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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Surpresa!

A graça da vida é a sua imprevisibilidade. Por exemplo, nos anos 90 eu nunca imaginei que um dia fosse ver o Lula se tornar presidente do Brasil, o Inter ser duas vezes campeão da América e disputar dois mundiais em um intervalo de cinco anos, o Grêmio voltar a disputar a Série B, eu me formar e fazer mestrado (arrá! essa nenhum de meus professores de segundo grau imaginava!). Também nunca pensava que fosse possível a disputa das finais do Campeonato Brasileiro ser extinta (ô, saudades!), que meu cachorro Jimbo um dia fosse morrer, que eu me tornasse um leitor compulsivo de todos os tipos de livros, que Paulista e Santo André viessem a ser campeões da Copa do Brasil... Além disso, nunca imaginava, naquela época, que um dia o Sílvio Santos tiraria o Chapolim da grade de programação do SBT, que eu assistiria ao show dos Rolling Stones em Copacabana, que torroristas atacariam os Estados Unidos como em 11 de setembro, que eu iria ter uma coluna de esportes no Jornal das Missões, etc. Enfim, são diversas as coisas que nunca imaginamos que podem acontecer e que, por bem ou por mau, acontecem. Entretanto, existe um evento que concentra toda a capacidade de imprevisibilidade da vida em 90 minutos: um Gre-Nal.
Quem, no longínquo 1909, imaginava que o Grêmio empilharia 10 gols no seu maior rival? Quem sonhava que o até então mediano Fabiano fosse destroçar o Grêmio no famoso Gre-Nal dos 5 a 2 em 1997? Quem, além dos colorados, imaginava que o Inter fosse virar o Gre-Nal do século para 2 a 1 no segundo tempo nas semifinais do Brasileirão de 1988? E quem sonhava que no Gre-Nal do centenário Farroupilha, em 1935, o Grêmio marcaria o primeiro gol da vitória por 2 a 0 (o Inter precisava do empate) aos 38 minutos do segundo tempo, na última partida do imortal Lara com a camisa tricolor? Enfim, em cada Gre-Nal temos uma surpresa. Nenhum Gre-Nal é previsível. Foi assim no Gre-Nal disputado no Olímpico no ano passado, quando o Inter fez 1 a 0 com Nilmar e, quando tudo se encaminhava para uma vitória maiúscula dos colorados, Souza empatou de falta na primeira etapa e Maxi Lopez virou no segundo tempo. Bem como, um gol surpreendente de D’Alessandro aos 2 minutos, no Gre-Nal do Beira-Rio pelo Brasileirão do ano passado, também decretou a vitória colorada. Tudo imprevisível. Comentários, esquemas táticos, apostas de torcedores fanáticos, teorias hiper-elaboradas em conversas no Canecão, entre um copo de cerveja e outro, cornetas trocadas antes da hora entre gremistas e colorados, enfim, tudo vai por água abaixo quando a bola rola. Não há lógica. Não há previsibilidade.
Nessas horas, acho que a teoria da minha mãe está certa: ganha quem tem mais sorte. Segundo ela, enquanto alguns chutam e a bola passa raspando ou bate na trave, outros batem de qualquer jeito e a bola entra. Em dia de Gre-Nal, essa lógica prevalece. Jogar melhor, não adianta. O que resolve, para o torcedor, é bola na rede!
Um bom final de semana e um excelente Gre-Nal a todos. E que vença o mais sortudo.

* Texto a ser publicado no Jornal das Missões desse sábado.

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