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sábado, 12 de junho de 2010

Overdose de futebol

Nada melhor do que iniciar um mês de overdose futebolística com um jogo como o que tivemos ontem entre África do Sul e México. Confesso que iniciei minha sexta Copa da vida, inteiramente envolvido. Minha primeira lembrança de mundiais é a Copa de 90. Desde então, assisti a praticamente todos os jogos de Copa do Mundo. E o de ontem, certamente, foi um dos mais marcantes. Torci pelos sul-africanos quase como se fosse a seleção brasileira. Para espanto da nossa governanta, a dona Teresa, que estava preparando o almoço ali na cozinha, volta e meia eu gritava um “puuuuu”, dava socos na mesa, ou xingava o árbitro, como por exemplo, quando ele não marcou um pênalti claríssimo para os anfitriões. No fim, o 1 a 1 foi um aperitivo do que está para vir: uma das melhores copas de todos os tempos.
Hoje, por exemplo, teremos Nigéria e Argentina. Mesmo antes de a bola rolar, já digo que será um jogaço. Lembro-me de dois confrontos entre Argentina e Nigéria. Um, foi a vitória dos africanos na Copa de 94. Histórica. Inesquecível. Em 2002, na copa do Japão e da Coréia, lembro-me que as duas seleções se enfrentaram de madrugada, se não me engano, por volta das 3 horas. Recordo-me como se fosse hoje, que estava na festa do ridículo, no Clube 28 de Maio, e que estava muito frio. Como não consegui me esquentar na festa, acabei, indo para um desses bares do centro para assistir ao jogo. Era eu, o garçom, a garrafa de cerveja e a televisão. Um momento mágico. Pena que o jogo ficou em 0 a 0. Terminada a partida, voltei para a festa, que estava em seu fim. Foi aí que me se senti um repórter esportivo inusitado e improvisado, anunciando para o povo todo: Argentina e Nigéria empataram em 0 a 0. Para a infelicidade das companheiras de meus amigos, o assunto, a partir dali, passou a ser Copa do Mundo. E assim fomos comer o tradicional xis de fim de festa, comentando a Copa. Isso é Copa do Mundo: é algo que envolve, que toma conta do cotidiano durante um mês.
E creio que o patriotismo deve ser encarado como o que vemos durante a disputa de uma Copa do Mundo: algo positivo. Tem que saber perder. Tem que respeitar o adversário. Tem que ser uma festa, um entretenimento. Pois as fronteiras, para mim, deveriam existir apenas para separar seleções esportivas. Lembro-me aqui de uma frase de Honoré de Balzac, no século XIX, afirmando que o patriotismo é o egoísmo de um povo. Claro, que isso fio escrito em um tempo de guerras, porém, hoje eu diria que o patriotismo tem que ser a graça de um povo. Pois a partir do momento em que ele vira egoísmo, ao invés de termos jogos, temos guerra. E a Copa é, de certa forma, a luta dos povos contra a Guerra, contra os exércitos armados, que é uma representação simbólica de toda a violência humana.
LOVE - Claro que nem tudo é Copa do Mundo. Hoje, por exemplo, além de curtir os jogos da Copa de dia, é data para comemorar a vida ao lado do nosso amor à noite. Eu, especificamente, vou celebrar a vida com a minha noiva Cristiane, e com o nenê que habita a barriga dela. Cris: um feliz dia dos namorados para nós. E um feliz dia dos namorados para todos os leitores.
E aqueles que estão sem namorado (a), não percam tempo, façam como os jogadores da Copa e corram atrás da felicidade. Pode demorar um pouco, mas ela sempre vem. E é tão boa quanto um gol brasileiro em final de Copa. Viva a Copa! Viva o amor! Viva o gol! E viva o orgasmo!

* Texto publicado no JM deste sábado.

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