.

sábado, 9 de outubro de 2010

A vingança de Jonas, de Lula e desse que vos escreve

Jonas é o novo ídolo gremista. Mesmo perdendo três gols feitos para cada marcado, ele é a glorificação do derrotado que nunca desiste e que, por não desistir, conquista a vitória. Vê-lo chorando em uma entrevista coletiva, após marcar três gols e disparar na artilharia do Brasileirão, relembrando o tempo em que foi chamado pela imprensa internacional de pior atacante do mundo, é tão cativante quanto ver um metalúrgico de classe operária ser o primeiro brasileiro a se tornar presidente da República sem ser oriundo da classe elitista em mais de 500 anos de história do Brasil. Jonas, ao se consagrar com a camisa 7 tricolor, que foi imortalizada por Renato Portaluppi, está representando todos aqueles garotos que um dia sonharam em ser jogador de futebol mas que, ou por falta de oportunidade, ou por falta de qualidade, ou por puro azar dessa vida, tiveram que abandonar tal sonho. Jonas representa o garoto que é zoado pelos colegas, mas que quando entra em campo para defender o time C da turma vai para o pau e marca os três gols da vitória contra os favoritos. Jonas é o Dudu da Fazenda da Record, que é execrado pelos companheiros, mas não baixa a cabeça (pô, astuto leitor, não me condene por tais gostos televisivos, mas eu também sou humano e também tenho meus clichês).
Enfim, Jonas é o jogador que foi considerado piada por todos (eu disse TODOS) mas que, só ele acreditou em si mesmo e, com o apoio de poucos, se reergueu e caiu nas graças da torcida. Jonas é para o Grêmio o que Lula é para o Brasil. Sim, caro leitor, independente de qualquer partidarismo ou briga eleitoral, Lula, por si só, é um fenômeno, como o Jonas. Assim como Lula já foi taxado de burucutu analfabeto, superando tal preconceito ao ponto de ser escolhido pela revista americana Time o político mais influente do mundo em 2010, Jonas foi chamado de perna de pau mas deu a volta por cima e agora simplesmente é O ARTILHEIRO do Brasileirão, com muitos críticos do centro do país cobrando do técnico da seleção Brasileira uma convocação do atacante tricolor.
Diziam que o Lula não entendia nada de sindicato, pois era apenas um agitador, e agora ele é amigo do tal John Sweeny e entra na Casa Branca com credencial de negociador nos Estados Unidos. Também diziam que o Jonas não sabia driblar, e agora ele passa por um, dois, três e toca para o companheiro marcar com o gol aberto. Diziam que o Lula não entende de geografia, pois ele não saberia sequer interpretar um mapa, e agora ele é ator da mudança geopolítica das Américas e do mundo. Também diziam que o Jonas não entende nada de Geografia, pois não sabia se posicionar em campo, e agora ele recebe a bola, mata no peito e chuta por cobertura, sem chances para o goleiro. Diziam ainda que o Lula não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, no entanto, ao deixar a presidência em primeiro de janeiro, ele passará a ser estudado por alunos de todos os níveis e será lembrado como o presidente que teve um dos maiores índices de aprovação, dentro e fora do Brasil. Também falavam que o Jonas tinha que deixar o Grêmio para jogar em um clube de segunda linha, entretanto, ele já cravou o seu nome na história do tricolor e enquanto estiver vivo será lembrado e ovacionado sempre que retornar ao Olímpico.
Assim como Jonas e Lula, eu e muitos leitores estamos correndo incansavelmente atrás de nossos objetivos, ouvindo críticas, palavras de desestimulo, piadas, chacotas e ironias. Porém, enquanto alguns riem e ironizam, aqueles que estão por baixo, sendo chutados de todos os lados, lutam como Dom Quixote atrás de seus sonhos. E volto a repetir: por acreditarem no impossível, acabarão conquistando-o. Assim como o Grêmio e os gremistas, que por acreditarem ser possível chegar na Libertadores de 2011, acabarão chegando. Assim como os colorados, que por acreditarem ser fácil vencer da Inter de Milão, acabarão vencendo, se não levarem o Mundial na brincadeira. E também assim como esse, que vos escreve, que por acreditar em alguns sonhos malucos, um dia ainda vai conquistá-los. Ou não. Vá saber?
Um bom final de semana a todos.

Texto publicado no Jornal das Missões de hoje.

2 Comentários:

Postar um comentário

<< Home