.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Decadência, ascendência e crime

Há algumas coisas que definem quando um homem começa a entrar em decadência. Por exemplo: quando você começa a dormir de pijama. Você estava acostumado a dormir só de cuecas no verão (ou até mesmo pelado), de calça de moletom no inverno, e aí, de repente, quando você se dá por conta, está lá, deitado na cama, vestindo um pijaminha completo, assistindo algum programa de índio global na TV. As mulheres gostam que os homens durmam de pijama. Vai ver é para garantir que ele não vá sair no meio da noite... enfim, cada um, cada um. Outra coisa é quando ao invés de dormir no domingo até o meio dia (porque a noite foi A NOITE), você se depara em plena manhã na padaria para comprar pão cacetinho e Zero Hora dominical (porque o JM você já terá lido no sábado). Também é deprimente. E, no caso de casais, quando você aluga um filme para ver com a namorada, noiva, esposa, seja lá o que for, e vocês realmente assistem ao filme. E pior: quando um vai falar, o outro pede para ficar quieto, porque QUER ver o filme.
Há ainda coisas mais sutis que podem significar a decadência. Por exemplo, ontem eu queria ler um livro bom, e olhei para a minha estante cheia de livros, e cheguei à conclusão de que eu já tinha lido todos (eu sempre deixo uns três ou quatro novos, de estoque, para ler). Ou seja, o estoque tinha se esgotado. O que eu fiz? Peguei um que já tinha lido para relê-lo. O lado bom do negócio é que eu não lembrava de quase nada, apenas do geral da história, mas não dos detalhes. Quando me flagrei, estava rindo daquilo, como se nunca tivesse lido nada igual na vida.
Classificaria isso como decadência construtiva. Uma decadência voltada para a ascendência. Mais ou menos como a seleção italiana, que perdeu o amistoso para o México. Muitos podem dizer que os campeões mundiais estão em decadência, mas isso é propício da Itália. Vai aos trancos e barrancos e, quando menos esperamos, está lá, na final, disputando mais um título.
Agora, no futebol, o cúmulo da decadência são as últimas rodadas do Brasileirão antes da Copa. Estádios vazios, pouca gente acompanhando os jogos pela TV, e os mais fanáticos, que acompanham (como é meu caso), acabam tendo que assistir peladas boçais. Cruzeiro e Santos, na quarta-feira, por exemplo. Um jogo horrível. Ninguém jogou bem, e deveriam devolver o dinheiro do ingresso de quem perdeu seu tempo indo ao Mineirão. O mesmo vale para Palmeiras e Flamengo, apesar do golaço do Wagner Love no final. Grêmio e Atlético-MG, nem se fala. O que mais chamou a atenção foram os lances bizarros. Ou seja, partidas que tinham tudo para serem “jogões”, envolvendo grandes times, tornaram-se peladas difíceis de assistir. É um show de passes errados, dribles onde o atacante pisa na bola, cruzamentos de canela e gols imperdíveis sendo perdidos. Parece que está todo mundo com a cabeça na Copa, inclusive os jogadores que disputam o Brasileirão. Por isso não me surpreendo se o Grêmio bater o São Paulo amanhã no Morumbi, ou se o Inter golear o Palmeiras no Beira Rio. Antes da Copa, tudo é possível.
CRIME – Eu, como um apaixonado por futebol e admirador de jogadores que marcam história, fiquei abismado ao ver a falta do jogador da seleção japonesa, o brasileiro naturalizado japonês, Marcus Túlio Tanaka, em cima do Drogba. A entrada que ele deu no craque da seleção da Costa do Marfim foi simplesmente criminosa, absurda, covarde. Na minha avaliação, ele deveria sofrer uma pena pesadíssima, como por exemplo, ficar uns dois anos afastado do futebol profissional. Tirar um craque como Drogba de uma Copa do Mundo, por conta de uma entrada criminosa em um amistoso é inadmissível. Agora, vexame maior é ver alguns brasileiros comemorando o desfalque da Costa do Marfim, por ser adversária da Seleção Brasileira. Vamos e convenhamos, quem depende disso para fazer uma boa campanha não merece ser campeão. O campeão tem que ganhar dos melhores, e com os melhores jogando em campo. Isso é Copa do Mundo. Isso é que torna o futebol bonito e apaixonante. Já a entrada do Tanaka em Drogba é um fiasco sem precedentes. Mais fiasquentos que o Tanaka, só aqueles que comemoraram a lesão de Drogba.

Texto que será publicado no JM de amanhã.

3 Comentários:

  • Porra alemao!

    Algum sàbio jà disse que se um livro nao for lido mais de uma vez, nao merece ser chamado livro. Estou de acordo.

    Quanto ao Drogba, é mais uma das tantas coisas idiotas que tornaram-se habituais no futebol, em particular, e na sociedade, em geral.

    Mas a verdade é outra, e diversa

    Por Blogger Zaratustra, às 6 de junho de 2010 às 11:30  

  • grande Ritter... texto divertido de ler...

    mas como comentei contigo, não achei tão criminosa assim a entrada do Marcus Tulio Tanaka no Drogba...e tbm concordo que apenas não estava de acordo com um jogo amistoso... mas fas parte do futebol...

    veja você, o Robben, um dos principais craques da seleção holandesa, senão o maior, lesionou-se sozinho, ao tentar um toque de calcanhar.

    Estas lesões pré-copa são comuns...até o Pelá já ficou de fora... faz parte... ruim para o espetáculo, ou não né... vai que surjam outros craques no lugar deles...

    abraços do Mr.!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 6 de junho de 2010 às 22:24  

  • eita... saiu um fas ali que chegou a doer na alma... todos sabemos que o certo é faZ né... de faZer...hehe...só pra corrigir o erro...

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 6 de junho de 2010 às 22:25  

Postar um comentário

<< Home