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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nunca serei um rebeéssetevético

Estava defecando ali no vaso, quando tocou o telefone. Dei uma limpada rápida na busanfa, me enrolei numa toalha, e saí correndo. Meio ofegante, atendi a tempo:
- Alô.
- Alô. Eduardo? - disse uma voz que passaria tranquilamente por tele-sexo.
- Eu mesmo!
- Seu Eduardo, aqui é a (não lembro o nome) do grupo RBS, estamos ligando para lhe informar o resultado do processo de seleção que você fez para o ClicRBS.
- Pois não.
- Então, seu Eduardo, infelizmente dessa vez seu resultado não foi positivo e você não participará das próximas etapas da seleção, mas continuaremos com o seu currículo aqui em nosso banco de dados, e se abrir alguma vaga que se encaixe com o seu perfil você pode fazer a prova novamente.
- Aham.
- Obrigado pela sua atenção e uma boa tarde.
- Ta bom. Um beijo no seu coração.
Tu tu tu tu tu tu....

Na verdade, já sabia que não tinha sido aprovado. Tanto é que, no dia da seleção, após chegar em casa totalmente revoltado com a tal prova, mandei o seguinte e-mail para o Ricardo Stefanelli, editor do jornal Zero Hora. Como admiro o seu trabalho e ele sempre responde aos meus e-mails indignados, acabou sobrando para ele ler minha revolta. Segue o texto do e-mail:

Olá Stafanelli, tudo bem? Estou te escrevendo porque estou muito indignado. Acabei de chegar em casa (estava fazendo uma prova de seleção para um dos veículos do Grupo RBS) e quase tive espasmos nervosos ao ler as questões. Não sei quem é que elabora a tal prova, mas, como você é editor, talvez possa me ajudar a entender a suposta lógica da seleção. Resumindo, eram 25 questões de conhecimentos gerais, 10 de português e 10 de inglês. Sobre jornalismo, produção jornalística, técnicas de jornalismo, jornalismo digital (era para uma vaga na internet..), texto jornalístico, linguagem jornalística, newsmaking, nada. Absolutamente nada. Porém, caiu questões como: dos cinco países abaixo, qual é fictício? Aí tinha algo como Esmália, Tulubu, e o caralho a quatro. Agora, por que diabos eu tenho que saber se a Esmália é fictícia ou não para trabalhar na RBS, e por que isso determina que sou melhor jornalista que o meu concorrente????? Outra: quais dos jogadores a seguir ganharam três vezes o troféu de melhor jogador do mundo? Essa foi fácil: Ronaldo e Zidane. Mas isso até um guri de 10 anos pode saber, enquanto um jornalista vencedor do Pulitzer pode não saber (aliás, perguntar quem foi Joseph Pulitzer seria uma boa questão, já que hoje em dia a maioria dos jornalistas não sabe quase nada de história do jornalismo...). Meu irmão mais velho, por exemplo, não entende patavinas de futebol, mas é melhor jornalista que muitos integrantes das sucursais da RBS no interior (para a sorte dele, está bem empregado em uma assessoria). O fato é que ele erraria essas questões e não seria O ESCOLHIDO da seleção. Quem fez o gol mil em gre-nais? Porra! Tenho que ter diploma de jornalista pra saber que foi o Fernandão? Se é assim, tem que acabar com o diploma mesmo...

Semana passada fui no Encontros com o professor, onde o Ruy Carlos Ostermann entrevistou o Eduardo Bueno. Na ocasião, perguntei para o Peninha o que ele achava dos jornais contemporâneos e, resumidamente, a resposta foi: acho um desastre. Ele ainda citou que, quando ele trabalhava aí na Zero Hora, às vezes alguém falava “nossa, o fulano investiga muito bem, mas infelizmente não escreve tão bem...”, e completou: “então que vá ser investigador de polícia! Está na profissão errada!”. Concordo plenamente. Nesse sentido, o que mais me irritou nessa prova foi que a única coisa que precisei escrever foi o meu nome, minha cidade e a data (será que eu acertei?). Agora, não sei o que foi pior, se foi a prova de conhecimentos gerais ou o estilão vestibular das provas de português e inglês. Já conheci muita gente de letras, inclusive já apresentei trabalhos e corrigi artigos dessa área e, posso garantir, a maioria deles são excelentes revisores, mas escrevem muito mal. O texto deles é muito chato, sem ousadia e criatividade...

Enfim, acho que já escrevi demais, mas precisava desabafar isso, pois, independente de ser eu o selecionado ou não (não tenho muita esperança) fiquei muito indignado com essa prova, pois, como estou fazendo mestrado, pretendo dar aula no futuro, e não quero ter que ensinar para os meus alunos que a Esmália é um país fictício e Tulubu não (ou seria o contrário?)... Ah, e mais uma: sei que a RBS prima pela questão do “gauchismo”, porém, acho de uma tamanha imbecibilidade cobrar tantas questões relacionadas ao estado, pois isso inviabiliza a participação de jornalistas de outras federações na seleção, e, pode crer, conheço excelentes jornalistas que se dariam muito bem aqui no Sul ou em qualquer lugar e que não sabem qual estrada é conhecida como “a estrada da produção”. Enfim, agora sim, encerro esse e-mail para discutir mais o assunto com o meu cachorro Jamelão ali no pátio.
Abraço,
Eduardo Ritter



No outro dia, veio a resposta:
É uma pena que tu não tenhas compreendido o processo de seleção e suas etapas. De qualquer forma, muito obrigado pelo desabafo. Tenho certeza de que serás um grande professor.

um abraço
Ricardo Stefanelli


Só fiquei com a desconfiança que o "tenho certeza que serás um grande professor" foi ironia... Porém, sigo sem entender o tal processo. Inclusive, fiquei me perguntando quais seriam as próximas etapas? Sorteio? Pedra, papel, tesoura? Par ou ímpar? O RH pensa em um número e os candidatos tem que acertar qual número ele pensou?
Enfim, acho que nunca serei um global rebeéssetevético. Entretanto, descobri que a RBS também não gosta do Avaí, como podemos ver na imagem. Força Avaí!

8 Comentários:

  • Este comentário foi removido pelo autor.

    Por Blogger Correndo por Fora, às 27 de setembro de 2010 às 14:15  

  • que resposta fria, hein ritter? hehe. não valeu desperdiçar palavras e tempo pro cidadão. humpf!

    Por Blogger Correndo por Fora, às 27 de setembro de 2010 às 14:23  

  • É alemão...desabafar é sempre bom, mas pessoalmente discordo do teu método.

    Quando coisas do gênero acontecem comigo falo e xingo o meu amigo Johnny (o Walker), ou umas loiras geladas. Muitas, de preferência.

    O foda é que depois corre a voz e você fica profissionalmente queimado. E como dizia um meu colega de faculdade, jornalista é fofoqueiro com diploma. As vozes não só correm, como são velocistas.

    Mas quando você for professor dará o troco neles.

    Porra alemão!

    Por Blogger Zaratustra, às 27 de setembro de 2010 às 14:25  

  • ah, e por coincidencia eu tb ja tinha usada aquela foto do macaco em algum post meu alguns anos atrás. é uma foto que fornece uma gama de interpretações incrível.

    Por Blogger Zaratustra, às 27 de setembro de 2010 às 14:27  

  • porra alemão! até tu brutus? ainda bem que tenho um amigo aqui, que adotei como Sancho Pança, e prometi a ele dar uma ilha para ele governar quando terminar a nossa missão, após eliminar todos os vilões do mundo! avante Rocinante!!
    ah, eu tinha a impressão que conhecia aquele macaco de algum lugar...

    Por Blogger Eduardo, às 27 de setembro de 2010 às 15:19  

  • Bah Dudu!

    O que posso te dizer.....a gt simplesmente n se encaixa em determinadas empresas.

    Algumas organizações mecanicistas, já em seus processos seletivos conseguem peneirar aqueles que lhes serão convenientes!

    Mas acho que foi mais saúde pra ti n ter sido chamado!

    E eu concordo que vc será um bom professor.

    Por Blogger Aline, às 27 de setembro de 2010 às 17:28  

  • bah Ritter... sei que não é a melhor coisa para se dizer, mas ri muito aqui com teu desabafo... cara, eu já não gosto muito da RBS sem eles ter feito nada desse tipo ae diretamente comigo... então provavelmente ficaria tão indignado qnto tu...

    ah, e na boa, o cara tiro móh onda contigo na resposta dele... asuahsuahsa


    abração ae manolo... relaxa que como diria Badawi: "O mundo dá voltas..." - ahsuahsuhausa

    flws

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 27 de setembro de 2010 às 23:59  

  • Aconteceu algo semelhante comigo numa prova para a (extinta) RFFSA, era uma prova dirigida para aprovar "certos" candidatos.
    Ao final da prova havia uma entrevista onde podíamos falar sobre a prova, destinada a ouvir loas aos aplicadores.
    Abri o verbo e detonei a tal prova, óbviamente não fui selecionado. KKKKKKK
    Outrossim(gostou?) acho que a RBS não merece ter em seu quadro alguém com o teu talento, coisas melhores te esperam, com certeza!
    Mas gostei do teu desbafo!
    Abraço

    Por Blogger Marcos, às 29 de setembro de 2010 às 05:29  

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