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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O triste fim de Sidy

Sidy era um cara quieto, boa praça. Não conversava com ninguém, gostava de ficar quieto em seu canto. Não sabia quanto tempo estava ali, nem tinha consciência do que ele representava para o mundo. Tinha menos idéia ainda do que tudo aquilo ao seu redor queria dizer, se é que queria dizer alguma coisa. Via caras iguais a ele ali, naquele lugar apertado e pegajoso. Não puxava conversa com ninguém e não respondia a nenhuma pergunta.
- Olá!
Nada.
- Tudo bem?
- Nada.
- Você é surdo? Mudo?
Nada. Sidy sequer olhava para o interlocutor. Ficava ali, mirando o além. Tudo estava tranqüilo e perfeito na vida de Sidy. Ele tentava lembrar um passado que ele não sabia se existia, e tentava pensar num futuro que ele não sabia se chegaria. Mas não se preocupava efetivamente com isso, apenas pensava, pensava e pensava. E num desses dias de pensamento, enquanto tentava contar quantos mais estavam ali naquele lugar úmido e apertado, quando chegava ao número 1.576, todos começaram a correr velozmente em direção a uma luz... Com os olhos arregalados, ele chegou até a luz e gritou:
- IIIUUUUUPIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
PLASH. E assim, Sidy morreu feliz, enquanto Arturo, ainda ofegante, tremia embaixo do chuveiro.

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