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sábado, 4 de fevereiro de 2012

A mulher da parada

Cada vez que ele a via, tinha uma ereção. E era sempre no mesmo horário: às 13h15, enquanto esperava o ônibus para ir ao trabalho. Estava lá, parado, suando, tentando achar um centímetro de sombra naquela parada macabra, quando ela surgia na esquina, rebolando em um vestido até a canela ou em uma calça comprida. Talvez fosse isso que o excitasse, nunca tinha visto suas coxas. E, assim que ela caminhava vagarosamente em sua direção, a ereção começava. No início, tentava disfarçar. Colocava sua pasta em frente ao pênis ereto, tentando esconder dos outros o volume em suas calças. Depois, relaxou: deixou que o pênis se avolumasse sem se preocupar se o casal que estava ao seu lado se importava ou não. Fodam-se: a única coisa que ele queria foder, era ela. Mas no sentido carnal, não no metafórico.
Entretanto, infelizmente, o ônibus que ela pegava ia para o lado contrário ao do seu. Chegou a perder o horário só para ficar esperando chegar a condução dela, para ficar se masturbando mentalmente olhando aquelas ancas flácidas e volumosas na sua frente. E, quando aquela masturbação sem toques ultrapassava os cinco minutos, chegava a quase gozar. Acreditava que se apenas tocasse seu pênis na bunda dela, jorraria todo o leite que era produzido velozmente todas as tardes feito um jato americano. Por mais que desse cinco com a mulher à noite e mais duas de manhã com a amante (sim, ele já tinha uma amante) e que se masturbasse, o pênis nunca deixava de se erguer ao ver a mulher da parada. Aliás, era uma situação inusitada, pois sua mulher era jovem e gostosa, e a amante tinha sido, recentemente, coelhinha da Playboy argentina. Além disso, ele poderia estar gripado, com frio, com calor, com febre, não importava, o pênis falava mais alto do qualquer outra voz interior que pudesse ter. Era só detectar aquele vestido comprido florido ou aquela calça em pleno sol de 40 graus que o membro subia, automaticamente.
Certa vez ele elaborou um plano. Era 13h15 e a parada estava lotada. Nos últimos dias ele observara que o ônibus da sua musa seguia sempre lotado. Pensou em subir atrás dela e, se ela ficasse de pé, encostaria o pênis em seu rabo e gozaria ali mesmo. Passou pela mente, rapidamente, a possibilidade dela gritar, fazer um escândalo. Então, o motorista pararia o ônibus e chamaria a policia. Ele seria preso e xingado em todos os canais de TV que o chamariam de “tarado”, “vagabundo”, “crápula”, “inútil” em rede nacional, enquanto o repórter diria para a câmara: “mostra a cara desse maníaco”. E, jogado em meio a dezenas de crápulas, seria estuprado sem dó nem piedade. Ou, pior, os passageiros poderiam se revoltar e lhe linchar, enchendo o asfalto quente de sangue, que logo evaporaria para o inferno. Mas, foda-se, valeria a pena. Só assim ele descobriria o significado da vida. Seria feliz por um momento. Planejou tudo mentalmente, cada passo, cada movimento, dele e dela, prevendo todos os imprevistos possíveis.
Quando o ônibus chegou, sentiu um puta frio na barriga e seu coração quase saiu pela boca. Sentia a veia do pescoço pulsando, aos olhos de todos. Esperou até que a musa entrasse e, então, posicionou-se estrategicamente atrás dela. De início, seu pênis estava a poucos centímetros do rabo desejado. Mesmo sem se mexer, parecia que o dito cujo ia saltar para fora da calça, só para molhar aquelas carnes de leite morno. O coração batia cada vez mais rápido e ele suava cada vez mais. Até que ele sentiu que aquele era o momento: ou aproveitava, ou, quem sabe, nunca mais teria outra oportunidade igual aquela. Era como um pênalti em final de Copa do Mundo. Era pegar ou largar. A glória ou anonimato. O êxtase ou a tragédia. Ou os quatro juntos. Quando se concentrava para empurrar seu pênis dois centímetros para frente, tentando encostá-lo no rabo desejado, o ônibus freou bruscamente. Seu pênis duro foi atolado dentro daquelas nádegas quentinhas e macias, e, como se tivessem aberto uma mangueira de bombeiro, leite quente foi jorrado do pênis para a cueca, da cueca para a calça, da calça para o vestido até as canelas da mulher, e daí, para o próprio rabo. Tudo em frações de segundo. Quando tudo se restabeleceu, ele estava sôfrego, quase caindo desmaiado. Então, ele viu a porta se abrir ao seu lado, e saltou para fora: era a chance que tinha de se salvar. Desceu correndo, sem rumo, e só respirou aliviado quando viu que o ônibus dobrou na avenida mais próxima, sumindo de sua vista.
No dia seguinte, no mesmo horário, foi com o coração na mão para a parada. Quando achava que dessa vez ela não apareceria, viu-a dobrando a esquina. Achando que iria enfartar aos 27 anos, ele a viu andando, pé ante pé, bengalada pós bengalada, em sua direção. Ela parou na sua frente, roçou os cabelos brancos em seu nariz, e empinou o seu rabo sexagenário na direção de seu pênis, que já estava quase explodindo. E, nesse dia, ele teve a sua apoteose sexual.

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