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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Direito de bêbado

Lembro-me como se fosse hoje de uma aula de Sociologia da Comunicação, com o professor Juremir Machado da Silva, em que ele disse que quando não tinha inspiração para escrever, saía, olhava o mundo, e encontrava pessoas para confrontar suas idéias, etc. Pois eis que eu estava nessa agora, às duas e pico da madrugada. No entanto, na última vez que tomei um trago com meus amigos, na última quarta-feira, vendo o jogo do Grêmio, minha mãe ficou tão braba comigo, que ficou um dia e meio sem dirigir a palavra a esse que vos escreve, seu nobre e humilde filho. Só voltou a falar comigo aos poucos, vendo-me fertilizar a sua plantação na mini-fazenda. Enfim, mãe é mãe. Em resumo, era como se eu estivesse de castigo aos 28 anos. Então, senti-me moralmente sem vontade de sair para expor minhas idéias pelos botecos da vida às duas horas da madrugada, pois ainda estou moralmente de castigo. E a mãe de meu futuro filho (ou filha) também não iria gostar muito da idéia. Enfim, tive que encontrar outra maneira de me inspirar.
Optei por olhar os outros blogs, porém, acontece que a maioria dos meus amigos e amigas que têm blogs também não parecem muito inspirados e não atualizaram os mesmos nas últimas horas. Já tinha lido todos os textos mais recentes. Então, recorri ao blog do David Coimbra, e lá encontrei a inspiração. Mas não encontrei a inspiração para puxar o saco do David, como me acusou dia desses um leitor do JM, e sim, pelo tema abordado por ele em seu último texto “Um povo ficha limpa”.
No referido texto, David conta que certa vez acompanhou um grupo de empresários catarinenses em uma missão econômica na Itália. Os italianos mostraram para os brasileiros, calçadas feitas de plástico, com material reciclável, e quando foi verificar o produto, David Coimbra percebeu que os plásticos eram removíveis. Coloco na íntegra o seguinte trecho do texto do jornalista de ZH:

— Fica solta? - [questionou David]
Eles confirmaram. Ficava solta. Pus-me de pé, balançando a cabeça:
— Então não vai dar certo no Brasil.
Os italianos entesaram:
— Por que não, Dio buono?
— Porque a turma vai levar embora.
— Turma? Mama mia, que turma?
— A turma. Todo mundo. O pessoal vai levar as calçadas pra casa.
— Mas por que catzo eles iriam fazer uma coisa dessas??? — intrigaram-se os italianos.
— Não precisa de motivo — respondi. — Eles vão fazer.
Os empresários brasileiros, mais de 20 deles entre pequenos, médios e grandes, todos concordaram comigo. É, a turma vai levar as calçadas para casa, não vai dar certo no Brasil. E assim se desfez a possibilidade de um reluzente negócio internacional.


E na seqüência, obviamente, David faz uma crítica à mania que o povo brasileiro tem de catar tudo o que encontra pela frente que, aparentemente, não tem dono. Imediatamente lembrei-me da turma de Bento, e saio em defesa da turma! Acontece que você tem que considerar a possibilidade da turma estar bêbada. E bêbados fazem coisas que não têm muito fundamento, do tipo, roubar placas, cones, enfim, o que encontrar livre pela rua com possibilidade de ser carregado.
Na nossa sala, lá em Bento, havia duas placas recolhidas em madrugadas frias de janeiro e fevereiro. Não tinha sentido aquilo. Mas o fato é que, imaginem a turma bêbada, voltando para casa, e pisando em uma calçada de plástico no qual da para se tirar as plataformas! Quem não vai querer levar uma? Vamos combinar: quê bêbado, em são estado de embriaguez, não vai cometer a bobagem de levar uma plataforma de plástico nas costas? Falasério. Às vezes temos que dar um desconto para a turma. Tudo bem, sou contra esse tipo de atitude, porém, temos que considerar que a embriaguez faz parte da vida.
Por exemplo, às vezes são apresentados argumentos que nos pegam de surpresa, como quando mostrei o último texto desse blog para um primo meu de Ijuí, aquele no qual eu falo sobre um vereador que humilhou um garçom. Após ler o texto, meu primo questionou, como se fosse o melhor dos advogados:
- O vereador estava bêbado?
- Possivelmente – respondi.
- Ah!
- Ah o quê?
- Então ele estava no seu direito de bêbado!
Pensei por alguns instantes, refleti, e cheguei a admitir que de repente, de fato, o vereador estivesse exercendo o seu direito de bêbado. Só que, refletindo melhor agora, acho que encontrei um problema que atinge os bêbados. Alguns bêbados fazem besteiras além dos limites, sujando a imagem de todos os bêbados, o que é ruim para a categoria. Assim como existem maus advogados, maus jornalistas, maus médicos, padres que cometem pedofilia, também existem bêbados sem noção, que fazem coisas mais absurdas, do tipo, andar a 150 km/h, o que rompe a ética dos bêbados e, realmente, merece uma punição dura por parte da Justiça. Agora, a condenação desses pequenos “delitos” cometidos por bêbados, como roubar plataformas de calçadas de plástico removíveis e roubar limão do vizinho para fazer caipirinha, devem ser repensados. Enfim, nada na vida é definitivo. Nem mesmo as opiniões. Quem sabe, um dia, eu mude de posição. Só destaco que escrevi esse texto, bem como aquele outro, da foto da cabeça na bandeja, completamente são! E tenho dito!

4 Comentários:

  • Dudu!

    Só imagino como deve ser sua casa...cheia de pneus, sapatos velhos, caixas esquisitas...inclusive canecas de bares. Não canso de dizer que você é uma figura! Consegue começar falando do grande Juremir e termina com teus delitos de alemão!

    hauahauhaa

    Por Blogger Aline, às 16 de maio de 2010 às 15:36  

  • Eu acho que o bebado tem o direito de ficar calado. Tudo que falar nao podera ser usado contra ele no tribunal, porque ninguem vai entender mesmo.

    Por Blogger Zaratustra, às 17 de maio de 2010 às 09:28  

  • Porra alemao, e tu nao faz mais as famigeradas entrevistas pelo msn?

    Por Blogger Zaratustra, às 19 de maio de 2010 às 11:14  

  • eh o prazer de transgredir...meu sonho é roubar um cone, mas não tive coragem...preciso beber... uma figura pública não tem o direito de bêbado!

    Por Blogger Carolina, às 24 de maio de 2010 às 12:54  

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