, e assim segue a vida... e, como diria um filósofo luso-brasileiro, tudo depende de tudo. Fico por aqui, agradecendo a hipótese do santo-angelense Thales, que serviu de base para esse texto. Um bom fim de semana a todos.

Texto publicado no jornal A Tribuna de sexta-feira.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O que aconteceu, aconteceu?

Estava pensando sobre o imaginário. Tudo é imaginário. Porém, fico me questionando qual o limite entre o real e o imaginário. Ou se o imaginário é real. Ou se o real é imaginário. O fato é que, quanto mais leio, menos sei.
O que aconteceu, mas não sabemos, para nós, não existiu, por mais que tenha existido? Por exemplo, um homem e uma mulher. Os dois caindo de bêbados. Eles ficam, e somem da festa. Transam, e cada um acorda em sua respectiva casa. Porém, eles não lembram do que aconteceu. Eles transaram? Quem dirá que eles transaram (caso não apareça algum nenê ou doença venérea em alguns dias)? Ou seja, eles transaram, mas não transaram, entendem? Na cabeça deles, eles não transaram. E na cabeça dos outros, também. Caso a moça tome anticoncepcional, os espermas se perderão e morrerão em seu corpo, e ninguém, nem a dona do corpo saberá que aquilo aconteceu. Ou seja, o acontecido não aconteceu.

A guerra do Golfo em Cruz Alta – Nessa viagem de imaginário, lembro de uma situação onde o imaginário infantil me fez pensar que a guerra do Golfo acontecia em Cruz Alta. Lembro-me que, meu irmão e eu, estávamos passando uns dias nas nossas tias em Cruz Alta, quando assistimos pela TV a cobertura sobre a guerra do Golfo. Fomos dormir, com a TV anunciando que a guerra iniciaria em breve. No meu imaginário, a guerra aconteceria ali, em Cruz Alta. Eu lá ia saber onde ficava o Golfo! Deitei na cama, e fiquei esperando as bombas explodirem. Acho que cansei de esperar, e acabei dormindo. Na manhã seguinte, acordei apavorado (sim, eu acordava cedo naquele tempo!). Imaginei que as ruas de Cruz Alta estivessem tomadas de soldados fardados, munidos de metralhadora, enquanto aviões e helicópteros sobrevoavam a casa de minhas tias.
No entanto, estava tudo muito quieto para uma guerra. O único barulho que ouvia era o ronco de meu irmão. Por fim, levantamos, tomei banho, café da manhã, pensando: “vai ver os batalhões estão no intervalo, ou, estão em silêncio para não chamar a atenção do inimigo. É tudo estratégia”.
Saímos para a rua, passear pelo calçadão de Cruz Alta, e as pessoas caminhavam tranquilamente, com suas sacolas de compra, com seus cachorros atados em correntes, mascando chiclete como se nada estivesse acontecendo. Até que não me agüentei e perguntei para a minha tia onde estavam os soldados, os helicópteros, os tanques?? E então, ela me informou que a guerra estava acontecendo láááááá longe. Tu vês. Até então, eu estava no meio da guerra do Golfo. Confesso que foi um tanto frustrante descobrir que não iria ver tanques, nem soldados com metralhadoras. E, pela primeira vez na vida, acho que pensei: “que sem graça”.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O conselheiro do amor

Eis que estava eu, na biblioteca da PUCRS, matando tempo até a hora da minha orientação, vagueando pelos bestiários da internet, quando de repente acho no site da Zero Hora um link com várias questões sobre relacionamento respondidas por uma “terapeuta virtual”. Achei aquilo curioso e, agora, depois da orientação (só mais seis livros para ler e escrever sobre eles em 15 dias, nada de mais), como estou sem nada para fazer novamente, esperando a reunião do nosso grupo de estudos, resolvi responder, eu mesmo, aos problemas dos leitores de ZH. Ou seja, eu virtualmente os roubei para o meu blog. Porém, para não ser tão anti-ético, coloco aqui o link das perguntas com as respostas virtuais originais de ZH: http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/52,218,222,586,2653,1,Terapeuta-Virtual.html#id_2653

Vamos às questões:

Meu marido me traiu e estou em crise no casamento. Ele disse que estava apaixonado por nós duas e que não fez uma escolha por que nunca pensou em me deixar. Tentei deixá-lo, mas ele enlouqueceu e disse que não vive sem mim. Eu o amo muito, mas não consigo perdoá-lo. Estamos juntos há dez anos e temos dois filhos. Ele é muito amoroso e nunca desconfiei de nada. Cheguei a ligar para a amante dele e ela me disse que ele sempre falava que me amava e que sou uma mulher perfeita. O que faço?
Então mulher, faz o que diz o Pai Nosso: “perdoais as nossas ofensas [e traições], assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido [e traído]”. Quer dizer, perdoe-o e seja feliz! Esquece isso! De repente não rola um relacionamento a três, o quê acha?

Sou casado há 7 anos (tenho 33 e minha esposa 30). Nosso problema é a falta de interesse sexual de minha esposa e o desconforto que ela sente. Tive algumas relações extraconjugais para saber se o problema era comigo, pois assim eu tentaria resolver através de algum tratamento ou orientação. Mas as pessoas com quem me envolvi adoraram e me procuram. Sou um cara boa pinta e amo minha esposa, porém ela não me satisfaz. Sofro assédio de outras mulheres, não sei até quando suportarei. Minha esposa foi ao médico e ele disse que ela não tem problemas. Imagino que ela possa estar me traindo. Não sei o que fazer.
Segue metendo ficha na mulherada! E passa o telefone da sua esposa, que eu posso ter um particular com ela...

Preciso de uma ajuda. Tenho vontade de fazer sexo quase todo dia com minha esposa. Estamos há 17 anos juntos. Sinto que incomodo minha mulher, causando um desgaste no relacionamento. Não penso em sexo com outras mulheres. Como posso controlar isso?
A receita: ao invés de fazer sexo com ela todos os dias, alterna: um dia você transa com ela, no outro você soca uma bronha olhando a foto dela. Se não resolver, compre uma cabrita e coloque a foto da sua esposa no rosto do bicho. Uma dessas alternativas deve amenizar seu problema, ou melhor, o problema de sua esposa.

Como sair de um casamento? Dependo do meu marido financeiramente, inclusive para morar. Estou tomando remédios para depressão. Tenho um filho de 2 anos. Já pensei em deixar a criança com ele e sair em busca de algo que me faça feliz. Eu gosto do meu marido, mas não gosto do seu jeito de agir em muitas situações. Me incomoda. De onde tirar forças para mudar o rumo?
Primeiro, é “incomoda-me” e não “me incomoda”. Em segundo, porra, essa mulherada não aprende, ao invés de se qualificar para ter condições de ser independente financeiramente, casam com o primeiro borra-bosta cheio do pila e depois ficam nessa. É o diabo. Enfim, em último caso, sempre tão precisando de gente na Nina Massagens.

Sou casada há 10 [anos] e nunca desconfiei de nada, até porque meu marido nunca me deu motivos. Porém, no ano passado, tudo mudou. Uma mulher me ligou dizendo que é a amante. Um dia, ele devia estar no trabalho e eu o flagrei saindo com amigos. Desde então perdi a confiança nele. Ele diz que nunca me traiu. Temos um filho especial de oito anos. Devo me separar?
Não seja tão dramática, mulher. Sair com os amigos não é crime. Já a amante no telefone, pode ter sido fruto da sua imaginação. Ou ainda: algum inimigo do seu marido pode ter armado isso para prejudicá-lo. Já ouvi casos semelhantes... Tudo é relativo e, como diria meu primo Gérson, a verdade é outra e diversa.

Sou casada há 9 anos e tenho um filho de 3 anos e 7 meses. Meu marido nunca foi romântico e bom pai. Hoje penso que ele serve realmente para pagar as contas. Há quase 2 anos vivo um relacionamento por fora do casamento. Estamos apaixonados, mas meu amante também é casado. Não suportamos mais esta situação de não podermos nos ver quando queremos. Preciso de uma luz.
Bom, sinceramente, acho que seu amante deve estar bem feliz da vida com duas, ou mais, mulheres. Já assistiu “Queime depois de ler”? Assista lá. Provavelmente os dois (seu amante e seu marido) estão te enrolando, pois hoje em dia há 3 mulheres para cada homem. Enfim, primeiro, separe-se de seu marido e depois viva com seu amante, que provavelmente seu marido também vá vier com a amante dele, e todos, nesse caso, devem ter mais amantes, desconhecidos de vosmecê.

Sou casada há 10 anos. Eu e meu marido tivemos uma crise no casamento por motivos financeiros. Isso resultou numa separação. Fiquei em casa com nossa filha, ele foi para a casa da mãe. Foram 2 meses assim. Ele continuou dando assistência. Voltamos a morar juntos e ele prometeu ganhar mais, para isso teria que ter um segundo emprego. Agora ele trabalha em um restaurante. O fato é que sou insegura quanto a isso. Não sei como ele se comporta atendendo outras mulheres. Me orientem, por favor.
Suas palavras são muito dúbias. Primeiro: a assistência que ele te dava nesses dois meses foi em que sentido? Na cama, ou financeira? Segundo, como assim “não sei como ele se comporta atendendo outras mulheres”? Você quer seu marido em uma bolha, sem ter contato com pessoas do sexo oposto? Falasério. Recomendo uma consulta em meu consultório. E sobre o dinheiro, sempre tão precisando de gente na Nina Massagens.

Sou casada há quatro anos. Meu marido é uma pessoa extremamente calada, não tem assunto, diferente do que foi no começo. Ele diz que está tudo maravilhoso e que é assim mesmo. Como conviver com alguém que não tem opinião sobre nada ou não gosta de expor e vive ensimesmado? Sou extrovertida, uma pessoa sem timidez e comum. Não gostaria de me separar e procuro sempre uma forma de entender isso. Ele vem do interior, onde tudo é estranho, pacato e frio. Tem honestidade, mas parece viver num "mar morto" de silêncio, letargia quase. Só demonstra vida quando algo o interessa, algo que é raríssimo. Aguardo um conselho.
Larga de ser chata e deixe o cabra no seu canto. Ou compre um cachorro para se distrair e ter com quem conversar. Aliás, se quer tanto atenção e assunto, vá ao salão de beleza mais próximo, que aí você poderá chorar as pitangas e fazer o que Nietzsche chamou de a cura pela fala.

Tenho 24 anos, estou com meu marido há 8 anos e nosso maior problema é que eu quero sexo todos os dias e ele não. Gostaria de saber: será que tenho algum problema?
Óbvio que não, minha flor. Sexo é vida. Ligue pro meu consultório para conversarmos melhor sobre isso...

Meu marido, quando bebe, perde a noção do tempo. Final de semana é sempre um estresse. Sempre tem que ser tudo do jeito dele. Já conversei, já briguei, já pedi, mas nada adiantou. Infelizmente dependo dele financeiramente neste momento pois estou sem trabalhar e com um bebê.Como eu queria ir embora e viver a minha vida! Me dê uma orientação. Grata.
Primeiro, “Me dê” é foda. Segundo, larga de ser chata e deixa o cara beber com os amigos. O coitado deve se estressar com sua aporrinhação. Ou saia junto com ele, ou saia com suas amigas, tomem porres homéricos, enfim, dê um jeito, porra! E, terceiro, sobre o financeiro, volto a repetir: sempre estão precisando de gente qualificada na Nina Massagens (vide classificados de ZH).

Consultas particulares para com os leitorinhos também podem ser marcadas mediante o pagamento de uma taxinhas bem camarada.

domingo, 6 de junho de 2010

Vida de vagabundo rico

Estava eu, deitado em minha cama, tirando um cochilo para descansar das horas extras de sono dormido, quando de repente alguém bate na porta. Era a minha secretária. Uma loira de pernas compridas, que não entendo por que, mesmo no frio, insiste em usar um short curto. Certamente se o Bukowski a visse exclamaria: ey, nada mal! Mas enfim, tenho apenas relações profissionais com ela. A sua função é fazer o intermédio entre eu e o resto do mundo, sem que eu tenha contato com o mesmo. Não é que eu não goste das pessoas, só prefiro que fiquem longe. Sempre a mesma aporrinhação: trabalho, família, cachorros, viagens, quem transou com quem, quem traiu quem, quem gastou um absurdo para comprar alguma coisa, quem morreu, quem nasceu, quem está no hospital, quem engravidou, quem se separou, enfim, assuntos banais. São poucos os que conseguem falar sobre o que realmente presta nessa vida miserável: mulheres, bebidas, música, cinema, boa literatura e futebol. E tem que saber falar com qualidade sobre todos os itens, senão não presta. Opinião elaborada com lugar-comum não me interessa. Enfim, não sobra quase ninguém. Pelo menos dentre as pessoas do meu convívio.
Inicialmente tinha um cachorro, mas ele não atendia ao telefone, e eu precisava de alguém para ligar para algumas pessoas, mandar e receber recados, ir ao super-mercado, cozinhar, buscar comida no restaurante, enfim, uma secretária profissional. E como teria que vê-la todo o dia, tive que optar entre as mulheres gostosas mas burras, e as feias inteligentes. Optei pelo primeiro grupo, já que estava interessado em alguém para cumprir as tarefas sem questionar, e as feias inteligentes são muito questionadoras. Isso não quer dizer que eu ache todas as mulheres feias inteligentes, ou todas as bonitas burras. Existem feias burras e bonitas inteligentes. Nunca esqueçam: para cada regra, há exceção. É assim em tudo na vida: com os idiomas, com a matemática, com o sistema e com as mulheres. Entretanto, não queria arriscar. Contratei logo a Simone por ela ser gostosa e, não vou dizer burra, mas não muito inteligente. Ela é inteligente para obedecer. E para se vestir. Gosto do short dela.
Vezemquando eu adiciono um extra em seu salário para que ela faça outros serviços, sabe cumé, ninguém é de ferro. Porém, classifico essa relação como estritamente profissional, pois estou pagando pelos seus serviços. E tenho que me controlar para não viciar. Quando me pego sentado na cadeira, olhando para o céu estrelado, pensando nos seus lábios, nas suas coxas, nos seus peitos, na sua bunda... resolvo dar um tempo. Tranco-me no quarto e ela só me chama para fazer esse elo entre eu e o mundo. Pois então, era num desses dias que eu estava deitado, descansando das horas extras de sono dormido, quando Simone bateu na porta.
- Pode entrar – resmunguei.
- Oi sr. Palhares. Um senhor falando uma língua estranha, acho que inglês, está no telefone.
Adoro quando a Simone parece burra. Atendi ao telefone, e o diálogo, traduzido aqui por esse que vos escreve, foi mais ou menos o seguinte:
- Alô.
- Alô, senhor Palhares?
- Diga.
- Boa tarde senhor Palhares, tudo bem com o senhor? (silêncio). Her..hmm. Bom, eu sou da American Ass, somos parceiros da Open Pussy. Gostaríamos de contratá-lo para fazer um trabalho temporário conosco...
- Pra quando? – tratei de cortar o mala.
- Da metade de junho até a metade de julho.
- Escuta, por acaso o senhor acha que sou algum idiota?
- Não senhor Palhares, imagine. Inclusive, nós estamos dispostos a lhe pagar o triplo do valor de mercado, justamente porque o senhor é o melhor do ramo, uma referência mundial no setor de....
- Olha cara, não sei quem foi o merda que mandou você me ligar. Mas cara, se liga! Vai começar a Copa! Não perco os jogos nem a pau. Sabe o que é que vou fazer, seu safado? Sabe o que é que vou fazer, vagabundo?
- N-não...
- Eu vou passar o dia inteiro com meu pijaminha verde-amarelo, comendo pipoca, tomando cerveja, vendo os jogos, e no intervalo entre um jogo e outro vou foder minha secretária, está bem? E não quero saber da sua proposta. Vá se foder!
E desliguei o telefone na cara do otário. Digam-me se tem fundamento apresentar uma proposta de emprego em plena Copa do Mundo. Tem cada um...
Voltei a descansar, quando de repente, novamente Simone bateu na porta.
- Senhor?
- Fala, minha flor.
- É a sua esposa no telefone.
- Porra, manda ela a merda.
- Desculpe senhor, eu disse que o senhor estava descansando, mas ela estava muito irritada e...
- Olha, minha flor, minha mulher sempre está irritada. Faz seis meses que não a vejo, e não quero vê-la em nenhum lugar que não seja no inferno (que é pra lá que nós dois vamos). Portanto, manda ela pastar e só me chame em caso de extrema emergência.
- Está bem, senhor.
Dormi mais um pouco. Estava cansado de descansar. E por isso descansava mais. Sabem como descansar do descanso? Tomando umas biras. E foi isso que fiz: tomei muita bira.
Ainda não estava bêbado, quando Simone bateu na porta novamente:
- Senhor?
- Entra minha flor.
- Desculpe, mas essa ligação é urgente, e...
- Desligue essa merda, tira a roupa e vem deitar comigo.
- Mas senhor, acontece que é...
- Não interessa quem é. Desliga isso, tira a roupa e vem aqui relaxar e gozar comigo.
- Está bem senhor.
- Hmmmmm, ahhhh, hmmmmm, delícia, hmmmmm, coisa boa, hmmmmm.....
FIM

PS: em breve, Vida de vagabundo pobre.

O cão e a peruca

Cachorro andando pela rua. Encontra uma peruca:
- Au-au-au.
Peruca não se mexe. Cachorro continua:
- Au-au-au! Grrrrrrrrrrrrr! Au-au-au!
Gordo careca se aproxima do cão e da peruca. Ambos olham para o gordo. Cachorro começa a abanar o rabo:
- Au-au-au!
Gordo fita o cachorro. Cachorro fita o gordo, com a língua de fora. Cachorro fita a peruca, que fita o gordo. Gordo fita a peruca, que fica lhe encarando. Gordo se abaixa para pegar a peruca. Cachorro morde a mão gordo e a peruca pula na careca redonda.
- Au-au-au! – insiste o cachorro.
- Au-au-au! Responde o gordo.
- Au-au-au! – Intromete-se a peruca.
Um gato se aproxima do trio.
- Au-au-au! – Diz o cachorro.
- Miau-miau-miau! – responde o gato.
Gordo coça a peruca, com ar de interrogação. Peruca da risada:
- Rarararararararááááá! Pare de me coçar! Pare de me coçar!
Gordo joga a peruca no chão, dá as coisas, e vai embora. Gato e cachorro se encaram:
- Grrrrrrrrrr – diz o cachorro.
- Grrrrrrrrrr – responde o gato.
- Grrrrrrrrrr – faz a peruca.
Passa um garotinho de bicicleta, que atropela a peruca, que morre na hora. O cachorro morde o pneu da bicicleta, enquanto o gato enfia suas garras afiadas no couro do canino. Os três vão pendurados na bicicleta aproximadamente 50 metros, batem no gordo, e todos caem em um precipício e morrem. A vida é dura.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Decadência, ascendência e crime

Há algumas coisas que definem quando um homem começa a entrar em decadência. Por exemplo: quando você começa a dormir de pijama. Você estava acostumado a dormir só de cuecas no verão (ou até mesmo pelado), de calça de moletom no inverno, e aí, de repente, quando você se dá por conta, está lá, deitado na cama, vestindo um pijaminha completo, assistindo algum programa de índio global na TV. As mulheres gostam que os homens durmam de pijama. Vai ver é para garantir que ele não vá sair no meio da noite... enfim, cada um, cada um. Outra coisa é quando ao invés de dormir no domingo até o meio dia (porque a noite foi A NOITE), você se depara em plena manhã na padaria para comprar pão cacetinho e Zero Hora dominical (porque o JM você já terá lido no sábado). Também é deprimente. E, no caso de casais, quando você aluga um filme para ver com a namorada, noiva, esposa, seja lá o que for, e vocês realmente assistem ao filme. E pior: quando um vai falar, o outro pede para ficar quieto, porque QUER ver o filme.
Há ainda coisas mais sutis que podem significar a decadência. Por exemplo, ontem eu queria ler um livro bom, e olhei para a minha estante cheia de livros, e cheguei à conclusão de que eu já tinha lido todos (eu sempre deixo uns três ou quatro novos, de estoque, para ler). Ou seja, o estoque tinha se esgotado. O que eu fiz? Peguei um que já tinha lido para relê-lo. O lado bom do negócio é que eu não lembrava de quase nada, apenas do geral da história, mas não dos detalhes. Quando me flagrei, estava rindo daquilo, como se nunca tivesse lido nada igual na vida.
Classificaria isso como decadência construtiva. Uma decadência voltada para a ascendência. Mais ou menos como a seleção italiana, que perdeu o amistoso para o México. Muitos podem dizer que os campeões mundiais estão em decadência, mas isso é propício da Itália. Vai aos trancos e barrancos e, quando menos esperamos, está lá, na final, disputando mais um título.
Agora, no futebol, o cúmulo da decadência são as últimas rodadas do Brasileirão antes da Copa. Estádios vazios, pouca gente acompanhando os jogos pela TV, e os mais fanáticos, que acompanham (como é meu caso), acabam tendo que assistir peladas boçais. Cruzeiro e Santos, na quarta-feira, por exemplo. Um jogo horrível. Ninguém jogou bem, e deveriam devolver o dinheiro do ingresso de quem perdeu seu tempo indo ao Mineirão. O mesmo vale para Palmeiras e Flamengo, apesar do golaço do Wagner Love no final. Grêmio e Atlético-MG, nem se fala. O que mais chamou a atenção foram os lances bizarros. Ou seja, partidas que tinham tudo para serem “jogões”, envolvendo grandes times, tornaram-se peladas difíceis de assistir. É um show de passes errados, dribles onde o atacante pisa na bola, cruzamentos de canela e gols imperdíveis sendo perdidos. Parece que está todo mundo com a cabeça na Copa, inclusive os jogadores que disputam o Brasileirão. Por isso não me surpreendo se o Grêmio bater o São Paulo amanhã no Morumbi, ou se o Inter golear o Palmeiras no Beira Rio. Antes da Copa, tudo é possível.
CRIME – Eu, como um apaixonado por futebol e admirador de jogadores que marcam história, fiquei abismado ao ver a falta do jogador da seleção japonesa, o brasileiro naturalizado japonês, Marcus Túlio Tanaka, em cima do Drogba. A entrada que ele deu no craque da seleção da Costa do Marfim foi simplesmente criminosa, absurda, covarde. Na minha avaliação, ele deveria sofrer uma pena pesadíssima, como por exemplo, ficar uns dois anos afastado do futebol profissional. Tirar um craque como Drogba de uma Copa do Mundo, por conta de uma entrada criminosa em um amistoso é inadmissível. Agora, vexame maior é ver alguns brasileiros comemorando o desfalque da Costa do Marfim, por ser adversária da Seleção Brasileira. Vamos e convenhamos, quem depende disso para fazer uma boa campanha não merece ser campeão. O campeão tem que ganhar dos melhores, e com os melhores jogando em campo. Isso é Copa do Mundo. Isso é que torna o futebol bonito e apaixonante. Já a entrada do Tanaka em Drogba é um fiasco sem precedentes. Mais fiasquentos que o Tanaka, só aqueles que comemoraram a lesão de Drogba.

Texto que será publicado no JM de amanhã.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Despedida de solteiro

Bom, o texto a seguir foi publicado no blog da Ju (http://orebate-julianyluz.blogspot.com/). Enfim, ela me desafiou a bolar uma despedida de solteiro imaginária para o Mr. Gomelli (http://www.mrgomelli.blogspot.com/), que descrevi no referido texto. Como gastei todos os meus neurônios de hoje na produção desse texto, vou reprodizi-lo aqui, na íntegra, para os leitores desse humilde espaço. Para evitar confusões futuras, ressalto que tudo é ficção, e eu sou apenas o organizador do evento, não participando do mesmo.

Inicialmente, ressalto que eu e o Mr. Gomelli moramos em uma cidadezinha, no interior do Rio Grande do Sul, e, convenhamos, uma despedida de solteiro aqui vai muito além da capacidade da minha imaginação. Portanto, a primeira coisa que será feita é a reserva de uma Kombi azul piscina para levar o Mr. Gomelli e seus sedentos amigos até Porto Alegre. Sairemos daqui ao meio-dia e chegaremos lá por volta das 18h, indo direto ao bar da minha tia, em frente à Praça Garibaldi, na Cidade Baixa, para beber cerveja com desconto, para aquecer. Quando já estivermos bêbados, faremos uma ação social em meio à festa: escolheremos algum cliente do bar da tia (possivelmente um desses velhinhos sem perspectiva de vida que passam as horas tomando cachaça) para nos acompanhar até a festa. Dali, por volta das 23h, iremos para o Preto Zé, ali na João Alfredo, pois teremos que gastar mais grana depois, tudo por conta do noivo. Enfim, no Preto Zé será um aquecimento um pouco maior, já que ali haverá mulherada para o pessoal chegar. Entretanto, lá a felicidade de cada um só poderá ser conquistada no gogó, pois não haverá nada comprado....

Depois, independe de alguém se arranjar com alguém ou não, vamos pegar todo mundo (inclusive o bêbado, cliente da tia), e enfiamos na Kombi, deixando os corações partidos do Preto Zé para o passado. Loiras e morenas agarradas pela turma ficarão apenas na memória de uma louca noite de uma despedida de solteiro. Elas ficarão com os coraçõezinhos partidos, mas é a vida. Enquanto uns sofrem, outros se divertem. Saindo dali, vamos vendar os olhos do Mr. Gomelli (agora deixa de ser surpresa) e só os desvendaremos na Avenida Farrapos, em frente ao La Barca (Zona do Ronaldinho Gaúcho). Entraremos lá, por volta das 3h da madrugada, e cada um terá uma hora para fazer o que quiser. Menos o noivo. Aliás, o noivo estará impedido de fazer qualquer coisa até essa hora, além de beber. Já os demais, podem botar dinheiro na calcinha da setreaper, podem ir para o quarto com quem quiser, só não vale se empolgar e abandonar o grupo por causa de uma tchenga. Às quatro da manhã, quem comeu, comeu, quem não comeu, ainda poderá comer. Seguimos todos para a Kombi, arrastando o bêbado do bar da tia, que a essa hora já está cochilando e resmungando “ondeeutôvocêssãomeusamigos... (baba) putaquepariunãomeacordaagoravãoamerdaaa”.

Nesse instante, o Mr. Gomelli estará indignado, pois não terá comido ninguém até àquela hora. Já passou por um boteco, uma boate e uma zona, e nada, enquanto todo mundo já deu uns petelecos. No entanto, da zona do Ronaldinho seguimos para uma cobertura no Bairro Moinhos de Vento. E lá, meus amigos, lá, na cobertura de um prédio da Padre Chagas, no Moinhos de Vento, em Porto Alegre, estará a nossa amiga Ju, vestida de médica, nos esperando, às 4h30 da manhã para abrir as portas da felicidade. A Kombi estacionará na garagem do prédio, e a Ju irá checar se todos estão em condições de saúde para sobreviver ao que nos aguarda dentro daquela cobertura. E, assim que todos forem aprovados no exame médico, o povo todo, vindo direto da Kombi azul, saída de Santo Ângelo, com passagens por Ijuí, Cruz Alta, e outras cidades do interior, chegará ao paraíso. Estarão lá as mais belas mulheres do Sul do Brasil. Uma por cabeça. Todas fantasiadas: uma de professora, outra de colegial, outra de oncinha, outra de policial, outra de aeromoça, e assim por diante. A Ju estará de médica, mas só participará da festa se quiser. O problema é se alguém pensa que a sua roupa também é uma fantasia... Eu, por exemplo, consumo me confundir quando bebi além da conta. Mas enfim, cada um pegará a sua, conforme a ordem de chegada, entretanto, em um quarto separado, iluminado por uma luz que altera as cores vermelho, verde e amarelo, Mr. Gomelli entrará em um labirinto ultra-secreto, e após conseguir atravessa-lo, quando todos já se deliciaram nas carnes rijas de suas companheiras, quando o sol estiver nascendo, Mr Gomelli encontrará, iluminada, sentada em uma cama em cima de um pedestal, uma enfermeira, toda de branco, com um uniforme micro, que mal caberia em meu cachorrinho, sem calcinha, com o dedo médio da mão esquerda na ponta dos lábios, e o dedo indicador da mão direita chamando-o para o seu harém. E quando Mr. Gomelli pensasse que iria copular sozinho com aquela loira fenomenal, ao subir na cama, ele se surpreenderá com a presença de outra enfermeira, morena, tão gostosa quanto à loira. E assim, Mr. Gomelli terá 12 horas de puro sexo, na mais caliente de todas as despedidas de solteiro realizadas na história da humanidade. E a Kombi voltará apenas à meia-noite do dia seguinte, com a turma toda quebrada e dormindo, e a Ju fazendo os acompanhamentos médicos de todo mundo, cuidando se ninguém ficou desidratado, distribuindo pastilhas para dor de cabeça, e fazendo massagem em nossos pés. Já Mr. Gomelli chegará com 5 quilos a menos para o casamento, mas será feliz. E terá em sua memória as mais loucas horas vividas por um homem...

Pronto. Agora só falta ele achar a noiva, que já está tudo arquitetado! I gotta feeling!