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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Obsessões (2)

Nessa semana assisti a um filme que me fez pensar sobre uma das mais curiosas características psicológicas do ser humano: a obsessão. O filme a que me refiro não é novo – é de 2007. “O cheiro do ralo”, o título, com o Selton Mello interpretando Lourenço, e Paula Braun interpretando uma garçonete. No caso, Lourenço se apaixona pela garçonete. Ou melhor, pela bunda da garçonete. Ele simplesmente fica obcecado pela bunda dela, e fica disposto a tudo para conquistá-la (a bunda, não a garçonete). Ele termina o noivado (que já estava com os convites do casamento na impressão), gasta fortunas, pergunta quanto a dona da bunda quer cobrar para mostrá-la, enfim, faz de tudo por ela (a bunda). Uma louca obsessão.
E assim como Lourenço ficou obcecado pela bunda da garçonete, muitas pessoas se obcecam por outras coisas. Há pessoas obcecadas pelo trabalho, por exemplo. Esquecem o resto. Só interessa o sucesso profissional. Lembro-me aqui do ilustre jornalista, já falecido, Alberto André, que presidiu durante anos a Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), e que tinha orgulho de contar que quando ficou sabendo da morte de um familiar muito próximo (pai, mãe, irmão ou filho, não me recordo agora), não saiu da redação antes de por o ponto na última matéria. Já outras pessoas são obcecadas pelo dinheiro. Pensam apenas em acumular dinheiro e bens materiais, custe o que custar. Sacrificam a família, as amizades, os belos momentos da vida (como atirar uma pedra no rio, por exemplo) para pensar apenas em acumular mais, mais e mais. Enfim, pensando nisso tudo concluo que cada um tem as suas próprias obsessões.
Eu, por exemplo, sou obcecado por livros. Quando estava morando em Bento Gonçalves, até poucos meses atrás, às vezes economizava na comida para comprar livros. Mas a mais bonita de todas as obsessões, não é a por bundas, nem a por livros, tampouco a por trabalho ou dinheiro. É a obsessão da grávida pelo seu nenê.
Digo isso porque, como já me referi em outra coluna, serei papai. Mas às vezes fico meio perdido, queria poder carregar um pouco o nenê na minha barriga, dividir a responsabilidade. Entretanto, o máximo que consigo é passar a mão na barriga da minha noiva e beijá-la, quando estamos juntos. Porém, é como se eu sentisse que, por mais que eu tente fazer o máximo, nunca saberei como é essa obsessão por estar carregando no ventre um nenê. Talvez por não saber disso, já fui chamado (em menos de três meses de gravidez) de pai relapso e que minha filha (se for mesmo mulher) não vai querer me ver. Talvez seja isso mesmo, vá saber, afinal, como diria Lourenço: a vida é dura. Mas acho que isso é natural do homem, sei lá. Enquanto o mundo da mulher passa a ser a sua barriga, o homem não consegue sair e levar o nenê junto, porque ele ficou lá, no quentinho da barriga da mamãe. É algo instintivo. É algo que só as mulheres sabem como é, e isso eu não questiono. Essa é uma obsessão que, se bem administrada, é construtiva, pois envolve amor, afeto, carinho, educação e paciência. E, apesar de não estar carregando o nenê na minha barriga, admito que já estou completamente obcecado por ele (ou ela). Afinal, minha obsessão maior hoje é uma só: a barriga da minha mulher. Independente de lá dentro habitar um guri ou uma guria.
CORREÇÃO – Atendendo às cobranças de meu cunhado, Vinícius Aguiar, corrijo o texto de algumas semanas atrás, aqui em A Tribuna. Na ocasião, disse que meu nenê só havia recebido presentes de mulheres, no entanto, ele, juntamente com sua esposa Kátia, foi o primeiro a dar um presente para o nosso nenê (e, fora os familiares, foi o único homem a dar um presente, até onde eu saiba). Aliás, aproveito para dar os parabéns para o casal, pois eles darão um primo ou prima para o nosso nenê. Isso aí, é a família crescendo. E dê-lhe fralda!

Texto publicado no jornal A Tribuna Regional desta sexta-feira

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