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terça-feira, 28 de abril de 2009

Até de qualquer jeito nós iremos

Dessa não vez não foi só na base do até a pé nós iremos. Foi uma mistura de a pé, com carona, com corrida, com subida de escada, até me abancar nas cadeiras do estádio Olímpico para assistir ao Grêmio golear o Boyacá Chicó (o Bocó do Chico) por 3 a 0 na terça-feira. Saí da aula de Teoria da Comunicação exatamente às 19h, mas consegui uma carona com meu colega Felipe Bortolanza, que trabalha no Diário Gaúcho, até o prédio da RBS. O problema foi o engarrafamento na Ipiranga. Enquanto íamos a passo de tartaruga, ainda ouvíamos o repórter da rádio falando “há um grande congestionamento na Ipiranga...” e nós: “sim, estamos vendo...”. Enfim, quando desci do carro para seguir minha caminhada, ou melhor, corrida até o Olímpico, a bola já estava rolando.
Quando me aproximava do portão de acesso ao estádio, acompanhando pelo rádio, fiquei sabendo do primeiro gol do Souza. “Gol!” gritei entre os demais torcedores, dessa vez sem precisar fingir, como havia feito no texto “Estranho no ninho”. Acelerei a corrida, cheguei esbaforido na sala de imprensa, peguei minha credencial, corri até o portão 3, subi as escadas correndo, e ao avistar o campo sabem qual a primeira coisa que vejo? Heim? Heim? Heim? Gol do Grêmio, é lógico. De novo Souza.
Assistindo ao jogo das cadeiras, senti-me um tanto angustiado. Na verdade, queria estar na geral, pulando, cantando, gritando e berrando. Às vezes até dava para cantar um pouco, mas só em momentos como na defesa do pênalti pelo Victor. Aliás, esse foi o ápice da animação da torcida no jogo. O espetáculo até é bonito, sendo visto das cadeiras, mas nada se compara a estar no meio da geral. Lembrei-me da final da Libertadores de 2007 contra o Boca, quando assisti ao jogo praticamente da mesma posição. Quem gosta de comodidade que me perdoe, mas pra mim, torcer no estádio é sinônimo de cantar, pular e vibrar.
Bom, eu teria muito o que escrever aqui, mas como já pari outros dois textos sobre o jogo para jornais do Estado (quê que achou? Soou bonito essa) e também estou cansado e com sono, vou dar um ponto final nesse texto. Ah, só para encerrar: na volta do estádio vi um atropelamento ao vivo (pela segunda vez na vida) que não foi pouca coisa, mas meus neurônios estão impedindo de fazer uma descrição detalhada agora. E além disso, a cara de braba da minha irmã, que quer dormir, também impede-me de seguir. Ah, e a cena do ônibus que vivi com a torcida do Inter, agora se repetiu com a do Grêmio. A diferença foi que dessa vez me senti muito mais a vontade, obviamente. Hasta la vista!

sábado, 25 de abril de 2009

Será?


Minha ermã (estou seguindo a família do meu pai, o seu Nabuco, onde todos falam “ermão” e “erma” com “e” mesmo) estava se queixando de limpar a casa, agorinha pouco, não faz 39 segundos. Eu disse pra ela ficar tranquila, já que ela vai para o céu, apesar de que, como eu disse alguns posts atrás, não acredito em inferno, purgatório e céu. Acho a idéia sensacional. Inclusive, durante a graduação li toda a descrição feita genialmente pelo Dante Aleghieri, em Divina Comédia, escrita em 1300 e alguma coisa. Aliás, a exemplo dessa obra, acredito que a bíblia é uma excelente metáfora de tudo que aconteceu. Pelo número de páginas, por se tornar o livro que segue entre os best-sellers por mais de séculos, também a considero a maior de todas as obras literárias. Não estou dizendo aqui que não acredito em Deus, longe disso, só a existência dele me faz acreditar que é possível um planeta que não se cansa de andar ao redor do sol a uma distância tão perfeita sobreviver, que além disso, se fosse colocado um pouquinho mais para o lado, já acabaria com a vida humana. Aliás, vou dar os créditos aqui para a minha professora de biologia do segundo grau, a Iara Reis, que falou mais ou menos isso há uns 15 anos, e que ficou arquivado aqui na minha memória.
Para mim, existem duas teorias que explicam tudo: uma, a existência de Deus, que criou esse sistema perfeito, onde a Terra gira em torno do sol, a água existe, a natureza, eu, você, a minha maravilhosa noiva (que graças a Deus é minha), a minha irmã, o meu irmão, os meus amigos, e tudo o mais que você vê, inclusive, a tela desse computador que você está olhando agora, leitorinho tupiniquim. Já a outra, é a da inteligência artificial ao extremo, ou seja, não passamos de uma simulação, que alguém, em outra esfera planetária, está jogando. E esse “alguém” seria Deus. Meio Matrix, meio 13° Andar e tudo o mais. Aliás, eu via muitos desses filmes no semestre que fiz de Informática, e acho comecei a ficar meio louco por conta disso. Creio que a Informática tem muito a ver com Filosofia, nesse aspecto. Mas enfim, fico mais com a primeira hipótese.
Só que, dentro disso tudo, eu também tenho uma veia de espiritismo. Ou seja, como falei no outro post, acredito naquela história de que você vai reencarnando sucessivas vezes, até chegar a um patamar em que você vai para o plano superior. Lembro-me aqui, agora seriamente e saudosamente, de Ismar Kumer, que foi meu colega no Jornal da Manhã e foi vereador em Ijuí. Certa vez, fazendo o tradicional lanche no galpão do JM (leia-se Teto, que por sinal, merece um post só para ele) conversamos um bom tempo sobre isso. Recordo que depois chegou o Wilson Wagner, mais conhecido como Felipe Dylon, e ficamos conversando sobre isso por mais alguns minutos, antes de voltarmos para a redação. Infelizmente depois dessa conversa, acho que se passou um ou dois anos e o Ismar veio a falecer. Mas as coisas que ele disse, também ficaram gravadas no meu cérebro, e ele falou de uma forma tão lógica, que explica tão bem tudo, que até hoje foi a versão que mais faz sentido para tudo o que vivemos no dia-a-dia mesmo. “Os espíritas, ao contrário das outras religiões, não saem a caçar seguidores, não saem para pregar nada. O espiritismo é um estudo, que parte da vontade do indivíduo de conhecer mais”. Essa frase dita pelo Ismar no galpão do Teto, de fato, ficou gravada em minha memória.
E na verdade acho que é isso que estou buscando, aqui no mestrado em Comunicação: conhecer mais, entender a vida, entender o ser humano, entender o jornalismo, entender eu mesmo, entender, entender, entender... Mas quanto mais leio, mais penso, mais lembro, mais converso, mais falo, mais escuto, menos compreendo. No entanto, mais eu penso. É como disse o Juremir em uma aula: vocês estão aqui para posteriormente dar aula, ou para pensar melhor. Enfim, se vou chegar a dar aulas, ainda não sei. Querer, eu quero. Mas acredito, no meu ponto de vista, que estou pensando melhor. Ou não, vá saber.
E voltando à história do espiritismo, esses dias eu e minha ermã, passando pelo estacionamento da PUC, vínhamos conversando se essa história do sujeito reencarnar até evoluir a tal ponto, de não precisar mais voltar a Terra para passar para um plano superior, enfim, se isso tudo for verdade, o quanto teremos que evoluir? “Humilde, inteligente, bonito, esperto, bondoso, caridoso, carinhoso, compreensivo e tudo o mais de bom que existe eu já sou, só resta esperar a morte e passar ao plano seguinte”, disse modestamente. Só que, antes, tenho que deixar um herdeiro. Ou mais. De repente uns 5 pra garanti. Um time de futebol de salão. Eu jogo bem, a Cris joga bem, com certeza o barrigudinho vai joga bem. E vai me tornar rico. Vai bancar as publicações dos meus livros e as minhas férias em Bariloche. Ah, o maravilhoso mundo do capitalismo, onde tudo se compra!
Agora, falando sério, preparando a apresentação de um trabalho para “Práticas da Comunicação Persuasiva”, lendo um texto do Jordi Berrio, achei uma citação que não podia passar em branco. Na verdade é uma citação que Berrio faz do filósofo grego, Gorgias, que nasceu em 480 a.C. Vejam vocês:
“Pois se cada um tivesse recordado o passado, conhecimento do presente e antecipação do futuro, o poder do discurso não seria tão grande. Porém, como o homem não recorda o passado, não observa o presente e não prevê o futuro, o engano é fácil”. É redundante falar que o cara é um filósofo, porque além de filósofo, ele é um filósofo GREGO! Mas enfim, lendo isso, pensei nas igrejas e no tal do missionário R.R. Soares. Meu, o cara tem um programa na Band, antes do Mr. Been, e ontem mesmo ele falou exatamente isso: “quem não paga o dízimo, rouba de Deus”. Cara, sem comentários. Releiam a frase do filósofo e a do missionário e vejam se há alguma associação entre as duas. E por favor, não roubem mais Deus! É pecado, irmão!!!! Senão terei que reencarnar de novo nesse planeta, e estou cansado disso!

Um dia de fúria – uma história real


Eu sou calmo. Já disse um milhão de vezes que não só considero-me calmo, como a maioria das pessoas que me conhecem são da mesma opinião. Inclusive, fui chamado em meu próprio blog de sonso, de tão calmo que sou. Só que tudo nessa vida tem limites, e às vezes acho que algumas pessoas, principalmente as institucionalizadas, querem que eu surte. Parece que elas querem ver ao vivo aquela cena do filme “Um dia de fúria”, quando o cara pira no congestionamento e sai quebrando tudo que tem pela frente.
Não sei nem por onde começar, então, vou ao primeiro caso. Esses dias, seguindo a rotina de um cara que está morando longe da namorada, comprei um cartão de 40 unidades para ligar para ela. Passei no mercado, larguei as coisas no AP, e fui para o orelhão, ao melhor estilo música sertaneja. Mas eis que, como é comum entre os casais, eu e a minha namorada não estávamos chegando a um ponto em comum sobre determinado assunto, considerado por mim como de fundamental importância para o processo todo, e que não é de interesse do curioso leitorinho tupiniquim, e quando o cartão estava pela a metade, caiu. Tentei ligar novamente, e só dava “cartão recusado”. Fui em meia dúzia de orelhões, e em todos dava “cartão recusado”. Tentei ligar um número qualquer a cobrar para ver se o problema era no orelhão, mas dava certo, o que quer dizer que o problema era mesmo no cartão. Peguei aquela porra daquele cartão, já fulo da vida por tudo, e fui até a loja de conveniência do posto de gasolina onde havia comprado o dito cujo, para tentar trocar, ou, no mínimo, pegar a metade do dinheiro de volta, já que usei só a metade do cartão, ora pois. Cheguei lá disposto a brigar, já que estava brabo mesmo.
Depois de contar toda essa história, a funcionária, que era a mesma que tinha me vendido o cartão, entrou numa salinha, e pouco depois voltou dizendo: “a gerente disse que como você usou o cartão, não podemos fazer nada”. Ela estava com o braço estendido para me entregar a merda do cartão, mas eu permaneci de braços cruzados e resmunguei: “eu paguei 40 unidades e só usei 20. Ou vocês me dão um cartão das 20 que faltam, ou me dão metade do dinheiro de volta”. Como ela viu que a cena do Dia de Fúria estava prestes a acontecer, ela retornou para a salinha, e voltou.de lá acompanhada da gerente, uma baixinha, gordinha, de cabelos curtos e cara de diretora de creche. Contei toda a história e acrescentei: “se duvidam, vamos junto com o cartão nos orelhões”. Então ela disse que teria que ver com o pessoal que traz o estoque de cartões, contar o que aconteceu, e assim, trocar o cartão. Mas o cara do estoque só viria no outro dia. Então, estabeleceu-se o seguinte diálogo:
- Eu preciso de um cartão hoje!!!! Agora!!!!
- Não podemos fazer nada, porque se o problema é no lote, você pode levar outro cartão estragado.
- Então, você quer dizer que eu tenho que comprar outro cartão em outro lugar para poder ligar, mesmo tendo acabado de comprar um cartão nesse estabelecimento???
- Exato. E volte aqui amanhã para ver se podemos trocar o cartão.
Depois de suspirar umas 20 vezes e quase pega-la pelo pescoço e enfiar o cartão no rabo da desgranida, eu disse:
- Pode ter certeza que voltarei amanhã.
Ela pensou um pouco...
- Amanhã não. O cara vem só na sexta.
Eu bufei mais umas trinta e cinco, como se fosse ter o meu momento Amy Winehouse, e disse:
- Fique certa que voltarei na sexta! E não compro mais aqui!
E sai galopando, contando até 25 mil. Passei na farmácia que também tem no posto (só não sei se tem gasolina nesse posto, mas o resto tem) e comprei um cartão para poder seguir com a nossa discussão sobre o tão difícil e sonhado ponto em comum.
Mas, como tem dias que o mundo conspiram contra o cidadão, depois de resolver a questão telefônica, cheguei em casa e tinha um e-mail da minha mãe falando que havia um boleto de R$ 3 mil e pouco da Unisinos me cobrando duas mensalidades, e que se o valor não fosse pago até o dia 30 iriam levar o caso para a Justiça (não sei porquê, mas essa palavra escrita com J maiúsculo me arde os olhos). Meu primeiro intuito foi de ir até a Unisinos e largar uma bomba no campus, apesar de gostar de lá e de todo o pessoal. Mas, como vocês sabem, em determinadas situações você não mede todos os fatos que envolvem um determinado problema de uma forma justa e equilibrada, portanto, eu queria usar um vale trensurb que ficou na minha carteira e ir lá explodir tudo. Achei a merda do documento, assinado por ELES, me isentando de qualquer compromisso financeiro com aquela universidade por ter sido contemplado com uma bolsa! Enfim, agora terei que mandar-lhes de volta o boleto com a cópia desse papel. Você deve estar pensando: processa essa cambada do cartão, do posto e da Unisinos. Mas, como falei no início do texto, sou calmo. Muito calmo. Até certo ponto. Acho que o meu problema psicológico é que vou de um extremo ao outro rapidamente. Da extrema calma à fúria psicótica. Dificilmente eu passo pelo meio-termo que seria necessário para procurar um advogado, negociar, dialogar, entrar com o processo, esperar pelo resultado, e tudo o mais. Além disso, sempre tenho medo de levar golpe dos advogados. Aí teria que procurar outro advogado, para processar o primeiro, o que demandaria um dinheiro que não tenho. Então, ou os caras cumprem o determinado, ou já era. E eis que, no fim disso tudo, o meu amigo Anônimo (o mesmo que me chamou de sonso) me diz via MSN que estava trovando a minha irmã!!! Na boa, querem que eu surte. Vou praticar o “ommmmmmmmmmmmmm” antes que seja tarde.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Só na catega

Já passa da meia-noite, ainda tenho um monte de coisas para ler para amanhã, mas não quero mais adiar isso aqui, até porque já está ficando ultrapassado e também nem acompanhei o que se sucedeu depois. Mas enfim, eu que achava que em algumas situações tinha respondido na catega reclamações, e-mails e outras injustiças proferidas por terceiros, agora concluo que o que vou postar a seguir dispensa qualquer desenrolar dos acontecimentos e supera qualquer resposta dada em qualquer briga, pelo menos, das que eu tenho conhecimento.
Talvez você tenha lido esse texto, já que ele foi publicado inicialmente na coluna da Zero Hora do Wianey e foi reproduzido pelo David Coimbra em seu blog (no do David, não no seu, nobre leitorinho tupiniquim). Coloco aqui, a explicação da coisa toda, feita pela David:

“Eduardo Bueno, o famoso Peninha, foi processado pelo árbitro Carlos Simon por causa de seu livro (do Peninha), "Grêmio — Nada Pode Ser Maior". Semana passada, Wianey Carlet divulgou em Zero Hora o resultado do processo — a favor do árbitro. Peninha escreveu uma carta aberta ao Wianey a respeito da coluna. Um texto engraçado e irônico, como sempre (...)”. Independente de você gostar ou não de futebol, vale a pena ler. Bom, segue o texto, literalmente copiado do blog do David, que literalmente pegou da coluna do Wianey.

“Meu caro Wianey:

É ainda sob forte impacto emocional e talvez até “distorcido pela paixão” que passo a responder tua comovedora coluna de sábado último, na qual me fizeste elogios tão generosos quanto desproporcionais, e que me levaram às lágrimas, pois evocaste os belos momentos que compartilhamos em exíguos quartos de hotel de todo esse planeta-bola — atrás da qual tanto corremos. Mas, mesmo sob forte emoção, não posso deixar de fazer pequenas ressalvas ao que escreveste. Vamos a elas:
1) Não chamei Carlos Simon de “ladrão”. Escrevi, isso sim, que ele fazia parte da “infame estirpe dos juízes que surrupiaram o Grêmio” (Ih será que não podia repetir isso? Bom, foi só a título de exemplo). De qualquer sorte, independentemente da decisão da juíza, posso assegurar que essa é a opinião de 99,9% da torcida do Grêmio e que processo algum irá modificá-la. Pode abrir votação,
2) Não disse que “a paixão envolvida permite visões distorcidamente parciais”. Foram meus advogados que disseram. Os mesmos que solicitaram que eu não me manifestasse sobre o caso até seu desfecho. Tomada a decisão da juíza, embora ainda caiba recurso, julgo ter chegado a hora de falar, e o faço através da tua coluna,
3) Não sou em quem terei que “desembolsar quase 15 mil”. Tal quantia será dividida entre mim e a Ediouro, que publicou a obra. A um pedido meu, creio que a editora arcaria sozinha com esse elevadíssimo custo. Mas não pretende fazê-lo. Faço questão de “desembolsar” o dinheiro já que, para mim, o próprio título de tua coluna, “Condenação”, soa quase como “Condecoração”, pois considero um galardão, um prêmio, um presente ser processado por alguém da estatura de Carlos Simon.
Por vários motivos:
1) Porque tenho a esperança de que o referido profissional use o dinheiro para fazer cursinhos de atualização em arbitragem, de forma que passe a errar menos, em especial contra o Grêmio,
2) Porque me inspirou para escrever o livro “Os erros de Carlos Simon”, que será lançado em breve com a disposição altruísta de que a rememoração do extenso rol de suas falhas o leve aprimorar-se em sua profissão,
3) Porque descobri que Ricardo Teixeira e a Comissão de Arbitragem da CBF — que eu desconhecia serem letrados — leram meu livro Grêmio: Nada pode ser maior. Como costumo tratar bem meus leitores, vou enviar-lhes um exemplar da nova obra. Enviarei um também para a Confederação de Futebol de Gana.
4) Porque o caso me inspirou a criar um site, errosdesimon.com. aberto a atualizações do público em geral, já que o livro não conseguirá acompanhar a rapidez com que o panorama se modifica.
5) Porque vou reescrever o livro Grêmio: Nada pode ser aior, extraindo a frase capada pela Justiça e, no lugar dela, acrescentar um apêndice com todos os erros do supracitado árbitro contra o Grêmio — sempre na tentativa de que ele se aprimore. O livro já vendeu 23 mil exemplares, mas sei que a torcida do Grêmio comprará muito mais da nova edição,
6) Porque disposto a ajudá-lo a se aprimorar também na profissão de jornalista — que diz exercer, embora eu nunca tenha lido nem mesmo a frase “Ivo viu a uva” escrita por ele —, venho lançar de público, através de tua prestigiosa coluna, um desafio: ele escreve um livro e eu apito um Grenal e veremos quem erra menos. (Desde criança, meu sonho sempre foi apitar um Grenal...). Se o desafio for considerado despropositado, sugiro então um debate público sobre o tema: “O que leva uma criança a decidir ser juiz de futebol?”
7) Por fim, porque tal processo com certeza unirá nossas trajetórias profissionais por um bom tempo e haverá de servir de estímulo para nos aprimorarmos no exercício de nossas atividades — levando mais longe o nome do Rio Grande. E, se, por ventura, as obras que pretendo escrever sobre o referido árbitro — sempre, repito, no intuito de aprimorá-lo no exercício de sua dura faina – vierem, por algum motivo, a ser censuradas, os processos daí decorrentes certamente irão deflagrar estimulante debate sobre os limites da liberdade de expressão. Tenho certeza de que tu, caro Wianey, e a prestigiosa Zero Hora, na qual tanto labutei, não vão querer ficar fora dessa.
Atenciosamente,

EDUARDO BUENO"

Como é morar com meu irmão (PARA OS LEITORES DE MEU IRMÃO)

Morar com meu irmão é ouvir “tu não sabe escrever”, no exato momento em que lhe comunico: vou escrever um texto pra você publicar. É ouvir “tu acredita na vida depois da morte?”, lhe respondo “simm” e ele “eu não. Ahhhhhff maria”...
Chega! Vou parar de escrever o que ele me fala enquanto lê, pois, caso contrário, vai ser só isso. Sim, Dudu é um ser humano que não cala a boca. Como pode uma criatura falar tanto?
Morar com Dudu é um exercício para a evolução espiritual de qualquer sujeito. É ouvir respostas como: “só vou arrumar quando não tiver ninguém em casa”, e após deixá-lo sozinho três dias, retornar ao apartamento, perceber que tudo continua na mesma, e ainda escutar “eu lavei a louça”.
Morar com Dudu é tentar dormir ao som do teclado do computador, já que o garoto adora escrever. Também é tentar dormir ao som dos roncos, depois que ele resolve descansar. É também ser acordada às oito da manhã para ouvir seus causos. É querer dormir após uma manhã de prova, uma tarde dentro de um ônibus, mas ter alguém dizendo “liguei pra mãe só pra ver se tu vinha hoje, porque eu fui no jogo do Inter e preciso contar pra alguém, blá, blá, blá”
Morar com o Dudu é ouvir mil vezes ao dia “Ô GURIA”, “faz hamburguinho”, “a Cris, a Cris, a Cris”, “vai demorar aí?” (na internet), “cadê o MP3? cadê isso? cadê aquilo?” (sim porque Eduardo é sinônimo de organização), além de trechos dos textos que ele tem que ler para o mestrado- coisas do tipo: o ser humano do humano ?!?!.
Enfim morar com meu irmão é exercitar três artes: a de ouvir, a de escutar, e a de ouvir.
FIM!

Algumas considerações sobre o texto da minha irmã:
1) Ela não sabe escrever.
2) Eu não acredito na vida após a morte no sentido tradicional, de céu, purgatório inferno, mas acredito cheio de dúvidas na reencarnação.
3) No referido caso em que ela saiu e voltou três dias depois, eu limpei toda a cozinha que ela tinha deixado bagunçada.
4) Ela também ronca, e além disso funga pacas.
5) O livro não é o Ser Humano do Ser Humano, mas sim, a Humanidade da Humanidade.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Curtas do feriado

Em meio às leituras, idas ao banheiro, mais leituras, bobeira na TV, mais leituras, música no MP3, mais leituras, outras idas ao banheiro, mais leituras, ver o que tem na geladeira, mais leituras, bobeira no sofá olhando para o teto e mais leituras, fiquei sabendo de algumas curiosidades através do sempre útil MSN. Vejam vocês:
*** Caso eu precise ir para a China algum dia (com algum dinheiro no bolso, é óbvio) já terei uma forma de sobreviver. Tudo graças ao meu primo Gérson, que mora em Pisa, na Itália. Segundo ele, cerveja em chinês é Pijiu. Vou guardar essa palavra.
*** Também descobri que tenho uma dívida impagável com um amigo meu de Santo Ângelo, o Harley, que também está morando em Porto Alegre. Após ver minha foto no Beira-Rio no post anterior (publicada pelo ClicRBS com visível intenção de ganhar audiência com a minha imagem) ele lembrou que certa vez, quando estudávamos no Colégio Sepé Tiaraju, nas Missões, provavelmente quando estávamos lá pela 6ª ou 7ª série, eu disse: “O dia em que o Inter for campeão do mundo, te pago lanche todos os dias”. Não é que o maluco nunca esqueceu da minha promessa. Ou seja, eu estou devendo quase mil lanches, mas ele já me prometeu que cobrará juros. Pelo jeito terei que abandonar o país em breve....
*** A minha amiga, ex-colega de faculdade e terrorista, Lara Nasi, que também está morando em Porto Alegre, andou tentando me difamar e divulgou inverdades na internet ao meu respeito relacionadas a minha foto no Beira-Rio. Em mais um ato de vandalismo típico da baderneira, ela mandou para ex-colegas e ex-professores dos tempos da graduação a foto, inventando uma história absurda, atitude essa comum entre os radicais-sem-argumentos. No entanto, já acionei o meu advogado, e o nome do terrorista Arion Fernandes, também já está nas mãos da polícia.
*** Só para esclarecimento: a foto usada no post anterior, em que eu estou no Beira-Rio, é a mesma usada pela terrorista. Por isso não sei quem é o tal Miguel, que aparece entrando no MSN. Mas possivelmente também seja um terrorista.
*** Há pouco, tentando achar uma pilha recarregável, encontrei o meu cortador de unhas, que procurava a pelo menos quatro dias. No entanto, não achei a pilha.
*** No Rio de Janeiro, quinta-feira também é feriado, segundo um apresentador da MTV. O motivo seria que nessa data é dia de São Jorge. Com isso, os cariocas fizeram feriadão na segunda para emendar com o feriado da terça, aí como quinta é feriado, já não trabalham na sexta também. Só sobrou a quarta. Mas trabalhar um dia só? Falasério, já aproveitaram e emendaram a semana inteira. E viva o Brasil!

domingo, 19 de abril de 2009

Estranho no ninho

Sexta passada, estava eu, deitado no sofá da sala, esperando vir a inspiração para escrever, que teimosamente não vinha. Fui para a aula de Sociologia da Comunicação, com o Juremir Machado da Silva, e eis que lá pelas tantas ele falou justamente sobre isso e deu a fórmula da inspiração para quem escreve (não necessariamente escreve bem, mas escreve), que é o meu caso. Ele disse que, quando não está inspirado para escrever as suas colunas diárias no Correio do Povo, ele expõe o seu cérebro e as suas idéias ao maior número de estímulos possíveis, e esses estímulos são o combustível para as idéias e para a inspiração. É aquela velha história que comentei aqui outra vez: quanto mais tenho coisas para fazer, mais tenho vontade de escrever e mais produzo. Quanto menos tenho coisa para fazer, menos inspiração tenho para escrever e menos produzo.
Pensando nisso tudo, como já se passa quase uma semana desde o meu último post, resolvi fazer um tratamento de choque: eu, gremista de nascença, que chorei vendo o Grêmio ganhar do Náutico na Batalha dos Aflitos, que pirei quando o Aílton pegou na veia aquele chute na final do Brasileirão de 96 contra a Portuguesa, enfim, que viajava de Santo Ângelo a Porto Alegre para ver jogos no Olímpico, fui até o estádio Beira-Rio hoje assistir a final do Gauchão entre Inter e Caxias. Claro que, além da vontade de expor meu cérebro a vários estímulos e contradições, eu também tinha ficado de mandar uma crônica sobre o jogo para o Jornal das Missões de Santo Ângelo. Mas aqui, o que importa é a exposição não só do meu cérebro, mas do meu corpo, que por pouco não foi espedaçado.
Saí de casa ao meio-dia. Após almoçar do lado da Redenção, estava procurando um ponto de ônibus para ir até o Beira-Rio, quando me deparei com um casal e um cara que estavam em uma parada, todos com camisetas do Inter. Aproximei-me do grupo e fiz uma pergunta idiota: “aqui passa ônibus para o Beira-Rio?”. E a resposta foi óbvia: “sim”. Os caras puxaram conversa comigo, lembraram dos três grenais que venceram nesse ano, falavam: “esses gremistas merecem perder mesmo, são todos uns miseráveis filhos da puta”, e eu, com um sorriso amarelo no rosto, suando as mãos, os pés, o sovado, respondia “pois é, não é fácil”. Para me enturmar, contei do jogo da Seleção que fui, a história do ingresso por 20 pila e tudo o mais. Entramos no ônibus, cheio de colorados. Parecia que estava escrito na minha testa “gremista”. Ou eu estava ficando paranóico, ou estavam todos me olhando atravessado. E eu, suava. Chegamos no Beira-Rio, e eu me separei desse grupo o mais rápido possível. Só então que me dei conta que o meu moletom verde destonava das camisetas exclusivamente vermelhas e brancas. No máximo, se via uma jaqueta preta ou bege. Mas nada verde, nem grená, muitos menos azul. Logo lembrei da toca do Inter: o Juventude. Pronto. E não adianta vir com o papo dos 8 a 1 do ano passado, porque a gana dos colorados pelo Ju é explícita. Tentei me consolar: pelo menos meu moletom não é azul.
Rondei o Beira-Rio, achei o portão de acesso à imprensa, e me encaminharam até as sociais. No entanto, como era só eu e eu, sem microfone, sem câmera profissional, sem filmadora nem nada, não fiquei no local destinado às emissoras de rádio e TV. Fiquei no meio da torcida mesmo. Manjam aqueles filmes sobre nazismo onde o cidadão judeu está no meio dos nazistas, que falam “vamos matar todos os judeus do mundo” e o judeu tem que fingir que é alemão, ou pelo menos, não-judeu? É mais ou menos assim que eu me sentia. Se descobrissem que eu era gremista ali... era uma vez um Dudu...
A torcida cantava, e eu nada. O jogo começou, e eu nada. O Inter fez um, e eu nada. O Inter fez dois, e eu nada. Mexia na máquina, tirava fotos e mexia no radinho para disfarçar. Pior que a porra do time não parava de fazer gols. Melhor comemorar, antes que desconfiem. Ergui timidamente o braço quando o Inter fez o quarto ou o quinto, não lembro. Perdi as contas. E eu, que vendo a pequena torcida do Caxias fazer mais barulho do que a do Inter minutos antes do jogo, achei que os jogadores poderiam se comover com aquilo e dar sangue e vencer o Inter no Beira-Rio. Que nada. Doce ilusão. O Inter fez o sexto, o sétimo, e o cara do meu lado me abraçava, emocionado. Eu falei o óbvio: “desse jeito vai ser no mínimo dez”. Tentei dar empolgação a minha fala, mas não sei porquê, tudo o que eu dizia soava falso para mim mesmo. Sou péssimo ator.
No intervalo, um cara puxou papo comigo. Perguntou se eu torcia para o Juventude. Eu disse que não, que simplesmente não tinha me ligado na cor do moletom antes de sair de casa. Então, ele perguntou se eu era acostumado a ir os jogos do Inter. Eu respondi que não era de Porto Alegre, mas sim de Santo Ângelo, que até então só tinha ido no Beira-Rio no jogo da Seleção. Ele me olhou e disse, e com ar compreensivo, murmurou: “percebe-se”. Naquela altura, era melhor passar por alguém que vive fora do mundo do futebol do que saberem a verdade.
No meio disso tudo, veio um cara entregar um jornal do Sindicato dos Árbitros do Rio Grande do Sul. Tem uma briga que está ocorrendo aqui entre o Eduardo Bueno (o Peninha, historiador e jornalista) e o árbitro Carlos Eugênio Simon. Em outro post quero falar sobre isso, mas, resumidamente, o Simon ganhou R$15 mil em um processo contra o Peninha que escreveu o livro “Grêmio, nada pode ser maior”. E eu, querendo tirar com o cara que entregava o jornal, acabei corneteando: “não tem uma coluna do Peninha aí não?”. O cara deu risada, mas foi então que vi que uns dois ou três torcedores me olhavam atravessado. Cheguei a pensar ter ouvido alguém me sussurrando no ouvido: “já ouviu aquela famosa frase: a casa caiu”. Mas foi só fruto da minha imaginação.
Começou o segundo tempo, e o Caxias reagiu. Ou o Inter recuou. Sei lá. Mas o fato do Tite ter tirado o D’Alessandro e o Nilmar mostra que o treinador ainda tem muita consideração pelo seu ex-clube da Serra. Senão, a minha previsão feita no intervalo de 14 a 0 teria se confirmado.
O jogo acabou, entre cantos colorados e xingamentos aos gremistas, e eu fui pegar o ônibus de volta para casa. No caminho até a parada, uma guria ainda comentou com o namorado: “olha só, aquele ali é palmeirense. Eu heim”. Segui de cabeça baixa e peguei o T-4, que veio lotado de torcedores, que cantavam e xingavam ainda mais os gremistas. Numa dessas, eles começaram a cantar aquela música, que por sinal, copiaram da torcida do Grêmio: “atirei o pau no....”. Eu, tentando disfarçar, fui cantar junto mas, por força do hábito, acabei saindo com “atirei o pau no... e mandei toma no .... macac....”. O que eu senti então, ao ver uns três torcedores me olhando atravessado de novo, é indescritível. Como diz uma amiga da minha mãe: não passava nem um alfinete naquele lugar. Comecei a suar. Fez-se um silêncio de velório dentro daquele ônibus lotado de colorados. Alguns cochichavam. Estariam discutindo se me degolariam ou enforcariam? Meu estômago começou a doer. Queria que voltassem a cantar, que parassem de me olhar, que quebrassem aquele angustiante silêncio! Afinal, eram campeões! Foi então que vi a passarela em frente a PUC. Pra minha sorte, estava sentado ao lado da porta de saída do ônibus. Desci atarantado. Entrei esbaforido na PUC, e duas gurias, também ofegantes, diziam “quase mandei tomarem no cu esses colorados”. Então, ainda trêmulo, olhei para elas e perguntei:
- Vocês também são gremistas?
- Somos.
- Eu também.
E rimos juntos, como loucos. E assim, eu expus o meu cérebro a inúmeros estímulos em uma tarde nublada de domingo e cheguei a uma conclusão: jogo do Inter no Beira-Rio, nunca mais!
Abaixo, a foto tirada do Clicrbs, do você no estádio. Quem me achar ganha um brinde das lojas Dudu Mania:

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Nu com a mão no bolso no paraíso burocrático

Hoje, segunda-feira, 13 de abril de 2009 (só faltou escrever “querido diário”) tive um dia estupendamente burocrático. Acordei às 9h30 da madrugada (qualquer horário antes das 11h pode ser chamado de madrugada. Já a manhã vai das 11h às 13h, quando inicia a tarde, conforme a terminologia dominante prevista para o século XXIX) e fui até o fantástico mundo da Caixa Econômica Federal. Cheguei lá, e meio dormindo, tentei entrar pela porta da saída. Como aquela porcaria trancou, o guardinha bateu no vidro e indicou para que eu tentasse a porta do lado, que era a de entrada. Com uma cara de Mr. Been, consegui entrar pela porta da entrada. Só que, chegando lá dentro, fiquei apertando feito um bobo a maquininha para retirar a senha. O guardinha me olhou e me chamou com o dedo, e disse que as senhas eram distribuídas na parte de acesso do prédio, por uma estagiária loira. Sai pela porta da saída, e fui até uma fila, onde eram distribuídas as senhas. A moça me deu uma senha com o horário do meu atendimento: 10h45 da madruga. Ainda faltava meia hora. Dei uma circulada, passei na loja da Cris, voltei para a Caixa, e fiquei lá, sentado, esperando. Foi então que percebi que estavam chamando as pessoas pelo nome. “Mas como assim, Bial?”, questionei-me mentalmente. Perguntei para uma moça que estava no meu lado se haviam perguntado o nome dela, e ela disse que sim. Então eu me senti o próprio Mr. Been em carne, osso e cérebro. A moça lá da senha não havia me perguntado o nome, ora pois! Só se ela havia copiado o meu nome do meu formulário do FGTS, a espertinha.
Estava eu, refletindo sobre essas importantes questões, quando veio um senhor gordo, com ar de diretor de escola, dizendo, com as mãos na cintura, que havia dado pane no sistema, e o atendimento poderia demorar a voltar. Diabos! Estava eu pensando se ia embora, se dava uma volta na quadra, ou se fazia cócegas naquela barriga flácida do gordinho, quando um caixa lhe soprou que o sistema havia voltado. Menos mal. No fim das contas, sai da Caixa com o dinheiro no bolso às 11h15. Para não pagar a taxa para depósito em contas de outros bancos (preciosos R$13 com alguma coisa) sai com os bolsos cheios de dinheiro, rumo ao maravilhoso mundo do Banco do Brasil. Lá, fiquei mais meia hora na fila, e, depois que saí, passei no Sine para encaminhar outros papéis, que não dizem respeito ao nobre e curioso leitorinho tupiniquim, mas que, espertamente, já deve deduzir o que é.
Enfim, foi nesse processo todo que passei o final da madrugada e o início da manhã. No entanto, o dia estava apenas começando. Cheguei em casa já era meio-dia passado (com ou sem hífen?) e a uma fui levar o pai para a Caixa. De lá, passei num caixa eletrônico do BB para sacar dinheiro para comprar a passagem de volta para Porto Alegre, já que, esqueci de mencionar antes, tudo isso aconteceu em Santo Ângelo. Ok, ok, sei que fui idiota e que ao invés de depositar tudo o que recebi, já deveria ter ficado com o dinheiro da passagem na mão, mas enfim, é a vida. Fiz isso tudo, cheguei em casa e tomei um café preto. Às 14h, passei no jornal para receber o pouco que ainda faltava, e que foi todo encaminhado para pagar dívidas de sobrevivência. Depois, passei na Unimed para cancelar o meu plano de saúde, o que me obrigou a ficar mais algum tempo olhando para as brancas paredes dos prédios onde impera a burocracia. Ah, no meio disso tudo esqueci de uma importante reflexão que fiz enquanto estava na Caixa: os caixas e as estagiárias ficam ali, trabalhando, tentando não se estressar, andando feito flamingos no litoral africano, sem nem olhar para as dezenas de pessoas que estão os observando. São como atores de teatro. Eles não olham para o grandioso e respeitável público em nenhum momento. São treinados. E nós, ficamos ali, pasmos, observando a cara deles. Diria até que eles podem causar inveja a muitos atores de teatro desse Brasil afora. Não pela atuação, mas sim pelo público. Enfim, voltando ao processo burocrático, deixei a Unimed e vim para casa. Liguei para o 0800 da Caixa para encomendar o cartão cidadão. A conversa foi toda gravada, já que eu posso ser um golpista ou um mafioso. A cada pergunta que o cara me fazia, ele pedia “só um momento senhor” e voltava “obrigado por esperar senhor”. Ou seja, ele perguntava o nome, e fazia isso, perguntava o endereço, e fazia isso, perguntava o telefone, e fazia isso. Quase perguntei: “por que diabos você sempre faz isso?”. Mas não o fiz. Imaginei que a cada resposta minha ele voltasse a fita para ouvir o que eu havia lhe dito. Muito estranho. Terminado esse processo, fui tratar de ver como farei para acompanhar os jogos da dupla gratuitamente em suas respectivas arenas nesse ano. Outro processo burocrático, mas enfim, esse vale a pena...
Após um dia enfrentando filas, aguardando minutos ou horas, olhando para paredes brancas com cara de quem está na privada, encerrei essa segunda-feira pior do que quando vim ao mundo: desempregado e sem plano de saúde. É, amigo, a vida não é nada fácil. E mais: se eu morresse hoje ainda daria um puta prejuízo para os meus entes queridos. Coisa triste.

domingo, 12 de abril de 2009

O Divã, o casal e a Feliciana

Vi no Fantástico a matéria sobre o filme baseado no livro da Martha Medeiros, Divã. Fiquei curioso para ver o filme, que se não me engano, entra em cartaz comercial no dia 17, sexta-feira. Parece bem interessante, apesar de que, pelo que entendi, a mulher resolve fazer psicanálise, ou algo parecido. Esses dias, andei pensando sobre isso: você vai ao psiquiatra, psicólogo, psicanalista, ou algo do gênero, fala por um bom tempo, ele fica ali, te ouvindo, e quando você espera que ele diga algo inteligente, ele apenas fala: acabou a sessão. Aí, caso você seja uma pessoa que não se conforma em pagar caro por um ouvido, e reclamar da atitude dele, ele acrescenta em sua ficha: “resistência ao tratamento”. Muito espertos, os psicanalistas. Claro, essa é uma reflexão baseada apenas no meu imaginário do que seja uma análise, já que nunca passei por uma.
Outra coisa que eu estava pensando, ainda relacionado à psicanálise, é que todos os clientes assíduos do bar do meu tio, em Porto Alegre, poderiam ser belos psicanalistas. Vou dar um exemplo claro disso. Imaginem a seguinte situação:
Homem chega, senta de frente para o interlocutor, e passa a reclamar da mulher. Diz que não aguenta mais e despeja todas as queixas possíveis sobre a pafúncia. Além disso, ele se julga jovem, bonito e bem sucedido, enquanto ela está engordando e só se queixa da vida. No entanto, ele dedica valorosos minutos falando mal dela. Quando termina, o interlocutor diz: “Olha, você já pensou em deixá-la e procurar outra pessoa, que não te irrite tanto?”.
Agora eu pergunto: essa cena se passou na mesa do bar do tio, ou num consultório de psicanálise? Eu respondo: nos dois. No consultório de psicanálise eu sei que sim, porque essa história foi extraída de um relato de uma pessoa que passou por isso num lugar desses. E no bar do tio também, já que não precisa ser muito esperto para deduzir que essas histórias e conversas acontecem todos os dias por lá.
Agora, passando para a questão dos relacionamentos, lembrei-me de outro caso. Todo mundo, em algum momento da vida, já se questionou se todos os relacionamentos são iguais, se nada muda, se o amor é possível, inclusive, tentando encontrar alguma fórmula mágica de fazer o relacionamento dar certo. Um professor meu do mestrado certa vez disse que a maioria dos casamentos terminam porque depois de quatro anos a pessoa descobre que se casou com outra pessoa, e não com ela mesma. Quer dizer: as pessoas querem se casar com elas mesmas, não com uma criatura diferente, que tem hábitos e visões de mundo diferentes. Mas enfim, a questão é que existe uma lista de coisas que, com o tempo, tornam os relacionamentos insustentáveis. Claro que a gente sempre acredita e faz o máximo para que isso não aconteça, seja lá quem você for, mas, implacavelmente, algumas discussões sempre acontecem. Seja sobre a hora de levantar, seja sobre quem está ajudando mais na limpeza ou na manutenção da casa, seja pela distração do outro que esqueceu de algo que você julgava ser de fundamental importância, seja pela falta de paciência com a família da outra pessoa, enfim, existem N problemas em comum em todos os relacionamentos. Mas chega de embromação, e vamos à historinha, rapidamente, porque eu sei que você, nobre leitorinho tupinquim brasileiro, não gosta muito de ler textos longos. Principalmente na tela do computador, como é o meu caso, portanto, agora sim, vamos à historinha...
Bom, pensando nisso tudo, lembrei-me de um casal que certa vez, ia se separar. Já tinham programado tudo. O carro e a casa seriam vendidos e cada um ficaria com a metade do dinheiro. Ele sabia que tinha pagado mais, mas já não aguentava mais discussões. Inclusive, foi ele quem sugeriu que a partilha fosse meio a meio para esses dois itens. Os móveis foram divididos sem muita briga, coisa rara nos últimos meses de relacionamento. O mesmo aconteceu com os eletrodomésticos, os quadros, as louças e tudo o mais. No entanto, havia algo que nenhum dos dois queria abrir mão: a Feliciana. Era a cadelinha yorkshire do casal.
Ferdinando (nome fictício dele) dizia que a Feliciana havia sido presente de casamento de um amigo seu, portanto, era direito dele ficar com ela. Ferdinanda (nome fictício dela) protestou, bateu o pé, alegando que fora ela quem havia batizado a cusca de Feliciana. Ferdinando dizia que era ele quem dava comida para a dita cuja. Já Ferdinanda esperneava que era ela quem levava a Feliciana para passear todos os dias e era ela quem bancava todas as despesas com tosa e salão de beleza para cachorros (ou cadelas). Enfim, para todos os argumentos de Ferdinando, Ferdinanda apresentava um contra-argumento à altura. Até que Ferdinando, não sabendo mais o que dizer, derramando uma gota de lágrima em seu rosto de bebê chorão, bradou:
- Eu amo a Feliciana!! Está entendendo??!! Eu amo ela!! Eu não posso viver sem ela!!
Ferdinanda, emocionada, também começou a chorar, e soluçando retrucou:
- Eu também amo muito a Feliciana!!! – enquanto os dois discutiam, Feliciana estava escondida dentro da sua casinha, com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas – Eu simplesmente não tenho vontade de fazer nada se não estiver com ela todos os dias!!!
E, graças a Feliciana, os dois entraram em comum acordo de que era melhor continuarem juntos, amando a cadela, que acabou fazendo com que eles voltassem a se amar como no início do namoro! Tudo isso durou até a morte de Feliciana, no entanto, o luto do casal, fez com que em um momento de perda eles crescessem e se amassem ainda mai!!!
E eis mais uma linda história de amor (claro, com o final modificado para agradar às massas) e que renderia até um filme no maior estilo pastelão hollywoodiano.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A preocupação de Ferdinando

Ferdinando lia tranquilamente a autobiografia de Edgar Morin deitado em sua cama, quando sucessivos pensamentos começaram a inquietar a sua mente. E não foi pela complexidade que ele segurava em suas mãos, mas sim, porque ele lembrou de algo que um dia a sua namorada lhe disse: “eu não quero ter filhos”. Algo simples, dito quando estavam começando o namoro, há aproximadamente quatro anos, depois de uma madrugada regada a sexo ardente, tão comum quando dois jovens a flor da idade se conhecem intimamente. Na época, ele nem ligou para isso, aliás, nem se passava em ter um barrigudinho naquele momento. Iria colocar a sua movimentada vida sob risco. Na época, ainda faltavam dois anos para se formar. Trabalhava o dia inteiro, à noite ia para a aula, e, na saída da faculdade, revezava: às vezes ia nos bares com os amigos, às vezes ia para a casa dela, para passar a noite escondido do sogro e da sogra. Aqueles momentos mágicos, que por uma questão de segurança, tinham que ser em silêncio. Ele controlava bem a empolgação, mas às vezes era necessário tapar a boca dela, se não acordaria não só a casa, como a vizinhança inteira. Mesmo assim, aquele “ahmmm” abafado o excitava muito. Começava a sentir saudades disso.
No entanto, o tempo passou. Ele se formou, ela também, e os dois iriam morar juntos dentro de algumas semanas, quando aconteceria o tão esperado e sonhado casamento. Inicialmente, os pais dela foram contra. Totalmente contra. Julgavam-no um mal partido. Aliás, mal não, péssimo. Desde que havia se formado, só tinha conseguido sub-empregos (era sim que o seu sogro se referia aos seus trabalhos) fora da área de Psicologia, curso na qual dedicou preciosos quatro anos de sua vida. Por sinal, um curso muito difícil em todos os sentidos. Os professores eram exigentes, e, por ser um dos poucos homens heterosexuais na sua classe, foi difícil resistir a tentação e as cantadas que as colegas lhe impunham quase que diariamente. Para sua sorte (ou competência), Alice nunca lhe deixara não mão. Nunca negara aos seus caprichos. Enquanto ouvia as queixas dos seus amigos, que reclamavam das dores de cabeças e indisposições de suas respectivas namoradas, Alice sempre estava bem disposta, faça chuva ou faça sol. Talvez por saber da forte concorrência.
Ferdinando não chegava a se considerar bonito, mas sabia que tinha a manha. Sabia como agradar a uma mulher. Isso desde os primeiros anos da puberdade (palavrinha brega essa). Enquanto no colégio, ouvia os amigos brigando com as gurias, ele as encantava. Nem ele sabia como fazia aquilo, mas sabia que levava jeito para a coisa. Perdeu a virgindade com uma prima dez anos mais velha. Ele tinha 14, ela 24. Recém havia acabado com o noivo, e sua madrinha (mãe dela) o convidou para posar lá, como era comum desde que se lembrava por gente (ele adorava ir lá por que era tratado a pão de ló). Só que naquela ocasião, ele ganhou mais do que pão de ló. Agora, lembrando da conversa que teve com sua prima, deitado em sua cama, ele ria e se espantava de como podia ser tão esperto naquela idade. A prima entrou em seu quarto para desabafar. Ele passou a consolá-la, a elogiá-la, a dizer como sempre a achara linda, meiga, inteligente e tal e coisa, mesmo percebendo que na verdade ela estava lá para outro tipo de consolo. Fingiu que acreditava nela, assim como ela fingia que acreditava nele, tudo para chegarem a um ponto em comum, como de fato, chegaram. Também teve que ser em silêncio. Para a primeira vez, até que foi melhor do que o esperado. O curioso é que ele sempre achava que iria se apaixonar pela mulher que lhe tirasse a virgindade. Mas isso não aconteceu. E mais: foi ela quem se apaixonou por ele. Procurava-o, ia visitar os seus pais, só para o ver, mas ele não queria saber. Já estava noutra. Volta e meia, quando se encontrava sem outras opções, ligava para a prima. Nos primeiros meses de namoro com Alice, até chegou a cair em tentação, mesmo com a prima namorando um sargento cabeça-dura. Depois deu um basta. Sabia que essa história não acabaria bem, ainda mais depois que o sargento lhe mostrou as bazucas que usava diariamente no quartel. “Que sejam felizes e tenham muitos filhos”, pensou, aliviando a sua consciência.
Mas enfim, depois da prima veio a vizinha, a filha do padeiro, a filha e a mulher do porteiro, a mulher do síndico, a outra prima (que na verdade era segunda prima), as coleguinhas do colégio (iam caindo na rede uma a uma, como se fossem marrecas em dia de caça), até a professora de inglês do terceiro ano do segundo grau. Contudo, quando estava no segundo ano da faculdade, conheceu Alice. No início parecia ser só mais um lance. Como foi dito, chegou até a cair em tentação com outros rolos, mas depois parou. E mais: resistiu a pressão das colegas da Psicologia. Inclusive das que já tinham passado por suas rápidas mãos. E inclusive a Maria Valéria, sonho de consumo de todos os homens da faculdade. Aliás, da faculdade não, de Porto Alegre inteira. Ela o tentava, sussurrava em seu ouvido com aquela voz de leite-condensado com gelatina: “vamos ter que sair, só nós dois, uma hora dessas”. Essa frase fazia com que seus pelos ficassem arrepiados do mindinho até a o último fio de cabelo, passando pelos pentelhos e pelo sovaco. Mas, como o soldado Ryan no front, resistiu bravamente a cada investida daquele diabo vestido em pele de deusa.
Agora, deitado na cama lendo Edgar Morin, que na verdade era um dos livros da Alice, que fazia mestrado em Sociologia, voltou-lhe a sua mente a frase dita naquela madrugada de sábado chuvosa: “eu não quero ter filhos”. Pois ele, Ferdinando, queria ter um lumbriguentinho. Ah, queria! E teria. Quisesse Alice, ou não. Se não fosse com ela, seria com a empregada da mãe dela (que coxas tinha aquela mulher!). Iria falar com Alice naquela noite. Ah, iria! Colocaria os pingos nos is. Se ela o amava, teria que ter um pequeno herdeiro para o império que estava construindo! (pelo menos em sua mente). Um centroavante do Inter, quem sabe! Iniciaria nas categorias de base do seu clube do coração, e depois ainda enxeria os seus bolsos indo para o Barcelona ou para o Milan. Mas só depois de conquistar, no mínimo, um Brasileirão. Iria vetar qualquer transferência sem deixar ao menos um troféu importante no Beira-Rio. Até imaginou as manchetes nos jornais: “Transferência de Ferdinando Júnior para o futebol europeu é vetada pelo pai do jogador”. Encheu o peito, de satisfação. Ou, quem sabe, se ele não herdasse as habilidades futebolísticas do pai, poderia ser político. Mas político grandão, tipo um senador ou algo assim. Vereador é muita chinelagem. Olhou para a capa do Meus Demônios, e pensou, balançando a cabeça e vislumbrando o futuro brilhante de Ferdinando Júnior: “vai que o guri se torne um intelectual que mude o pensamento de sua época, como esse cara aqui. Grande Morin”. Estava pensando nisso tudo, quando o celular tocou. Era Alice.
- Oi amor – disse ela.
- Oi amor – disse ele.
- Tudo bem aí? – perguntou ela.
- Sim, meu amor. E aí?
- Também. Estou com saudades.
- Eu também.
Silêncio.
- Amor – disse ele – precisava falar contigo, mas pessoalmente. É algo sério.
- O que é? – perguntou ela, nervosa.
- Só pessoalmente.
- Aiiii amor, eu não vou dormir desse jeito.
- Só pessoalmente – repetiu Ferdinando, friamente.
Alice estremeceu. Nunca o tinha ouvido falar daquele jeito. E, de fato, naquela noite, nem Alice, nem Ferdinando, dormiram. No outro dia, combinaram de almoçarem juntos. Ferdinando quis conversar somente após a refeição, para evitar problemas na hora do almoço. Aprendera com sua mãe que as horas das refeições são sagradas, apesar do ateísmo da maioria dos autores que costumava ler. Mãe é mãe, sempre concluía. Após o almoço, em um restaurante da Cidade Baixa, Ferdinando olhou com os seus olhos que estavam tomados por olheiras pretas gigantes para os olhos de garça órfã de Alice, e, trêmulo, perguntou:
- Meu amor. Aquele papo de que você não quer ter filho... é.... é.... er.... era.... era... era brincadeira né?
- Como assim amor? Que papo? Eu nunca disse que não queria ter filho!
- Er... – murmurou com um nó de choro na garganta – você disse sim, uma vez, quando começamos a namorar, lembra?
Alice gargalhou. Ela passou a noite pensando que ele iria terminar o namoro, que havia encontrado uma mulher mais atraente, que fazia algo mais louco do que o sexo tântrico, enfim, que havia o roubado. Mas agora, não sabia se o beijava, ou o abraçava. Acabou fazendo os dois.
- É claro que era brincadeira, meu amor. Não fique assim. Você sabe que eu te amo.
Ele sorriu para ela, e ela sorriu para ele, e eles se beijaram ternamente. Ainda face-a-face, Alice falou para Ferdinando:
- Amor. Também tenho uma coisa para te falar.
- O que é, meu amor?
- Eu estou grávida.
- Como assim?
- Estou grávida.
- Gr... Gra... Grávida?
- Sim, grávida.
Nesse momento, passou um gol do Grêmio na tela do Globo Esporte, e Ferdinando desmaiou. E depois de nove meses, no país das maravilhas, nasceu Edgard Morin do Nascimento, filho de Ferdinando e Alice. Do Nascimento.

Histórias macabras - O Retorno

Sujeito chega em casa e vê que a mulher esqueceu o celular. Depois de uma bela vasculhada, vê que não tinha nada demais, só mensagens da sogra e das amigas, e fica feliz por isso. Deita na cama, liga a TV no Show da Fé, e se sente realizado por ter dado uma parte do seu suado salário para Jesus. “Ele me abençoa todos os dias”, pensa, satisfeito, olhando para o quadro onde está ele, a mulher e o filho de 2 anos. O celular da mulher apita. Ele vai ver o que é, afinal, pode ser aquele amigo dela, que sempre descola aquele empréstimo para o casal na hora do aperto. No entanto, é uma mensagem que diz: “oi, estou com saudades. O corno está ai? Bjos”. Ele pensa por 28 segundos e responde: “Não, ele está viajando. Você pode vir agora?”. O outro retruca: “Estou indo. Mais bjos”. O sujeito vai até o guarda-roupa, pega a pistola que herdou do seu bisavô, deixa a porta destrancada e senta no sofá. Nisso, manda outra mensagem para o “outro”: “quando chegar, entra direto que a porta está destrancada. Estou te esperando só de calcinha”. Não dá dez minutos e ele vê o trinco da porta girar. Quando o sujeito aparece em sua frente, descarrega a pistola. Depois de ir para o presídio Central, a mulher acaba viúva do marido e do amante. Mas ainda resta o porteiro....
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O cara, que não ia com a cara do João Alfredo, depois de papar a mulher do desafeto, convida-o para um chope. João Alfredo desconfia do convite, mas aceita. Já é tarde. O cara olha todo orgulhoso para o João Alfredo, se fazendo de amigo, e diz:
- Cara, você confia na tua mulher?
- Confio.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Porra, tu sabe que sou teu amigo. Mas vou ter que te contar isso, infelizmente. Sabe como é, amigo é pra essas coisas...
- Desembucha.
- Pois é, tem um cara aí, que diz que anda papando a tua mulher.
João Alfredo, meio de saco cheio, encara o sujeito e pergunta:
- É mesmo? Quem é o infeliz?
- Cara, é um cara que te conhece bem e tal, acho melhor você pedir para ela mesma te contar – diz o sujeito, feliz da vida, já imaginando a mulher do João Alfredo lhe contando que o traiu com ele mesmo!
- Tu conhece esse cara bem? – pergunta João Alfredo.
- Sim, claro, é um grande amigo meu.
- Ele te contou detalhes do caso que teve com minha mulher?
- Sim, todos os detalhes. Eu até não queria ouvir, mas o cara insistiu... – disse o sujeito, antegozando a ironia.
- Bom... Você sabe se ele usou camisinha?
- Camisinha?
- Sim, camisinha. Manja, aquele negócio que você põe no instrumento antes de fazer o trabalho? – retrucou João Alfredo, meio de saco cheio da conversa.
- Bom, não. Ele não usou, pelo menos pelo que comentou... Ma-ma-ma por quê essa pergunta?
- Nada não. Só diz pra ele esperar três meses e fazer o teste anti-HIV. Ah, e entrega esse cartão do meu infectologista pra ele...
Abaixa a cortina.
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O cara namorava a mulher mais chata da cidade. Era boa pinta, tinha várias minas afim dele, mas ele insistia nela. Não queria saber das outras. Só pensava, só queria, só falava NELA! A mina brigava com todo mundo (inclusive com ele), era chata mesmo. Certo dia, bateu no filho da mulher do padre. A cidade inteira se revoltou. Mas ele, como bom advogado, foi lá, e livrou a cara da amada. Disse que ela estava na TPM, aquela história toda. As mulheres da cidade, muito solidárias com a causa, entenderam o lado dela. Já os homens, meio a contra-gosto, acabaram a perdoando também. No entanto, chegaram para o cara e perguntaram:
- Vem cá, tchê. Tu, um cara novo, bem-sucedido, com um monte de mina por aí, por que não larga dessa bucha? A mina é muito chata, meu!! Todo mundo na cidade vê isso, é só tu que não!
O cara, com um palitinho mastigando no canto da boca, pensou, olhou para os lados, para o vazio, fez cara de quem está pensando na privada, até que respondeu, sem hesitar:
- Caras, que ela é chata, eu sei. Mas porra, ela engole as duas bolas ao mesmo tempo!!!! Nunca ouvi falar de ninguém que fizesse isso!
E todos ao seu redor o compreenderam e o admiraram.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Amigos

Nesse momento, minha barriga ainda está doendo de tanto rir. Acabei não saindo no CQC, como você, nobre leitorinho tupiniquim pôde constatar (não usaram as entrevistas com o Fernando Carvalho, nem com o cara que fica vestido de Gorila nos jogos do Beira-Rio, tampouco da galera pulando abraçada gritando "CQC!CQC!") mas, consegui me manter na mídia, sendo tema do último texto do blog do Anônimo. Inicialmente, quando ele disse que iria escrever sobre a minha pessoa, eu pensei em indicar o link do blog dele para que você, nobre leitorinho, pudesse ler o texto. E até faço isso agora, o blog é: http://ababeladomundo.wordpress.com/
Porém, após ler o texto, me matar de rir e me emocionar, não pude tomar outra atitude a não ser reproduzi-lo aqui, quase que na íntegra. Na parte inicial do texto, que cortei, mas que você pode ler no original do site, ele fala de um amigo dele lá do Rio (ele mora na capital carioca) que mencionou o também santo-angelense Fausto Wolf, um dos grandes escritores da contemporaneidade, que faleceu, se não me engano, no ano passado. Bom, tem nesse texto histórias que nem eu lembrava mais e detalhes que, lendo o texto, me vieram à memória como se tivessem acontecido ontem. Ah, e repeti nesse post o mesmo título que o Anônimo usou no seu blog. Mas, chega de papo furado, e vamos ao texto:

"Ontem conversava com um grande amigo santo-angelense (o único, na verdade), o Eduardo. Conheci-o em 93, mas ficamos amigos mesmo em 94. Nossas conversas giravam basicamente em torno do Grêmio e do maravilhoso Fifa 94, que jogávamos em nossos respectivos computadores. Costumávamos conversar nos intervalos, dando voltas na pista olímpica da escola. Aos poucos, começamos a freqüentar um a casa do outro. Na minha, assistíamos filmes como Forrest Gump. Na dele, jogávamos Superstar Soccer e, no domingo, batíamos bola na garagem até a hora de seu Nabuco, pai dele, nos levar à AABB, para a pelada de domingo. Tornamo-nos grandes amigos e, certa vez, no auge da puberdade, colaborei com R$ 5,00 reais para que ele comprasse uma Playboy da Carla Perez. É certo que ele penhorou uma camisa do Grêmio, caso não quitasse a dívida (naquela época, R$ 5,00 era muito dinheiro). Mas quitou. E me é grato até hoje.

Quando mudei para Guarapari, em 96, lembro de termos trocado algumas ligações ainda. Uma delas, memorável, quando o Grêmio conquistou o campeonato brasileiro, em meio a uma emoção avassaladora que só a cumplicidade futebolística é capaz de estabelecer entre dois camaradas.

Depois disso, não nos falamos mais e achei que aquela amizade ficaria no passado, como ficaram todas as outras, incluindo a das gêmeas, já mencionadas há algum tempo neste Ababelado.

***

Mas aí surgiu o Orkut, em 2004, e em meio àquela euforia inicial despertada pelo site, resolvi ir atrás de velhos amigos que não via há décadas, só pra matar a curiosidade. Vasculhei um pouco o sistema de buscas e lá estava o Eduardo, com a mesma cara, mas, aparentemente, muito mais bem quisto entre as mulheres (pelo menos, era o que se podia adivinhar pelas fotos e recados). Não quis mandar recado ou e-mail. Acreditei que o tempo já tinha feito crescer demais as distâncias.

Então aconteceu de eu ir para Porto Alegre em 2005. Tinha acabado a faculdade e decidir prestar um concurso para a Assembléia Legislativa, na capital gaúcha. Não estava muito certo se queria realmente voltar para o Rio Grande do Sul, mas precisava de dinheiro e, na pior das hipóteses, faria uma visita aos meus tios e aproveitaria para curtir um pouco a cidade, a única que me interessa lá. Veio então um feriado de páscoa e meus tios decidiram visitar o resto da família que ainda estava em Santo Ângelo. Fiquei entre aceitar o convite ou ir para Caxias, visitar uma madrinha. Acabei ficando na primeira opção.

Em Santo Ângelo, a casa de meus outros tios, onde por um bom tempo viveram meus avós, ficava próximo à antiga casa de Eduardo. Em meio ao tédio, pensei: “Não custa nada, vou passar lá para ver se os pais dele estão e perguntar como anda o cidadão”. Qual não foi minha surpresa quando o Eduardo, em pessoa, me recebeu com um sonoro: “Mas bá!”. Conversamos um bocado naquela tarde e combinamos de sair para beber à noite. No posto (de gasolina), que era onde bebiam os santo-angelenses, matamos umas boas garrafas cerveja e relembramos histórias como se nunca tivéssemos estado tanto tempo longe. No dia seguinte, passei mal.

No carnaval, ele apareceu em Guarapari. E a amizade se restabeleceu de vez.

***

A melhor maneira de começar a descrever o Eduardo é pelo que há de mais pitoresco nele: sua alergia a ovo. Acreditem: isso existe. Quando o Rio Grande do Sul foi assolado por um surto de febre amarela, no final do ano passado, o cabra virou até personagem de matéria no Zero Hora. É que os portadores dessa alergia não podem tomar a vacina, baseada na mesma substância à qual o organismo dos ditos cujos reage negativamente. Por conta dessa anomalia, toda vez que Eduardo chega a um restaurante, ou visita pela primeira vez a casa de alguém, vê-se obrigado a perguntar, diante de um prato desconhecido: “Vai ovo?”. A frase, em si, já é uma piada pronta. Mas mais hilariantes são os imbróglios nos quais o camarada se vê envolvido por conta dessa característica.

Outro elemento definidor do caráter do Eduardo é a distração. Digamos que ele é um tanto quanto sonso (no bom sentido, claro, pois a “sonseria” é qualidade nos homens de bom coração). Quando esteve em Guarapari, por exemplo, deixei-o na Praia do Morro, para passar a tarde, enquanto eu ia para a labuta no jornal onde eu trabalhava. Marquei de encontrá-lo às seis, no mesmo quiosque em que o havia deixado. Esperei um pouco e logo avistei sua figura, vindo em minha direção, com um passo de orangotango e um sorriso de orelha a orelha. Sua primeira frase foi: “Perdi meu chinelo!”. Fiquei me perguntando onde estava a graça e não demorei muito a perceber que ele era do tipo que ri da própria desdita. Havia perdido o chinelo numa caminhada pelo Morro da Pescaria. Teve de andar um bom trecho a pé e, pra ajudar, não sabia dizer o nome do morro, que chamava ou de morro do pescador oude montanha da pescaria. Enfim, uma figura.

Em casa, ele saiu para tomar um banho, enquanto eu preparava alguma coisa para comer, enquanto meus pais não chegavam. Foi quando Eduardo apareceu com outra notícia bombástica: “Tu não vai acreditar! Perdi meu cartão!”. Era o cartão que ele utilizava para movimentar sua conta. Sem ele, ficaria limitado a fazer pequenos saques na boca do caixa.
Isso, por si só, já seria um transtorno, mas, obviamente, não parou por aí. O lance é que havia um salário a ser depositado e uma passagem a ser comprada. Resumo da ópera: meu pai teve de emprestar-lhe uma grana para a passagem de volta e o carnaval acabou sendo meio pobrinho, animado com cerveja barata e jogos de imagem e ação (que ele chamava, sabiamente, de “imagination”). O bom é que pra ele todo programa seria genial se atendesse à seguinte interrogação: “Tem praia?”.

Pelo que me consta, ele curtiu a viagem, no melhor estilo “vagabundo iluminado”. Prova disso é que a foto que ilustra seu blogue foi tirada por mim, na Pedra da Cebola, em Vitória.

***

Eduardo é jornalista, leitor de Bukowski e, mais recentemente, estudante de mestrado. Tem uma irmã de belos cabelos ruivos e um pai que atende pelo curioso nome de Nabucodonosor. Da mãe dele, o que lembro, é que tinha tendinite e preparava copos de Nescau de meio litro, que ele bebia entre uma partida e outra de Superstar Soccer.

Formou-se em Ijuí, mora atualmente em Porto Alegre, formou-se em Ijuí e namora uma menina de Santo Ângelo. Sua monografia de conclusão de curso foi um livro reportagem sobre as putas pobres das Missões. Já venceu um concurso de contos e já deu carona ao Jorge Furtado. Um de seus passatempos preferidos é xingar o Arion, que acredito ser uma espécie de alter-ego que ele criou para destilar seu ódio do mundo.

De Santo Ângelo, foi o único amigo que restou. É uma das pessoas mais divertidas que conheço para dividir uma mesa de bar. Acho que se daria bem com o Fausto Wolf. Gostar do Rio ele já gosta".

domingo, 5 de abril de 2009

O mentiroso

Cara, se tem coisa que me irrita nesse meio imprensa-poder-política e tudo mais, são os joguinhos de esconde-esconde de informação. Aquela coisa: não vou informar o jornalista para mostrar quem é que manda. Ou: não vou dizer que vou fazer o que ele quer que eu faça, para ele não ficar pensando que me deixei influenciar pela imprensa. To tão fulo, que vou colocar aqui exatamente as palavras do presidente do Grêmio, Duda Kroeff, depois do Gre-Nal de hoje, em entrevista a Rádio Gaúcha: “O Celso Roth será o técnico do Grêmo na terça-feira contra o Aurora”.
Eis que o degas aqui, pouco antes de escrever essas linhas, liga o rádio na Gaúcha, e está o Pedro Ernesto falando que o Celso Roth não é mais o técnico do Grêmio. Com isso, falando como cidadão, como ouvinte, como torcedor, e não como jornalista, posso concluir, por uma questão de lógica, que o Duda Kroeff é um baita, mas olha, mas um puta dum mentiroso, cara de pau, que pensa que eu sou um idiota. Só pode. Ele fala uma coisa, com todas as letras, com toda a certeza, com toda a convicção, e, poucas horas depois, faz o contrário do que ele disse! E o boi aqui escreveu todas aquelas linhas abaixo, dizendo que iria comemorar os gols do Grêmio sob o comando do Roth.
****
No entanto, agora, ouvindo a Gaúcha, estão comentando que essa mudança tem uma explicação: o Fábio Koff, que foi o principal nome na eleição do Duda, e que teria interesse em um dia retornar ao comando do clube, foi o principal responsável pela demissão do Roth. Inclusive, no programa Balanço Final, eram inúmeros os e-mails de torcedores começando a colocar a culpa da permanência do Roth no Fábio Koff. Os torcedores perguntavam: “mas e cadê o Fábio Koff, que colocou o Duda na presidência e que está fazendo essa lambança toda”. Aí, o Fábio, deduzo eu, com todo o seu espírito político, sentindo a anti-popularidade sagrada que ele tem (com excelentes motivos, afinal, ele era presidente do clube na conquista do Mundial e das duas Libertadores), mexeu os seus pauzinhos, e sobrou para o Roth e para o degas aqui, que tinha escrito o texto abaixo. Mas enfim, segundo o Pedro Ernesto, o Geninho deve ser o novo técnico. Não tenho opinião formada sobre esse cidadão, mas espero que se de bem no Olímpico. Como diria meu primo italiano Gérson, vou dar um tempo nos assuntos futebolísticos, porque para os leitorinhos tupiniquinis de blogs como os nossos, esse assunto não dá audiência. Ou seja, no nosso caso, o povo não quer futebol, mas sim, xingamentos, principalmente se forem contra o Arion. Que, como diz O Anônimo, deve ser amigo do Roth, e, acrescento eu, do Duda Kroeff.

A mãe de todos os clubes

Torcida é como mãe, não adianta. Briga, chora, xinga, se revolta, faz de tudo para que o “filho” mude, argumenta racionalmente, irracionalmente, faz protesto, mas, se o bebezão não muda, não adianta, ela sempre está do lado dele. E é isso que está acontecendo com o Grêmio e sua torcida nesse início de ano. Escrevo isso poucos minutos depois de ver o tricolor perder o terceiro Gre-Nal do ano, os três por 2 a 1. O discurso da diretoria, do Celso Roth, de todo mundo dentro do Grêmio deixa a torcida ainda mais irritada. É como o homem ou a mulher que trai, é descoberto (a), e tenta inventar uma desculpa esfarrapada. Quanto mais saem as palavras, mais elas irritam. Chovem e-mails para todos os programas esportivos de todas as rádios de Porto Alegre, absolutamente todos eles implorando, pedindo pela-amor-de-Deus para mandarem o Roth embora, mas não adianta, ele fica. A não ser os torcedores do Inter, que cantaram em coro “fica Celso Roth!” e também mandam e-mails para os programas radiofônicos pedindo a permanência do cabeção no Olímpico.
Neste momento de pura desolação, a torcida está tentando mostrar para a diretoria do Grêmio o óbvio. É como se dissesse: “filho, filhinho do meu coração, eu estou pensando no melhor para mim e para você, enfim, para nós! O Celso Roth faz mal. Com ele, nós não vamos a lugar nenhum, nós vamos perder tempo, nós não vamos ganhar absolutamente nada o ano inteiro! Troca ele por outro técnico que todos ficarão satisfeitos”. Ou seja, é a mãe dando uma mijada no filho por descobrir que ele consumiu drogas, ou na filha porque ela anda saindo escondida com um maconheiro (as mães gostam de usar esse termo pejorativo). Só que, assim como a mãe, a torcida também não vai abandonar o clube. E mais: vai empurrar o time o tempo inteiro. Nesses dois jogos que restam no estádio Olímpico nessa primeira fase, o de terça contra o Aurora, e o outro, contra o Boyaca Chicó, vão ser mais light. Com certeza nesses dois jogos ainda haverão alguns murmúrios, e nesse de terça acho que a torcida não vai comparecer em bom número, tudo reflexo da derrota no Gre-Nal. Mas depois, na fase eliminatória, onde é apenas um jogo no estádio Olímpico e outro fora, pode ter certeza que a torcida vai perdoar a diretoria, vai dar nova confiança ao Roth, e, na medida em que o Grêmio for avançando na competição, o Roth já terá se tornado o melhor treinador do mundo! A não ser, obviamente, que seja eliminado já nas oitavas-de-final.
Entretanto, como em 2007 eu acompanhei também aqui de Porto Alegre o mesmo Grêmio do mesmo Roth ir indo, indo, indo e indo, até chegar a uma final contra o Boca, acho que dessa vez o filme será parecido. Serei sincero, não acredito que o Grêmio será campeão. Torço para isso, e, mesmo querendo do fundo da minha alma a demissão do Roth, também estarei lá no Olímpico, gritando “Tricolor, Tricolor, Tricolor, lalalalaiala-lalaialalalaiaaaaaaa!” e também vibrarei enlouquecidamente a cada gol marcado. E se acontecer a zebra de o Grêmio papar a Libertadores, também passarei a considerar o Roth um milagreiro. Um milagreiro burro e cabeça dura, diga-se de passagem, mas um milagreiro.

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Bom, esgotou-se o tempo para votos na mega-enquete desse super-blog para escolha da melhor imagem de disfarces, postadas lá embaixo. E a grande vencedora foi a do cachorro, com quatro votos, considerando que termos como “au-au” e “filho de uma cadela” queriam dizer “cachorro”. Reproduzo aqui novamente a imagem vencedora:

E o vencedor do sorteio da viagem para a Sbornia foi eu mesmo, já que eu também tinha votado, e não houve qualquer tipo de discriminação dos votantes quanto a participação no sorteio. Porém, o sorteio foi realizado da forma mais limpa e clara possível. Eu coloquei o nome de todo mundo em papeizinhos, joguei para cima, e o cachorro do vizinho, que se chama Gabiru, pegou no ar o papel contendo o nome do vencedor. Quando fui ver quem era, estava lá, o meu nome escrito com caneta preta Bic. Como mantendedor do blog e ganhador do prêmio, agradeço a participação de todos. Aguardem a próxima promoção deste que vos escreve, com seus super-prêmios. (Aqui você lê, e ainda tem a chance de sair ganhando milhares de prêmios!).

sábado, 4 de abril de 2009

Entrevista com O Anônimo (que não é o Gourmet)


Depois de revelar o perfil de várias personalidades ilustres da Pós-Modernidade, como o Arion Fernandes, mais conhecido por traste, o meu primo italiano Gérson, o futuro Alexandre Pato, Thales Juan, entre outros, agora chegou a vez do Anônimo. O anônimo já foi tema desse blog em outras oportunidades, e, apesar de se manter no anonimato, por pura paranóia, ele fala sobre temas profundos para a História, para a Sociologia, para a Psicologia, para a Comunicação, enfim, para toda a Humanidade, no sentido mais amplo da palavra (depois eu mando a conta). Enfim, aí vai a entrevista:

O meu, quer ser entrevistado? Tu ainda não foi né? Ãhm?
Oi. Tava na cozinha. Porra, mas vai me entrevistar agora?
Porra, quer se entrevistado ou não?
Desde que não revele meu nome. Manda.
Mas vai sai teu nome e tua foto, caraí! Tu és tu!
Então não. Preciso me manter em segredo.
Porra, que cagão.
Sou procurado da Justiça.
(Depois de meia hora de negociações, consigo convence-lo a conceder a entrevista exclusiva que se segue):
Antes de começarmos, eu peço para que tente digitar o mais próximo do correto possível, para facilitar a edição posteriormente, ok?
Eu sempre digito corretamente.
Está bem. Então espera dez segundos até eu ir até a geladeira e pegar outra cerveja, porque meu copo secou. Just a moment, please.
Porra... vou ser entrevistado pelo Bukowski! Tô fodido! Jornalista bêbado é phoda!
Pronto. Então, por que você quer ficar no anonimato?
Já é a entrevista?
E escreva foda com F da próxima vez. Claro que é a entrevista, o que mais poderia ser?
É pro Fantástico?
Não, é pro blog mais acessado do Universo.
Vamos lá, sem palhaçada agora...
Como assim, palhaçada? Meu trabalho é sério! Pô, não demora tanto que a cerveja vai esquenta...
Quero ficar no anonimato porque não confio na Internet. O Google vigia nossos passos. Vão descobrir meus hábitos de consumo e me vender produtos do estranhos.
E o que você tem contra os produtos estranhos?
Em geral, não tem utilidade e só ocupam espaço no apartamento. Meu apartamento é pequeno. Imagina se me vendem uma Table Mate?
Ok, está muito morna essa entrevista. Vamos esquentar isso aqui. Certa vez o seu anonimato foi quebrado por este que vos entrevista. Como você se sentiu naquela ocasião?
Puto, mas perdoei porque conheço a figura em questão e sei que é meio sonso.
Muito obrigado pela parte que me toca.
Não ria. É uma entrevista séria. E o sonso é no bom sentido.
Você sabe algo a respeito de certa Playboy da Carla Perez? (aliás, Perez é com S ou com Z?)
Acho que é com "Z". Sei algumas coisas.
Você é dedógrafo?
Sei que ela tinha pentelhos enormes, mas, na adolescência, prestava-se a usos interessantes, que ajudavam a regular a taxa de hormônios.
Interessante. Existe sonso no bom sentido, na sua concepção?
A princípio, não sei. Mas desde já aviso que a palavra "dedógrafo" não me agrada.
No bom sentido, obviamente...
Sim, quando desviamos o uso da palavra para nos referir a pessoas distraídas, mas de bom coração.
Obrigado novamente. Jogo-rápido. O que você pensa do Celso Roth?
Deve ser amigo do Arion.
Boa. E da minha irmã?
Boa. Com todo respeito.
Ok. Olha que entrego tua identidade....
Jornalismo e ética são como água e óleo. Eu temia pela minha segurança.
Você sente saudades de Santo Ângelo?
Não. Eu devia dizer que sim, pra soar mais simpático. Mas não.
Entendo. Do que você mais sente falta em Santo Ângelo?
Cara... acho que de nada.
Tem certeza?
Tô tentando lembrar aqui, mas não me ocorre nada.
O nome Simone, não te diz nada?
Ih, ó o cara! Nada que eu deva comentar aqui.
E o nome Ana Júlia? Não se preocupe, você será mantido no anonimato....
Ô, Ana Júlia...
Um palpite para o Gre-Nal de amanhã?
A Simone foi a coisa mais linda que eu conheci em Santo Ângelo. Só isso.
Ah, sim, aqueles cornos vão ganhar de novo porque o nosso técnico é uma anta.
Anta, tipo o Arion?
Eu não queria ser tão cruel com o Roth.
Defina o Arion em cinco palavras.
Entidade abstrada criada pelo Eduardo.
Um sonho:
Isso descola minhas acusações da entidade real, que vive no mundo dos cheiros. Que fique claro que o Arion ao qual me refiro é cria sua.
Vai escrevendo aí que acabou a cerveja de novo.
Ok. Uma decepção.
Da vida? Tipo, uma coisa que me decepcionou?
É, isso. Essas merdas não gelam...
O segundo lugar no Brasileiro do ano passado.
Um ídolo, sem ser eu:
Essa parte do "Essas merdas não gelam" vai entrar na entrevista?
Claro que vai. Não gelam mesmo, caraí.
Bob Dylan.
Tu vai ficar no anonimato mesmo, quem vai pagar o mico sou eu. Um escritor, sem ser eu:
Júlio Cortázar.
Um cantor, sem ser eu.
Bob Dylan.
Uma pessoa inteligente, sem ser eu.
Deleuze.
Uma pessoa modesta, sem ser eu.
Eu.
Uma pessoa humilde, sem ser eu.
Eu.
Uma mulher.
A tua irmã.
Duas mulheres.
A tua irmã e a minha.
Três mulheres.
A tua irmã, a minha e a Scarlett Johansson.
Um domingo perfeito.
"Bebendo sangria no parque"
Que porra é essa?
Ver Lou Reed.
Ok. Um filme?
O domingo perfeito. Calma, o nome do filme não é esse.
Não vi esse. Dava um bom nome de filme...
É...
Então fala a porra do filme ai.
Caraca, um filme?
Porra, to falando grego?
Santiago, do João Moreira Salles.
E Touro Indomável.
Bom, pra encerrar, caso não tenha mais nenhuma consideração a fazer, o maior porre?
Do Scorsese.
É só um porra.
Aliás, deixa aí o Touro Indomável então.
Não, vou deixar o outro.
Mas assita Santiago.
Me dê um DVD de presente que eu assisto.
Ou deixa Santiago e assiste Touro Indomável.
Ah, e uma TV com entrada pra DVD, porque a minha não tem.
Aluga, ora.
Tô falando do aparelho, carajo.
Compra uma TV nova.
Com a minha árvore que dá dinheiro que está plantada na lavanderia? Responde a última pergunta aeh, porra!
Qual foi a última?
Do porre.
O maior porre? O último! Sempre!
Mas o que aconteceu de bizarro?
Nada de bizarro. Eu não faço nada de bizarro.
Porra, que sem graça!
Total.
Vou inventar umas respostas aí, pra apimentar um pouco.
Na verdade eu faço, mas não me sinto à vontade pra falar. Não inventa nada não, porra!
Finished, vou editar a porra toda e logo estará no blog.
Espere aí! Ta bom, vou contar a história do porre. No meu último porre, cara, tu não vai acreditar, eu bebi todas, cheguei em casa duro de trago e dormi. No outro dia o vizinho estava batendo na porta do apartamento pra saber se tinha sido eu que tinha vomitado no cachorro dele, que mora embaixo da minha janela!
Porra, não tinha uma melhor não? Fraquinha essa.
Não, não. Nada digno do Bukowski.
Então era isso.
Éééééééééééé!
Sóóóóóóóóóóóóó!
The end.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Jornalismo x Academia


Sei que ainda tem muita bola pra frente na minha vida (acadêmica e profissional) mas essa rivalidade entre os profissionais do jornalismo (jornalista diplomado, diga-se de passagem) com o meio acadêmico me deixa intrigado. Por isso as mães têm um papel fundamental na vida de todos. Nesse caso, se profissionais e acadêmicos fossem irmãos, a mãe iria pegar-lhes pelas orelhas e, com dedo em riste, diria de forma enfática: “nada de brigas! Vocês têm que ser amiguinhos, entenderam? A-mi-gui-nhos!”. Mas, como não há uma mãe em comum para toda essa cambada, as brigas e discussões estão aí, às vezes de forma explícita e às vezes apenas no “falar-mal” dos corredores das empresas de comunicação e universidades.
No meio profissional, os acadêmicos são acusados de viverem em um mundo irreal. Ficam lá, discutindo idéias, hipóteses, falando como o mundo deveria ser, como seria a imprensa ideal, ou observando como os profissionais trabalham, fazendo levantamentos que não levam a lugar nenhum, apontando todos os tipos de defeitos imagináveis. Agora, vejam bem o que eu disse antes: isso é o que é falado, não o que realmente acontece! E, no meio acadêmico, muitos dizem que a imprensa vive num mundo hiper-real, onde impera o capitalismo e o servicionismo dos jornalistas, que geralmente enxergam um mundo real, mas real apenas para eles, para os patrocinadores, para os políticos e para os donos das empresas. E, no meio disso tudo, ainda há a disputa entre os grupos (como se fossem representantes de torcidas organizadas). Além disso tudo, eles ficam falando deles mesmos, como se picuinhas internas da profissão interessasse ao público. Como diria o Baudrillard, é a realização perfeita da ideia de o meio é a mensagem de MacLuhan, já que nesse caso a mensagem é simplesmente engolida pelo meio, que de fato, se torna a mensagem. Quero frisar que aqui também não estou afirmando que seja assim, mas, é o que dizem, como naquela música gaúcha “andam dizendo por aí, de boca em boca...”.
E, no meio desse entrevero, os jornalistas não querem ir para o meio acadêmico (ou não querem voltar, por que foi de lá que eles teoricamente saíram) e os pesquisadores também não querem mais voltar para o matar-um-leão-por-dia das redações, onde os acontecimentos muitas vezes devem ser inventados para cumprir o espaço reservado no jornal, no rádio ou na televisão. Você tem três páginas de esporte, que precisam ser preenchidas, mas você só tem conteúdo de qualidade para uma e meia. Joga-se um anúncio em outra meia, e sobra ainda uma para o não-acontecimento, para a cobertura da lesão do jogador reserva do São José de Cachoeira. E os acadêmicos olham aquilo, e criticam o jornal, e o jornalista critica a crítica do acadêmico, dizendo que ele não sabe nada sobre o cotidiano de uma redação e que ele nunca fez nada de representativo para o jornalismo local, regional, estadual, nacional e internacional! E assim, os irmãozinhos vão indo, brigando e trocando farpas, sem nenhuma mãe para puxar-lhes as orelhas e passar o chinelo.
Dentro dessa discussão, lembro da fala da professora Christa Berger, do PPGCom da Unisinos, citando o jornal El País, destacando que esse é um dos poucos jornais (se não o único) onde os professores universitários são os mesmos jornalistas que produzem o diário.
De fato, esse afastamento acaba intrigando, mesmo sabendo que, na maioria dos casos, os professores tiveram uma longa e conceituada passagem pela imprensa. E, apesar de um não querer saber do outro, da mesma forma do casal que termina e os dois estão loucos para voltar, mas nenhum quer dar o braço a torcer (ou, numa linguagem mais de torcida de arquibancada mesmo: fazendo cu doce), um não vive sem o outro, e o outro não vive sem o um.
Essas são reflexões iniciais, que devem mudar com o tempo, já que, no mundo Pós-Moderno, é mais do que normal mudar de opinião sobre determinado assunto várias vezes por dia. Você acorda pensando uma coisa. Durante a manhã, no trabalho, alguém te dá uma informação nova sobre essa coisa, e você já começa a mudar de ideia. No almoço, sua mulher lembra algo que aconteceu há muito tempo sobre esse assunto, que você nem lembrava mais, e você leva em consideração essa lembrança. Na parada de ônibus, você ouve duas pessoas falando sobre esse mesmo assunto, e você já acha que o pensamento inicial da manhã estava completamente equivocado. De tarde, na aula, um colega seu diz outra coisa, sobre a mesma parada, e você começa a ficar na dúvida. Na volta para casa, ouve outra conversa dos dois estudantes que estão sentados no banco da frente do ônibus, e você começa a achar que é exatamente da forma que você pensou ao acordar de manhã. Mas (sempre tem o mas) antes de dormir, você vê no noticiário a última sobre o assunto, e então você forma uma idéia sobre aquilo que não tinha nada a ver com o que você pensou durante o dia inteiro! No entanto (também sempre tem o no entanto) você acredita que o sonho que você teve foi uma premonição, e acorda achando que encontrou a chave para a questão! Pronto, você é um gênio. Só falta o resto do mundo descobrir isso. Vai se passar um ano, e você ainda não vai saber qual dos pontos de vista é o certo, e vai começar a achar que está louco por isso, enquanto a sua mulher estará brigando com você por ter esquecido de buscar as crianças na escola. E enquanto ela fala, você está ali, parado, olhando para o nada, pensando se tudo o que você está pensando sobre aquele mesmo assunto faz sentido ou não. Até que você ouve, ao fundo: “eu não agüento mais, eu vou embora. Vou para a casa da mamãe”. E então, você descobre que o primeiro pensamento era o mais próximo do que você julga ser o correto. Mas e é correto mesmo?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Seleção em Porto Alegre - Parte 3 - Festa de Gala















Já sobre a torcida, tenho várias considerações a fazer. Em 1999 eu assisti naquele mesmo Beira-Rio ao amistoso entre Brasil e Argentina, que o Brasil venceu por 4 a 2 com gols de Rivaldo e Ronaldo, ambos no auge da carreira. Além disso, o recém-revelado e sensação Ronaldinho Gaúcho também estava começando a aparecer como estrela. Na Argentina, nada mais nada menos que Ortega, Simeone, Crespo e cia. E o ingresso, R$15. Não sou economista, mas mesmo levando em consideração a inflação do período, não sei se o valor corrigido pode saltar para os mais de R$100 cobrados para a parte superior do Beira-Rio, que foi onde fiquei naquela oportunidade. E, pode parecer óbvio, a torcida torcia. Aliás, não só torcia, como também cantava, xingava, fazia a “ola” e tudo mais, e além disso, bebia. Havia uma mistura de classes, de torcedores de Grêmio e Inter, de gaúchos de Porto Alegre, com gaúchos do interior, com torcedores de outros estados. Faixas de Campinas, de torcidas organizadas do Corinthians, do Atlético-PR, do Botafogo, de times de todo o país estavam espalhadas pelo Beira-Rio naquela oportunidade em que mais de 5 mil torcedores ficaram de fora do estádio com ingresso na mão.
Mas dessa vez, com as grandes estrelas em decadência, sem serem substituídas a altura pelas novas, contra um time fraco e que está na lanterna das Eliminatórias e com ingressos sendo vendidos a valores exorbitantes (R$70 o mais barato), a situação se inverteu.
O Beira-Rio parecia mais um salão de festa de gala. Torcedores e torcedoras (aliás, tinha muitas torcedoras) chegavam em carrões importados, com legítimas roupas de festa. Era um desfile de mulheres muito bem vestidas com torcedores usando somente camisas oficiais da Seleção, do Grêmio, do Inter, do Milan, do Barcelona e de outros clubes europeus. Algo bem diferente daquela misturança de 99. Senti-me um estranho no ninho com a camisa amarela do bloco Entrosados, de Santo Ângelo. Mas é a vida. Os cambistas estavam ali para me ajudar. E, em meio a eles e ao povo (ou a elite?) também havia centenas de policias, que estavam em viaturas, a pé, a cavalo, de moto, enfim, do jeito que você imaginar. Tudo para garantir a segurança da burguesia.
Mas no meio disso tudo, eis que uma mudança no quadro econômico do comércio informal de venda de ingressos mudou o rumo da nossa noite. Do microfone da Rádio Gaúcha, ou, mais precisamente, da voz de Luciano Périco, ficamos sabendo que o estádio estava longe de ficar lotado e que havia centenas de cambistas tentando vender os ingressos desesperadamente.
Faltando uma hora para o início do jogo, um cambista nos ofereceu ingressos para arquibancada inferior a R$50 cada. Fiquei tentado, porém, não tinha dinheiro na mão naquela hora. Confesso que, se tivesse, teria comprado. Nesse meio tempo, tentamos nos informar onde havia caixa eletrônico, e nos disseram que o mais próximo ficava no Shoping Praia de Belas. Não daria tempo de irmos a pé até lá e voltarmos ao estádio. O “até a pé nós iremos” também tem o seu limite. Porém, calculei que um táxi até o shoping não sairia caro. Já para voltar, poderíamos adotar novamente o lema do hino gremista. E foi o que fizemos. O táxi deu R$6, e voltamos ao estádio a pé. Na chegada, um cambista nos atacou. Aquele era um cambista diferente da maioria, tinha pinta de playboy, surfista, sei lá o quê. Disse que tinha somente dois ingressos, mas o valor era tentador: R$20. Eu tinha me preparado para gastar até R$40, se precisasse. Era a metade do que eu tinha planejado. Lembrei-me, no entanto, de certa vez que comprei um ingresso falso em um jogo do Grêmio. Falei para o cara que só comprava se ele nos levasse até o portão do estádio. Como ainda restava uma caminhada de pouco mais de cinco minutos, o cara resistiu. A resistência dele chegou a fazer com que eu desconfiasse ainda mais, mas, depois de certa negociação e dele se ofender com a minha desconfiança, ele topou ir junto. Chegando lá, o Lucianinho da Gaúcha estava informando que não havia mais espaço na arquibancada inferior, e que quem tivesse ingresso para esse espaço deveria ir até o portão 2, para ficar nas sociais, que estava longe de ficar lotada. Foi o que fizemos. O cambista nos acompanhou até o portão, e, depois de passarmos pelas roletas, ainda abanamos bestialmente para ele. O que parecia impossível no início da noite aconteceu: entramos no Beira-Rio para assistir Brasil e Peru. No entanto, o preço que pagamos pelos ingressos acabou sendo apenas justo para o jogo que vimos. Já a apatia da torcida nem de longe lembrava a torcida convencional, beberrona, cantora, fanática e empolgada, que é e sempre foi formada pelas massas.
Pelo jeito, slogans como Clube do Povo e Torcida da Geral estão ficando apenas na fachada mesmo, porque o verdadeiro torcedor tem ficado de fora da festa. O resultado disso: gente perguntando se aquele jogo estava sendo válido por algum campeonato... Quando ouvi isso, tive que me controlar para não invadir pelado o campo...

Seleção em Porto Alegre - Parte 2 - Eu no CQC!


Antes da partida começar, estávamos parados na frente do portão por onde entravam as “celebridades” dos camarotes, quando chegou a equipe do CQC. Nós, como bons Roberts, ficávamos atrás dos entrevistados, que na verdade eram os torcedores mesmo, como aquele cara que sempre vai aos jogos do Inter vestido de Gorila. Assistam o CQC, segunda de noite, na Band, é possível que em alguma das entrevistas eu apareça como Robert!

Seleção em Porto Alegre - Parte 1

Antes de começar com o próximo post, quero anunciar aqui que os nobres leitorinhos tupiniquins tem até o domingo, às 20h, para votar na melhor imagem do post anterior. Lembrando que todos os participantes concorrem a uma viagem para a Sbornia no final do ano, com meia passagem de ida e meia passagem de volta.

Agora sim, vamos ao próximo post. Bom, como tenho muito a falar sobre o jogo da Seleção, vou dividir esse post em vários posts curtos, para facilitar a leitura do ocupado leitorinho tupiniquim, que não pode dedicar mais do que cinco minutos às minhas divagações.

Quarta-feira à noite fiz literalmente um “até a pé nós iremos”, ao sair do bar do meu tio, na Venâncio Ainres, que foi exatamente onde o Lupicínio Rodrigues escreveu o hino do Imortal há mais de 50 anos. No entanto, ao contrário do ilustre compositor, meu destino não era o estádio Olímpico, mas sim o Beira-Rio. Junto comigo, o meu assistente para assuntos filosóficos, Cristiano, que, por outro lado, não serve para ser assistente de assuntos futebolísticos.
Caminhamos, caminhamos, caminhamos, paramos para comer, e voltamos a caminhar mais ainda, passando por ambulantes, cambistas, sempre andando em meio aos poucos torcedores que, assim como nós, estavam indo a pé até o Beira-Rio. Eu com o radinho, tentando ouvir os comentários e entrevistas da Rádio Gaúcha sobre a expectativa do jogo, e o meu amigo insistindo em falar em Edgard Morin, Jean Baudrillard, e até no charlatão do Paulo Coelho. Eu tentava ouvir o meu radinho de pilha, recém-comprado em um dos camelôs em da frente da PUCRS, mas parecia que o meu amigo havia engolido outro rádio, mais potente. Digo isso na parceria, obviamente, não vá mandar e-mail me censurando. Mas enfim, chegamos ao estádio Beira-Rio, mais com o intuito de ficar pelos arredores, acompanhando a movimentação, os gritos da torcida e tudo mais. O nosso objetivo inicial era de ficar ali até a hora do jogo, e na seqüência, assistir ao embate entre a Seleção Brasileira e o lanterna Peru em um dos vários botecos das proximidades do Beira-Rio.