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sábado, 2 de outubro de 2010

Sobra de Guerra, Shakespeare e A Fazenda

Ainda estou eufórico pela volta do meu amado computador. Senti tanto a sua falta nesses três dias e meio, que não quero deixá-lo. Agora são quatro horas da madrugada e, após ficar trabalhando em questões que envolvem a seleção para o doutorado desde a meia-noite, estou completamente sem sono. Inclusive, nesses dias fiquei me questionando: carajo, como a gente vivia antes da internet? Fiquei completamente perdido nesses dias em que o computador esteve na oficina.
Para vocês terem uma idéia, o computador estragou justamente quando eu terminei de ler a “Cultura da Convergência” . A partir de então, meu projeto era passar a escrever dia e noite a dissertação, mas, eis que numa bela tarde de terça-feira o computador trancou, minha mãe foi reiniciar e.... cabum! Foi tudo para o espaço. Sem ter computador para escrever a dissertação, defecar para o blog, jogar conversa fiada com gente de várias partes do mundo (sim, tenho primos na Itália, Estados Unidos, Bósnia, etc), plantar e colher na minha mini-fazenda, tive que achar outras ocupações. Inicialmente li dois livros. Um em cada tarde. Na primeira, li Sobra de Guerra, de José Onofre. É um livro curto, da LPM, de 1982, se não me engano. José Onofre foi um jornalista porra-louca que trabalhou com o Eduardo Bueno (Peninha) em alguns jornais e, de fato, nesse livro você entende porque ele era considerado um porra-louca. Tem partes simplesmente geniais desse livro que descrevem o que realmente acontece nos bastidores de uma típica redação de jornal. Vejam esse trecho:

“- Negrão, tua vida nesta merda de redação não vai ser muito longa. Eu pedi o leite quente, negrão, quente, ficou claro? Quente.
O negro explicou que o bar estava fechando e Goetz atalhou.
- Picas. Manda aquecer de novo. Quem é que manda nesta merda de redação?
O repórter baixinho entrou quando o negrão saía. Largou a bolsa na cadeira vaga em frente à mesa e Goetz olhou para a bolsa e para o baixinho.
- Estou com fome.
- Só quero um particular. É rápido.
Goetz tirou um charuto do bolso e tornou a colocá-lo no mesmo lugar.
- Essa bosta desse leite.. Onde foi o negrão?
Os contínuos espalhados pelas mesas, fizeram um coro. O negrão já vinha.
- Particular? Que particular? Aqui não tem particular. Nem a minha fome é particular.
- Por que não saiu o troço sobre o crime do martelo?
- Porque era um cocô de gato, uma invenção tua e daquele vagabundo do Chagas. Por que agora ele fez isso, agora ele fez aquilo. O que que há? Vais começar também, como esses magrinhos, a fazer literatura na policia, defender o lado alegre do marginal?
- O troço é quente.
- O troço está mais frio que aquele leite que o cagalhão do negrão me trouxe. Pura fantasia”.

Sensacional.

Já na segunda tarde, dediquei-me a ler Romeu e Julieta, que certa vez havia comprado em um sebo em Porto Alegre por um real. Também é curto (96 páginas) e também tem umas tiradas muito cômicas, como a fala do príncipe na última cena:
“Dá-me essa carta. Quero vê-la. Onde está o pajem do conde que foi chamar a guarda? Olá, meu vadio, que veio o teu amo fazer aqui?”
Vê-se que a delicadeza do príncipe de Shakespeare é um tanto parecida com a do editor do livro do Zé Onofre.
Por fim, na falta do que fazer, também passei a assistir A Fazenda, da Record. Inclusive, comecei a escrever pensando em contar como fui parar em frente à TV assistindo ao Serginho Malandro, Viola, Geisy Arruda, Mulher Melancia, Monique Evans, etc, mas, para o texto não ficar mais extenso e não chatear o preguiçoso leitorinho, vou parando por aqui. Até a próxima madrugada!

2 Comentários:

  • Porra alemao! uma maravilha a fazenda, só com cerebridades em decadência...

    a tv é igual no mundo inteiro mesmo...

    Por Blogger Zaratustra, às 2 de outubro de 2010 às 04:11  

  • poha Ritter... tu leu dois livros em dois dias?!?! caraca, tu é meu ídolo... sauhaushuahs...

    eu levei umas três semanas pra ler o livro do David Coimbra... é, acho que me incluo no grupo dos leitores preguiçosos que tu falou ali no final... haha...

    ah, sobre A Fazenda, só mesmo estando sem internet ou um bom video game pra justificar ficar olhando isso... nossa... que lixo...

    hsauahsuhas...

    abraço ae manolo!

    Por Blogger Mr. Gomelli, às 3 de outubro de 2010 às 00:43  

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