Middlemarch – Parte 2 – Velhos e jovens
Esqueci de mencionar anteriormente que cada parte é um “livro”, algo como um capítulo maior, enquanto os capítulos numerados são espécies de “subcapítulos”. No total são oito; então serão oito textos, cada um resumindo um desses livros — mas já no segundo percebo que são, na verdade, a continuação das histórias dos personagens.
Na segunda parte, que começa na p. 141, segue o dilema de Fred e sobre como ele vai conseguir a carta de Bulstrode para entregar a Featherstone. Bulstrode é um banqueiro poderoso, quase dono da cidade por decidir para quem dá — ou não — crédito, tendo boa parte de Middlemarch endividada com ele. Declara-se super religioso e tudo é “em nome de Deus” — inclusive os seus lucros e o seu poder.
Bulstrode é casado com a irmã do sr. Vincy, pai de Fred. Resumindo o encontro entre eles para resolver a carta: o sr. Bulstrode não tem Fred em alta conta. Considera-o um jovem relapso, sem responsabilidade, que vive se endividando — e, por isso, inclina-se a não escrever a tal carta. O sr. Vincy vai argumentando, insistindo, quase discutem, porque o futuro do filho está em jogo. Termina com a “última cartada”: lembra Bulstrode de que, se não ajudar, sua mulher (irmã de Vincy) ficará zangada. E funciona. Ele promete conversar com a esposa e, no dia seguinte, envia a carta para que Fred a leve ao sr. Featherstone.
Contudo, o sr. Featherstone é um velho ranzinza e ri dos argumentos de Bulstrode na carta, deixando Fred nervoso. Dá uma boa zoada nele antes de, finalmente, entregar o dinheiro prometido — mas não garante que o colocará como herdeiro. Fred, que tem 23 anos, fica tão perturbado que sente alívio quando é dispensado pelo velho, que ainda pede para que ele jogue a carta na lareira. Ao chegar em casa, entrega boa parte do dinheiro para a mãe guardar, para não gastar (fica no ar o motivo de guardar esse valor). Ah — também se confirma que ele está apaixonado por Mary, uma espécie de empregada direta do sr. Featherstone, descrita como feia e pobre:
“Assim como muitos jovens cavalheiros ociosos e espirituosos, ele estava completamente apaixonado, e por uma moça desenxabida, que não tinha dinheiro” (p. 158).
Depois, vem um longo capítulo contando a história do médico Lydgate, o forasteiro de Middlemarch: como se formou e como viveu sua única paixão, em Paris — a história de uma atriz que mata o marido no palco. Ele vai atrás dela, completamente apaixonado, até que ela se cansa e confessa que matou o marido de propósito porque não aguentava mais a vida de casada.
Também fica claro qual era o plano de Lydgate:
“Tal era o plano de Lydgate para o seu futuro: prestar um serviço bom e pequeno para Middlemarch, e um grande serviço para o mundo” (p. 167).
Ou seja: ele vai para o vilarejo para fazer um trabalho revolucionário na medicina, sem se envolver nas intrigas da cidade pequena. Mas logo é colocado numa situação que vira boa parte da trama desta parte: o hospital vai passar a remunerar o capelão (o clérigo que conversa com os pacientes). O atual é meio relapso (viciado em jogos, por exemplo), mas é gente boa e trabalha de graça há bastante tempo. O indicado por Bulstrode, por outro lado, é mais religioso e profissional.
Fica o dilema: fazer “justiça” e efetivar quem já vinha trabalhando de graça, com salário — ou colocar alguém mais competente e remunerado? O conselho é formado pelos figurões da cidade, incluindo o sr. Brooke e outros; entre os médicos está Lydgate, que não queria tomar partido nas tretas locais. Ele fica ainda mais dividido depois de jantar na casa do antigo clérigo, sr. Farebrother, percebendo que é um bom sujeito e precisa do salário. Mas também é avisado que, se votar contra Bulstrode, entrará na lista de inimigos do banqueiro.
A discussão é longa, vários personagens aparecem — mas, resumindo: o indicado por Bulstrode, o sr. Tyke, é eleito, contando inclusive com os votos do sr. Brooke e de Lydgate.
Bueno, digamos que essa é a primeira parte deste “livro”. Depois, volta para a história da lua de mel do sr. Casaubon com Dorothea. Um resumo bem resumido: eles estão em Roma, onde o sr. Casaubon passa mais tempo estudando no Vaticano do que com a esposa. Dorothea começa a ter crises e percebe que o casamento não era o que pensava.
Um primo de segundo grau bem mais novo (tratado como sobrinho), chamado Will, vê Dorothea quando está com um amigo alemão, artista. Tanto Will quanto o amigo, Naumann, apaixonam-se por ela e, daí em diante, ficam armando situações para estar com ela — muitas vezes junto do próprio sr. Casaubon, que Will chama de tio, mas diz ao amigo que detesta. Entre Will e o alemão, um tenta passar o outro para ficar mais tempo com Dorothea.
Ao final, Will encontra Dorothea enquanto Casaubon está estudando e diz que vai voltar à Inglaterra para “tomar jeito na vida”. Ao mesmo tempo, planta algumas dúvidas na cabeça dela sobre a suposta superioridade intelectual do marido. Ele está perdidamente apaixonado, e ela, ingenuamente, acha que ele é apenas um sobrinho inocente do marido, perdido no mundo.
O capítulo termina com o fim da lua de mel: o casal e o sobrinho Will voltam para a Inglaterra, separadamente, claro.
Por fim, o que deu para sacar até o fim da segunda parte, na p.245, é que são dois "casais" protagonista: Sr. Casaubon e Dorothea e Lydgate e Rosy, sendo que o segundo, por enquanto, ainda é platônico.


0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home