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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Nu com a mão no bolso no paraíso burocrático

Hoje, segunda-feira, 13 de abril de 2009 (só faltou escrever “querido diário”) tive um dia estupendamente burocrático. Acordei às 9h30 da madrugada (qualquer horário antes das 11h pode ser chamado de madrugada. Já a manhã vai das 11h às 13h, quando inicia a tarde, conforme a terminologia dominante prevista para o século XXIX) e fui até o fantástico mundo da Caixa Econômica Federal. Cheguei lá, e meio dormindo, tentei entrar pela porta da saída. Como aquela porcaria trancou, o guardinha bateu no vidro e indicou para que eu tentasse a porta do lado, que era a de entrada. Com uma cara de Mr. Been, consegui entrar pela porta da entrada. Só que, chegando lá dentro, fiquei apertando feito um bobo a maquininha para retirar a senha. O guardinha me olhou e me chamou com o dedo, e disse que as senhas eram distribuídas na parte de acesso do prédio, por uma estagiária loira. Sai pela porta da saída, e fui até uma fila, onde eram distribuídas as senhas. A moça me deu uma senha com o horário do meu atendimento: 10h45 da madruga. Ainda faltava meia hora. Dei uma circulada, passei na loja da Cris, voltei para a Caixa, e fiquei lá, sentado, esperando. Foi então que percebi que estavam chamando as pessoas pelo nome. “Mas como assim, Bial?”, questionei-me mentalmente. Perguntei para uma moça que estava no meu lado se haviam perguntado o nome dela, e ela disse que sim. Então eu me senti o próprio Mr. Been em carne, osso e cérebro. A moça lá da senha não havia me perguntado o nome, ora pois! Só se ela havia copiado o meu nome do meu formulário do FGTS, a espertinha.
Estava eu, refletindo sobre essas importantes questões, quando veio um senhor gordo, com ar de diretor de escola, dizendo, com as mãos na cintura, que havia dado pane no sistema, e o atendimento poderia demorar a voltar. Diabos! Estava eu pensando se ia embora, se dava uma volta na quadra, ou se fazia cócegas naquela barriga flácida do gordinho, quando um caixa lhe soprou que o sistema havia voltado. Menos mal. No fim das contas, sai da Caixa com o dinheiro no bolso às 11h15. Para não pagar a taxa para depósito em contas de outros bancos (preciosos R$13 com alguma coisa) sai com os bolsos cheios de dinheiro, rumo ao maravilhoso mundo do Banco do Brasil. Lá, fiquei mais meia hora na fila, e, depois que saí, passei no Sine para encaminhar outros papéis, que não dizem respeito ao nobre e curioso leitorinho tupiniquim, mas que, espertamente, já deve deduzir o que é.
Enfim, foi nesse processo todo que passei o final da madrugada e o início da manhã. No entanto, o dia estava apenas começando. Cheguei em casa já era meio-dia passado (com ou sem hífen?) e a uma fui levar o pai para a Caixa. De lá, passei num caixa eletrônico do BB para sacar dinheiro para comprar a passagem de volta para Porto Alegre, já que, esqueci de mencionar antes, tudo isso aconteceu em Santo Ângelo. Ok, ok, sei que fui idiota e que ao invés de depositar tudo o que recebi, já deveria ter ficado com o dinheiro da passagem na mão, mas enfim, é a vida. Fiz isso tudo, cheguei em casa e tomei um café preto. Às 14h, passei no jornal para receber o pouco que ainda faltava, e que foi todo encaminhado para pagar dívidas de sobrevivência. Depois, passei na Unimed para cancelar o meu plano de saúde, o que me obrigou a ficar mais algum tempo olhando para as brancas paredes dos prédios onde impera a burocracia. Ah, no meio disso tudo esqueci de uma importante reflexão que fiz enquanto estava na Caixa: os caixas e as estagiárias ficam ali, trabalhando, tentando não se estressar, andando feito flamingos no litoral africano, sem nem olhar para as dezenas de pessoas que estão os observando. São como atores de teatro. Eles não olham para o grandioso e respeitável público em nenhum momento. São treinados. E nós, ficamos ali, pasmos, observando a cara deles. Diria até que eles podem causar inveja a muitos atores de teatro desse Brasil afora. Não pela atuação, mas sim pelo público. Enfim, voltando ao processo burocrático, deixei a Unimed e vim para casa. Liguei para o 0800 da Caixa para encomendar o cartão cidadão. A conversa foi toda gravada, já que eu posso ser um golpista ou um mafioso. A cada pergunta que o cara me fazia, ele pedia “só um momento senhor” e voltava “obrigado por esperar senhor”. Ou seja, ele perguntava o nome, e fazia isso, perguntava o endereço, e fazia isso, perguntava o telefone, e fazia isso. Quase perguntei: “por que diabos você sempre faz isso?”. Mas não o fiz. Imaginei que a cada resposta minha ele voltasse a fita para ouvir o que eu havia lhe dito. Muito estranho. Terminado esse processo, fui tratar de ver como farei para acompanhar os jogos da dupla gratuitamente em suas respectivas arenas nesse ano. Outro processo burocrático, mas enfim, esse vale a pena...
Após um dia enfrentando filas, aguardando minutos ou horas, olhando para paredes brancas com cara de quem está na privada, encerrei essa segunda-feira pior do que quando vim ao mundo: desempregado e sem plano de saúde. É, amigo, a vida não é nada fácil. E mais: se eu morresse hoje ainda daria um puta prejuízo para os meus entes queridos. Coisa triste.

4 Comentários:

  • Leio sempre, gosto às vezes, comento raramente...

    Por Blogger Ana, às 16 de abril de 2009 às 12:26  

  • Eu comento sempre, gosto às vezes, mas nao leio nunca.

    na verdade quando comento è pra tentar aumentar as visitas no meu blog, mas parece que nao adianta muito

    abraço ae alemao!

    Por Blogger Zaratustra, às 17 de abril de 2009 às 14:57  

  • Olá!
    Aqui em baixo onde pede para verificar as palavras tá escrito "foida", hahahahaha! Porque tá "foida" mesmo, desculpe a palavra...
    hahahahaha

    Burocracia é um saco mesmo! Agora que estás sem plano de saúde, precisando de uma consulta, posso tentar ajudar.

    Abraços e aparece no meu blog quase sem nenhum texto.

    Juliany

    Por Blogger Juliany, às 18 de abril de 2009 às 17:38  

  • bah cris na loja muito bem,.

    Por Blogger cris aguiar, às 23 de abril de 2009 às 15:22  

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