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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma noite de insônia

A madrugada chega enquanto as espinhas, os fios de cabelo, os pentelhos, os pelos do sovaco e as unhas crescem. Até quanto essa porra toda pode crescer se eu nunca mais cortar os cabelos, as unhas e aparar os pentelhos? Tudo cresce, bem como a insanidade de um louco que passa as horas pensando sobre o quê escrever em um blog que (quase) ninguém lê. A gordura também cresce. A grama cresce. O som que vem de longe na madrugada cresce. As crianças crescem. As chances de o Grêmio chegar na Libertadores cresce. Tudo cresce e tudo é cortado. Ou senão, encolhe. Os velhos encolhem. Um pênis volta a encolher depois de uma boa ejaculada. A insanidade também passa. O dinheiro que nunca vem, também vai. A sanidade volta. Tudo volta. E tudo passa. "Mas tudo passa... tudo passaaaaaa! E nada fica, nada ficaaaaa!" Já diria a letra de uma dessas músicas ótimas de se cantar quando se está bêbado, sentado com os amigos, na frente do prédio onde se mora em uma noite quente de verão. Aliás, o verão e o calor também passam. Pelo menos aqui no Sul. As preocupações também passam. O tesão e o desejo passam. E algumas coisas morrem. Todos morrem. Eu um dia vou morrer, bem como todos aqueles que estão vivos não estarão mais dentro de 150 anos. Talvez 1% viva até os 100. A bebida também acaba. Mas eu não estou bêbado, estou com sono. O que dá no mesmo. Estar bêbado e com sono: você não vai lembrar direito o que fez ou escreveu nos dois casos. No meu, até vou, porque talvez, se eu estiver com saco, eu leia tudo isso amanhã. Ou depois de amanhã, ou um dia qualquer. Talvez minha filha leia isso tudo no futuro e diga: "papai, quanta merda tu escrevia!", e eu murmure: "pois é, filhinha, não faça como o papai. Estude e não dê ouvido aos outros, porque todos são loucos, menos você e eu. E se alguém te chamar de louca, chama o papai que eu arrebendo a cara dele". E assim, eu arrebento mais uma fuça e o mundo passa a contar com um larápio a menos. Enfim, minha inspiração também acabou e o sono chegou. Fui!

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