.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Uma aula sobre a vida em Nova York

Bom, como estou mantendo o ritmo de um dia caminhadas full-time e outro half-time, acabei acumulando aqui dois dias dessa trajetória (sei que dificilmente vou manter esse ritmo até o final, mas como essa é a minha última semana antes do início das aulas, vou aproveitar). A primeira parte desse texto não tem nada a ver com o título. Na verdade, eu teria um monte a escrever sobre a visita que fiz ao Museu de Arte Moderna, mas vou apenas pincelar alguns comentários... Já a segunda parte do texto, sim, é acerca da aula sobre a vida em Nova York que tive com o professor de português da New York University (NYU), o mineiro Walter Azevedo.
Mas, comecemos por quarta-feira. Como disse, tirei esse dia para visitar o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Moma. Trata-se de um prédio localizado relativamente próximo a parte sul do Central Park. São seis andares, sendo que no primeiro fica o saguão de entrada e uma loja de livros e variedades, do segundo ao quinto são as exposições fixas (das obras que são do museu) e no sexto ficam as exposições temporárias (os eventos especiais). Bom, minha visita não foi muito organizada, mas como tinha mais ou menos umas três horas, acabei conhecendo todo o museu.
Antes de mais nada, vale a pena dizer que essa é uma visita que vale a pena. Claro, a não ser que você odeie arte. Mas se você é um leigo admirador, como eu, já vale a pena. E se você é um especialista ou apaixonado por arte, então, nem se fale. Eu comecei pelo segundo andar, seguindo a ordem crescente, de baixo para cima. Lá são as obras mais recentes. Vi várias que me impressionaram, como essa, que posto a foto aqui, da luta de boxe. Também tem a outra, que estou postando embaixo, e que é bem famosa, em que o artista pintou a sua vizinha, que tinha deficiência, e acabou fazendo um jogo de contrastes.
Depois, para não perder tempo (pois vi que o negócio não seria tão rápido, pois são muitas e muitas obras (mesmo!), fui direto para o quinto andar, que é onde estão as obras das três estrelas do museu: Picasso, Van Gogh e Monet. Do primeiro, são inúmeras obras, entre pinturas e esculturas. Uma mais impressionante que a outra. Aliás, eu tenho um livro do Picasso, publicado pela LPM, que se chama O desejo pego pelo rabo. Olhando de perto as obras dele, entendi a sua fascinação por questões relacionadas a nudez e sexo. Achei genial e fiquei um bom tempo admirando cada uma de suas pinturas. Já de Van Gogh, tem apenas a obra que ele fez de um amigo seu e que se tornou famosa (ela ilustra o museu no livro do seu Manuel). Já de Monet, é um meio termo: não cheguei a contar, mas deve ser umas seis ou sete obras, sendo uma delas, um quadro gigante que ocupa uma parede inteira. Não vou ser didático e ficar falando de cada uma delas (tem tudo isso na internet), apesar que, ontem, a minha ideia era fazer um post certinho, apresentando as obras, a história, os autores e fazendo comentários (um desses sonhos que a gente planeja, mas que chega na hora e você se da conta de que tem uma porrada de outras coisas pra falar, e acaba deixando de lado...). Enfim, seguem uma obra de cada um desses três autores, na ordem em que eu os abordei antes...
Depois disso, tendo garantido as visitas das obras-estrelas, visitei o quarto e o terceiro andar, em que há outras inúmeras obras e exposições (como as salas de vídeos, em que você fica assistindo alguma seleção de vídeos com sons estranhos) e, por fim, fui para o sexto andar, onde tinha uma exposição muito boa, mas que não era permitido tirar fotos - com fotografias e pinturas. Ah, e não lembro em qual andar é a exposição fixa das fotografias, mas é outro ponto que vale a pena conhecer, pois elas são impressionantes (sem necessariamente serem impressionistas). Enfim, como disse, poderia escrever um livro sobre o museu (que aliás, ele já existe e tem lá pra vender por 60 dólares - com todas as obras e nomes de autores e títulos), mas, resumindo, como eu disse, é uma visita que se você, nobre leitor, tiver a oportunidade de fazer, vale a pena (mas é bom reservar pelo menos essas mesmas três horas para poder conhecer minimamente todas as seções). Escolhi uma foto que achei genial, e que representa muito do que penso, e que foi a última que tirei no museu (pois depois dela, acabou o flash da máquina...). Acabei saindo do museu às cinco e meia da tarde (hora em que ele fecha) e fiquei zanzando pelas ruas de Manhattan até às nove da noite, hora do jogo do Grêmio contra o Santos que, como já está ficando tradicional, fui assistir no Smithfield (o pior foi que na hora do segundo gol do Grêmio eu estava no banheiro...). Mas, voltando à questão das fotos do museu, segue a foto da foto... que tem tudo a ver com o Imortal...
Bom, e hoje, quinta-feira, foi um dia mais light, sob o ponto de vista dos passeios. Porém, digo isso em termos de caminhada, porque em termos de aquisição de conhecimento, foi uma tarde incrível. Foi um passeio curto, mas com uma parada de duas horas para um café (e muita conversa) com o professor de português da New York University (NYU), o mineiro Walter Azevedo. Pra começo de conversa, a maneira com que conheci o professor já foi totalmente inusitada: lá pelo segundo ou terceiro dia em que eu estava em Nova York, estava zanzando pelos arredores do Empire State, quando vi um cara com a camisa do Flamengo. Pra falar a verdade, eu apressei o passo para alcança-lo na sinaleira, pois até então não tinha encontrado nenhum brasileiro. Sei que em outro texto disse que iria fugir dos brasileiros aqui, mas mesmo quando escrevi isso, sabia que não seria verdade (é mais uma imitação mal feita de polemizar, a la Paulo Francis). Enfim, alcancei o cara e, do lado dele, disse "Flamengo, ãhm?". E então nos conhecemos e, que coincidência, descobri que ele era professor da NYU - a universidade que está me recebendo no doutorado em Comunicação. Foi uma conversa curta nesse dia, mas peguei o email dele. Depois de adiarmos várias vezes uma conversa, hoje ela acabou acontecendo. E, para a minha sorte, tive uma aula sobre história e vida em Nova York e na NYU.
Seria impossível descrever tudo que conversamos, mas, dentre outras coisas, ele contou a história de um prédio muito impressionante que tem do lado de um relógio de uma igreja e que ele estava sendo construído em 1929 para ser o maior prédio de Nova York, quando houve o crash da bolsa de valores de NY e ele acabou ficando pela metade. E o pior é que da para ver que a obra ficou pela metade,
pela sua arquitetura e pela discrepância do seu tamanho com os arranha-céus vizinhos. Além disso, ele deu um depoimento fora de sério sobre o 11 de setembro. Realmente eu nunca tinha ouvido, nem na TV, nem em filme, nem em matérias, um depoimento que me fez sentir como se a tragédia recém tivesse acontecido. Ele contou como ficou sabendo do ataque (narrou que foi acordado pelo seu colega de apartamento, que foi sem acreditar olhar no terraço do seu prédio e viu, primeiro, as duas nuvens de fumaça e, depois, viu uma das torres literalmente implodir). Contou da sensação de terceira guerra mundial que ficou no ar, de ver as ambulâncias e caminhões de bombeiros passando cheio de cinzas, de como tudo acabou em lojas e caixas eletrônicos de uma hora pra outra, dos dias seguintes, em que os ratos da região das torres, também tentando se salvar, subiram para as outras regiões, tornando tudo um cenário de filme de terror, de como não houve transporte público nos dias seguintes, do cheiro de carne humana queimada que ficou no ar, enfim, contou sobre a dor que foi isso tudo, em especial, para quem mora há anos em Nova York, como ele, que chegou aos Estados Unidos há 25 anos.
Mas, além dessa aula de 11 de setembro, ele também falou muito da vida artística da cidade, da cultura do dia a dia dos americanos, da comida daqui (que estou tentando me acostumar) e muito mais.
Bom, pra variar, acabei escrevendo demais, mas é resultado de dois dias acumulados. Então, vou parando por aqui! Peço desculpas pelos erros que possam estar passando nesse e nos textos anteriores, as repetições de palavras e tudo o mais, pois vou escrevendo no ritmo em que vou pensando e, quando termino de escrever, estou com os olhos ardendo e a cabeça pesada que acabo não revisando. Talvez, um dia, eu pegue tudo que escrevi e revise. Mas, por enquanto, vou escrevendo a la Jack Kerouac e Hunter Thompson: simplesmente jogando no espaço em branco as ideias que vão vindo à mente.
Agora sim, hasta!

3 Comentários:

Postar um comentário

<< Home