.

domingo, 23 de maio de 2010

O ovo assassino o (eterno) retorno

Antes de escrever qualquer linha, devo destacar que a parte de “o (eterno) retorno” foi literalmente copiada do título do blog do meu primo Gérson, “Assim falhou Zaratustra - O (eterno) Retorno”, que está disponível no site: http://assimfalhouzaratustra.blogspot.com/
Pronto Alemão, uma Patrícia a menos que te devo.
Agora sim, vamos ao que interessa. Ontem, possivelmente passei pela mais marcante de todas as experiências envolvendo a minha alergia a ovo. Pela primeira vez na vida fui a um lugar onde a única coisa que não tinha nada envolvendo ovo no cardápio eram as folhas de alface. Parece que tinha rucula (é ãnsim que se escreve?), ou algo parecido, mas eu não gosto. Enfim, fui me servir, e voltei apenas com uma folha de alface no prato. Bom, a experiência foi marcante, principalmente, porque se tratava do casamento de um de meus melhores amigos, o Tiago Beck. Eu fui praticamente um cupido quando ele ficou com a Amanda pela primeira vez. Portanto, levei todo o meu estômago vazio e a minha bexiga vazia para encher o bucho e tomar umas e outras no casamento. Esperei anos por isso, e por esse motivo, considerei a experiência traumática. Entretanto, os convidados, comovidos com a minha folha de alface, que estava tão solitária em meu prato, solicitaram para o pessoal da cozinha fritar três pedaços de frango.
Essa era a minha janta: uma folha de alface com três pedaços de frango. Minha alergia a ovo chegou ao ápice do sucesso. Era o assunto do casamento. Pessoas se levantavam para me ver. “Vejam, é ele! Aquele ali, de óculos, de terno e camisa verde. Ele é O ALÉRGICO A OVO!”, diziam, apontando seus dedos indicadores inquisitivos em minha direção. Eu, disfarçadamente, tentava achar alguma carne entre o couro e o osso dos pedaços de galinha que estavam em um pires minúsculo.
Mais tarde, veio a sobremesa. Tentei compensar a falta de comida em meu estômago com sagu. As pessoas me olhavam com ar curioso na fila e diziam “acho que isso tem ovo”, “acho que isso não tem”, até que chegou a cozinheira, que tinha feito a sobremesa, e informou categoricamente: “só o sagu não tem ovo”. E assim, enchi de sagu o meu pratinho da sobremesa. Dirigi-me para a mesa, sendo observado por olhares curiosos. A Cris e meu nenê, que na barriga dela habita, demonstravam-se solidários. Nessa hora percebi a importância da família em nossas vidas. Enquanto você sofre um bulling social ovístico, a sua família está ali, ao seu lado, para te acalmar.
Mas o pior de tudo foi o seguinte: que devido a fome (Desculpa Beck, mas tava com fome mesmo) eu não conseguia me concentrar em nada mais. Desde o almoço, eu só havia comido um pouco de pipoca, e REALMENTE estava com fome. A Cris dizia: “Oba, vai ter música! Vamos poder dançar!”, enquanto eu pensava onde poderia encher o bucho ao irmos embora. Até que tomei duas taças de vinho, com o estômago vazio, e algo começou a se mexer dentro de mim, como se nosso filho (a) estivesse em minha barriga virando cambotas. Putaquepariu, era o que faltava, dor de barriga. Decidi segurar, mas parei de beber. Fui ao banheiro, encontrei um primo do Beck. O papo que rolou foi mais ou menos o seguinte:
- Cara, tomei um vinho, me deu um embrulho no estômago - disse eu.
- É, a gente não está acostumado a comer tanto, aí da nisso.
“Putaquepariu”, pensei, sem falar mais nada, pois no estado em que me encontrava não me sentia apto a dar explicações e a ter que agüentar ofertas de ajudas que não resolveriam o meu problema, do tipo, “vai lá na cozinha e pede um queijo”. Acabei indo ao banheiro, e na volta, todos falavam “nossa, comi demais”, “credo, nunca havia comido tanto na vida” ou “bah, tava muito boa a comida! E a sobremesa então? Você provou aquela torta de...”. E por aí ia. Parece que todas as pessoas naquele lugar só sabiam falar de comida e da minha alergia a ovo. Até que não me agüentei mais, e antes da meia-noite, antes mesmo de tirarem as mesas para o pessoal dançar, eu falei para a Cris:
- Você quer ficar muito tempo ainda?
- Tanto faz, tu que sabe – respondeu ela.
- Então vambora.
No caminho, liguei a cobrar para o pai, para saber se havia sobrado algo da janta deles (carreteiro). Nada. Pensei em irmos até alguma lancheria (lanchonete, para os não-gaúchos), mas no fim, a fome era tanta que não queria esperar mais nem um segundo antes de comer. Chegamos em casa e a Cris fez duas torradas para mim. E assim acabou mais uma noite na vida de um alérgico a ovo.
FIM

4 Comentários:

  • Porra alemao!

    Imagino que no teu casamento vai ter sò comida sem ovo, pra se cobrar de todos esses incovenientes da vida.

    Mas enfim, o importante è o que importa. Te desconto uma Patricia da lista.

    E na verdade o titulo eterno retorno do meu grogue vem do Nietzsche (saùde!), que escreveu o original Assim Falou Zaratustra.

    Porra!

    Por Blogger Zaratustra, às 24 de maio de 2010 às 01:23  

  • rúcula é mara! ora do maninho, mas foi bom assim tu emagrece um pouco hauhauhauhauhaahua

    Por Blogger Carolina, às 24 de maio de 2010 às 12:36  

  • ahuashuahsuhasa... caraca Ritter... ri demais aqui...

    eiitaaa... enfim um texto sem pornografia... aushausha...

    por sinal... SENSACIONAL... mt bom mesmo... cara... to rindo aqui lembrando e imaginando as pessoas te olhando do jeito que tu escreveu aqui... sei q tu aumentou bastante, mas ae q ficou mais engraçado ainda...


    mt bom, mt bom...

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 25 de maio de 2010 às 20:13  

  • Adorei esse texto!

    Serviu para você mostrar toda a sua forma dramática de ver o mundo!
    hauhauhaua

    Beijos

    Por Blogger Juliany, às 27 de maio de 2010 às 23:44  

Postar um comentário

<< Home