.

sábado, 25 de setembro de 2010

Desequilíbrio

A presença de alguns elementos na minha vida, somadas a ausência de outros, estão afetando a minha sanidade mental. Ou seja, o desequilíbrio dos fatores resulta no desequilíbrio do produto. Ou seria o contrário? Enfim, não sei. Comecemos pelo princípio. Há um bom tempo estou lendo apenas textos e livros acadêmicos, o que me causa uma crise de abstinência de romances e contos. No momento, estou lendo dois livros simultaneamente: Não contem com o fim do livro, que se trata de uma série de conversas entre o italiano Umberto Eco e o francês Jean-Claude Carriere, intermediadas e transcritas por um jornalista; e Cultura da Convergência, de Henry Jenkins. O primeiro, foi indicado pela banca de qualificação para usar na minha dissertação de mestrado. Já o segundo, vai cair na prova de seleção do doutorado. Tratam-se de dois excelentes livros, porém, sinto falta da ficção, da criatividade, da inventividade, das surpresas de livros como os de D.H. Lawrence, Nelson Rodrigues, Erico Verissimo, ou ainda, do estilo simples, cômico e vulgar-irônico do velho Buk, ou da visão apocalíptica de mundo dos Jacks Kerouac e London, ou do ultra-realismo poético da linguagem de Truman Capote. Enfim, sinto falta da velha e boa literatura ficcional, semi-ficcional ou realista. Porém, além de atualmente estar lendo dois livros acadêmicos, antes de iniciá-los, li outros, como Os meios de comunicação como extensões do homem, de Marshall MacLuhan e O que é contemporâneo? – e outros ensaios, de Giorgio Agamben (todos caem na prova de seleção do doutorado).
Mas, pulemos da literatura para o futebol. Não vou me estender nesse campo, pois, nos últimos quatro anos venho assistindo ao Internacional vencer tudo e mais um pouco e o Grêmio perdendo tudo e outro pouco. Outro campo importante da minha vida: a cerveja. Acho que deve fazer mais de uma semana que não bebo. Na última vez que bebi, a privada aqui de casa ficou entupida por uma semana. Lembro que, ao acordar, fui no banheiro, puxei a descarga e o troço subiu até a borda. Ainda de ressaca, fui até a sala e, cheio de razão, reclamei com meus companheiros de casa (pais e irmão): “O quê vocês fizeram no vaso?”. Enfim, dias depois, o pai inventou de desentupir o troço e achou um copo de plástico, que estava trancando a passagem de nossos produtos orgânicos não aproveitados. Segundo ele, eu trouxe o copo do bar após assistir a um jogo do Grêmio outro dia... Para isso, tenho uma hipótese: a baixa do Grêmio talvez tenha influência no alto índice de álcool que consumo... No entanto, como disse, também está havendo um desequilíbrio nesse setor, pois, faz mais ou menos uma semana que não bebo.
Porém, o mundo não é só futebol, bebida e livros. Temos também a deusa-cadela do dinheiro, que, há muito está completamente sumida da minha vida. Como serei papai, há uma cobrança de todo o mundo para que eu arranje dinheiro de algum lugar: pais, sogros, namorada, amigos, parentes, enfim, é como se fosse eu contra o mundo. Nesse sentido, não há prazos nem apoio-moral: só eu acredito que as coisas darão certo. Para os outros, minha vida acabou. A dissertação de mestrado e o projeto de doutorado são apenas loucuras da minha mente que não resultaram em absolutamente nada, a não ser num maço de folhas que ficarão acumulando poeira na biblioteca central da PUCRS. Acho que apenas eu, além de alguns colegas e professores, acredito que o que estou fazendo vai servir para alguma coisa em algum momento e em algum lugar.
Por fim, até tempos atrás eu tinha meu nobre coração e meu escasso juízo, que não sei por onde andam. Outro dia recebi uma carta anônima informando que eles foram vistos dançando juntos durante um show na beira de uma praia qualquer do nordeste. Alguém aí tem mais alguma pista?

7 Comentários:

Postar um comentário

<< Home