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quinta-feira, 10 de junho de 2010

O que aconteceu, aconteceu?

Estava pensando sobre o imaginário. Tudo é imaginário. Porém, fico me questionando qual o limite entre o real e o imaginário. Ou se o imaginário é real. Ou se o real é imaginário. O fato é que, quanto mais leio, menos sei.
O que aconteceu, mas não sabemos, para nós, não existiu, por mais que tenha existido? Por exemplo, um homem e uma mulher. Os dois caindo de bêbados. Eles ficam, e somem da festa. Transam, e cada um acorda em sua respectiva casa. Porém, eles não lembram do que aconteceu. Eles transaram? Quem dirá que eles transaram (caso não apareça algum nenê ou doença venérea em alguns dias)? Ou seja, eles transaram, mas não transaram, entendem? Na cabeça deles, eles não transaram. E na cabeça dos outros, também. Caso a moça tome anticoncepcional, os espermas se perderão e morrerão em seu corpo, e ninguém, nem a dona do corpo saberá que aquilo aconteceu. Ou seja, o acontecido não aconteceu.

A guerra do Golfo em Cruz Alta – Nessa viagem de imaginário, lembro de uma situação onde o imaginário infantil me fez pensar que a guerra do Golfo acontecia em Cruz Alta. Lembro-me que, meu irmão e eu, estávamos passando uns dias nas nossas tias em Cruz Alta, quando assistimos pela TV a cobertura sobre a guerra do Golfo. Fomos dormir, com a TV anunciando que a guerra iniciaria em breve. No meu imaginário, a guerra aconteceria ali, em Cruz Alta. Eu lá ia saber onde ficava o Golfo! Deitei na cama, e fiquei esperando as bombas explodirem. Acho que cansei de esperar, e acabei dormindo. Na manhã seguinte, acordei apavorado (sim, eu acordava cedo naquele tempo!). Imaginei que as ruas de Cruz Alta estivessem tomadas de soldados fardados, munidos de metralhadora, enquanto aviões e helicópteros sobrevoavam a casa de minhas tias.
No entanto, estava tudo muito quieto para uma guerra. O único barulho que ouvia era o ronco de meu irmão. Por fim, levantamos, tomei banho, café da manhã, pensando: “vai ver os batalhões estão no intervalo, ou, estão em silêncio para não chamar a atenção do inimigo. É tudo estratégia”.
Saímos para a rua, passear pelo calçadão de Cruz Alta, e as pessoas caminhavam tranquilamente, com suas sacolas de compra, com seus cachorros atados em correntes, mascando chiclete como se nada estivesse acontecendo. Até que não me agüentei e perguntei para a minha tia onde estavam os soldados, os helicópteros, os tanques?? E então, ela me informou que a guerra estava acontecendo láááááá longe. Tu vês. Até então, eu estava no meio da guerra do Golfo. Confesso que foi um tanto frustrante descobrir que não iria ver tanques, nem soldados com metralhadoras. E, pela primeira vez na vida, acho que pensei: “que sem graça”.

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